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sexta-feira, 28 de abril de 2023

LIÇÃO 06 - PAIS ZELOSOS E FILHOS REBELDES.

Pb. Junio - Congregação Boa Vista II.

 



                        TEXTO ÁUREO

"Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor." (CL 3. 20)


                    VERDADE PRÁTICA

O modo de criar e educar tem impacto no comportamento de nossos filhos no mundo, mas não anula a responsabilidade individual das escolhas deles.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Juízes 13. 1-7; 14. 1-3


                                INTRODUÇÃO

Sansão foi uma personagem ao mesmo tempo forte e fraca, que tem arrebatado a imaginação de muitos autores e criadores de filmes. A sua vida envolveu todos os elementos de intriga, suspense, vitória e tragédia que compõem as boas histórias. O autor sagrado do livro de Juízes dedicou cem versículos a Gideão, e noventa e seis a Sansão, o que significa que eles foram campeões de audiência. De acordo com as divisões modernas e artificiais do Antigo Testamento, o relato sobre Gideão ocupa três capítulos; e a história sobre Sansão, quatro.    Sansão era homem que gostava de namoriscar com o pecado e amava a violência. No fim, essas duas coisas o reduziram a nada. Mas mesmo no fim, ele foi glorificado, porquanto conseguiu matar um maior número de inimigos constantes, em sua morte, do que tinha sido capaz de fazê-lo em vida (ver Juí. 16.30).    Apesar de sua grande capacidade como matador, tanto na vida como na morte, Sansão não conseguiu livrar Israel da servidão que fora imposta pelos filisteus. Sua carreira foi seguida por um período histórico de confusão, guerra civil e violência. Foi Davi quem, afinal, pôs cobro à ameaça dos filisteus, o que só aconteceu cerca de cem anos depois de Sansão.   “Os filisteus invadiram as terras costeiras da Palestina pouco depois dos encontros armados entre Ramsés III (do Egito) e os chamados povos do mar, em algum tempo entre 1220 A. C. e 1180 A. C. Por meio de assaltos armados, negócios pacíficos e, provavelmente, casamentos mistos, eles fizeram sentir a sua presença nos vales que levavam às terras altas da Palestina, conforme fica demonstrado pela influência crescente de sua cerâmica, após os meados do século XII A. C.   As fontes informativas bíblicas e os remanescentes arqueológicos concordam que houve um período de relações mútuas entre os israelitas e os filisteus, por volta de 1150 e 1050 A. C. E foi quando esta última data já se aproximava que os filisteus começaram a pressionar os judaítas e os efraimitas com maior empenho. Os episódios que envolveram Sansão refletem uma situação longe de estar resolvida, mas quando ainda não havia guerra franca entre os dois povos” (Jacob M. Myers, in loc.).



                    I. OS PAIS DE SANSÃO

1.   Uma situação espiritualmente deplorável   -   O livro de Juizes registra sete apostasias; sete períodos de servidão e sete livramentos.     Ele tinha diante de si uma nação a proteger (v.1). A frase inicial desse versículo aparece no Livro de Juízes com uma regularidade monótona (3:7, 12; 4:1, 2; 6:1; 10:6, 7) e pode ser vista aqui pela última vez. Apresenta o período mais longo de opressão que Deus permitiu que seu povo sofresse: quarenta anos sob o domínio dos filisteus.    Os filisteus1 faziam parte dos “povos do mar” que, no século doze a.C., migraram de uma região da Grécia para a planície costeira de Canaã. Durante a conquista, os israelitas não conseguiram tomar essa região (Js 13:1, 2). Ao estudar o mapa da Terra Prometida, vê-se que a existência dessa nação concentrava-se em torno de cinco cidades principais: Asdode, Gaza, Asquelom, Gate e Ecrom (1 Sm 6:1 7). A terra entre a região montanhosa de Israel e a planície costeira era chamada de “Sefelá”, que significa “terras baixas” e que separava a Filístia de Israel.   Sansão nasceu em Zorá, cidade na tribo de Dã próxima à fronteira com a Filístia, e, em várias ocasiões, atravessou essa fronteira para servir a Deus ou para satisfazer os próprios apetites.   Sansão julgou Israel “nos dias dos filisteus” (Jz 15:20), o que significa que seus vinte anos como juiz transcorreram durante os quarenta anos de domínio filisteu. De acordo com o Dr. Leon Wood, o começo da opressão filistéia pode ser datado de ca. 1095 a.C ., estendendo-se até 1055 a.C ., quando Israel conquistou sua vitória em Mispa (1 Sm 7).   Mais ou menos no meio desse período ocorreu a batalha de Afeca, na qual Israel foi vergonhosamente derrotado pelos filisteus, perdeu a arca da aliança e três sacerdotes (1 Sm 4). A sugestão de Wood é que o mandato de Sansão como juiz teve início por volta da mesma época da tragédia de Afeca e que sua principal função foi perturbar os filisteus e impedir que conseguissem invadir a terra e ameaçar o povo.   É interessante observar que o texto não apresenta qualquer evidência de que Israel tenha clamado a Deus pedindo libertação em algum momento do domínio filisteu.   Uma vez que haviam desarmado os israelitas (1 Sm 13:19-23), os filisteus não se preocupavam com a possibilidade de uma rebelião.   Juízes 15:9-13 indica que os israelitas pareciam estar acomodados a sua situação e não queriam que Sansão causasse qualquer tumulto. E assustador como nos acostumamos rapidamente à servidão e aprendemos a aceitar essa condição. Se os filisteus tivessem sido mais severos com os israelitas, talvez o povo tivesse clamado a Jeová pedindo socorro.  Ao contrário da maioria dos juízes anteriores, Sansão não livrou seu povo da dominação estrangeira, mas começou um processo de libertação que seria concluído por outros (13:5). Uma vez que era um herói poderoso e imprevisível, Sansão causou medo e perturbação nos filisteus (16:24), impedindo que destruíssem Israel como as outras nações invasoras haviam feito. Seriam necessárias as orações de Samuel (1Sm 7) e as conquistas de Davi (2 Sm 5:1 7-25) para concluir o trabalho que Sansão havia começado dando a Israel a vitória absoluta sobre os filisteus.

2.    A mulher agraciada    Um homem de Zorá, da linhagem de Dã.

Era um lugarejo na fronteira entre os territórios originalmente doados a Dã e a Judá, do outro lado do vale de Bete-Semes, pouco mais de vinte e dois quilômetros a oeste de Jerusalém. No começo, Zorá pertencia à tribo de Judá (ver Jos. 15.20), mas posteriormente acabou ficando com os danitas.   Chamado Manoá. Esse homem, sem dúvida, era dotado de espiritualidade, visto ter sido visitado por um anjo, e foi destacado pelo Senhor para ser pai de um dos juizes, por meio de quem houve uma das grandes intervenções divinas em Israel. Era homem dedicado à oração, e de grande devoção pessoal.   Cuja mulher era estéril. A maior calamidade que poderia atingir uma mulher israelita, e que com frequência é mencionada nas páginas do Antigo Testamento, era a esterilidade. Mediante uma intervenção divina, a esterilidade da esposa de Manoá chegou ao fim. Cf. Gên. 16-17; I Sam. 1.2 e Luc. 1.7 ss. Ela é identificada com a Hazelelponi de I Crônicas 4.3. O nome dessa mulher significa “a sombra caiu sobre mim”. Esse nome também assume a forma de Zelelponi.   A maior parte da tribo de Dã já se tinha mudado para o vale do Hulé (ver o capítulo 18 de Juízes), ao norte do lago ou mar da Galileia, perto do lago assim chamado. E nunca tiveste filhos. A calamidade de não ter filhos era o maior temor das mulheres israelitas. Em algumas poucas ocasiões registradas, para propósitos especiais, essa maldição foi anulada mediante a intervenção pessoal do Anjo de Yahweh. As promessas relativas à suspensão da esterilidade algumas vezes eram adiadas, mas nenhuma delas jamais falhou, E filhos especiais, nascidos daí, cuja carreira seria importante para o povo de Israel, sempre foram a causa dessas divinas intervenções.   De acordo com o teísmo, Deus criou e continua presente, recompensando, punindo e guiando. O deísmo, em contraste, ensina que, apesar de talvez haver uma força criativa divina (pessoal ou impessoal), essa força abandonou o seu universo, deixando-o entregue ao governo das chamadas leis naturais, que operam bem, embora com muitas falhas. E essas falhas é que explicariam o problema do mal.

