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domingo, 3 de julho de 2022

LIÇÃO 02 - A SUTILIZAÇÃO DA BANALIZAÇÃO DA GRAÇA


                        

Profº Pb. Junio - Congregação Boa Vista II.

 LIÇÃO 02 - A SUTILIZAÇÃO DA BANALIZAÇÃO DA GRAÇA


TEXTO ÁUREO

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus." (Ef 2.8)


VERDADE PRÁTICA

A graça de Deus não é barata. Ela requer arrependimento, novo comportamento, ou seja, nova vida em Cristo.


LEITURA BÍBLICA: EF. 2.4-10 - ( COMENTÁRIO LEITURA BÍBLICA)

V. 04 - " Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou." Por naureza, Deus é amor. Mas o amor de Deus na relação com os pecadores transforma-se em graça e misericórdia. Deus é rico em misericórdia (V.04) e em graça (V.07), e essas riquezas tornam possível a salvação do pecador. Somos salvos pela misericórdia e pela graça de Deus. Tanto a misericórdia como a graça vêm a nós por meio do sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Paulo não só fala sobre a nossa salvação, mas fala também sobre a motivação de Deus em nos salvar e enumera quatro palavras: AMOR, MISERICÓRDIA, GRAÇA E BONDADE. 

V. 05 - Estando nós ainda mortos em nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo. Deus tirou-nos da sepultura espiritual em que o pecado nos havia posto. Deus realizou uma poderosa ressurreição espiritual  em nós por meio do poder do Espírito Santo. Quando cremos em Cristo, passamos da morte para a vida (JO 5.24).

V. 06 - Não só saímos da sepultura e fomos ressuscitados, mas também fomos exaltados. Porque estamos unidos a Cristo, somos exaltados com ele. As três fases da exaltação de Cristo - ressurreição, ascensão e assentar-se no trono - agora são repetidas na vida dos salvos em Cristo, Deus deu-nos vida (V.05), ressuscitou-nos (V. 06a) e fez-nos assentar nas regiões celestiais (V. 06b).

V. 07-09 - O último propósito de Deus em nossa salvação é que por toda a eternidade a igreja possa glorificar sa graça (EF 1. 6, 12,14). A meta principal de Deus na nossa salvação é sua própria glória. John Stott diz: " que não podemos empertigar-nos no céu como pavões". O céu está cheio das façanhas de Cristo e dos louvores de Deus. A salvação é um presente, não uma recompensa. Certa feita perguntaram a uma mulher romana: "Onde estão as suas jóias?" Ela chamou seus filhos  e, apontando para eles disse: "Eis aqui minhas jóias". Somos as jóias preciosas de Deus. Somos os troféus da sua graça. A salvação não pode ser pelas obras, porque a obra da salvaçao já foi plenamente realizada por Cristo na cruz. 


                    INTRODUÇÃO

Durante uma conferência britânica a respeito de religiões comparadas, técnicos de todo o mundo debatiam qual a crença única da fé cristã, se é que existia essa crença. Eles começaram eliminando as possibilidades. Encarnação? Outras religiões tinham diferentes versões de deuses aparecendo em forma humana. Ressurreição? Novamente, outras religiões tinham histórias de retorno dos mortos. O debate prosseguiu durante algum tempo até que C. S. Lewis1 entrou no recinto. “A respeito do que é a confusão?”, ele perguntou, e ouviu a resposta dos seus colegas de que estavam discutindo sobre a contribuição única do cristianismo entre as religiões do mundo. Lewis respondeu: “Oh, isso é fácil. É a graça”. Depois de alguma discussão, os conferencistas tiveram de concordar. A noção do amor de Deus vindo a nós livre de retribuição, sem cordas amarradas, parece ir contra cada instinto da humanidade. O caminho de oito passos do budismo, a doutrina hindu do karma, a aliança judaica, o código da lei muçulmana — cada um deles oferece um caminho para alcançar a aprovação. Apenas o cristianismo se atreve a dizer que o amor de Deus é incondicional. Consciente de nossa resistência inata à graça, Jesus falou dela com frequência. Ele descreveu um mundo banhado pela graça de Deus: onde o sol brilha sobre bons e maus; onde as aves recolhem sementes de graça, sem arar nem colher para merecê-las; onde flores silvestres explodem sobre as encostas rochosas das montanhas sem serem cultivadas. Como um visitante de um país estrangeiro que percebe o que os nativos não percebem, Jesus viu a graça por toda parte. Mas Ele nunca analisou nem definiu a graça, e quase nunca usou essa palavra. Em vez disso, transmitiu graça por meio de histórias que nós conhecemos como parábolas — que tomarei a liberdade de transportar para um cenário moderno.


            I. COMPREENDENDO A GRAÇA

1. A graça é divina - As palavras mais frequentemente usadas no Antigo Testamento para transmitir a ideia de graça são chanan (“demonstrar favor” ou “ser gracioso”) e suas formas derivadas (especialmente chên) e chesedh (“bondade fiel” ou “amor infalível”). A primeira refere-se usualmente ao favor de livrar o seu povo dos inimigos (2 Rs 13.23; SI 6.2,7) ou aos rogos pelo perdão de pecados (SI 41.4; 51.1). Isaías revela que o Senhor anseia por ser gracioso com o seu povo (Is 30.18). Mas a salvação pessoal não é o assunto de nenhum desses textos. O substantivo chên aparece principalmente na frase “achar favor aos olhos de alguém” (dos homens: Gn 30.27; 1 Sm 20.29; de Deus: Êx 34.9; 2 Sm 15.25). Chesedh contém sempre um elemento de lealdade às alianças e promessas, expresso espontaneamente em atos de misericórdia e amor. No Antigo Testamento, a ênfase recai sobre o favor demonstrado ao povo da aliança, embora as demais nações também estejam incluídas. No Novo Testamento, a “graça”, como o dom imerecido mediante o qual as pessoas são salvas, aparece primariamente nos escritos de Paulo. É um “conceito central que expressa mais claramente seu modo de entender o evento da salvação… demonstrando livre graça imerecida. O elemento da liberdade … é essencial”. Paulo enfatiza a ação de Deus, e não a sua natureza. “Ele não fala do Deus gracioso; fala da graça concretizada na cruz de Cristo”. Em Efésios 1.7, Paulo afirma: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”, pois “pela graça sois salvos” (Ef 2.5,8).

2. Agraça é imerecida - O expositor bíblico William Barclay mostra o pano de fundo da doutrina da justificação nessa passagem. Nesse exemplo de Paulo, imagina-se o homem diante do tribunal de Deus. Barclay destaca com muita propriedade que a palavra grega traduzida como “justificar” vem da mesma raiz de dikaiún e que todos os verbos gregos que terminam em ún têm o sentido de considerar alguém como algo e não o de fazer algo a alguém. Dessa forma, se alguém que é inocente se apresenta diante de um juiz, o juiz, evidentemente, o declarará inocente. Todavia, o caso mostrado por Paulo aqui é diferente. A pessoa que se apresenta diante de Deus é totalmente culpada, merecendo a punição do seu erro, porém, o justo Juiz, em uma demonstração de sua graça infinita, considera-o como se fosse inocente. Isso é o que se entende do significado da palavra “justificação” no contexto paulino. Quando Paulo diz “Deus justifica o ímpio”, significa, dentro do contexto da justificação, que Deus trata o ímpio como alguém bom. É evidente que tal raciocínio deixou os judeus totalmente escandalizados. Na mente dos judeus, apenas um juiz iníquo agiria dessa forma, pois justificar o ímpio é uma abominação para Deus (Pv 17.15); “não justificarei o ímpio” (Ex 23.7). Todavia, a argumentação de Paulo mostra que é exatamente isso o que Deus fez. Na mente de Paulo, observa Barclay, se alguém desejasse saber como Deus é, então deveria olhar para Jesus, pois Ele revelou Deus aos homens. O verbo encarnado de Deus veio mostrar o grande amor de Deus pelos homens, mesmo estes estando mortos em seus delitos e pecados (Ef 2.1,2). Barclay destaca que “quando descobrimos isso e cremos, nossa relação com Deus muda radicalmente. Estamos conscientes do nosso pecado, mas não estamos aterrorizados ou distantes. Quebrantados e arrependidos, recorremos a Deus como uma criança triste se chega a sua mãe e sabemos que o Deus a quem chegamos é amor. Isso é o que significa justificação pela fé em Jesus Cristo. Isso significa que estamos em relacionamento correto com Deus porque acreditamos sinceramente que o que Jesus nos disse de Deus é a verdade. Já não somos estranhos que têm medo de um Deus irado. Somos filhos, crianças errantes que confiam no amor do Pai que os perdoará. E não podíamos nunca chegar a esse relacionamento com Deus, se Jesus não tivesse vindo para viver e morrer para nos dizer como maravilhosamente Deus nos ama”.