3.   Recebendo orientações divinas    -    O anjo apareceu à mulher e disse-lhe que ela teria um filho. Ela deveria se abster de vinho (feito de uvas), de bebida forte (feita de outros frutos ou grãos) e de comer qualquer coisa que fosse cerimonialmente imunda (4).   O filho seria nazireu de Deus (5) desde seu nascimento. Em sinal disso, não seria passada navalha em sua cabeça. Os nazireus (“consagrado”, “dedicado”) eram pessoas de ambos os sexos que faziam um voto de separar-se para Deus, tanto para toda a vida como por apenas um período específico. Eles não eram eremitas e não necessariamente ascetas.   Observavam três proibições: não deveriam tomar vinho ou bebida forte, nem comer qualquer fruto da vide; não deveriam aparar ou cortar o cabelo; e não poderiam ficar cerimonialmente imundos por meio de contato com um corpo morto (Nm 6.1-21). Uma vez que o cabelo do nazireu não era cortado, a palavra foi transferida para uma vinha que não era podada no sétimo e também no qüinquagésimo ano (Lv 25.4,5,11), e passou a significar também “vinha não podada”. Ele começará a livrar a Israel, uma obra continuada por Samuel, Saul e Davi.


                II.    O NASCIMENTO DE SANSÃO E SUA FORMAÇÃO

1.  O nascimento e desenvolvimento de Sansão   -  No tempo devido ela deu à luz seu filho e o chamou Sansão (24), um nome que significa “como o sol”, embora Adam Clarke baseie-se num termo caldeu com as mesmas consoantes para chegar ao significado de “servir”. O menino cresceu, e o Senhor o abençoou (24). A expressão é similar àquilo que foi dito sobre Samuel em 1 Samuel 3.19.   O Espírito do Senhor começou a impeli-lo de quando em quando (25). O termo traduzido aqui como impelir também significa “pedir”, “empurrar”, “levar a fazer”. A referência ao campo de Dã também é feita em 18.12, em relação a um acampamento a oeste de Quiriate-Jearim em Judá. A localização exata é desconhecida, a não ser pelo fato de que ficava entre Zorá (veja o comentário do v.2) e Estaol, talvez a moderna Eshu’a.   Os “fundamentos para uma família piedosa” são mostrados nos versículos 15-25. (1) Manoá e sua esposa receberam um anjo “sem saber” (w. 15,16); (2) os dois apresentaram um sacrifício ao Senhor (w. 17-19); (3) eles reconheceram o elemento divino na vida (w. 20,21); (4) eles receberam a palavra de Deus com fé (w. 22,23); (5) a bênção de Deus repousou sobre sua família (w. 24,25).

2.    A família de Sansão   -   Deus ouviu a voz de Manoá. Elohim estava próximo e ouviu a oração de Manoá. Afinal, ele orou sinceramente em favor de seu filho, e não meramente por si mesmo. E o anjo do Senhor voltou e apareceu novamente à mulher, quando Manoá, uma vez mais, não estava presente.   Contudo, a mulher queria que seu marido estivesse presente, para ser testemunha daquele acontecimento estonteante; e assim correu a chamá-lo e, felizmente, o anjo esperou a chegada de Manoá. Isso indica que o Espírito de Deus estava controlando todos os acontecimentos, e estes sucediam conforme era mister que ocorressem.   A mesma mensagem que tinha sido dada à mulher foi dada também ao homem. O palco estava sendo armado para o drama especial. Houve momentos de esplêndida comunhão, e podemos estar certos de que Manoá e sua esposa nunca mais foram as mesmas pessoas. Viveram todos os seus dias com os olhos do espírito contemplando o anjo, ouvindo a sua voz.  Podemos dizer que eles ficaram desapontados pelo fato de Sansão ter sido um homem poderoso e débil, que dava dois passos para trás cada vez que dava um passo para frente. Pois Sansão não guardou fielmente o seu voto.   Ele acabou caindo no descrédito. Não obstante, de modo geral (embora em meio a muitas falhas), ele realizou a missão para a qual viera a este mundo. Assim é a história da maioria dos homens. O positivo mistura-se com o negativo.  No Que Se Transformou Sansão? Acompanhar a vida e o desenvolvimento espiritual deste juiz é algo muito instrutivo. Há estudos que mostram que, espiritualmente falando, os pais deveriam receber menos crédito pelos filhos que se saem bem, e menos culpa pelos filhos que não se saem bem.   Existe o que poderíamos chamar de carga genética, tanto física quanto espiritual, que tem uma maneira de prevalecer no fim. Essa carga genética pode pender para o bem ou para o mal. Isso, contudo, não exime os pais de seus deveres para com os filhos; mas fatos dessa natureza ajudam-nos a obter uma perspectiva melhor sobre o que significa ser pai ou mãe.   As crianças são indivíduos e agem como tais desde o começo de sua vida. É conforme disse Baha Ullah: “A pior coisa que pode acontecer a um pai é saber os ensinamentos certos, mas não transmiti-los a seu filho”.   Portanto, que Deus nos livre desse grave erro! Cumpre-nos fazer o melhor que está ao nosso alcance, e deixar o resultado nas mãos de Deus, pois, afinal, Ele é o grande Agente Ativo em todos os casos que estabelecem a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma vida humana.  Josefo informou-nos de que a mulher “rogou” que o anjo ficasse até que seu marido voltasse. Porquanto era muito importante que ambos ouvissem a mesma mensagem e estivessem unidos no mesmo interesse e nos mesmos esforços (ver Antiq. 1.5, cap. 8, sec. 3).

3.    A formação de Sansão    O cuidado dos pais de Sansão não foi suficiente para que o filho não se desviasse dos propósitos divinos para a sua vida Todos nascemos com a natureza pecaminosa entranhada em nosso ser. Se a educação e a disciplina ajudam na formação de caráter de uma pessoa, nem todas as pessoas conseguem evitar os ímpetos de sua natureza pecaminosa. A criação de Sansão não foi muito diferente.  Embora seus pais lhe tenham transmitido ensinamentos baseados na Lei de Deus, ele abriu mão desses princípios para fazer a sua própria vontade. Um exemplo disso foi na ocasião em que Sansão declarou aos seus pais o desejo de casarse com uma mulher das filhas dos filisteus. Apesar de os pais não aprovarem essa decisão, Sansão insistiu nesse casamento misto, como vemos em Juízes 14.3:   A atitude diária dos pais para com os filhos gera amor, comunhão e responsabilidade.   A forma mais correta da palavra é «nazireado», «nazireu», embora alguns grafem, em outras línguas, nazarita». A palavra portuguesa vem do hebraico nazir, derivada de nazar, «separar», «consagrar», «abster-se». Além disso, há a considerar o termo nezer, «diadema», «coroa de Deus», termo algumas vezes aplicado à cabeleira não-tosquiada dos nazi- reus, cabeleira essa considerada sua coroa e adorno. E dessa outra palavra hebraica que alguns pensam que se deriva a forma «nazarita».   

Comparar isso com I Cor. 11:15. O voto do nazireado envolve a consagração especial de pessoas ou coisas a Deus (ver Gên. 49:26; Deu. 33:16). Está especificamente em pauta o caso dos nazireus, cujos cabelos compridos serviram de emblema de sua separação ao serviço do Senhor, cabelos esses que eram reputados a coroa de glória deles. Ver Núm. 6:7. Comparar com II Sam. 14:25,26.   

Caracterização Geral

Os nazireus formavam grupos ascéticos no judaísmo. Eles tomavam vários votos, como abster-se de vinho, não entrar em contato com qualquer coisa imunda, ou não aparar os cabelos. Entre os antigos hebreus, esses votos eram vitalícios (ver a história de Sansão).   E o trecho de Amós 2:12 sugere que os nazireus eram muito prestigiados em Israel. A legislação posterior, entretanto, permitia que tais votos fossem limitados quanto ao tempo (ver Josefo, Guerras 2:15,1). Mas, um elemento que nunca foi abandonado foi o de um severo ascetismo (vide).   O voto do nazireado aparece em Núm. 6:1-20. Ninguém podia fazer tais votos por um período inferior ao de trinta dias. Sansão, Samuel e João Batista (de acordo com muitos eruditos), foram nazireus vitalícios. A instituição do nazireado tinha por intuito tipificar a separação e um modo de viver santificado e restrito.   A cabeleira crescida simbolizava a virilidade e virtudes heróicas. As madeixas de cabelos simbolizavam uma simplicidade infantil, poder, beleza e liberdade. Maimônides, um sábio judeu sefardi (falecido em 1204), referiu-se à dignidade dos nazireus como equivalente à de um sumo sacerdote.   E antes dele, Eusébio, o grande historiador eclesiástico da Igreja antiga, asseverou, em termos enfáticos, que os nazireus tinham acesso ao Santo dos Santos, em Israel (História Eclesiástica 2,23). Os pais podiam dedicar seus filhos homens a esse grupo religioso separatista. Entretanto, os nazireus não viviam em comunidades separadas, e nem lhes era vedada a associação com outras pessoas, ou de se ocuparem em atividades comuns. Viviam na comunidade de Israel como símbolos de dedicação especial a Yahweh. Essa era a principal função dos nazireus. E eles mostravam-se ativos no serviço religioso e nas práticas ritualistas.