 

        II. A GRAÇA NO CONTEX TO BÍBLICO

1. A necessidade da graça - O pecado entrou no mundo por meio de Adão (v. 12)

Paulo muda o estilo de sua escrita, deixando de falar na primeira pessoa do plural até o versículo 21. O texto, no entanto, está estreitamente interligado com o anterior. Para falar sobre a situação da humanidade diante de Deus, o apóstolo reporta à história da queda de Adão, descrevendo sua consequência para chegar até a solução apresentada em Cristo. Paulo já havia reportado às principais figuras do povo judaico para identificar este povo com Jesus. Agora, ele faz um link com a figura do pai da humanidade” para relacionar a humanidade como um todo com Deus. Nos versículos 11 e 12, ele não menciona o nome de Adão e, muito menos, o de Eva, mas, para ele, o culpado pela entrada do pecado no mundo foi Adão. Não adiantou Adão transferir a culpa para Eva, assim como tem sido uma prática comum dos seres humanos transferir suas culpas para alguém ou algum acontecimento, ao invés de assumir a responsabilidade pelos seus atos. Neste texto, Paulo não demonstra preocupação com a origem do mal, mas sim com a forma que o pecado entrou no mundo. O pecado de Adão é explicitado no relato da queda (Gn 3), quando ele rejeitou seguir o caminho traçado por Deus para seguir seu próprio caminho. O resultado disso foi a perda de comunhão com Deus e a nova situação de condenação sob a ira de Deus. O ser humano não encontra força em si mesmo para resistir ao pecado. O exemplo de Adão simboliza a situação do ser humano sem Deus, a condição da humanidade desde a queda. Pohl (1999, p. 96) afirma que “a humanidade não é um aglomerado de indivíduos isolados, mas forma um corpo. Cada um de seus membros vive em ‘simbiose’, vive junto com os demais membros, para o benefício recíproco ou também para o prejuízo mútuo”. Adão, como a figura do primeiro ser humano, traz consigo a responsabilidade de transmitir para os descendentes as consequências pelos seus atos. Todavia, Paulo vai mencionar o ato pecaminoso de Adão somente a partir do verc. 14.

A morte entrou no mundo por meio do pecado (v. 12)

Adão foi a porta de entrada do pecado no mundo, e o pecado, por sua vez, a porta de entrada para a morte. Neste texto, a interpretação para a morte se refere à morte espiritual, como punição pela desobediência humana, uma referência a Gn 2.17 e 3.19. A morte como algo antinatural, pois o pecado torna o ser humano mortal e condenável, mesmo que biologicamente vivo. Toda causa tem sua consequência. As pessoas, às vezes, confundem o perdão com não ser mais responsável por seus atos falhos. Uma pessoa que se rende a Cristo e deixa a vida de pecado, como já vimos em lições anteriores, é imediatamente justificada diante de Deus (declarada justa), mas ele continua responsável pelas consequências dos erros já cometidos. Por exemplo, vamos supor que esta pessoa tenha cometido um assassinato antes da conversão. Com o arrependimento e abandono da prática, Deus a perdoa, mas não assume a responsabilidade de livrá-lo de uma prisão. O que Deus garante é estar com ele na prisão. Todo pecado tem sua consequência. Por isso, Paulo recomenda em 1 Co 10.12 “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia”. O pecado traz consigo muito prejuízo, e o pior de todos é a morte espiritual. O crente deve ficar atento para não dar lugar ao pecado em sua vida. Deve também preservar o que de mais precioso tem na vida, a saber, a comunhão que o primeiro Adão tinha com Deus, antes de pecar.

A morte sobreveio para toda a humanidade porque todos pecaram (v. 12)

Paulo continua abordando a relação entre o pecado e a morte, agora com uma abrangência maior: todos os seres humanos, uma vez que todos pecaram (Rm 2.12; 3.23). Existe uma discussão teológica se todos pecaram em Adão, ou seja, o pecado de Adão foi transferido para toda a humanidade, ou se o pecado é de responsabilidade individual de cada ser humano. A situação espiritual da humanidade não é uma fatalidade compulsória. Da mesma forma que Adão pecou, todos os demais seres humanos também pecaram, sendo cada um responsável pela sua própria desobediência. A escravidão do pecado é nutrida pelo próprio desejo pecaminoso no interior do ser humano (Tg 1.13-16). A humanidade não responde pelo pecado de Adão, mas consiste em sua própria culpa. A cultura influencia o comportamento das pessoas. O ser humano tem a tendência de julgar as pessoas que pertencem a outra cultura ou religião, ignorando que, se nascesse no país onde essa pessoa nasceu e fosse influenciado pela mesma cultura, provavelmente iria ter a mesma crença. Por exemplo, a maioria da população do Iraque professa a fé do islamismo. Enquanto que, quem nasce no Brasil, tem uma tendência a ser cristão. O cristão não pode demonizar as pessoas que pertencem a outras religiões, mas entender que todas as pessoas, indistintamente, precisam da solução que Deus proveu para o pecado da humanidade: Jesus. Dessa forma, o ambiente formado após a queda também influenciou as pessoas que vieram após o primeiro Adão. No entanto, mais à frente da carta, o apóstolo vai esclarecer que aquele que está em Cristo recebe uma nova natureza que vem de cima e passa a receber influência do Espírito Santo. Todavia, o cristão deve estar atento para não perder a comunicação com Ele para não ser influenciado pelo mundo. O crente justificado está no meio do mundo, mas não pertence a ele, e sim ao Pai (Jo 17-9, 11, 14b, 16).


2. A extensão da graça - A manifestação da graça (2.11)

“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (2.11). Só podemos ter uma vida santa por causa da epifania, “manifestação” da graça de Deus. A graça de Deus sempre existiu. Deus sempre foi gracioso. Porém, em Cristo, essa graça despontou majestosa da mesma forma que o romper da alva. O substantivo epifaneia significa a visível aparição de alguma coisa ou de alguém que estava invisível. Essa palavra era usada no grego clássico em relação à alvorada, ao amanhecer, quando o sol transpõe a linha do horizonte e se torna visível. É a mesma palavra que aparece em Atos 27.20, quando Lucas diz que por vários dias nem o sol nem as estrelas apareceram [fizeram epifania], É claro que as estrelas ainda estavam no céu, mas não apareceram. A graça de Deus brilhou como sol sobre aqueles que viviam nas regiões da sombra da morte. Essa graça se manifestou quando Jesus nasceu num a estrebaria, cresceu num a carpintaria e morreu numa cruz. Essa graça brilhou quando de seus lábios se ouviam palavras de vida eterna, quando ele curava os enfermos, purificava os leprosos, lançava fora os demônios e ressuscitava os mortos. A graça resplandeceu quando o Filho de Deus entregou sua vida na cruz e a reassumiu na gloriosa manhã da ressurreição. A graça se manifestou para resgatar o homem do seu maior mal e oferecer a ele o maior bem.

Destacamos três aspectos da epifania da graça:

Em primeiro lugar, a origem da graça (2.11). Paulo fala da graça de Deus. A graça tem sua origem em Deus. Ela emana de Deus. Embora Deus sempre tenha sido gracioso, pois é o Deus de toda a graça, ela se tornou visível em Jesus Cristo. A graça de Deus foi esplendorosamente mostrada em seu humilde nascimento, em suas graciosas palavras e em seus atos movidos de compaixão; mas, sobretudo, em sua morte expiatória. A graça de Deus é totalmente imerecida. Não há nada em nós que reivindique o amor de Deus. Não há nenhum merecimento em nós. O amor de Deus tem nele mesmo sua causa. A graça é um favor imerecido. Deus trata de forma benevolente aqueles que merecem seu juízo.

Em segundo lugar, a natureza da graça (2.11). A graça de Deus é salvadora. A graça é o favor superabundante de Deus pelos pecadores indignos. Kelly diz que a graça de Deus representa o favor gratuito de Deus, a bondade espontânea mediante a qual ele intervém para ajudar e livrar os homens. E m Jesus, a graça de Deus desponta como um sol sobre o mundo escurecido pelas sombras da morte. Gosto da definição de William Hendriksen: A graça de Deus é seu favor ativo que outorga o maior de todos os dons a quem merece o maior de todos os castigos.-‘“ Por isso, a graça triunfa sobre nossa iniquidade. Ela é maior do que o nosso pecado e melhor do que a nossa vida. Onde abundou o pecado, superabundou a graça. Somos salvos pela graça. Vivemos pela graça. Dependemos da graça. Nada somos sem a graça. Por causa da graça, embora perdidos, fomos achados; embora mortos, recebemos vida.

Em terceiro lugar, a extensão da graça (2.11). A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. A epifania da graça não alcança todos os homens quantitativamente, mas todos os homens qualitativamente. A salvação é universal no sentido de que alcança todos aqueles que sao comprados para Deus, procedentes de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5.9), mas não no sentido de todos os homens, sem exceção. A salvação é universal porque alcança todos os homens sem acepção, mas não a todos os homens sem exceção. Não há universalismo na salvação. O que a Bíblia ensina sobre a universalidade da graça de Deus é que ela rompe todas as barreiras, derruba todos os preconceitos e alcança pessoas de todos os gêneros, idades e posições (2.1-10). A graça é acessível a todos: homens e mulheres, idosos e jovens, escravos e senhores, judeus e gentios.“ Nessa mesma linha de pensamento João Calvino afirma: “A salvação é comum a todos”, e isso fica expressamente claro pelo fato de Paulo mencionar os escravos cristãos. Porém, Paulo não alude aos homens no individual, mas destaca classes individuais, ou seja, diferentes categorias de pessoas. Concluo esse ponto citando Albert BarnesO plano de Deus tem sido revelado a todas as classes de homens e a todas as raças, inclusive servos e chefes; vassalos e reis; pobres e ricos; ignorantes e sábios.


            III. A GRAÇA NO CONTEXTO DA REFORMA

1. A corrupção da doutrina da graça - MARTINHO LUTERO

Lutero foi um gigante da história; foi tão importante que certa vez foi descrito como um “oceano”. Há quem creia que tenha sido a figura europeia mais significativa do segundo milênio. Ele foi o Reformador pioneiro, o primeiro a quem Deus usou para produzir uma transformação do Cristianismo e do mundo ocidental. Foi, inquestionavelmente, o líder da Reforma alemã. Numa época de corrupção eclesiástica e apostasias, ele foi um valente campeão da verdade; sua poderosa pregação e pena ajudaram a restaurar o evangelho puro.

PERDIDO EM AUTOJUSTIÇA

No monastério, Lutero se viu arrastado à procura da aceitação de Deus através das obras. Ele escreveu: Torturei-me com oração, jejum, vigílias e congelamento; tal austeridade poderia ter-me matado. […] O que mais eu buscava agindo assim senão Deus, o qual presumivelmente via minha extremada observância da ordem monástica e minha vida austera? Eu andava constantemente em meio a um sonho e vivia em meio a uma idolatria real, porquanto não cria em Cristo: eu apenas o considerava um severo e terrível juiz, pintado como alguém sentado sobre um arco-íris.

Em outro lugar, ele relembra: “Quando eu era monge, esbaldei-me grandemente por quase quinze anos com sacrifício diário, torturei-me com jejuns, vigílias, orações e outras obras mui rigorosas. Sinceramente, eu cria que assim adquiriria justiça por meus próprios esforços.” Em 1507, Lutero foi ordenado ao sacerdócio. Quando celebrou sua primeira missa, enquanto segurava o pão e o cálice pela primeira vez, sentiu-se tão aterrado com a ideia da transubstanciação que quase desmaiou. Ele confessou: “Eu fiquei totalmente aturdido e tomado pelo terror. Pensava de mim mesmo: ‘Quem sou eu para elevar meus olhos ou minhas mãos à majestade divina? Pois não passo de pó e cinza e saturado de pecado, e estou falando ao Deus vivo, eterno e verdadeiro’.” O medo apenas se misturava à sua luta pessoal por aceitação junto a Deus. Em 1510, Lutero foi enviado a Roma, onde testemunhou a corrupção da igreja romana. Ele subiu a Scala Sancta (“A Escada Santa”), supostamente, a mesma escada pela qual Jesus subiu quando compareceu perante Pilatos. De acordo com as fábulas, os degraus foram levados de Jerusalém para Roma, e os sacerdotes alegavam que Deus perdoava os pecados de quem subisse aquela escada de joelhos. Lutero fez isso, repetindo a Oração do Senhor, beijando cada degrau e buscando a paz de Deus. Mas, quando chegou no topo, olhou para trás e pensou: “Quem sabe se isto é autêntico?”

Ele não se sentiu mais perto de Deus. Lutero recebeu seu grau de doutorado em teologia na Universidade de Wittenberg em 1512, e ali foi nomeado professor da Bíblia. Notavelmente, Lutero manteve esta posição pedagógica por quase trinta e quatro anos, até sua morte em 1546. Na sala de aula, antes de tudo ele prelecionava sobre os Salmos (1513–1515), Romanos (1515–1517) e Gálatas e Hebreus (1517–1519). Mas, quanto mais Lutero estudava, mais perplexo ficava. Uma dúvida o consumia: Como um homem pecador pode ser justo diante de um Deus santo?

TETZEL E A CONTROVÉRSIA SOBRE A INDULGÊNCIA

Em 1517, um dominicano itinerante chamado John Tetzel começou a vender indulgências nas proximidades de Wittenberg, oferecendo o perdão de pecados. Esta prática absurda fora inaugurada durante as cruzadas com o fim de arrecadar dinheiro para a igreja. Os cidadãos podiam comprar da igreja uma carta que supostamente livrava do purgatório um ente querido que havia morrido. Roma se beneficiou imensamente dessa impostura. Neste caso, essas rendas visavam ajudar o papa Leão X a pagar as despesas da nova basílica de São Pedro, em Roma. A famosa oferta de Tetzel era: “Assim que a moeda soa no fundo do cofre, a alma voa do purgatório.”


2. A restauração da doutrina graça - A graça de Deus. Cremos que todos os homens e mulheres foram atingidos pelo pecado a tal ponto que, embora tenham sido feitos à imagem de Deus, não podem, por si mesmos, chegar a Deus. Não há nada que o homem natural possua ou pratique que lhe faça merecida a graça de Deus. A Bíblia ensina: ״Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3.11). A Bíblia qualifica essa condição espiritual como “mortos em pecado” (Cl 2.13) e “mortos em ofensas” (Ef 2.5). A ideia de morte, aqui, é de separação, e não de aniquilamento. Deus derrama sua graça, sem a qual o homem não pode entender as coisas e’s- pirituais, ou seja, foi Deus quem tomou a iniciativa na salvação, “do Senhor vem a salvação” (Jn 2.9), agindo em favor das pessoas. Graça é um favor imerecido. É por meio da graça que Deus ca- pacita o ser humano para que ele responda com fé ao chamado do evangelho: “Mas, se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça” (Rm 11.6). Todavia, os seres hu- manos, influenciados pela graça que habilita a livre escolha, são livres para escolher: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo” (Jo 7.17). Deus proveu a salvação para todas as pessoas, mas essa salvação aplica-se somente àquelas que creem: “isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem” (Rm 3.22). Nesse sentido, não há conflito entre a soberania de Deus e a liberdade humana


        IV. A GRAÇA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO

1. A graça barateada - Uma vez que o inferno não era a opção preferida, a Igreja e seus teólogos desenvolveram uma série de práticas e exercícios para ajudar pessoas a evitá-lo. A ironia era que, ao tentar prover segurança em um mundo inseguro, a Igreja espelhava, em grande medida, os novos desenvolvimentos urbanos e econômicos que exacerbavam a insegurança humana. Suspenso entre esperança e medo, o indivíduo tinha que alcançar seu propósito por intermédio de todo um sistema de serviços quid pro quo que refletiam a nova “mentalidade fiscal” do burguês urbano, absorvido na crescente economia de lucro. Tomado como um todo, a cristandade do fim da Idade Média parecia tão baseada em performance quanto os novos empreendimentos da época.

O próprio esforço da teologia e prática pastoral do fim da idade medieval de prover segurança apenas levava um mundo inseguro a uma insegurança ainda maior e à incerteza sobre a salvação. Uma das ideias escolásticas-chave que levaram a essa incerteza sobre a salvação era expressa na frase facere quod in se est: “faz o que está dentro de ti; faz teu melhor”. Ou seja, lutar para amar a Deus da melhor forma possível — por mais fraca que seja — fará com que ele recompense os esforços de alguém com a graça necessária para fazer algo ainda melhor. A vida de peregrinação do cristão em direção à cidade celestial era cada vez mais percebida não apenas do ponto de vista literal, mas como também do teológico, na forma de uma economia da salvação. Conforme mencionado anteriormente, essa “matemática da salvação” se concentrava no alcance máximo de boas obras com o fim de merecer a recompensa de Deus. Tanto na religião quanto no início do capitalismo, o trabalho contratual merecia recompensa. Indivíduos eram responsáveis por sua própria vida, pela sociedade e pelo mundo dentro dos limites estipulados por Deus e com base neles. Cuidado pastoral tinha a intenção de prover um meio de segurança por meio da participação humana no processo da salvação. Essa teologia, no entanto, aumentava o senso de crise porque lançava as pessoas de volta aos seus próprios recursos. Isto é: não importa quão cheias de graça eram suas obras, o fardo da prova para essas boas obras caía outra vez nos ombros do praticante, dentre os quais o mais sensível passava a se perguntar como poderia saber se tinha feito o melhor.


2. O valor da graça - A completa falta de controle sobre o próprio destino, conforme era a sorte dos homens expostos nos mercados de escravos, nos dias de Paulo, era algo sentido intensamente, por causa do fato de ser isso uma realidade brutal na antiga estrutura social. O homem moderno, que nada tem conhecido sobre a escravidão em primeira mão, não pode apreciar plenamente o impacto das ilustrações apresentadas por Paulo, que incluem certos aspectos próprios do negócio de compra e venda de escravos. O homem ou a mulher comprados por um negociante de escravos se tornava a propriedade dele no sentido mais estrito da palavra. Tinha tal senhor a liberdade de matar um escravo seu, o que geralmente era feito através da crucificação. E não havia lei que pudesse chamá-lo a prestar contas perante a justiça. De fato, qualquer tentativa nesse sentido teria sido reputada ridícula. Certa quantia em dinheiro adquiria o direito de usar legalmente a pessoa escravizada; e se havia alguns poucos senhores humanos, havia um número enorme de senhores desumanos, do que resultavam muitíssimas atrocidades contra toda a razão e a dignidade humanas. O uso da instituição da escravatura dava a entender os seguintes pontos:

A sujeição total do escravo a seu senhor.

A posse completa do escravo por seu senhor.

O poder de vida e morte que o senhor exercia sobre o escravo.

A «destruição» da independência do escravo.

A integração da personalidade do escravo na personalidade de seu senhor.

Somente a morte física podia livrar um escravo do domínio de seu senhor, ou, se um senhor assim quisesse fazê-lo, poderia vender um escravo seu a outrem, havendo assim a transferência de direitos sobre o o citado escravo. Neste versículo, o apóstolo Paulo enfatiza a exclusividade da posse do senhor de escravos, a fim de descrever uma situação espiritual.

(Comparar com o trecho de Rom. 7:2). Todo escravo só podia ter um senhor de cada vez, o qual exercia toda a autoridade sobre ele.