Origem do Nazireado

O sexto capítulo do livro de Números fornece-nos as regras acerca da questão, embora alguns estudiosos suponham que temos ali uma confirmação e regularização da prática, e não um começo absoluto da mesma. É possível que, a certa altura dos acontecimentos, a prática tenha penetrado no corpo da legislação mosaica. E os argumentos que dizem que a prática do nazireado foi tomada por empréstimo de povos pagãos, como os egípcios, não convencem e nem têm sido acolhidos pela maioria dos eruditos.



                III.     A FRAQUEZA DE CARÁTER DE SANSÃO

1.    Sansão subestimou o poder do inimigo   -   […] a identidade do adversário. …o diabo, vosso adversário… (5.8b). O diabo não é uma lenda, um mito, um espantalho para intimidar os místicos. E um anjo caído, um ser maligno, assassino, ladrão, destruidor. E a antiga serpente, o dragão vermelho, o leão que ruge. É assassino e pai da mentira. Veio roubar, matar e destruir. Temos um adversário real, invisível e medonho. Não podemos subestimar seu poder nem suas artimanhas.  [… as estratégias do adversário…. anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar (5.8c). Três coisas aqui nos chamam a atenção.  O diabo espreita. Ele anda em derredor. Busca uma brecha em nossa vida. Vive rodeando a terra e passeando por ela (Jó 1.7; 2.2). O diabo não dorme nem tira férias. E incansável em sua tentativa de nos apanhar em suas armadilhas.   O apóstolo Paulo diz que precisamos ficar firmes contra as ciladas do diabo (Ef 6.11). A palavra “ciladas” vem do grego metodeia, que significa “métodos, estratagemas, armadilhas”. O diabo tem um grande arsenal de armadilhas. Pesquisa meticulosamente nossos pontos vulneráveis. Não hesita em buscar brechas em nossa armadura. Precisamos acautelar-nos!   O diabo intimida. O leão ruge não quando ataca a presa, mas para espantá-la. Seu rugido é para fazer a presa dispersar-se do bando. Quando uma presa se desprende do bando, o leão a ataca implacavelmente. E muito difícil uma presa escapar da investida de um leão quando esta se isola. O ataque é súbito, violento, fatal.   O diabo devora. O diabo não veio para brincar, mas para devorar. Ele mata. E homicida e assassino. Há muitas pessoas arruinadas, feridas e destruídas por esse devorador implacável. Ele é o Abadom e o Apoliom (Ap 9.11), conhecido como o destruidor.   […] as armas de vitória contra o adversário. Sede sóbrios e vigilantes… resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo (5.8a,9). Pedro nos oferece quatro armas importantes para o enfrentamento dessa luta espiritual.  A sobriedade. A palavra grega nepsate, traduzida por “sede sóbrios”, significa “domínio próprio”, especialmente na área da bebida alcoólica. Um indivíduo que perde o equilíbrio, o siso e a lucidez é uma vítima indefesa na batalha espiritual. Quando o diabo consegue dominar a mente de uma pessoa, consegue destruir-lhe a vida. Há dois extremos perigosos nessa batalha espiritual.    O primeiro é subestimar o diabo. Há indivíduos que escarnecem do diabo como se ele fosse uma formiguinha indefesa. A Bíblia diz que nem o arcanjo Miguel se atreveu a proferir juízo infamatório contra o diabo (Jd 9). O segundo extremo é superestimar o diabo. Há igrejas que falam mais no diabo que em Jesus. Há redutos em que o diabo tem até acesso ao microfone. Há pregadores que entabulam longas conversas com o diabo. Há escritores que recebem até mesmo revelações do diabo. Há aqueles que atribuem ao diabo qualquer dor de cabeça que uma aspirina resolveria. Essas atitudes não têm amparo nas Escrituras. Precisamos ter sobriedade nesse combate cristão.    A vigilância. A palavra “vigilantes” indica a atitude de esperar de olhos abertos, acompanhando o que se passa e sempre perscrutando o horizonte na expectativa da chegada do Senhor. O diabo vive rodeando a terra e bisbilhotando a vida das pessoas. Não hesita em atacar uma pessoa sempre que encontra uma brecha. Precisamos manter os olhos abertos e os ouvidos atentos. O diabo é a antiga serpente. E astuto, sutil. Sua estratégia é falsificar tudo o que Deus faz.   De acordo com a parábola do joio e do trigo, em todo lugar em que Deus planta um cristão, o diabo planta um impostor (Mt 13.24-30,36-43). Precisamos agir como o governador Neemias, que, em tempo de ameaças, colocou metade de seus homens empunhando as armas e a outra metade trabalhando (Ne 4.16). Oliver Cromwell dava o seguinte conselho às suas tropas: “Confiai em Deus e mantende a pólvora seca”. Sintetizando essas duas primeiras armas (sobriedade e vigilância), Kistemaker escreve:   A sobriedade é a capacidade de olhar para aquilo que é real com a mente clara, e a vigilância é um estado de observação e prontidão. A primeira característica descreve uma pessoa que luta contra sua própria disposição, enquanto a segunda mostra a prontidão para se responder às influências externas. Um cristão deve sempre manter-se alerta tanto contra forças internas como externas que desejam destruído. Essas forças vêm do maior adversário do ser humano, Satanás.   A fé. Precisamos resistir ao diabo firmes na fé. A fé é um escudo contra os dardos inflamados do maligno (Ef 6.16). Não podemos acreditar nas mentiras do diabo nem dar crédito às suas falsas promessas. Warren Wiersbe diz que tanto Pedro como Tiago dão a mesma fórmula para o sucesso nessa batalha espiritual: Sujeitai-vos a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós (Tg 4.7). Antes de se manter firme diante de Satanás, é preciso curvar-se diante de Deus.   Kistemaker é oportuno quando diz que a palavra fé pode ser compreendida tanto no sentido subjetivo da fé pessoal e confiança em Deus, como no sentido objetivo, ou seja, referindo-se ao conjunto das doutrinas cristãs. Aqui, o contexto favorece o sentido objetivo.   O sofrimento. Em tempos de prova, tendemos a pensar que estamos sozinhos nessa refrega e que ninguém está sofrendo como nós. Uma das armas do diabo para nos atingir é superdimensionar nossa dor e apequenar nosso consolo. Precisamos abrir os olhos e entender que existem outros irmãos passando pelas mesmas provações e enfrentando as mesmas batalhas. E errado imaginar que somos os únicos a travarmos esse tipo de batalha, pois nossa “irmandade espalhada pelo mundo” enfrenta as mesmas dificuldades.

2.    A presunção de Sansão   -   Sansão revela seu segredo (16.15-17). Dalila resmungou: “Como você pode dizer que me ama se o seu coração não está perto de mim? Por três vezes você me enganou e recusou-se a me contar seu segredo”. Ao pedir-lhe e perturbá-lo todos os dias, a sua alma se angustiou até à morte (16), i.e., ele estava finalmente desgastado por sua persistência.   Descobriu-lhe todo o seu coração (17), ou seja, “ele lhe confidenciou”. O segredo de sua força estava no cumprimento de seu nazireado desde seu nascimento. Tal condição era expressa pela regra de que nenhuma navalha poderia tocar sua cabeça. Se seus cabelos fossem cortados, ele seria como um homem qualquer. É difícil determinar o que era maior: a força sobre-humana de Sansão ou sua estupidez asinina.   Sansão é traído (16.18-22). Jubilosa por ter conseguido finalmente descobrir o segredo desejado, Dalila envia uma mensagem aos príncipes dos filisteus, os quais, sem dúvida, já haviam se afastado desanimados depois dos repetidos fracassos. “Venham apenas mais esta vez”, implorou ela, “porque ele me contou tudo”. Assim, eles trouxeram o dinheiro na sua mão (18) para o “pagamento”. Tão logo Sansão dormiu com a cabeça no colo da moça, Dalila chamou um homem, e rapou-lhe as sete tranças do cabelo de sua cabeça; e começou a afligi-lo (19), ou “enfraquecê-lo, subjugá-lo” ou “humilhá-lo”.   Quando Dalila o despertou com as palavras familiares “os filisteus vêm atrás de você, Sansão!”, ele abriu os olhos e se vangloriou: “Vou sair como de costume e me livrar dos laços” ou, como pode ser traduzido a partir do hebraico, “eu sairei, rugirei e rosnarei”. Ele não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele (20). Sansão já tinha brincado demais com o pecado. Sua força já se fora.   Os filisteus o pegaram, arrancaram-lhe os olhos e o prenderam com correntes de bronze. Levaram-no para Gaza e, ali – como John Milton o descreve, “um cego em Gaza” – aquele que um dia fora um campeão poderoso foi colocado para moer grãos num moinho manual na prisão.   A história de Sansão alcança seu clímax nos versículos 15 a 21, onde vemos o resultado da “fascinação fatal do pecado”. (1) Foi um homem de grande força física (w. 14.6; 14.19; 15.14-16; 16.3; etc); (2) Teve uma mente fértil (w. 14.12-14); (3) Era moralmente fraco (v. 16.15); (4) Era espiritualmente infiel (w. 17,18); (5) o Senhor se tinha retirado dele (20).