Paulo lança mão da instituição da escravatura a fim de ilustrar o seu ponto de que o crente deve viver em total submissão a Cristo; a fim de ilustrar que Jesus Cristo, por direito de compra, através de seu sangue expiatório, que libertou os escravos do pecado da tirania do pecado, tem direitos totais sobre o crente; a fim de ilustrar o fato de que, possuindo «direitos totais», Cristo tem autoridade completa sobre o crente; a fim de ilustrar que o crente deixa de ser um indivíduo, mas que a sua personalidade começa a ser integrada na vontade do seu Senhor; e a fim de ilustrar que nem mesmo a morte física pode livrar o crente de sua total imersão na personalidade de Cristo, porquanto lhe pertencemos tanto na vida como na morte. (Ver Rom. 14:8). A enormidade do preço·. O ponto central deste versículo gira em torno do «preço» que foi pago para garantir a libertação do crente. A redenção faz com que o crente se torne totalmente pertencente a Cristo, visto que o preço pago pelo Filho de Deus foi enorme. (Ver as notas expositivas sobre a «expiação», em Rom. 5:11; e sobre a «propiciação», em Rom. 3:25). A «enormidade» do preço foi exposta visando impressionar os crentes acerca da totalidade do senhorio de Cristo sobre a sua igreja e sobre cada indivíduo existente na mesma.

O presente versículo é paralelo ao trecho de I Cor. 6:20, com uma aplicação diferente, embora ambas essas passagens falem sobre o «preço» pago para conduzir os homens de volta a Deus. (Ver as notas expositivas sobre I Cor. 6:20, onde essas ideias são expandidas). A ideia de «ser comprado por preço», isto é, a noção de «resgate», são expressões comuns do N.T. para dar a ideia de «expiação», o que é ilustrado através de outras referências bíblicas, nas notas expositivas acima aludidas. Ali, a posse «exclusiva» é usada como argumento contra a imoralidade, que consiste do abuso do corpo de maneiras não aprovadas pelo Senhor Jesus. Aqui, entretanto, a posse exclusiva é mencionada a fim de mostrar como o crente não pode deixar-se escravizar por outro homem (na outra porção deste versículo), embora, de maneira geral, isso também ilustra a qualidade da nossa submissão a Cristo, mostrando que nossa servidão é total, e que todos os crentes são escravos dessa ordem. Disso se conclui que é questão indiferente que um crente, que nasceu escravo ou que se tornou escravo no decurso de seus anos, venha a procurar tornar-se livre. Pois, sem importar que estejam «livres» ou em «servidão», conforme os homens consideram a questão, a verdade é que todos os crentes se encontram em verdadeira servidão ao verdadeiro Senhor, Jesus Cristo, ainda que seja assim que realmente desfrutem da mais completa liberdade que os homens possam conhecer.



AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Superintendente e Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

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                                                  BIBLIOGRAFIA

         



Livro Maravilhosa Graça, Philip Yancey - ed. Vida Nova

Livro Teologia Sistemática, Stanley Horton - ed. CPAD

Livro Maravilhosa Graça! O evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos, José Gonçalves - ed. CPAD

Livro Justiça e Graça, Natalino das Neves - ed. CPAD

Comentário Bíblico Tito e Filemon, Hernandes Dias Lopes - ed. Hagnos

Livro Pilares da Graça, Steven J. Lawson - ed. Fiel

Declaração de Fé das Assembléias de Deus, Esequias Soares - ed. CPAD

Livro História da Reforma, Carter Lindeberg - ed. Thomas N. Brasil

Comentário Bíblico NT, Russell N. Champlin - ed. Hagnos

https://professordaebd.com.br/2-licao-3-tri-22-a-sutileza-da-banalizacao-da-graca/

segunda-feira, 27 de junho de 2022

LIÇÃO 01 - AS SUTILEZAS DE SATANÁS CONTRA AIGREJA DE CRISTO.

Profº Pb. Junio - Congregação Boa Vista II.


 LIÇÃO 01 - AS SUTILEZAS DE SATANÁS CONTRA  AIGREJA DE CRISTO.


            TEXTO ÁUREO

"Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios."  (1TM 4.1).


        VERDADE PRÁTICA

De forma sutil e sorrateira, o Diabo desfere ataques à igreja. É preciso que cada crente saia ao combate com as armas espirituais dadas por Deus.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1 TM 4.1-5. ( comentário)

Alguns se afastarão da fé A palavra grega aqui – ?p?st?s??ta? apostesontai- é aquela da qual derivamos a palavra “apostatar”, e seria adequadamente traduzida aqui. O significado é que eles “apostatariam” da crença nas verdades do evangelho. Isso não significa que, como indivíduos, eles seriam verdadeiros cristãos; mas que haveria um afastamento das grandes doutrinas que constituem a fé cristã. As maneiras pelas quais eles fariam isso são imediatamente especificadas, mostrando o que o apóstolo quis dizer aqui ao se afastar da fé. Eles dariam atenção a espíritos sedutores, às doutrinas dos demônios, etc. O uso da palavra “alguns”, aqui t??e? tines- não implica que o número seja pequeno. O significado é que “certas pessoas” partiriam assim, ou que “haveria” uma apostasia do tipo aqui mencionado, nos últimos dias. Da passagem paralela em 2 Tessalonicenses 2: 3 , parece que essa seria uma extensa apostasia.

Dar atenção a seduzir espíritos  Em vez de ao Espírito de Deus. Seria parte do sistema deles ceder àqueles espíritos que se desviavam. Os espíritos aqui mencionados são aqueles que causam erros, e a construção mais óbvia e natural é encaminhá-la à ação dos espíritos caídos. Embora “possa” se aplicar a falsos mestres, ainda assim, é mais a eles como sob a influência de espíritos malignos. Isso pode ser aplicado, no que diz respeito à fraseologia, a “qualquer” ensinamento falso; mas é evidente que o apóstolo tinha uma apostasia específica em vista – algum grande “sistema” que corromperia grandemente a fé cristã; e as palavras aqui devem ser interpretadas com referência a isso. É verdade que pessoas de todas as idades são propensas a dar atenção a espíritos sedutores; mas a coisa mencionada aqui é uma grande apostasia, na qual as características seriam manifestadas e as doutrinas mantidas, que o apóstolo procede imediatamente a especificar; compare 1 João 4: 1 .

Dar atenção a seduzir espíritos  Em vez de ao Espírito de Deus. Seria parte do sistema deles ceder àqueles espíritos que se desviavam. Os espíritos aqui mencionados são aqueles que causam erros, e a construção mais óbvia e natural é encaminhá-la à ação dos espíritos caídos. Embora “possa” se aplicar a falsos mestres, ainda assim, é mais a eles como sob a influência de espíritos malignos. Isso pode ser aplicado, no que diz respeito à fraseologia, a “qualquer” ensinamento falso; mas é evidente que o apóstolo tinha uma apostasia específica em vista – algum grande “sistema” que corromperia grandemente a fé cristã; e as palavras aqui devem ser interpretadas com referência a isso. É verdade que pessoas de todas as idades são propensas a dar atenção a espíritos sedutores; mas a coisa mencionada aqui é uma grande apostasia, na qual as características seriam manifestadas e as doutrinas mantidas, que o apóstolo procede imediatamente a especificar; compare 1 João 4: 1 .



                        INTRODUÇÃO

Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm a consciência cauterizada, que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com gratidão pelos que creem e conhecem a verdade. Pois tudo o que Deus criou é bom, e, se recebido com gratidão, nada é recusável, porque é santificado pela palavra de Deus e pela oração. Expondo estas coisas aos irmãos, você será um bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que você tem seguido. Mas rejeite as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercite-se, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico tem algum valor, mas a piedade tem valor para tudo, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de vir. Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação. Pois é para esse fim que trabalhamos e nos esforçamos, porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos, especialmente dos que creem. (1Tm 4.1-10, NAA)

O escritor Paul E. Holdcraft disse certa feita que “o diabo pode estar fora de moda, mas não de suas maléficas atividades”. Os cristãos ao longo da história se aperceberam desse fato. O Diabo não deixou de ser Diabo nem tampouco de trabalhar. Contudo, devemos dizer que a maneira como o Inimigo trabalha nem sempre é percebida. Em vez de se expor, o Adversário prefere o anonimato ou os bastidores no qual veladamente máquina e executa suas nefastas atividades. A sutileza é a marca registrada de suas ações. Quanto a isso, as Escrituras são bastante claras (Ef 6.11)..

I. A IGREJA SOB ATAQUE

1. A sutileza do ataque - UM ATAQUE VIOLENTO DE ESPÍRITOS ENGANADORES SOBRE A IGREJA Hoje em dia, espíritos enganadores atacam de forma especial a Igreja de Cristo. Esse ataque é cumprimento da profecia que o Espírito Santo revelou expressamente por meio do apóstolo Paulo: que um grande ataque de engano aconteceria nos “últimos tempos”. Desde que essa profecia foi entregue, mais de mil e oitocentos anos já se passaram, [Levando-se em conta de que a primeira edição desse livro é de 1912.] mas a manifestação especial de espíritos malignos para engano dos crentes hoje em dia aponta, sem dúvida alguma, para o fato de que estamos nos “últimos dias”.

O perigo da igreja no fim dessa dispensação foi predito como sendo especialmente no campo sobrenatural, de onde satanás enviaria um exército de espíritos ensinadores (1 Tm 4.1) para enganar todos os que estivessem abertos a ensinamentos por revelação espiritual e, assim, afastá-los, mesmo que eles não queiram, da plena aliança com Deus.

No entanto, apesar dessa clara previsão sobre o perigo dos últimos tempos, encontramos a Igreja em quase total ignorância sobre as obras desse exército de espíritos malignos. A maioria dos crentes é muito rápida em aceitar tudo que seja “sobrenatural” como vindo de Deus, e experiências sobrenaturais são indiscriminadamente aceitas porque acredita-se que todas elas sejam divinas.

Por falta de conhecimento, a maioria das pessoas, mesmo as mais espirituais, não guerreiam de modo completo e contínuo contra esse exército de espíritos malignos, e muitas até fogem do assunto e do chamado para essa guerra, dizendo que, se Cristo é pregado, não é necessário dar tanto destaque à existência do diabo nem entrar em conflito direto com ele e suas hostes. No entanto, um grande número de filhos de Deus estão se tornando presa fácil para o inimigo por falta desse conhecimento, e por meio do silêncio dos mestres a respeito dessa verdade vital, a Igreja de Cristo está marchando para o perigo dos últimos dias, despreparada para o ataque violento do inimigo. Por causa disso, e em vista das palavras proféticas claras nas Escrituras, a afluência já manifesta das hostes malignas entre os filhos de Deus e os muitos sinais de que estamos realmente nos “últimos dias” a que se refere o apóstolo, todos os crentes deveriam receber abertamente tal conhecimento sobre os poderes das trevas, pois ele permitirá que passem pela prova terrível desses dias sem serem derrotados completamente pelo inimigo.

Sem tal conhecimento, quando pensar que está lutando pela verdade, é possível que um crente lute, defenda e até proteja espíritos malignos e suas obras, crendo que está defendendo Deus e Suas obras; pois se pensa que algo é divino, ele o irá proteger e defender. E possível que, por ignorância, um homem chegue a ficar contra Deus e a atacar a própria verdade de Deus, e também a defender o diabo e se opor a Deus — a menos que tenha conhecimento.

2. O alerta para o povo de Deus - «…afirma expressamente…» O grego diz «lego», que significa «falar», «dizer», e «retos», que descreve como o Espírito fala, a saber, «expressamente», «explicitamente». Este advérbio é palavra cognata de «retor», que significa «orador», aquele que discursa em público. O Espírito falava claramente, com autoridade, à maneira de um orador. Não podia haver dúvidas quanto ao que ele queria dizer. Essa profecia não era nenhuma «declaração enigmática», que precisasse de ser interpretada. A forma adjetivada, «retos», significa «especificado», «nomeado». E foi exatamente dessa forma que o advérbio aqui usado foi criado.

3. A igreja na reta final - «…tempos…» é tradução do termo grego «kairos», «tempo», que indica um período particular, caracterizado por determinados eventos. O trecho de II Tim. 3:1 diz «Nos últimos dias…», onde a palavra «dias» é modificada por «últimos». Essas expressões devem ser equivalentes, porém, porquanto ambas se referem a uma grave crise de heresias, que já se fazia presente na igreja primitiva. Os cristãos do início de nossa era não esperavam que houvesse uma longa «era da graça», intercalada antes da «parousia» ou segundo advento de Cristo. Pensavam que já viviam nos dias finais, imediatamente antes da «parousia».

É verdade, entretanto, que muitas profecias têm certa aplicação «presente» (isto é, se aplicam ao próprio tempo em que são proferidas), além de terem certa aplicação «futura», que algumas vezes é adiada até aos fins dos tempos. A maioria dos intérpretes do N.T. supõe que essa predição de apostasia tem essa aplicação; e isso é confirmado pelas predições existentes em II Tes. 2:1 ess., acerca do anticristo e da «grande apostasia», que certamente ainda jazem no futuro. Além disso, os capítulos doze e treze do livro de Apocalipse mostram-nos que haverá uma grande apostasia, durante a qual Satanás, por meio de seu grande agente, o anticristo, será adorado. E aquela será a plena expressão da rebeldia da humanidade contra Deus, o que caracterizará a época imediatamente anterior à «parousia».


II. A NATUREZA DO ATAQUE

1. O ataque é de natureza espiritual - O termo «…enganadores…», neste caso, é tradução do vocábulo grego «planos», que significa «desviador», «enganador», desempenhando aqui o papel de «impostor». Este versículo pode ser confrontado com os trechos de Mat. 24:15; I João 4:6; Apo. 16:14 e Tia. 3:15.

O bode de nome Judas: Os obreiros impostores se apresentam como apóstolos de Cristo, como anjos de luz. (Ver II Cor. 11:13). O próprio Satanás assim se disfarça. (Ver II Cor. 11:14). Na cidade de Nova Iorque, na New York Butcher’ s Dressed Meat Company, havia certo animal a que chamavam de «Bode Judas». Seu trabalho consistia em escoltar as ovelhas, desde a beira do rio, onde eram desembarcadas, até ao matadouro. Esse bode começava a agir cedo pela manhã, no que continuava até o fim do dia.

Seu pelo era branco, e facilmente conduzia as ovelhas à destruição, pois não eram sábias bastante para perceber que o bode era de uma espécie animal diferente. É fato bem conhecido que, diferentemente do gado e dos porcos, que precisam ser tangidos, as ovelhas seguem a um líder; e era isso que possibilitava o trabalho daquele bode. Aquele bode era bonito, brilhante e de aparência atrativa, servindo de líder que as ovelhas seguiam facilmente.

Calcula-se que durante sua carreira ele conduziu cerca de quatro milhões e meio de ovelhas para a sua morte.

«…ensinos de demônios…» Os demônios entram em contato com os homens. Alguns deles estão interessados nas questões religiosas, enganando os homens mediante cerimônias religiosas; mas outros demônios não estão interessados por essas coisas, a julgar pelo estudo de suas ações. 

Pois há demônios que pervertem moralmente os homens, ou os pervertem em outros particulares, sem voltar-lhes a atenção para a fé religiosa. Mas há aqueles que provavelmente chegam a crer no tipo de religião que impulsiona as pessoas a aceitarem, «inspirando» certas mentes acerca da suposta «verdade» de suas doutrinas. E certamente é desse m odo que surgem os líderes heréticos. A maioria desses líderes realmente crê-naquilo que ensinam, e assim falam com autoridade, ch eg an do a convencer a muitos. Estas «epístolas pastorais» dão-nos a impressão de que esse era o caso do gnosticismo, que assediou a igreja cristã por tanto tempo. Por conseguinte, os demônios têm os seus próprios «…ensinos…». O trecho de Tia. 3:15 fala sobre a «sabedoria demoníaca».

2. O ataque é de natureza moral - Os falsos mestres são como atores: representam um papel diferente da vida real. Falam uma coisa e fazem outra. São hipócritas. Não revelam sua verdadeira identidade; ao contrário, escondem-se atrás de máscaras para enganar as pessoas. Os falsos mestres possuem não apenas um ensino errado, mas também uma motivação errada; não apenas uma teologia falsa, mas também uma vida torta. O problema dos falsos mestres não é apenas teológico, mas também moral. A consciência dos falsos mestres não tem sensibilidade espiritual; está cauterizada, anestesiada, amortecida. Eles perderam o temor de Deus e não sentem mais tristeza pelo pecado. São insensíveis.

A palavra grega kauteriazo, traduzida por cauterizada, traz a ideia de “marcar com um ferro quente”, como era feito no passado com os escravos e hoje com o gado, deixando o lugar queimado insensível. Concordo com Warren Wiersbe, quando diz que “sempre que alguém afirma com os lábios o que nega com a vida, a consciência é amortecida”.


III.   AS ESFERAS DO ATAQUE

1. A esfera religiosa -  A apostasia corresponde a um período em que a pessoa peca cada vez mais e obedece cada vez menos. Envolve um arrepender-se do arrependimento. É o abandono deliberado da verdade da fé cristã. Hans Bürki diz que o verbo aqui designa a apostasia intencional e consciente. A apostasia não pode ser confundida com perda da salvação, nem nega a perseverança dos santos. Significa que, por influência dos falsos mestres, muitas pessoas que outrora professaram a fé cristã abandonarão essa confissão. Pessoas que fizeram parte da igreja visível e assumiram um compromisso público deixarão as fileiras da fé cristã. Porém, nem todos os que fazem parte da igreja visível são membros da igreja invisível. Nem todos os que têm seus nomes inscritos no rol de membros da igreja têm seus nomes inscritos no livro da vida. William MacDonald ressalta que uma parte das pessoas que frequentam a igreja é formada por pessoas apenas nominalmente cristãs.

Os falsos mestres que promovem a apostasia engrossam as fileiras das seitas, e muitos estão infiltrados nas igrejas, lecionando nas cátedras dos seminários e subindo aos púlpitos para destilar seu veneno letal.

«…alguns apostatarão…» No grego é «aphistemi», que significa «levar à revolta», «desviar», quando usado na voz transitiva, ou então «afastar-se», «retirar-se», «apostatar», quando esse verbo é usado intransitivamente. Esse verbo significa rejeitar uma posição anterior, aderindo a posição diferente e contraditória à primeira; perder a primeira fé, repelindo-a em favor de outra crença. Esse verbo veio a ser usado em sentido técnico para indicar a «apostasia»; e estas epístolas pastorais são bastante tardias, na ordem cronológica do aparecimento dos livros do N.T., para refletirem esse emprego. Os gnósticos faziam parte da comunidade cristã; eram apóstatas, porquanto professavam ser cristãos, sem importar se estavam firmados ou não anteriormente na fé ortodoxa. Mui provavelmente não era assim, na maioria dos casos; porém, visto que se professavam cristãos, com razão podiam ser considerados hereges e apóstatas.

2. A esfera social - Os falsos mestres fizeram um casamento espúrio do judaísmo radical com a filosofia grega, ou seja, do legalismo judaico com o ascetismo oriental. Desse concubinato surgiu uma perigosa heresia, chamada gnosticismo, que mais tarde devastou a igreja. Os gnósticos consideravam a matéria essencialmente má. Por isso, negavam as doutrinas da criação, encarnação e ressurreição. Oscilavam entre o ascetismo e a libertinagem.