3.     Manipulando o poder de Deus e brincando com o pecado    -    Importunando-o ela todos os dias. Por muitos dias, Dalila não alterou seu método de ataque. Ela só pensava no grande prêmio em dinheiro que poderia ganhar dos príncipes filisteus. A cobiça a impelia. E não havia amor para aplicar os freios. A alma de Sansão, por sua vez, “se encurtava” (conforme diz, literalmente, o original hebraico, diante de toda aquela conversa, conversa e mais conversa, lágrimas, lágrimas e mais lágrimas. Ela o estava desgastando. “A debilidade da alma dele, na totalidade da narrativa, ainda parece mais espantosa do que a força imensa de seu corpo” (Adam Clarke, in loc.).   Os dias de vida de Sansão (tal como acontecia à sua alma) estavam sendo encurtados. Ele estava à beira de um ataque de nervos. Dalila apressava a morte do amante através de mais de uma maneira. Abarbinel pensava que Sansão tinha consciência de sua morte, que já se aproximava.    Há estudos que demonstram que qualquer pessoa tem consciência, pelo menos um ano antes de sua morte, da iminência desta, mesmo que essa morte ocorra por acidente e a pessoa esteja perfeitamente saudável. E muita gente percebe a aproximação da morte bem antes de um ano. Os sonhos que todos nós temos nos avisam continuamente; mas esses avisos geralmente não são ouvidos ou são mal interpretados.   “… loucamente, ele ficou brincando com a chave de seu segredo. Chegou mesmo a arriscar-se, ao envolver a cabeleira em suas tolas brincadeiras. Depois disso, faltava apenas mais um passo para a catástrofe final” (Ewald, in loc.).   Descobriu lhe todo o seu coração. Finalmente, Sansão desvendou o terrível segredo. Seu coração apertado não conseguiu mais reter a verdade. É como dizemos: “Ele abriu seu coração” para Dalila. Ele revelou o seu voto de nazireado.   No meio de tanta matança, com frequência ele se contaminava cerimonialmente, quebrando aquela parte do voto que não permitia nenhum toque em cadáveres. Todavia, pelo menos ele nunca havia cortado os seus cabelos, outro requisito do voto de nazireu. E era ali que residia o segredo de sua tremenda força física. Na qualidade de homem especialmente dedicado a Yahweh, ele recebia do Senhor força especial para cumprimento da missão que o Senhor lhe havia dado. Mas, se ele violasse esse requisito do voto, então perderia, de súbito, a força divinamente concedida.    A força física de Sansão era miraculosa, nada tendo que ver com a genética. Deus haveria de abandoná-lo (ver o vs. 20 deste capítulo) se ele ousasse cortar sua cabeleira. No entanto, apesar de tão poderoso diante do inimigo, Sansão estava destinado a cair vitima fácil de uma mulher. Essa é, realmente, uma história muito antiga. Josefo opinava que Sansão deveria estar tonto de vinho enquanto brincava daquele jeito com o pecado. E isso ele dizia porque, verdadeiramente, o álcool solta a língua. Sem embargo, o próprio texto sagrado nem ao menos vislumbra essa possibilidade. Pois o voto do nazireado também não permitia que o indivíduo usasse de bebidas alcoólicas; e parece que Sansão, até ali, também estava obedecendo a esse requisito do voto, além de não tocar em seus cabelos.   A força física de Sansão não residia em seus cabelos, e, sim, no voto do nazireado, enquanto ele fosse obediente, pois era Yahweh quem lhe conferia aquela força. A desobediência, porém, arrebataria dele a presença divina, tornando Sansão uma pessoa comum. É sempre o elemento divino que faz um homem tornar-se fora do comum.   Vendo, pois, Dalila que já ele lhe descobrira todo o coração. O som da verdade é diferente do som da mentira. Todos nós somos enganados pela mentira; mas, quando a verdade nos é dita, “percebemos a diferença”. Trata-se de algo parecido com a temível aranha viúva-negra. Se você vir uma dessas aranhas, então poderá dizer: “Acho que esta é uma aranha viúva-negra”. Mas se você enxergar uma real aranha dessa espécie, terá certeza absoluta de que viu uma delas. Essa aranha é tão distintiva que ninguém poderá deparar-se com uma delas e duvidar de tê-la visto.    Vários intérpretes hebreus indicam que Dalila forçou Sansão a confirmar as suas palavras mediante juramentos que envolviam algum nome divino; mas o próprio texto sagrado não indica coisa alguma dessa natureza. A aparência de sua fisionomia, o tom de sua voz — isso era tudo quanto se fazia mister para Dalila perceber que Sansão, final e estupidamente, havia revelado o seu segredo.   E trouxeram com eles o dinheiro. Dalila estava tão certa de que Sansão, finalmente, revelara o seu segredo que ela exigiu e recebeu o seu prêmio, aqueles mil e cem siclos de prata (ver a respeito no quinto versículo deste capitulo). Para ela, a astúcia rendera ricos dividendos. O sucesso levou-a a exigir que lhe fosse dado o prêmio na hora.    Paulo relembrou a Timóteo qual o objetivo da missão divina que tinha recebido, bem como o inspirador dessa missão, o Senhor Jesus Cristo (ver II Tim. 2.8). Por meio da insistência cansativa de Dalila, Sansão esqueceu seu voto e perdeu a vida antes do tempo. Paulo corria a carreira cristã de olhos fixos no prêmio, a vida eterna, em Cristo Jesus (ver Fil. 3.14). Mas Sansão permitiu que a traição e um jogo tolo com o pecado desviassem o seu olhar da linha de chegada e do prêmio que estava diante dele. Ele tropeçou e caiu. Agora, estava tudo terminado. Ele deixou sua missão por acabar, embora não se possa dizer que tenha sido um fracasso completo.






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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

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         BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21

Bíblia de estudo Pentecostal

Livro de Apoio, Relacionamentos em Família, Elienai Cabral - Editora CPAD.

Comentário Bíblico N. T Interpretado versículo por versículo Russell N. Champlin- Editora Hagnos.

Dicionário Bíblico Wycliffe, Charles F. Pferffer - Editora CPAD.

Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II, Warren W. Wiersbe   - Editora Central Gospel. 

Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, Russell N. Champlin - Editora Hagnos. 

Comentário bíblico 1 Pedro, Hernandes D. Lopes - Editora Hagnos. 

Comentário Bíblico Beacon. Juizes, Clyde Ridall - Editora CPAD.

https://professordaebd.com.br/6-licao-2-tri-23-pai-zelosos-e-filhos-rebeldes/

sexta-feira, 21 de abril de 2023

LIÇÃO 05 - MOTIM EM FAMÍLIA.