Aqui, os gnósticos estão proibindo o que Deus aprova. Privam as pessoas de privilégios concedidos por Deus. O que eles proíbem? Casamento e consumo de alimentos. Porém, Deus instituiu o casamento para a propagação da vida humana (Gn 1.28) e a comida para o sustento (Gn9.3). John Stott diz que o casamento e a alimentação se relacionam com os dois apetites básicos do corpo humano: o sexo e a fome. São também naturais, embora sejam passíveis de abuso quando degeneram em lascívia e glutonaria.

Concordo com Hans Bürki quando ele diz que a criação não apenas era boa “antes da queda”, mas ainda agora é boa e bela, assim como são bons os alimentos ou frutos da terra que crescem e agora podem ser consumidos com alegre gratidão. O mesmo vale para o ser humano caído que foi criado à imagem de Deus. Quem renega sua origem, quem contesta o direito de autoria de Deus sobre sua vida e a manutenção de sua existência por meio do pão de cada dia, recusa expressar a Deus a gratidão que lhe é devida, dando a si mesmo e à sua laboriosidade a honra subtraída de Deus. Não agradecer ao Criador transforma a criatura em ferramenta do pecado.


IV. A  IGREJA PROTEGIDA

1. A exposição da Palavra de Deus - Acerca da expressão, «…palavra de Deus…», consideremos os pontos seguintes: 1. Não estão em foco as «Sagradas Escrituras». 2. Mas devemos entender aqui as declarações divinas, quando o Senhor pronuncia sua bênção de aprovação a todas as coisas criadas, que são «boas». Não há que duvidar que isso alude a Gên. 1:31. Assim sendo, o autor sagrado apela ao A.T., tal como o faz em I Tim. 1:9; e assim afirma a sua confiança na «autoridade» do A.T, o que era negado pelos gnósticos. 3. Essa «palavra» é ainda confirmada pela mensagem ou «Palavra de Deus», que é transmitida na revelação cristã. Essa «palavra» é aplicada à oração, estando em foco, particularmente, a «bênção» ou «ação de graças» antes das refeições, o que reflete um costume antiquíssimo em muitas culturas, e não meramente entre os hebreus. Os gregos, até mesmo nos tempos de Homero (800 A.C.), agradeciam aos deuses pelos alimentos que tomavam.


2. A prática da oraçã0 - E coisa desejável ter uso santificado de nossas necessidades pessoais. Elas são santificadas para nós: (1) Pela palavra de Deus; não somente sua permissão, concedendo-nos a liberdade do uso dessas coisas, mas, sua promessa de nos alimentar com o alimento adequado para nós. Isso nos provê um uso santificado das nossas necessidades pessoais. (2) Pela oração, que abençoa nossa carne para nós. A palavra de Deus e a oração devem fazer parte das nossas ações e afazeres comuns, e, então, fazemos tudo pela fé. Observe aqui:

Toda criatura é de Deus, porque Ele fez tudo. Meu é todo animal da selva (diz Deus) e as alimárias sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; e minhas são todas as feras do campo (SI 50.10,11).

Toda criatura de Deus é boa: quando o Deus abençoado fez uma inspeção de toda a sua obra, viu tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom (Gn 1.31).

A bênção de Deus torna toda criatura nutritiva para nós. Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus (Mt 4.4), e, portanto, nada deve ser rejeitado.

Devemos, portanto, pedir sua bênção em oração e, dessa forma, santificar as criaturas que recebemos pela oração.


AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Superintendente e Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

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                                BIBLIOGRAFIA


Bíblia de estudo King James atualizada

Bíblia Almeida século 21

Gonçalves. José,. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo. Editora CPAD

Penn-Lewis, Jessie. Guerra contra os Santos: a obra clássica sobre batalha espiritual, tomo 1, versão integral. Editora dos clássicos.

Comentário bíblico 1 Timóteo, Hernandes dias Lopes - Ed. Hagnos

Comentário bíblico Novo testamento, Russell Norman Champlin - Ed. Hagnos

Comentário bíblico Atos a Apocalipse, Matthew Henry - Ed. CPAD

https://professordaebd.com.br/1-licao-3-tri-22-as-sutilezas-de-satanas-contra-a-igreja-de-cristo/?doing_wp_cron=1653765584.6635189056396484375000

https://versiculoscomentados.com.br/index.php/estudo-de-1-timoteo-4-1-comentado-e-explicado/

segunda-feira, 20 de junho de 2022

LIÇÃO 13 – A VERDADEIRA IDENTIDADE DO CRISTÃO

Profº Pb. Junio - AD belém setor 13. Congregação
Boa Vista II. 

LIÇÃO 13 – A VERDADEIRA IDENTIDADE DO CRISTÃO

TEXTO ÁUREO

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (MT 7.21).

 

VERDADE PRÁTICA

No Reino de Deus, não basta ouvir para se identificar com o Salvador, é preciso praticar o que se aprendeu.

 

LEITURA BIBLICA EM CLASSE: MT 7. 21-27 (comentário bíblico)

 

Vv. 21-23 – Se os versículos 15-20 lidam com falsos profetas, os versículos 21-23 tratam de falsos seguidores. Talvez alguns seguidores tenham se tornado falsos por causa dos falsos profetas. O clamor deles: “Senhor, Senhor” (v. 21), reflete veemência. Na época de Jesus, é duvidoso que o termo “Senhor” para se referir a ele representasse mais que “mestre” ou tratamento de respeito. Mas no período pós-ressurreiçao, o termo tornou-se designação de adoração e confissão da divindade de Jesus. Por isso, alguns suspeitam de anacronismo aqui. Dois fatores sustentam a autenticidade: (1) o paralelo em Lucas 6.46 (cf. também Jo 13.12-16); (2) e o fato de que durante todo o ministério de Jesus, ele referiu-se a si mesmo em categorias relativamente veladas cujo pleno sentido só pôde ser apreendido após a ressurreição. O versículo 23 pressupõe cristologia implícita da mais alta ordem. Jesus mesmo não só decide quem entrará no reino no último dia, mas também quem será banido da sua presença. O fato de que ele nunca conheceu esses falsos pretendentes levanta uma nota bíblica comum, viz., o quão próximo alguém pode chegar da realidade espiritual enquanto não sabe nada a respeito de sua realidade fundamental (e.g, Balaão; Judas Iscariotes; Mc 9.38,39; ICo 13.2; Hb 3.14; ljo 2.19). “Contudo, nem todos que falam em espírito são profetas, a não ser que se comporte como o Senhor” (D idaquê 11.8). Pode-se fazer duas observações finais. A primeira, embora a declaração: “Nunca os conheci” seja a mais branda das maldições rabínicas (SBK, 4:293), as palavras usadas aqui são claramente finais e escatológicas em um contexto solene referente a “naquele dia” e à entrada no reino. A segunda, a frase: “Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal”, é uma citação de Salmos 6.8 (cf. Lc 13.27). No salmo, o sofredor, vindicado por Iavé, diz aos praticantes do mal para que se afastem. Mais uma vez é difícil evitar a conclusão de que Jesus mesmo liga a autoridade do Rei messiânico com a do Sofredor justo, por mais velada que seja a alusão (veja comentário sobre 3.17).

Vv. 24-27 - 24-27 O sermão de Lucas termina com a mesma nota (Lc 6.47-49). Provavelmente, os evangelistas adaptaram a parábola para a situação de seus leitores. Os versículos 21-23 contrastam “dizer” e “fazer”; esses versículos contrastam “ouvir” e “fazer” (Stott, p. 208), o que nao é distinto de Tiago 1.22-25; 2.14-20 (cf. Ez 33.31,32). Além disso, a vontade do Pai (v. 21) torna-se definitiva no que Jesus chama de “estas minhas palavras” (v. 24): seu ensinamento é definitivo (veja comentário sobre 5.17-20; 28.18-20). A luz da escolha radical dos versículos 21-23, “portanto” (v. 24), as duas posições podem estar ligadas aos dois construtores e suas casas. No tempo bom, cada casa parece segura. Mas a Palestina é conhecida pelas chuvas torrenciais que transformam uádis secos em correntes caudalosas. Apenas a tempestade revela a qualidade da obra dos dois construtores. O pensamento lembra-nos a parábola do semeador na qual a semente plantada em solo rochoso dura apenas um curto período de tempo, até que “surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra” (13.21). A maior tempestade é escatológica (cf. Is 28.16,17; Ez 13.10-13; cf. Pv 12.7). Mas as palavras de Jesus sobre as duas casas não precisam ser restritas dessa forma. O ponto é que o homem sábio (termo repetido em Mt; cf. 10.16; 24.45; 25.2,4,8,9) constrói uma casa para resistir a tudo. Está claro do que consiste a sabedoria (phronimos', o termo não ocorre em Marcos e há duas ocorrências dele em Lucas [12.42; 16.8]). A pessoa sábia representa aqueles que praticam as palavras de Jesus; eles também constroem para que sua construção resista a tudo. Os que fingem ter fé, que têm apenas um compromisso intelectual ou que desfrutam de Jesus em pequenas doses são construtores insensatos. Quando as tempestades da vida chegam, as estruturas deles não enganam ninguém, muito menos a Deus (cf. Ez 13.10-16). O sermão termina com o que esteve implícito do início ao fim dele — a exigência de submissão radical ao senhorio exclusivo de Jesus, que cumpre a Lei e os Profetas e adverte o desobediente de que a alternativa à obediência total, à verdadeira justiça e à vida no reino é a rebelião, egocentrismo e condenação eterna.