PROFº PB. JUNIO - CONGREGAÇÃO BOA VISTA II

 


                                TEXTO ÁUREO

"Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas." (Fp 2. 14)


                            VERDADE PRÁTICA

Das murmurações derivam as contendas. Por isso, devemos evitá-las em nossa família.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Nm 11. 1-7; 12. 1-8


                                    INTRODUÇÃO



A palavra “motim” sugere a ideia de reunir pessoas para se oporem contra uma autoridade ou contra uma ordem estabelecida.   A palavra “motim” pode referir-se aos atos explícitos de desobediência e uma reação negativa contra regras e ordens estabelecidas num grupo social. Em síntese, motim é um ato de rebeldia contra um poder ou autoridade estabelecida.   Abordaremos neste capítulo a história da rebelião de Miriã e Arão (Nm 12) contra a liderança de Moisés, seu próprio irmão. O Novo Comentário da Bíblia explica o texto de Números 12.1-6 da seguinte forma: “Embora seja mau para um superior verificar que entre os súditos lavra por vezes o descontentamento, muito pior é saber que não poucos desses súditos, quase sempre sem razões, procuram afincadamente destruir lhe a autoridade”. Foi o que aconteceu com a atitude rebelde de Miriã e de Arão contra a autoridade de Moisés.  Independentemente de tudo quanto Moisés havia feito em benefício de todo o povo israelita, algumas posturas do líder não agradariam a todos. Em especial, Moisés não esperava que seus irmãos, que eram colaboradores diretos, formassem um motim para conspirar contra ele. Arão e Miriã eram pessoas da família, que deveriam ouvir e apoiar Moisés, porque, acima de tudo, ele era a autoridade máxima em Israel.   Após sair do Egito, o povo de Israel caminhou em direção à terra de Canaã sob a liderança de Moisés, com a expectativa de conquistar a terra que o Senhor havia prometido. Entretanto, Israel havia crescido em número por 430 anos no Egito, mas não teve uma liderança espiritual organizada.  Por isso, não havia orientação moral e espiritual para o povo. Ao tomarem o caminho do deserto objetivando chegar à terra de Canaã, Israel experimentou muitos percalços em sua peregrinação provocados pela escassez de água e de alimentos sólidos. Essas experiências ruins fizeram com que Israel começasse a duvidar de que fora Deus que os tirara do Egito.  Essa insatisfação desenvolveu reclamações e murmurações contra Moisés. E, neste episódio do capítulo 12 de Números, Moisés teve que suportar até mesmo a oposição e rebelião de Arão e Miriã.


                I.   A INFLUÊNCIA NEGATIVA DA MURMURAÇÃO

1.     Assim nasce um motim    -   MURMURAÇÃO

O verbo “murmurar” serve como tradução para várias palavras em hebraico e grego (gogguzo, diagogguzo, embrimaomai e um substantivo grego, goggusmos). Em geral, as palavras significam resmungar ou murmurar um discurso subalterno ou se mi-articulado. Envolvidos na murmuração podem estar elementos tais como descontentamento, queixa, insatisfação, desacordo, ira, oposição e rebelião. Embora nem sempre seja este o caso (cf, At 6.1), Deus é geralmente o objeto da murmuração que é mencionada nas Escrituras. Por exemplo, em Êxodo 15-17 e Números 14; 26-17 os israelitas descontentes murmuraram contra Deus enquanto atravessavam o deserto; eles sem dúvida também murmuraram contra Moisés e Arão, mas Deus considerou essas murmurações contra seus servos como sendo, na realidade, contra Ele próprio (cf. Ex 16.2,7,8; Nm 14.2,27).  As atitudes e ações dos que murmuram são a manifestação de um temperamento inconveniente correspondente. Por exemplo: o queixume e a rebelião dos israelitas no deserto, a presunção dos escribas e fariseus, a incredulidade do restante dos judeus que rejeitavam os ensinos e as reivindicações de Cristo, o ressentimento dos empregados, na parábola de Cristo, que se opuseram à generosidade do patrão para com outros, e a impiedade dos apóstatas na Epístola de Judas.   E mais, foi a primeira ameaça à unidade da igreja primitiva, evitando-se a discórdia e a divisão pela designação dos sete diáconos para servir as viúvas de modo equitativo (At 6.1-6), Obviamente o murmúrio é completamente estranho ao caráter do povo de Deus.  Indubitavelmente, por duas vezes Paulo alerta os crentes sobre este perigo – advertindo os a não murmurar como fizeram os israelitas (1 Co 10.10), e fazer todas as coisas sem murmurações (Fp 2,14).    

2.    A primeira queixa    Quanto ao pano de fundo da mensagem deste versículo, ver a introdução a este capítulo.

Queixou-se. As notas introdutórias a este capítulo nos dão informações sobre a questão das murmurações de Israel, um dos temas dominantes do Pentateuco. Nada nos é dito acerca da razão de tais queixas, mas os vss. 4 ss. sugerem problemas com 0 suprimento alimentar, talvez no tocante tanto à quantidade quanto à variedade. Yahweh ouviu as murmurações dos israelitas e isso O desagradou. E então, em Sua ira, os castigou. Algum tipo de fogo atingiu as fímbrias do acampamento. Talvez tenha havido algum desastre natural, que foi desfechado em um momento exato, como uma erupção vulcânica, alguma tempestade elétrica, ou coisa similar. Mas outros veem um juízo divino direto. A teologia dos judeus era fraca quanto a causas secundárias, pelo que desastres naturais eram vistos como castigos diretos enviados por Deus.  Observe o leitor as expressões antropomórficas. Yahweh aparece aqui a ouvir, a ficar desagradado e irado, algo semelhante ao que os homens experimentam. Alguns intérpretes judeus supunham que o povo de Israel se tenha queixado por causa das más condições da jornada, e não por causa de suprimento alimentar (uma queixa que só se manifestou mais tarde). Talvez os israelitas quisessem retornar ao Egito, porque sentiam que a jornada era árdua demais.  Esse hino, que sempre inspirou os mórmons, foi composto quando, por motivo de perseguição, marcharam do meio-oeste americano até 0 oeste distante. Eles se tinham acampado no que é hoje Omaha, estado de Nebraska, e 0 alvo deles era 0 que agora é a Cidade do Lago Salgado, estado de Utah, cerca de mil e oitocentos quilômetros adiante. Cerca de setecentos quilômetros desse trajeto atravessavam as Montanhas Rochosas. Sob a direção de Brigham Young, grande pioneiro ameri- cano, eles encetaram tal marcha, inspirados pelo hino traduzido acima.    Tal como amiúde acontece conosco, a jornada parecia dura demais para eles. Contudo, quando a vontade de Deus se faz presente, 0 caminho pelo qual enveredamos é de alegria, e não somente de dificuldades. Como poderíamos pensar em ganhar um grande galardão, se agora evitamos a luta? A preparação do Senhor foi prometida para os viajantes. Oh, Senhor, concede-nos tal graça!   O povo clamou a Moisés. Moisés era o mediador entre Yahweh e Israel, e também era o principal líder dos filhos de Israel. Por isso, ele precisou aguentar o impacto das queixas de Israel. O fogo se acendeu em labaredas; muitos israelitas morreram. O fogo nada perdoava; era um julgamento divino. Só o poder de Yahweh era capaz de fazer o fogo apagar-se. E, assim sendo, o povo voltou-se para o homem de Yahweh, Moisés. A oração de Moisés fez o fogo apagar-se; e assim o pedido do povo foi concedido, e esse julgamento chegou ao fim. Mas a lição não foi aprendida. Logo rebentaram de novo outras queixas, e o resto do capítulo descreve isso. Sem dúvida, muitas tendas foram incendiadas, e o incêndio espalhou-se com o vento. Porém, não há explicação no que tange à causa da conflagração.    Oração Medianeira. Quanto a outros incidentes que ilustram esse tipo de oração, feita por Moisés, ver os trechos seguintes: Êxo. 8.28; 10.17; 32.11 ss.; Núm. 14.13-19.   Alguns pensam que devemos entender aqui a palavra fogo em um sentido metafórico, pensando que está em pauta aquele vento escaldante vindo do sul, o siroco. Esse vento sopra da parte do deserto oriental e é extremamente destrutivo. Mata toda vida com seu calor ressecante. Mas o texto sagrado não parece estar descrevendo, metaforicamente, esse vento.  Taberá. No hebraico, lugar de fogo (ou lugar de refeição). Os israelitas murmuraram, o que acabaria por tomar-se um costume, para todos os efeitos práticos, durante a jornada pelo deserto. Quanto a isso, ver a introdução a este capítulo. O fogo do Senhor feriu aquele lugar. Ver Núm. 1.1 quanto à natureza do fogo e às razões pelas quais tal fogo foi enviado. Esse fogo consumiu as extremidades do acampamento, queimando, sem dúvidas, a muitas tendas e matando certo número de pessoas.   Taberá é mencionada novamente em Deuteronômio 9.22, embora não seja listada entre as caminhadas de Israel no deserto, no capítulo 33 do livro de Números (vss. 16 e 17). O sentido da palavra está em dúvida e a definição de queimadura pode ter surgido mediante uma etimologia popular, e não científica. Cf. a história em geral com os comentários neotestamentários em I Cor. 10.11,12.

3.     A segunda queixa (Nm 11. 4-7)     Populacho. O termo hebraico assim traduzido é ‘asapsup, que se acha apenas aqui, em todo o Antigo Testamento. O termo tem o sentido básico de “coleção”, pois estavam em foco aquelas pessoas que haviam sido “coletadas” ao longo do caminho, pessoas indesejáveis, que não pertenciam ao povo de Israel, mas tinham acompanhado os israelitas, de alguma maneira, fugindo dos egípcios por uma série de razões. No Egito, muita outra gente vivia escravizada no Egito, e não somente os hebreus. É provável que muitos dentre aquela “coleção” fossem escravos de outras raças, que se tinham aproveitado da emancipação dos israelitas para escaparem. Outros podem ter sido meros aventureiros que estavam procurando uma oportunidade para fugir. E também havia meros descontentes, talvez até alguns egípcios que buscavam fortuna, os quais, impressionados com as promessas feitas por Moisés, resolveram sair do Egito juntamente com os filhos de Israel. Pessoas dessa natureza seriam as primeiras a murmurar; mas é tolice pensar que a murmuração não foi generalizada. Outra palavra hebraica está por trás do termo hebraico ‘ereb, “multidão mista”, que se vê em Êxo. 12.38; Nee. 13.3. Mas a mesma gente está em pauta. Os filhos de Israel tornaram a chorar. A multidão mista deu início à murmuração, mas os israelitas também estavam descontentes com a alimentação e com as condições de viagem. Foi um descontentamento generalizado que ameaçava estourar na forma de uma rebelião universal.  As queixas giravam em tono do maná miraculoso. Alguns estudiosos pensam que tais queixas envolviam as questões quantitativas e qualitativas dos alimentos, por trás do fogo que rebentou em Taberá (vss. 1-3 deste capítulo). Porém, talvez a murmuração anterior se devesse às dificuldades da jornada. E agora viera à tona a questão do regime alimentar. É claro que os israelitas dispunham de uma dieta mais rica e variada no Egito. A alimentação é uma necessidade básica, e as pessoas grosso modo dão muito valor a essa questão. Os israelitas preocupavam-se com o que poderiam comer. Mais de três milhões de pessoas estavam atravessando um extenso deserto estéril. Seria mister uma série contínua de milagres para alimentar tanta gente, até que chegassem à Terra Prometida, sem passarem fome. O maná era abundante e constante; mas os filhos de Israel por agora já não aguentavam repetir 0 mesmo menu. A rebeldia deles bem poderia tê-los levado a planejar como poderiam voltar ao Egito, não fora a presença de Moisés entre eles.   Quem nos dará carne a comer? O fato de que eles possuíam tantos animais para os sacrifícios, conforme se vê no livro de Levítico, mas sem poder abatê-los, talvez tenha servido como um dos motivos de queixas. Mas Moisés não permitiria a matança generalizada do gado doméstico dos israelitas. Contudo, outros animais limpos não eram abundantes no deserto, pelo que os israelitas ficaram sem a carne que estavam acostumados a consumir no Egito.   Devido a seu profundo desejo por alimentos, os israelitas acabaram caindo na rebeldia e na incredulidade. A fé deles se debilitou por causa de uma dieta pobre. Lembramo-nos dos peixes. O rio Nilo era muito piscoso, com variadas espécies, servindo de grande suprimento alimentar no Egito. Por igual modo, 0 pepinos do Egito eram grandes e saborosos. E também havia melões e outras frutas, legumes e condimentos, como as cebolas e as duas variedades de alhos mencionadas neste versículo.   No Egito nada faltava para que houvesse uma cozinha farta e variegada. No hebraico, a palavra aqui traduzida por alhos silvestres que, na opinião de alguns especialistas, significa uma espécie de trevo, peculiar ao Egito, usado como condimento. As cebolas egípcias eram de boa qualidade, e até as classes pobres dispunham de cebolas à vontade. Portanto, as queixas dos murmuradores tinham certa razão de ser a dieta era boa no Egito. No entanto, os queixosos se esqueciam da terrível escravidão que os esmagara no Egito. Alguns argumentos são verazes, mas isso não os torna justos. Verdadeiro nem sempre é um sinônimo de justo.   Heródoto (Alpinus) e Plínio (Hist. Natural 1.36, cap. 12) descreveram a rica dieta dos egípcios. Depois deles, certas frutas e legumes chegaram a ser adora- dos como se fossem coisas divinas, conforme confirmou Juvenal (Satry, 15), mas isso não corresponde aos dias de Moisés.  O Mau Odor do Egito. Certa ocasião ouvi um sermão que destacava como as cebolas e os alhos do Egito deixam um mau hálito depois de ingeridos. “Se você estivesse no Egito, um símbolo do mundo, também ficaria com um mau hálito.” O versículo anterior a este é que estava sendo usado pelo pregador, de forma metafórica, no seu sermão.   Seca-se a nossa alma. Essa frase traduz literalmente o hebraico, nephesh, palavra essa que, no Antigo Testamento, nunca tem o sentido de porção imaterial do homem. Porém, na época dos Salmos e dos Profetas, surgiu a ideia de alma, distinta do corpo, embora não fosse usada a palavra nephesh. Por isso, alguns estudiosos dão aqui a tradução “força” ou “vida”. A ausência de uma dieta apropriada havia ressecado as forças físicas de algumas pessoas. “E agora precisavam encher o estômago com alimentos gostosos” (John Marsh, in loc.), para que se livrassem daquela sensação de sequidão, devido ao maná, maná, maná.   Era o maná. Ver Êxo. 16.14,31 que é um paralelo direto deste versículo. É provável que a repetição acerca do maná, neste ponto, tivesse o propósito de mostrar que o maná é uma coisa boa, uma dádiva de Deus, e Israel deveria ter-se contentado com o maná como o seu regime alimentar. Um dos piores pecados é a falta de gratidão pelo abundante suprimento que já recebemos, e o desejo por muitas outras coisas. E, assim, os homens oram por muitas coisas, somente para satisfazerem suas concupiscências (Tia. 4.3), ao passo que deveriam pedir sabedoria espiritual (Tia. 1.5,6).

4.   A terceira queixa (Nm 12. 1-3)    -   A segunda esposa de Moisés serviu de caso melindroso, a razão da primeira queixa deles (vs. 1). Mas o que realmente irritava Miriã e Arão era que Moisés monopolizava tudo, como único porta-voz de Yahweh. É como se diz modernamente: “Um grande homem, grandes vícios”. Yahweh havia conferido a Moisés uma posição elevada, pelo que Miriã e Arão se ressentiam disso, e agora esperavam poder mudar a situação. Miriã foi chamada de proletisa (Êxo. 15.20), pelo que era mulher de alguma habilidade e posição espiritual. E queria aumentar sua autoridade, sobre tudo junto àquela outra mulher, que parecia estar ameaçando a sua posição. Ver Miq. 6.4, que exalta a condição de Miriã. A inveja, o ciúme e a competição são fatores que levam as pessoas a queixas. Miriã estava enfrentando tudo isso. À base de tudo, porém, estava a ignorância do fato de que Deus tinha realmente conferido a Moisés uma posição sem igual como Seu mediador, algo que vinha sendo repetidamente provado desde 0 Egito. A irmã e o irmão de Moisés puseram em dúvida a reivindicação de Moisés, e convenientemente olvidaram-se de grande parte da história. O Senhor o ouviu. Achamos aqui outro antropomorfismo. A queixa chegou à atenção de Yahweh, pelo que o juízo divino já estava a caminho. Seu homem escolhido estava sendo atacado por subordinados indignos. E em breve seriam postos em seu devido lugar. Por muitas vezes achamos no Pentateuco alguma expressão como 0 Senhor falou. Ela assinala o começo de algum novo material, embora também nos lembre da doutrina da divina inspiração das Escrituras. Fica assim demonstrado que Moisés era o mediador de Yahweh. Ver as notas a esse respeito em Lev. 1.1 e 4.1.