 

                              INTRODUÇÃO

 

Aqui Cristo mostra que não bastará reconhecê-lo como nosso Amo somente de palavra e língua. É necessário para nossa felicidade que acreditem os em Cristo, que nos arrependam os do pecado, que vivam os uma vida santa, que nos amemos uns aos outros. Esta é sua vontade, nossa santificação. Tenham os cuidado de não apoiar-nos nos privilégios e obras externas, não seja que nos enganem os e pereçam os eternam ente com um a mentira a nossa direita, com o o fazem multidões. Que cada um que invoca o nome de Cristo se afaste de todo pecado. Existem outros cuja religião descansa no puro ouvir, sem ir além; suas cabeças estão cheias de noções vazias. Essas duas classes de ouvintes estão representados pelos dois construtores. Esta parábola nos ensina a ouvir os ditados do Senhor Jesus: alguns podem parecer duros para carne e sangue, m as devem ser feitos. Cristo está colocado com o fundamento e toda outra coisa fora de Cristo é areia. Alguns constroem suas esperanças na prosperidade mundana; outros, num a profissão externa de religião. Sobre estas se aventuram, m as estas são só areia, demasiado fracas para suportar uma trama com o nossas esperanças do céu. Há uma tormenta que vem e provará a obra de todo homem. Quando Deus tira a alma, onde está a esperança do hipócrita? A casa desabou na tormenta, quando mais a necessitava o construtor, e esperava que lhe servisse de refúgio. Caiu quando era demasiado tarde para edificar outra. O Senhor nos faça construtores sábios para a eternidade. Então, nada nos separará do amor de Cristo Jesus. As multidões ficavam atônitas ante a sabedoria e o poder da doutrina de Cristo. Este sermão, tão freqüentemente lido, sempre resulta novo. Cada palavra prova que seu Autor é divino. Sejamos cada vez mais decididos e fervorosos, e façam os de um a ou de outra destas bem -aventuranças e graças cristãs o tem a principal de nossos pensamentos, por semanas seguidas. Não descansem os em desejos gerais e confusos, pelos quais possamos captá-lo tudo, porém sem reter nada.

 

I.             A CONDENAÇÃO DOS FALSOS SEGUIDORES DE JESUS

 

Depois da ilustração dos dois caminhos e das duas árvores, Jesus encerra sua mensagem descrevendo dois construtores e duas casas. Os dois caminhos ilustram o começo da vida de fé, e as duas árvores ilustram o crescimento e os resultados dessa vida de fé aqui e agora. As duas casas, por sua vez, ilustram o fim dessa vida de fé, quando Deus julgará todas as coisas. Há falsos profetas junto à porta que conduz para a estrada espaçosa, facilitando a entrada de todos. Mas, no final desse caminho, há destruição. O teste final não é o que pensamos de nós mesmos, ou o que os outros pensam de nós, mas sim: o que Deus dirá? Com o se preparar para esse julgamento? Fazendo a vontade de Deus. A obediência a sua vontade é a prova da verdadeira fé em Cristo. Tal prova não consiste em palavras, não é dizer: "Senhor, Senhor" e não obedecer a suas ordens. Com o é fácil aprender um vocabulário religioso, até memorizar versículos bíblicos e canções, e ainda assim não obedecer à vontade de Deus. Quem é, verdadeiramente, nascido de novo tem o Espírito de Deus habitando dentro de si (Rm 8:9), e o Espírito permite que conheça a vontade do Pai. O amor de Deus em seu coração (Rm 5:5) motiva-o a obedecer a Deus e a servir aos outros. Nem palavras nem atividades religiosas substituem a obediência. A pregação, a expulsão de demônios e a operação de milagres podem ter inspiração divina, mas não garantem a salvação. É bem possível que até mesmo Judas tenha participado de algumas ou talvez de todas essas atividades, mas, mesmo assim, não era um cristão verdadeiro. Nos últimos dias, Satanás usará "prodígios da mentira" para enganar as pessoas (2 Ts 2:7-12).

2.  Os milagres não transformam o caráter - verdadeiro é conhecido não apenas pelas suas obras (7.22,23). Esses falsos crentes pieitearão, no dia do juízo, o reconhecimento de suas obras portentosas: profecia, expulsão de demônios e muitos milagres. Todas as obras aqui mencionadas são sobrenaturais. Não se questiona a realidade delas, mas se reprovam todas, porque a vida daqueles que as praticaram estava imiscuída em iniquidade. Deus não está interessado apenas no que fazemos, mas também, e sobretudo, em como o fazemos. Deus requer obra certa e motivação certa. Ele quer verdade no íntimo. Concordo com A. T. Robertson quando ele diz que naquele dia Jesus lhes arrancará a pele de ovelha e exporá o lobo voraz.16 Em terceiro lugar, um crente verdadeiro é conhecido pela obediência (7.21). Quem vai entrar no reino dos céus não são aqueles que fazem profissões de fé ortodoxas e emocionantes, nem aqueles que fazem obras milagrosas, mas os que obedecem à vontade do Pai. Não é possível substituir obediência por performance. Tasker tem razão ao dizer que Jesus afirma aqui com grande ênfase que a conduta correta, o fazer a vontade do Pai, e não a adoração de lábios, é que constitui o passaporte para a travessia da porta que conduz à vida e que resulta num veredito de absolvição naquele dia do juízo.

3. Fazendo a vontade do Pai - O que significa: fazer a vontade do Pai? Significa que a mais bem sucedida atividade em favor do Senhor pode cair, apesar de tudo, sob a condenação dele se o discípulo não perseguiu com todo coração e empenho a santificação pessoal. Pois essa é a vontade de Deus, a “vossa santificação” (1Ts 4.3; cf. 2Co 7.1; Hb 12.14). A discrepância entre o sucesso de suas realizações e a conduta pessoal na santificação será a sua condenação. Com que seriedade Paulo entendeu essa exortação do seu Senhor, quando falou, em 1Co 9.24-27, de sua luta pessoal pela santificação nas três imagens da luta na corrida, da luta de boxe e da luta corporal, um testemunho que ele encerra com as palavras: “… para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”. Quando meninos muito provavelmente dissemos a nossa mãe: "Mãe, gosto de você." E é muito provável, também, que nossas mães nos olhassem com muito carinho e um pouco de tristeza, e nos dissessem: "Queria que você o demonstrasse um pouco em seu comportamento." Com muita freqüência confessamos a Deus com nossos lábios e o negamos em nossas vidas. Não é difícil recitar um credo, mas sim é difícil viver uma vida cristã. A fé sem uma vida que a expresse é uma contradição de termos. O amor sem obediência é uma impossibilidade.

 

II.           EM QUEM ESTAMOS ALICERÇADOS?

 

1.   1. O alicerce começa pelo ouvir - O que significa construir sua casa sobre um fundamento sólido? Significa mais do que ouvir a Palavra de Deus ensinada e ser familiarizado ou até concordar com ela. Podemos fazer tudo isso e ainda sermos tolos espirituais (v. 26). Obediência à Palavra de Cristo distingue o homem sábio de seu vizinho tolo. Assim como a diferença entre o verdadeiro e o falso profeta é que o profeta verdadeiro “faz a vontade do meu Pai que estás no céus” (v. 21), a diferença entre verdadeiro e o falso cristão é que o verdadeiro cristão coloca em prática o que ele tem ouvido de seu Mestre neste Sermão. Termos escolhas diante de nós: é para que escolhamos. Uma das maiores dificuldades que enfrentamos hoje é que com muita freqüência os homens não sabem o que Jesus ensinou, ou o que a Igreja prega. Pior ainda, têm idéias muito erradas do que Jesus ensinou ou do que prega a Igreja. Um dos deveres importantes de toda pessoa honesta consiste em não condenar a uma pessoa ou a uma instituição sem antes tê-la escutado – e isto, precisamente, é o que hoje a maioria não faz. O primeiro passo para uma vida cristã é dar a Jesus uma oportunidade para nos falar. É preciso ouvir a Palavra de Deus e praticála (ver Tg 1:22-25). Não se deve apenas ouvir (ou estudar) o que está escrito. O ouvir deve redundar em ações. É isso o que significa construir a casa na rocha. Não se deve confundir esse símbolo com a "rocha" de 1 Coríntios 3:9ss. Ao pregar o evangelho e ganhar almas para Cristo, Paulo fundamentou a igreja local de Corinto em Jesus Cristo, pois ele é o único alicerce verdadeiro da igreja local.

2. 2.  A importância do bom alicerce - O conhecimento só se torna importante e real para nós quando o traduzimos em ação. Seria perfeitamente possível aprovar com altas distinções um exame de ética cristã na universidade, sem ser cristão. O conhecimento deve transformar-se em ação; a teoria deve passar à prática; a teologia deve chegar a ser vida. Não tem sentido ir ao médico se não estamos dispostos a fazer as coisas que nos vai dizer que façamos. De pouco vale ir a um especialista de qualquer tipo se não estamos preparados para agir segundo suas recomendações. E entretanto, há milhares de pessoas que todos os domingos ouvem os ensinos de Jesus nas Iglesias, e que conhecem perfeitamente bem o que Jesus ensinou, e entretanto, não fazem nem o mais insignificante intento de pôr todo isso em prática. Se tivermos que ser seguidores de Jesus, nossas duas obrigações primeiras são ouvir e fazer. O alicerce da parábola em questão é a obediência à Palavra de Deus - obediência que comprova a fé verdadeira (Tg 2:14ss). O s dois homens da história tinham vários aspectos em com um . Ambos desejavam construir uma casa e ambos a fizeram de forma a parecer bela e forte. Porém, quando veio o julgamento (a tempestade), uma delas caiu. Qual era a diferença? Por certo, não era a aparência exterior. A diferença estava no alicerce: o construtor bem-sucedido "cavou, abriu profunda vala" (Lc 6 :4 8 ) e alicerçou sua casa numa fundação sólida.