                II. O MOTIVO DA REBELIÃO DE MIRIÃ E ARÃO

1.   A inveja    - 📢 O ciúme é doentio porque estava no âmago das emoções de Miriã e Arão. A murmuração contra Moisés produziu um sentimento de insegurança dos dois porque achavam que não podiam perder a influência sobre o irmão mais novo. Na verdade, Miriã e Arão se achavam com direito de exclusividade acerca da liderança em Israel. A liderança era de Moisés, e o papel de seus irmãos era o de cooperar nas decisões. Por isso, Miriã e Arão questionaram a liderança de Moisés e falaram: “Porventura, falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós?” (Nm 12.2). 💯

Mais uma vez uma murmuração pessoal está ligada ao questionamento da autoridade espiritual de Moisés (cf. 11:4-34). Desta vez Miriã e Arão a princípio se queixam a respeito da mulher cusita de Moisés, antes de trazer à baila o verdadeiro problema: Porventura tem falado o Senhor somente por Moisés? A respeito dessa mulher cusita nada sabemos, a não ser o que o versículo 1 nos conta. Ela pode ser a mesma Zípora, mais costumeiramente descrita como midianita (Ex 2:16ss.); Habacuque 3:7 e alguns textos assírios sugerem a identidade de Midiã e Cusã. Cuxe, todavia, normalmente refere-se à Etiópia (v.g. Gn 10:6).  Assim a maioria dos comentaristas acham que pode ser que ela fosse a segunda esposa de Moisés, e que ela havia vindo da Etiópia (v.g. 10:6). O texto não explica porque Miriã e Arão puseram objeções contra essa mulher, porque na verdade as suas objeções a ela eram apenas uma cortina de fumaça para o desafio que estavam fazendo a autoridade espiritual de Moisés. Não obstante, o fato de se ligar o casamento de Moisés com o seu relacionamento com Israel, pode não ser arbitrário como a princípio parece. Costumeiramente, o casamento é considerado como símbolo do pacto de Deus com Israel. Moisés, como representante de Deus por excelência, por conseguinte precisa demonstrar em seu relacionamento com sua esposa como Deus age para com Israel.  Porém, seria pura especulação tentar imaginar as objeções de Miriã e Arão, com base nesta analogia.  Miria e Arão alegam que o Senhor fala com eles da mesma maneira íntima que fala com Moisés. “Fala com” é uma tradução melhor do hebraico dibber be do que tem falado… por (2) da ARA, pois a mesma frase é usada nos versículos 6 e 8 a respeito das discussões íntimas entre Deus e os Seus servos. O fato de eles questionarem a autoridade peculiar de Moisés segue o relato da divisão do espírito de Moisés com os setenta anciãos, o que pode ser interpretado como demonstração de que Moisés era apenas o primus inter pares. Entretanto, os próprios termos em que Arão e Miriã expressaram o seu desafio mostram que eles reconheciam que havia uma diferença de fato entre a autoridade deles e a de Moisés. Isto é confirmado pelas palavras de Deus nos versículos 6-8, pelo julgamento de Miriã no versículo 10, pela incapacidade de Arão em curá-la (11-12), e pela sua cura através da intercessão de Moisés (13-15).

2.     O motim familiar promove dissabores e ofensas   -      Os pais dos três irmãos, Miriã, Arão e Moisés, já haviam morrido. Naturalmente, cada um dos filhos passou a ter liderança própria, mas, pelo fato de Deus ter eleito a Moisés para ser o grande líder do povo, não seria diferente na casa de seu pai. Moisés recebeu a ordem de Deus de fazer de Arão o líder espiritual, não só da família, mas de todo o povo de Israel. Miriã gozava da confiança de todo o Israel para compartilhar das grandes decisões durante a peregrinação do povo para fora do Egito.   Um dos segredos de manter a família feliz é o respeito mútuo entre todos os familiares. Miriã tinha a sua importância no contexto da vida espiritual de Israel como profetisa, conselheira, mas ela confundiu a importância do seu papel em relação à liderança do povo de Israel. Arão era o sumo sacerdote e tinha a sua importância no ministério sacerdotal, mas se deixou influenciar por sua irmã, e juntou-se a ela para reclamar porque não aceitavam o segundo lugar, que lhes competia na chefia do povo de Israel. Com uma atitude carnal Arão e Miriã deixaram-se dominar pelo ciúme contra a autoridade de Moisés. Era uma família líder entre todas as famílias.   Por isso, a atitude insidiosa de Miriã e Arão contra Moisés influenciou todo o povo que murmurava de tudo e não se conformava com as restrições alimentares.  Na vida da Igreja, ninguém consegue um lugar de destaque na liderança com atitudes carnais e com desrespeito à autoridade constituída por Deus. Serão líderes na igreja aqueles que se fizerem dignos de maior responsabilidade (1 Tm 3.2,7).


                III.   MOISÉS: UM HOMEM MANSO E HUMILDE

1.     O mais manso que havia na terra   Mui manso. A humildade era uma das grandes características de Moisés. Ver Êxo. 3.11. A palavra hebraica aqui traduzida por “manso” é ‘anaw, “humilde”. A raiz desse termo hebraico é ‘ana, “forçar à submissão”. A melhor tradução, pois, é mesmo “humilde”. Contrariamente à maioria dos ditadores, Moisés não era um homem arrogante.  Ocupava a posição que ocupava por atribuição de Deus, e não porque tivesse ascendido à sua posição mediante poder e arrogância, impondo aos outros a sua vontade. Isso nos mostra que Moisés não era o tirano que Miriã e Arão queriam que ele parecesse ser. Sua autoridade era divinamente conferida. Ele era o homem apropriado para o momento, e não um indivíduo que se tivesse exaltado a algum elevado ofício por meio de sua poderosa personalidade.  A autoria mosaica do Pentateuco é um dos problemas levantados por este versículo. Uma terceira pessoa nos descreve aqui Moisés, e não ele mesmo. Meu artigo sobre o Pentateuco e sobre os cinco livros que 0 compõem aborda essa questão de autoria, com argumentos pró e contra.

O modo como Moisés enfrentou a murmuração do povo e a rebelião de Miriã e Arão se constitui num aprendizado para os que exercem liderança na Igreja de Cristo. Ele teve serenidade e ficou em silêncio até o momento em que Deus agiria por ele. Moisés não revidou a atitude de seus irmãos. Sua mansidão era uma qualidade de caráter que o distinguia entre todos.  Na língua hebraica, a palavra manso é “anaw”, que significa “ser brando, gentil, ter disposição suave; ser tolerante”. Moisés possuía essas qualidades de temperamento e caráter. Sabendo que seus irmãos murmuravam contra si e contra a sua liderança, Moisés não se indispôs com eles. Ele era capaz de suportar com paciência as ofensas que lhe eram dirigidas e não reagia com atitude violenta. Ele não se deixava dominar por ímpetos de seu temperamento e sabia esperar em Deus o modo de agir. Jesus, em seu Sermão do Monte, em Mateus 5.5, disse: “Bem aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” e mais à frente, no mesmo discurso, Jesus também falou: “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9). Essas duas atitudes destacadas por Jesus eram as que Moisés demonstrava em sua liderança do povo de Deus. Na mentalidade mundana, ser manso pode significar “ser fraco, covarde, retraído”, mas, na filosofia bíblica, “ser manso” implica ter a capacidade de exercer autocontrole, o controle do seu próprio ego. Moisés teve serenidade suficiente para agir com firmeza sem se deixar arrebatar pela ira.  Uma das qualidades do fruto do Espírito é a mansidão (Gl 5.22).  Na língua grega do Novo Testamento, “mansidão” é praotês, que significa a força que põe sob controle o nosso dia a dia.

2.    O fardo de uma liderança   -   Disse Moisés ao Senhor. As queixas de Moisés a Deus, contra Israel, ocupam somente três versículos, mas suas amargas queixas demonstram grande desprazer (vs. 11). Consideremos estes pontos:

Yahweh tinha afligido a Moisés. Isso de acordo com a avaliação do próprio Moisés. Não fora Yahweh quem o encarregara daquele povo terrível, sempre queixoso, sempre tendente ao desvio, perturbando a boa vida que ele tinha levado no Egito, e entregando-lhe uma tarefa quase impossível?  Yahweh não favorecera a Moisés. Moisés, o homem reto, não havia sido favorecido por Yahweh conforme parecia necessário. A prova disso era a grande provação que lhe havia sido imposta. Um homem favorecido sem dúvida não teria recebido um teste tão severo. Adam Clarke (in loc.), ao reconhecer quão correto era o desprazer de Moisés, lembra-nos de que a escravidão avilta as pessoas. Ele supunha que, em vista de Israel ter sido aviltado como povo, criava tantos problemas para Moisés. Uma carga excessiva. Cuidar de toda aquela imensa nação era tarefa demasiada para Moisés. Moisés hesitara a princípio, pensando que alguma outra pessoa poderia realizar melhor a tarefa (ver Exo. 4.10-13). Jetro, sogro de Moisés, tentara ajudá-lo a organizar melhor seu trabalho (ver Êxo. 18.14 ss.). Também havia os anciãos do povo (ver Êxo. 3.16; 4.29; 12.21; 24.1; Lev. 4.15; Num. 11.16; Deu. 5.23). Apesar da ajuda deles, ainda assim Moisés sentia-se sobrecarregado, especialmente diante do fato de que estava dirigindo um povo rebelde, que vivia queixoso. Disse um ministro do evangelho, certa feita: “Ficamos cansados no trabalho, mas não do trabalho”. Mas parece que Moisés tinha-se cansado em ambos os sentidos.  Yahweh tinha concebido o povo de Israel. Essa queixa de Moisés era especialmente amarga. Ele falou com sarcasmo. “Concebi eu a esses rebeldes? Não! Antes, foste Tu, Yahweh, que deste origem a esse povo. Nesse caso, por que estou sendo afligido por causa deles?” “Deus, e não Moisés, tinha sido a causa do êxodo. Portanto, deveria carregar o filho e nutri-lo” (John Marsh, in loc.). Yahweh é que fizera as grandes promessas no Seu pacto abraâmico (ver as notas em Gên. 15.18). Portanto, era responsabilidade de Yahweh cuidar de cumprir suas provisões, incluindo aquela concernente à Terra Prometida. Geração e Regeneração. A Deus compete conceder vida. Ver estes trechos do Novo Testamento que mostram as impacto das aplicações espirituais dessas questões: I Cor. 4.15; I Ped. 1.23; Tia. 1.18; Gál. 3.2; João 3.1-21. Alguns versículos do Novo Testamento mostram-nos que Deus regenera por meio de instrumentos humanos, que se tornam assim pais espirituais. Mas Moisés não queria admitir esse pensamento, que poderia debilitar o seu argumento.  Um pai deve cuidar de seu filho. Um pai carrega seu filho como se fosse sua ama, uma metáfora um tanto desajeitada, porque um pai não pode dar de mamar a seu filho. Contudo, metaforicamente, assim faz um pai, e assim o argumento de Moisés acabou tornando-se válido. O pai que gera também cuida de todas as necessidades subsequentes de seu filho. Mas Moisés, de acordo com 0 argumento que apresentava, não era esse pai, pelo que também não era 0 responsável pelo filho. Mediante essa distorção do argumento, Moisés dizia que o povo de Israel não era de sua responsabilidade, pois o pai era Yahweh.  Um pai deve prover o que for mister para seu filho. Esse foi o argumento final de Moisés: ele não era capaz de prover para as necessidades de Israel. As exigências dos filhos de Israel ultrapassavam sua potencialidade. Mas Yahweh tinha capacidade para tanto, pelo que deveria mostrar-se ativo nesse aprovisionamento. Um pai gera a seu filho; cuida dele como se fosse uma ama, e também provê para todas as necessidades do filho. O filho faz conhecidas as suas necessidades mediante 0 choro. Uma criança não dispõe de outra maneira para queixar-se.   Mata-me de uma vez. Moisés chegou a preferir a morte. Ele estava desesperado. Não mais aguentava o programa diário que envolvia um bebê chorão e trabalho em demasia. E assim pediu uma drástica intervenção divina: a morte. Naturalmente, ele preferiria a morte, se Yahweh resolvesse não vir em seu socorro. Como é claro, o próprio Moisés tonara-se agora um bebê chorão. A morte súbita poria fim ao problema, fazendo seu estado de miséria chegar ao fim. Alguns críticos textuais afirmam que esse foi um dos textos onde os escribas alteraram propositadamente o texto original, que eles insistem em que era “tu”. Em outras palavras, Moisés ter-se-ia queixado do estado de miséria de Yahweh, porquanto 0 Senhor lhe dera uma tarefa que ele não conseguia cumprir. Mas os judeus piedosos que comentaram o texto sagrado nunca permitiriam que passasse, sem algum comentário, um estado de miserabilidade atribuído a Yahweh. Se tenho achado favor aos teus olhos. As palavras de Moisés eram extremamente amargas. Se ele fosse alvo de alguma graça da parte de Deus, que então fosse galardoado com uma morte misericordiosa. “A resposta dada pelo Senhor nem permitiu que Moisés morresse e nem tirou dele a posição de liderança. Em vez disso, Deus criou uma estrutura de sublideres, permitindo que Moisés delegasse responsabilidade. Deus instruiu Moisés para que selecionasse setenta anciãos de Israel, homens de boa reputação, sobre quem seria derramado 0 mesmo Espírito que repousava sobre e dava poder a Moisés (cf. Êxo. 18.21-26; Atos 6.3)” (Eugene H. Merrill, in loc).  Dos anciãos de Israel. Provavelmente estavam incluídos os príncipes, os doze homens que eram os principais líderes de cada tribo, listados no segundo capítulo de Números, Mas além deles devia haver outros, visto que Israel devia ter mais de três milhões de pessoas. Mais de seiscentos mil eram homens capazes de entrar em guerra (vs. 21). Como é claro, setenta homens não seriam suficientes para tão grande tarefa, mas esses poderiam encabeçar um sistema que poupasse a Moisés de muitos de seus deveres. Uma das características de uma boa liderança é saber delegar trabalho. Mas os pequenos césares, mui tipicamente, são avessos a delegar tarefas.  Talvez os setenta formassem um círculo maior que os doze príncipes, tal como Jesus tinha doze apóstolos, aos quais foram adicionados setenta discipulos, conforme lemos no capítulo décimo de Lucas.   Uma das mais pesadas tarefas de Moisés era julgar diariamente as pendências que eram apresentadas diante do tabernáculo. Os homens escolhidos pôr-se-iam de pé com Moisés, e as questões seriam divididas entre eles. E os casos mais difíceis, que desafiassem qualquer solução, seriam apresentados a Moisés, embora a maior parte fosse solucionada pelos setenta.  Superintendentes do povo. Esses eram os “organizadores”, homens empregados para orientar o povo, que vinham apresentar seus casos e suas queixas. Esses superintendentes agiam como auxiliares dos anciãos.  Ver Êxo. 24.1,9 e suas notas quanto aos setenta anciãos. Tempos mais tarde, o Sinédrio era constituído por setenta juízes. Esse grupo tornou-se uma espécie de corte suprema. O número de juízes, sem dúvida, foi sugerido pelo texto presente.

3.    A punição de Miriã e Arão (Nm 12. 4-7)   -  

Vós três saí à tenda. Yahweh interveio. O Senhor entrou em ação súbita e rapidamente. Ele cortou a rebeldia pela raiz, ainda no começo. Deus convocou Moisés, Miriã e Arão ao tabernáculo, onde manifestou a Sua presença, indicando qual era a Sua vontade. E todos os três foram compelidos a obedecer prontamente. Yahweh não permitiu que um câncer se desenvolvesse. A inclusão do nome de Arão aqui, tal como no primeiro versículo, depois do nome de Miriã, sugere que ela era a cabeça pensante da rebelião.

O Senhor falou de repente.

A interferência súbita de Deus neste negócio mostra de uma só vez a importância do caso e seu descontentamento.   Versículo 6. Se há um profeta. Vemos aqui as diferentes formas em que Deus geralmente se deu a conhecer aos profetas, viz., Pelas aparências visões emblemáticas, e pelos sonhos, em que o futuro foi anunciada por enigmas, bechidoth, por enigmas ou representações figurativas, Números 12:8.  Mas a Moisés Deus tinha se comunicado de forma diferente, ele falou com ele cara a cara, aparentemente, mostrando-lhe a sua glória: não por enigmas ou enigmático, o que não pode ser admitido no caso em que Moisés foi contratado, pois ele era receber leis por inspiração divina, os preceitos e as expressões de que todos devem ser ad captum vulgi, ao alcance da capacidade pior.     Como Moisés, por isso, foi escolhido por Deus para ser o legislador, por isso foi ele escolhido para ver essas leis devidamente aplicados para o benefício das pessoas entre os quais ele presidiu.    O versículo 7. Moisés, é fiel.    Neeman, um prefeito ou superintendente. Samuel é chamado, 1 Samuel 2:35; 3:20; Davi é chamado, 1 Samuel 18:27, Neeman, e o genro do rei. Jó 12:20, fala da Neemanim como um nome de dignidade. Ele também parece ter sido um título de respeito dado aos embaixadores, Provérbios 13:17; 25:13. Calmet bem observa que a fidelidade palavra é usada frequentemente para um emprego, escritório, ou dignidade, e refere-se a 1 Crônicas 9:22,26, 31; 2 Crônicas 31:12,15; 34:12, Moisés era um fiel, servo na casa de Deus, bem tentou, e, portanto, ele usa-o como um familiar, e coloca a confiança nele.






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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

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         BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21

Bíblia de estudo Pentecostal

Livro de Apoio, Relacionamentos em Família, Elienai Cabral - Editora CPAD.

Comentário Bíblico N. T Interpretado versículo por versículo Russell N. Champlin- Editora Hagnos.

Dicionário Bíblico Wycliffe, Charles F. Pferffer - Editora CPAD.

Comentário bíblico Números, Gordon J. Wenham - Editora Vida Nova.

ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.

https://professordaebd.com.br/5-licao-2-tri-23-motim-em-familia/