3.  3.  A relevância do praticar -  Há alguma palavra na qual se resuma o significado de ouvir e fazer? Essa palavra existe, é obvio, e é obediência. Aprender a obedecer é o mais importante na vida. Faz algum tempo pôde ler-se nos jornais a notícia de um marinheiro da Armada Real Inglesa que foi severamente castigado por ter quebrantado importantes disposições regulamentares de sua arma. O castigo foi severo ao ponto que muitos civis pensaram que se exagerou a nota, e assim o manifestaram de diversas maneiras. Um dos periódicos pediu a seus leitores que escrevessem cartas expressando sua opinião sobre o assunto. Um dos que reagiram foi alguém que tinha servido durante muitos anos. Segundo sua opinião, o castigo não era muito severo. Sustentava que a disciplina era absolutamente essencial, pois seu propósito era condicionar o homem a obedecer incondicionalmente e de maneira automática, e desta obediência podia depender até a própria vida do interessado. E citava um caso ocorrido em sua própria experiência. Em certa oportunidade estava a bordo de uma lancha, que rebocava outro navio muito maior e pesado. Este navio estava atado à lancha por meio de um cabo de aço. De repente, no meio do vento e as ondas, ouviu-se a voz do oficial encarregado: "Corpo a terra!" Todos os homens que estavam sobre coberta imediatamente se lançaram ao piso. Nesse mesmo momento estalou o cabo de reboque e seus pedaços açoitaram a coberta como uma serpente de aço enlouquecida. Se algum homem tivesse estado de pé, teria morrido instantaneamente pelo golpe. Mas toda a tripulação obedeceu automaticamente e ninguém saiu machucado. Se alguém parasse para discutir a ordem ou tivesse pedido esclarecimentos, teria sido homem morto. A obediência pode salvar a vida. Esta é a classe de obediência que Jesus exige. Ele afirma que a obediência a suas palavras é o único fundamento firme para a vida; e sua promessa é que toda vida cimentada na obediência a Ele está segura, por fortes que sejam as tormentas que a açoitem.

 

 III. JESUS: A NOSSA VERDADEIRA IDENTIDADE

1. Jesus, nosso maior pregador - Se até os ninivitas arrependeram-se, não deveriam ter feito o mesmo os judeus?

Entretanto, os ninivitas se arrependeram; a maioria dos israelitas não (Jo. 1:11; 12:37). Gente com menos luz obedeceu uma pregação menos iluminada, mas gente mais iluminada se nega a obedecer a Luz do mundo. Faz-se a pergunta: “Mas, foi genuíno este arrependimento dos ninivitas, isto é, para salvação?” A resposta que se dá é que não, de outro modo Nínive não teria sido destruída. Objeção: a destruição de Nínive ocorreu ao redor do ano 612 a.C., isto é, quase um século e meio depois da pregação de Jonas. Portanto, é injusto acusar os ninivitas do tempo de Jonas dos pecados de uma geração muito posterior.

A Escritura não diz em nenhum lugar que o arrependimento de todos os ninivitas fora genuíno, mas tampouco deixa a impressão de que nenhum deles fora salvo; antes, o contrário. Que houve certamente conversões genuínas em Nínive, e possivelmente muitas, parece estar implícito tanto no livro profético como aqui em Mt. 12:41. A ideia de que o arrependimento dos ninivitas não foi genuíno, e que era somente do vício à virtude, está sujeito a outras três objeções: a. se ao falar da necessidade de arrependimento em Mt. 4:17 Jesus estava pensando num genuíno pesar pelo pecado, por que não podia ser assim aqui em 12:41? b. em 11:20–24 (cf. Lc. 10:13–15; 11:30) Nínive não se inclui na lista de cidades impenitentes do Antigo Testamento; e c. se o arrependimento a que se faz referência em Mt. 12:41 não é genuíno, é difícil explicar a declaração: “Ninivitas se levantarão, no Juízo, com esta geração e a condenarão”. É preciso destacar que a respeito destes “ninivitas” não se diz, como no caso dos de Sodoma e Gomorra, Tiro e Sidom, que no juízo será mais passível para eles (10:15; 11:22, 24), mas sim, como a rainha do sul (12:42), eles se levantarão no juízo e condenarão “esta” geração, isto é, a geração dos escribas, fariseus e seguidores deles. Visto que é ensino das Escrituras (Dn. 7:22; Mt. 19:28; 1Co. 6:2; Ap. 15:3, 4; 20:4) que os filhos de Deus vão participar do juízo final (por exemplo, louvando a Deus em Cristo por seus juízos), esta declaração de Jesus a respeito do papel de certos ninivitas na sessão do Grande Tribunal é compreensível se o arrependimento deles é genuíno.

Novamente, em palavras similares às de 12:6 (veja-se sobre essa passagem) os fariseus e escribas recebem um aviso da grandeza do pecado deles ao rejeitar e blasfemar a Cristo: E eis aqui está quem é maior do que Jonas. Esta grandeza superior foi explicada um pouco antes; veja-se a comparação, pontos a, b, c, e d, p. 561.

2. A autoridade do ensino de Cristo -  A grande declaração

Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Cf. Dn. 7:14; Mt. 16:28; 24:30; 26:64. Jesus aqui reclama para Si todo o poder e o direito para exercê-lo. Quando diz, “me foi dada”, naturalmente interpretamos isto como a alusão a um dom que Ele recebeu como Mediador ressuscitado. Poderia acrescentar-se: “como uma recompensa pela realização de sua obra mediadora, a expiação efetuada”. Mas não fez Ele uma declaração um tanto parecida muita antes de Sua morte e ressurreição? Veja-se Mt 11:27. Não só isto, acaso não exerceu também durante os dias da Sua humilhação poder sobre todas as enfermidades, incluindo a lepra, sobre a fome, demônios, ventos e ondas, corações humanos e até a morte? Acaso não demonstrou isto em muitas ocasiões? Certo, mas existe uma importante diferença. Antes de Seu triunfo sobre a morte o uso desse dom estava sempre restringido de algum modo. Por exemplo, teve que dizer ao leproso que não desse a conhecer que tinha sido curado (Mt 8:4). Os homens cegos a quem foram abertos os olhos recebem uma ordem parecida (Mt 9:30). Ele Se abstém de pedir ao Pai que envie legiões de anjos para resgatá-Lo (Mt 26:53). Claro que Ele mesmo não deseja esta ajuda, mas a autorrestrição também é restrição. Sim, levanta da morte a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim, e a Lázaro. No momento de Sua morte alguns santos ressuscitam. Mas embora tudo isto seja certamente assombroso, não é o mesmo que exercer realmente um poder ilimitado sobre céu e terra, fazendo-o proclamar por todas as partes sem nenhuma restrição, e logo no fim do século levantar todos os mortos e julgar todos os homens. É a investidura do Cristo ressuscitado com esta soberania sem restrições e universal o que Jesus agora reclama para Si e que especialmente dentro de uns poucos dias, depois de Sua ascensão ao céu, começa a exercer. Esse é o galardão por Sua obra (Ef. 1:19–23; Fp. 2:9, 10; Ap. 5; etc.).

Por que faz Jesus esta declaração? Resposta: para que quando agora comissiona a Seus discípulos para proclamar o evangelho através do mundo, eles saibam que cada momento, cada dia, podem contar com Ele. Acaso não é este o claro ensino de passagens tão preciosas como Jo. 16:33; At. 26:16–18; Fp. 4:13; e Ap. 1:9–20? Não só isto, mas também todos estes discípulos e aqueles que mais tarde os seguirem devem exigir que cada um, em todas as esferas da vida, reconheça com alegria a Jesus como “Senhor dos senhores e Rei dos reis” (Ap. 17:14).

3. Jesus como nossa identidade - O tempo da revelação dos filhos de Deus em seu estado e glória próprios é determinado; e isso ocorrerá quando seu irmão mais velho vier para chamar e reunir a todos: “Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele”. A partícula ean, geralmente traduzida por se, é aqui traduzida por quando; pois se observa que a partícula hebraica ‘am (à qual se pensa que ela corresponde) significa isso, como o Dr. Whitby notou aqui; e não somente ean é às vezes usada para otan, mas alguns manuscritos até mesmo trazem aqui otan, quando. E, dessa forma parece apropriado traduzi-la dessa forma em João 14.3, em que lemos: “…se eu for e vos preparar lugar…”\ porém mais natural e propriamente: “…quando eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, ou paralepsomai – eu vos levarei comigo, para que, onde eu estiver, estejais vós também”.

Quando a Cabeça da igreja, o Filho unigénito do Pai, aparecer, os seus membros, os adotados de Deus, aparecerão e serão manifestados juntamente com Ele. Eles podem então esperar na fé, esperança e desejo intenso, pela revelação do Senhor Jesus; assim como também a criação aguarda pela sua perfeição e “…a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 7.19). Os filhos de Deus serão conhecidos e manifestos pela semelhança com a Cabeça da igreja: “…seremos semelhantes a ele” – semelhantes a Ele em honra, poder, e glória. Seus corpos desprezíveis serão feitos como o corpo glorioso de Jesus Cristo; serão preenchidos com vida, luz e bem-aventurança a partir dele. “Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória” (Cl 3.4).


 AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Superintendente e Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

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 BIBLIOGRAFIA

O Sermão do Monte, Sinclair Ferguson

Comentário Bíblico Mateus, Esperança

Comentário Expositivo Mateus, Hernandes Dias Lopes

Comentário Bíblico Mateus, D. A. Carson

Comentário Expositivo Mateus, Warren. W. Wiersbe

Comentário Bíblico Mateus, Matthew Henry

Comentário Bíblico Mateus, William Barclay

 HENDRIKSENWilliam. Comentário do Novo Testamento. Mateus. 1 Ed 2001. Editora Cultura Cristã.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa.