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segunda-feira, 30 de maio de 2022

LIÇÃO 10 - NOSSA SEGURANÇA VEM DE DEUS.

Lição 10 – nossa segurança vem de deus

TEXTO ÁUREO

“E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.”

VERDADE PRÁTICA

Não podemos colocar a nossa esperança nas riquezas deste mundo, mas sim em Deus.

 

Leitura bíblica em Classe: MT 6.19-27 (comentário leitura bíblica).

V. 19 -   O amor pela riqueza é o grande mal (lTm 6.10) que pede advertência constante. Para os herdeiros do reino, acumular riquezas nos últimos dias (Tg 5.2,3) é particularmente falta de visão. Todavia, como acontece com muitas das proibições de Jesus nesse sermão, seria temerário também absolutizar essa afirmação de que a riqueza em si mesma se torna um mal (cf. Lc 14.12; Jo 4.21; IPe 3.3,4; pois outras declarações não podem ser absolutizadas de forma apropriada). Outras passagens das Escrituras exigem que o homem provenha para seus parentes (lTm 5.8), recomendam trabalho e provisão para o futuro (Pv 6.6-8) e encorajam-nos a usufruir das coisas boas que o Criador nos concedeu (lTm 4.3,4; 6.17). Jesus está preocupado com o egoísmo observado nos valores errôneos. Seus discípulos não devem acumular tesouros para si mesmos, eles devem se perguntar honestamente onde está seu coração (w. 20,21). Esse versículo não proíbe “ser previdente (fazer provisão sensata para o futuro), mas ser ganancioso (como avarentos que acumulam bens, e materialistas que sempre querem mais)” (Stott, p. 155). Mas é insensato pôr alguém na primeira categoria enquanto age e pensa como os membros da segunda (cf. France, “God and Mammon” [Deus e o Mamom”]). Os “tesouros na terra” podem ser roupas que podem ser atacadas por traças. A moda mudava pouco, e os trajes podiam ser passados adiante. Eles também podiam deteriorar. “Ferrugem” (brôsis) não se refere apenas à corrosão dos metais, mas à destruição causada por ratazanas, fungos e coisas semelhantes. Comentaristas mais antigos, com frequência, pintavam uma fazenda sendo destruída por ratos e outros animais e insetos daninhos. Os tesouros menos Corruptíveis podiam ser roubados: ladrões podiam entrar (dioryssousin, “arrombar”, referindo-se às paredes de barro da maioria das casas palestinas do século I) e roubar.

Vv. 20-21 - Por contraste, os tesouros do céu estão para sempre isentos da deterioração e dos roubos (v. 20; cf. Lc 12.33). As palavras “tesouros nos céus” remontam à literatura judaica (M Peah 1.1; T Levi 13.5; SI Sal 9.9). Aqui, o termo “tesouros” refere-se a tudo que é bom e de relevância eterna que vem do que é feito na terra. Fazer obras justas, sofrer por causa de Cristo, perdoar uns aos outros — tudo isso tem promessa de “recompensa” (veja comentário sobre 5.12; cf. 5.30,46; 6.6,15; 2Co 4.17). Outras obras de bondade também acumulam tesouros nos céus (Mt 10.42; 25.40), incluindo disposição para compartilhar (lTm 6.13-19). Nos melhores MSS, o aforismo final (v. 21) reverte para a segunda pessoa do singular (cf. w . 2,6,17; veja comentário sobre 5-23). O ponto é que as coisas mais altamente entesouradas ocupam o “coração”, o centro da personalidade, abraçando mente, emoções e vontade (cf. DNTT 2:180-84); e, assim, o tesouro mais acalentado de forma sutil, mas infalível, controla toda a direção e valores da pessoa. “Se a honra é considerada o mais alto bem, então a ambição assume o controle total do homem; se for o dinheiro, então, logo em seguida, a cobiça toma o comando do reino; se for o prazer, então os homens, com certeza, degeneram em alegre satisfação dos desejos” (Calvino). De modo oposto, os que estabelecem sua mente nas coisas do alto (Cl 3.1,2), determinando levar a vida sob as normas do reino, descobrem, por fim, que suas obras os seguem (Ap 14.13).

Vv.22-23 -  “Os olhos são a candeia do corpo” (v. 22) no sentido de que através dos olhos, o corpo encontra seu caminho. O olho deixa entrar a luz, e, assim, o corpo todo é iluminado. Mas olhos maus não deixam entrar a luz, e o corpo fica nas trevas (v. 23). A “luz que está dentro de você” parece ironia; os que têm olhos maus e que caminham nas trevas pensam que têm luz, mas, na verdade, essa luz é trevas. As trevas são ainda mais terríveis, pois não se reconhecem pelo que sao (cf. Jo 9.41). Essa descrição totalmente honesta tem implicações metafóricas. O “olho” pode equivaler ao “coração”. O coração voltado para Deus para guardar seus mandamentos (SI 119.10) equivale ao olho fixo na lei de Deus (SI 119.18,149; cf. 119.36,37). De forma semelhante, Jesus move do “coração” (v. 21) para os “olhos” (w. 22,23). Além disso, o texto move-se entre a descrição física e a metáfora por meio das palavras escolhidas para “bons” e “maus”. Haplous (“bom”; v. 22) e seus cognatos podem ter o sentido de “único” {vs. diplous, “duplo”; lTm 5.17) no sentido de “lealdade única, indivisa” (cf. lC r 29.17) ou nas formas cognatas “generoso”, “liberal” (cf. Rm 12.8; Tg 1.5). Da mesma forma, ponêros (“mau”, v. 23) pode ter o sentido de “maligno” (e.g., Rm 12.9) ou na expressão idiomática judaica “o olho mau” pode ter sentido de avareza e egoísmo (cf. Pv 28.22). Portanto, Jesus está dizendo: (1) ou que o homem que “divide seu interesse e tenta focar tanto Deus como as posses [...] não tem visão clara e viverá sem orientação nem direção claras” (Filson) — interpretação satisfatoriamente compatível com o versículo 24; (2) ou que o homem que é mesquinho e egoísta não pode realmente ver para onde está indo; ele é moral e espiritualmente cego — interpretação compatível com os versículos 19-21. Dos dois jeitos, a primeira interseção da metáfora pode explicar a linguagem difícil do versículo 22. Na esfera física, “todo o seu corpo” é exatamente isso, um corpo do qual o olho é a parte que provê “luz” (cf. R. Gundry, Soma [Cambridge: University Press, 1976], p. 24-25). Na esfera metafórica, o corpo representa a pessoa inteira que está mergulhada na treva moral. Assim, “a luz que está dentro de você” é a visão que o olho com lealdades divididas fornece ou a atitude caracterizada pelo egoísmo; nos dois casos, na verdade, são realmente trevas. Essa abordagem que depende do Antigo Testamento e do uso judaico é muito preferida à que vai à literatura helenista e interpreta “a luz que está dentro de você” no sentido neoplatônico (e.g., H. D. Betz, “Matthew vi.22f and ancient Greek theories of vision” [“Mateus 6.22s. e antigas teorias gregas sobre visão”], em Best e Wisdow, p. 43-56).

V.24 - “Agora, Jesus explica que por trás da escolha entre dois tesouros (que acumulamos) e duas visões (em que fixamos nossos olhos) está a ainda mais básica escolha entre dois mestres (a quem serviremos)” (Stott, p. 158). “Dinheiro” é a tradução da palavra grega m am õna (“Mamom”), ela mesma uma transliteração da palavra aramaica m ã m ôn ã’ (em declaração enfática; “riqueza”, “propriedade”). A raiz (mn), tanto no hebraico quanto no aramaico, indica aquilo em que a pessoa confia; e a conexão com dinheiro e riqueza, bem atestada na literatura judaica (e.g., Peah 1.1; b Berakoth 61b; IsAAboth 2.7; nem sempre em um sentido negativo) é dolorosamente óbvia. Aqui, ela está personificada. Deus e Dinheiro não são retratados como empregadores, mas como senhores de escravos. O homem pode trabalhar para dois empregadores, mas uma vez que “a posse única e o trabalho em tempo integral são a essência da escravidão” (Tasker), ele não pode servir a dois senhores de escravos. Ou Deus é servido com devoção total ou não é servido de maneira alguma. As tentativas de dividir a lealdade denunciam profundo compromisso com a idolatria, e não compromisso parcial com o discipulado.

V.25 -  “Portanto”, à luz das alternativas demonstradas (w. 19-24) e assumindo que seus discípulos farão as escolhas certas, Jesus continua preocupado em proibir. A expressão “Não Jesus mesmo exige que pensemos até mesmo sobre aves e flores (w. 26-30). “Não se preocupem” pode ser falsamente absolutizado, negligenciando as limitações impostas pelo contexto e as maldições lançadas sobre o descuido, a apatia, a indiferença, a preguiça e a autoindulgência expressas em outras passagens (cf. Carson, Sermon on the M ount [Sermão do monte], p. 82-86; Stott, p. 165-68). O ponto aqui é não se preocupar com as necessidades físicas, muito menos com os luxos implícitos nos versículos precedentes porque essa preocupação sugere que toda nossa existência foca essas coisas e está limitada a elas. O argumento é a fortio ri (“quanto mais”), mas não (contra Hill, M atthew [Mateus]) a m inori a d maius (“do menor para o maior”) e, sim, o reverso: se Deus concedeu-nos a vida e o corpo, ambos reconhecidamente mais importantes que alimento e vestimenta, ele também não nos daria esses dois últimos? Por isso, preocupar-se com essas coisas trai a perda de fé e a perversão de compromissos mais valiosos (cf. Lc 10.41, 42; Hb 13.5,6).

V.26 - O ponto não é que os discípulos não precisam trabalhar — as aves não esperam apenas que Deus jogue alimento em seu bico — mas que eles não precisam se preocupar. Os discípulos podem fortalecer ainda mais sua fé quando lembram que Deus, em um sentido especial, é Pai deles (não o Pai das aves) e que eles valem muito mais que as aves (o termo “vocês” é enfático). Aqui, o argumento é do menor para o maior. Esse argumento pressupõe uma cosmologia bíblica sem a qual a fé não faz sentido. Deus tem tanta soberania sobre o universo que até mesmo a alimentação de um rouxinol está no âmbito de sua preocupação. Como ele normalmente faz coisas de forma regular, há “leis científicas” a serem descobertas, mas o cristão com olhos para ver descobre simultaneamente coisas sobre Deus e sua atividade (cf. Carson, Sermon on the M ount [Sermão do m onte], p. 87-90).

V.27 - A palavra hêlikia (“vida”) também pode ser traduzida por “estatura” (cf. Lc 19.3); e pêchys (“hora”) tem o sentido de “cúbito” (cerca de cinquenta centímetros) ou “idade” (Hb 11.11). Nenhuma combinação se encaixa com facilidade; ninguém poderia ficar tentado a achar que a preocupação acrescentaria cinquenta centímetros a sua estatura (KJV) nem que uma medida linear (cinquenta centímetros) se encaixa facilmente com “vida”. Essa disparidade explica a diversidade de traduções. O mais provável é que a medida linear esteja sendo usada no sentido metafórico (cf. “pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” [ARA]), semelhante a “atravessar um marco” no aniversário. E mais provável que a preocupação abrevie a vida do que a prolongue, e, em última instância, esses assuntos estão nas mãos de Deus (cf. Lc 12.13-21). Basta confiar nele.

 

                            INTRODUÇÃO

Os seres humanos são naturalmente orientada a coisa. Estamos fortemente inclinado a ser embrulhado em buscar, adquirindo, desfrutando, e proteger os bens materiais. Em culturas prósperas, como aqueles em que a maioria dos ocidentais viver, a propensão para construir nossas vidas em torno de coisas é especialmente grande. Os líderes religiosos do tempo de Jesus estavam preocupados com as coisas. Eles eram materialistas, ganancioso, avarento, cobiçoso, agarrando, e manipuladora. Que "os fariseus ... eram amantes do dinheiro" (Lucas 16:14) não foi incidental para os outros pecados para os quais Jesus os repreendeu. Porque eles não têm uma visão correta de si mesmos (ver Mat. 5: 3-12), de sua relação com o mundo (5: 13-16), da Palavra de Deus 17-20), da moralidade (5: 21-48), e dos deveres religiosos (6: 1-18), era inevitável que eles não têm uma visão correta das coisas materiais. Jesus primeiro mostra como a sua visão das coisas materiais não essenciais foi pervertido (vv. 4-24) e, em seguida, como a sua visão das coisas materiais essenciais também foi pervertido (vv. 25-34). Seus pontos de vista tanto de luxos e necessidades foram deformado. A falsa doutrina leva a falsos padrões, comportamento falso, e falsos valores e religião hipócrita parece sempre ser acompanhado pela cobiça e imoralidade (cf. 2 Ped. 2: 1-3, 14-15). Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli, o sumo sacerdote, não teve em conta para as coisas de Deus, mas eles ansiosamente aproveitou escritório exaltado de seu pai, bem como as suas próprias posições sacerdotais. Eles "eram homens inúteis, pois eles não conhecem o Senhor" (1 Sam 2:12.). Eles levaram mais do que sua parte prescrito da carne de sacrifício para si mesmos, e eles cometeram adultério "com as mulheres que serviam à porta da tenda da congregação" (13-17 vv., 22). Os problemas econômicos como inflação, as recessões e depressões envolvem muitos fatores-monetárias complexas, políticos, militares, sociais, climáticas, e assim por diante. Mas, com exceção do climática, sobre os quais os homens têm pouco controle, a causa por trás da maioria dificuldade econômica é a ganância. Os problemas são causados, em primeiro lugar por causa da ganância, e muitas vezes são aparentemente impossível de resolver, pelo mesmo motivo. Como João Stott observa, "ambição mundana tem um fascínio forte para nós. O feitiço do materialismo é muito difícil de quebrar" ( Cristão Counter-Culture [Downers Grove, Ill .: InterVarsity de 1978], p. 154).

 

I.               RIQUEZA DO CÉU E RIQUEZA DA TERRA

1.    Uma conciliação impossível -  palavra kosmos foi empregada em um sentido ético, para indicar uma sociedade corrupta, ou o princípio do mal que opera sobre os homens. O mundo aqui é a sociedade humana com seus valores, princípios e filosofia vivendo à parte de Deus. Esse sistema que rege o mundo é anti-Deus. Se o mundo valoriza a riqueza, começamos a valorizar a riqueza também. Se o mundo valoriza o prestígio, começamos a valorizar o prestígio. Temos a tendência de assimilar esses valores do mundo.

Um crente pode tornar-se amigo do mundo gradativamente: primeiro, sendo amigo do mundo (4.4). Segundo, sendo contaminado pelo mundo (1.27). Terceiro, amando o mundo (IJo 2.15-17). Quarto, conformando-se com o mundo (Rm 12.2). O resultado é ser condenado com o mundo (iCo 11.32). Assim, seremos salvos como que por meio do fogo (iCo 3.11-15). Amizade com o mundo é uma espécie de adultério espiritual. O crente está casado com Cristo (Rm 7.4) e deve ser fiel a Ele (Is 54.5; Jr 3.1-5; Ez 23; Os 1-2; ICo 11.2). O mundo é inimigo de Deus e ser amigo do mundo é constituir-se em inimigo de Deus.

Não dá para ser amigo do mundo e de Deus ao mesmo tempo. Temos que tomar cuidado com as pequenas coisas.

O mundo envolve as pessoas pouco a pouco. Ninguém se torna um viciado em álcool do dia para a noite. Ninguém se lança de cabeça nas aventuras loucas das drogas no primeiro trago ou na primeira picada. Ninguém começa uma vida licenciosa num primeiro flerte. A sedução do mundo é como uma fenda numa barragem, começa pequena, mas pode conduzir a um grande desastre. Luis Palau comenta:

Quando a imensa represa Teton Dam, no sudeste de Idalio, desmoronou, em 05 de junho de 1976, todos ficaram aturdidos. Sem aviso prévio, sob céu claro, a imensa estrutura subitamente desmoronou, lançando milhões de litros de água para dentro da bacia do rio Snake. Uma catástrofe súbita? Um desastre instantâneo?

Certamente parecia ser, pelo menos superficialmente. Mas, abaixo da linha da água, numa profundidade em que os engenheiros não podiam ver, ocorria a propagação de uma rachadura oculta que, de forma lenta, porém gradual, enfraquecia toda a estrutura da represa.

Aquilo começou de forma bastante insignificante. Apenas um pequeno ponto frágil, uma pequena ponta de erosão. Ninguém vira e ninguém cuidara do problema. Quando a fenda foi detectada, já era muito tarde. Os empregados da represa tiveram apenas de correr para salvar suas vidas e de escapar de serem levados pelas águas. Ninguém vira a pequena rachadura, mas todos viram o grande desmoronamento.

2.   Tesouros da terra e tesouros do céu - Em primeiro lugar, uma ordem negativa (6.19). Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam. E claro que Jesus não está aqui condenando a riqueza, pois, quando esta vem como fruto do trabalho e da bênção de Deus, ela não traz desgosto. Também Jesus não está aqui proibindo a previdência, pois a Escritura nos exorta a considerar a ação das formigas que trabalham no verão para ficarem abastecídas no inverno. Jesus tampouco está condenando você por usufruir dos benefícios do seu trabalho. O que ele condena no texto é o acúmulo para si, a ganância desmedida e a avareza mesquinha. Os tesouros nos são dados para serem repartidos, e não para serem egoisticamente acumulados. Nada trouxemos e nada levaremos deste mundo. Entramos no mundo nus e sairemos dele nus. Não há gaveta em caixão. Aqui nossos tesouros são carcomidos por ferrugem, destruídos por traças e subtraídos por ladrões. O problema não é possuirmos dinheiro, mas o dinheiro nos possuir. O problema não é guardar dinheiro no bolso, mas entronizá-lo no coração. O problema não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro. Em segundo lugar, uma ordem positiva (6.20). Mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam. Ajuntar tesouros no céu não é criar uma linha de crédito celestial. Isso não é acumular méritos pessoais diante de Deus nem manter um saldo robusto no banco do céu em virtude das boas obras praticadas nesta vida. Quando usamos, porém, nossos tesouros para promover a causa do evangelho e socorrer os necessitados, isso é investir para a eternidade. Nesse sentido, ganhamos o que damos e perdemos o que retemos. Em terceiro lugar, uma explicação necessária (6.21). Porque, onde está 0 teu tesouro, a í estará também 0 teu coração. O nosso tesouro arrasta nosso coração. Nosso coração estará na terra ou no céu, depende de onde o colocamos, se na terra ou no céu.

3.   O que o cristão precisa saber sobre os bens materiais? - Os líderes religiosos do tempo de Jesus estavam preocupados com as coisas. Eles eram materialistas, ganancioso, avarento, cobiçoso, agarrando, e manipuladora. Que "os fariseus ... eram amantes do dinheiro" (Lucas 16:14) não foi incidental para os outros pecados para os quais Jesus os repreendeu. Porque eles não têm uma visão correta de si mesmos (ver Mat. 5: 3-12), de sua relação com o mundo (5: 13-16), da Palavra de Deus 17-20), da moralidade (5: 21-48), e dos deveres religiosos (6: 1-18), era inevitável que eles não têm uma visão correta das coisas materiais. Em momento algum Jesus exagera a pobreza ou critica o enriquecimento legítimo. Deus fez todas as coisas, inclusive a comda, roupas e metais preciosos, e declarou que todas as coisas que fez são boas (Gn 1:31). Deus sabe que precisamos de certas coisas para viver (Mt 6:32). De fato, é Deus quem "tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento" (1 Tm 6:17). Não é errado possuir coisas, mas é errado permitir que as coisas nos possuam. O pecado da idolatria é tão perigoso quanto o da hipocrisia! Encontramos várias advertências contra a cobiça ao longo Bíblia (Êx 20:1 7; Sl 119:36; Mc 7:22; Lc 12:15ss; Ef 5:5; Cl 3:5). Jesus adverte sobre o pecado de viver em função dos bens materiais e chama a atenção para as tristes conseqüências da cobiça e da idolatria. Não creio que Jesus esteja condenando todo tipo de riqueza, assim como não está condenando todo tipo de roupa. Ele não está proibindo coisas, mas, sim, o amor às coisas. Não o dinheiro, mas o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1Tm 6.10). Jesus nos proíbe de fazer de simples bens materiais nosso tesouro, de acumular coisas como se tivessem importância suprema.

II.           A IDOLATRIA AO DINHEIRO

1.   O coração no lugar certo - Portanto, nem as propriedades, nem a provisão para o futuro, nem o desfrutar dos dons de um Criador bondoso estão incluídos na proibição dos tesouros acumulados na terra. O que está, então? O que Jesus proíbe a seus discípulos é a acumulação egoísta de bens (“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra”); uma vida extravagante e luxuosa, a dureza de coração que não deixa perceber as necessidades colossais das pessoas menos privilegiadas neste mundo; a fantasia tola de que a vida de uma pessoa consiste na abundância de suas propriedades; e o materialismo que acorrenta nossos corações à terra. O Sermão do Monte repetidas vezes refere-se ao “coração” e, aqui, Jesus declara que o nosso coração sempre segue o nosso tesouro, quer para baixo para a terra, quer parao alto para o céu (v. 21). Resumindo, “acumular tesouros sobre a terra” não significa ser previdente (fazer ajuizadas provisões para o futuro), mas ganancioso (como o sovina que acumula e os materialistas que sempre querem mais).

Esta é a armadilha contra a qual Jesus nos adverte aqui. “Sempre que o Evangelho é ensinado”, escreveu Lutero, “e as pessoas procuram viver de acordo com ele, surgem duas terríveis pragas: os falsos pregadores, que corrompem o ensino, e, então, a Sra. Ganância, que impede um viver justo.” O “tesouro na terra”, por nós cobiçado, Jesus nos lembra: “A traça e a ferrugem destroem, e … os ladrões o arrombam e roubam” (BLH). A palavra grega para “ferrugem” (brasis) significa “comer”; pode referir-se à corrosão causada pela ferrugem, mas também a qualquer peste ou parasita devoradora. Naquele tempo, as traças entravam facilmente nas roupas das pessoas, os ratos comiam os cereais armazenados, pestes atacavam o que estivesse debaixo da terra, e os ladrões entravam nos lares e levavam o que fosse possível. Não havia a menor segurança no mundo antigo. E para nós, gente moderna, que procuramos proteger os nossos tesouros com inseticidas, venenos contra ratos, ratoeiras, tintas à prova de ferrugem e arames contra ladrões, mesmo assim eles se desintegram na inflação ou na desvalorização ou nos colapsos econômicos.

Mesmo que uma parte permaneça através desta vida, nada podemos levar conosco para a outra. Jó estava certo: “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei.” Mas o “tesouro no céu” é incorruptível. Que tesouro é esse? Jesus não explica. Mas podemos dizer com toda certeza que “ajuntar tesouros no céu” é fazer na terra alguma coisa cujos efeitos durem pela eternidade. Jesus não estava, certamente, ensinando uma doutrina de méritos ou um “tesouro de méritos” (como a Igreja Católica medieval ensinava), como se pudéssemos acumular no céu, através de boas obras praticadas na terra, uma espécie de crédito bancário do qual nós e outros pudéssemos sacar, pois tal noção grotesca contradiz o Evangelho da graça que Jesus e seus apóstolos ensinaram coerentemente. E, de qualquer modo, Jesus estava falando a discípulos que já tinham recebido a salvação de Deus. Parece, antes, referir-se a coisas tais como: o desenvolvimento de um caráter semelhante ao de Cristo (uma vez que todos nós podemos levá-lo conosco para o céu); o aumento da fé, da esperança e da caridade, pois todas elas, segundo Paulo, “permanecem”; o crescimento no conhecimento de Cristo, o qual um dia veremos face a face; a tarefa ativa, por meio da oração e do testemunho, de apresentar outros a Cristo, para que também possam herdar a vida eterna; e o uso de nosso dinheiro nas causas cristãs, que é o único investimento financeiro cujos dividendos são eternos. Todas estas atividades são temporais com consequências eternas.

Este seria, então, “o tesouro no céu”. Nenhum ladrão pode roubá-lo, e nenhuma praga pode destruí-lo, pois não há traças, nem ratos, nem assaltantes no céu. Portanto, o tesouro no céu é seguro. Medidas de precaução para protegê-lo são desnecessárias. Não precisa de apólices de seguro. É indestrutível. Portanto, parece que Jesus está nos dizendo: “É um investimento seguro para vocês; nada poderia ser mais seguro do que isto. E a única apólice de seguro que jamais perde o seu valor.”

2. Idolatrando a Mamom - Jesus explica, agora, que além da escolha entre dois tesouros (onde vamos ajuntá-los) e entre duas visões (onde vamos fixar os nossos olhos) jaz uma escolha ainda mais básica: entre dois senhores (a quem vamos servir). É uma escolha entre Deus e Mamom: “Não podeis servir a Deus e a Mamom” (ERC); isto é, entre o próprio Criador vivo e qualquer objeto de nossa própria criação que chamamos de “dinheiro” (“Mamom” é uma transliteração da palavra aramaica para riqueza). Não podemos servir aos dois.

Algumas pessoas discordam destas palavras de Jesus. Recusam-se a ser confrontadas com uma escolha tão rígida e direta, e não veem a necessidade dela. Asseguram-nos que é perfeitamente possível servir a dois senhores simultaneamente, por conseguirem fazer isso muito bem. Diversos arranjos e ajustes possíveis parecem-lhes atraentes. Ou eles servem a Deus aos domingos e a Mamom nos dias úteis, ou a Deus com os lábios e a Mamom com o coração, ou a Deus na aparência e a Mamom na realidade, ou a Deus com metade de suas vidas e a Mamom com a outra.

Pois é esta solução popular de comprometimento que Jesus declara ser impossível: Ninguém pode servir a dois senhores… Não podeis servir a Deus e às riquezas (observe o “pode” e o “não podeis”). Os pretensos conciliadores interpretam mal este ensinamento, pois se esquecem da figura de escravo e dono de escravo que se encontra por trás destas palavras. Como McNeile disse: “Pode-se trabalhar para dois empregadores, mas nenhum escravo pode ser propriedade de dois senhores”, pois “ter um só dono e prestar serviço de tempo integral são da essência da escravidão”. Portanto, qualquer pessoa que divide sua devoção entre Deus e Mamom já a concedeu a Mamom, uma vez que Deus só pode ser servido com devoção total e exclusiva.

Isto simplesmente porque ele é Deus: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem.” Tentar dividir a nossa lealdade é optar pela idolatria. E quando percebemos a profundidade da escolha entre o Criador e a criatura, entre o Deus pessoal glorioso e essa coisinha miserável chamada dinheiro, entre a adoração e a idolatria, parece inconcebível que alguém faça a escolha errada, pois agora ê uma questão não apenas de durabilidade e benefício comparativos, mas sim de valor comparativo: o valor intrínseco de um e a intrínseca falta de valor do outro.

3.   A riqueza condenada por Cristo - O homem que se considerava tão prudente e protegido em armazenar toda a sua colheita para o seu desfrute por longos anos é confrontado com uma voz que ecoa desde o céu, a própria voz de Deus: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? (Lc 12.20). Jesus mostra a tragédia irremediável da avareza, e isso por quatro razões.

Em primeiro lugar, o homem que põe sua confiança nas coisas materiais pensando que nelas terá segurança é louco. O dinheiro pode nos dar conforto por um tempo, mas não paz permanente. Pode nos dar alimento farto para o corpo, mas não descanso para a alma. Pode nos dar alguma proteção terrena, mas não escape da morte. Pode nos dar prazeres na terra, mas não a bem-aventurança eterna.

Em segundo lugar, o homem que pensa que é o capitão da sua alma é louco. O homem, por mais rico que seja, não determina os dias de sua vida nem tem controle

 Em terceiro lugar sobre a hora de sua morte. O homem, por mais abastado que seja, não tem nas mãos o destino de sua alma. Na hora da morte, sua alma é requerida. O espírito volta para Deus e nesse momento o homem terá de prestar contas ao reto juiz.

, o homem que pensa que é o dono dos bens que acumula é louco. O homem plantou, colheu, derrubou, construiu, armazenou e falou à sua alma para desfrutar de tudo por longos anos. Mas, de tudo o que ajuntou, não desfrutou nada e não levou nada. Tudo foi passado para outras mãos.

Em quarto lugar, o homem que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus é louco (Lc 12.21). O que significa ser rico para com Deus?

Significa reconhecer com gratidão que tudo o que temos vem de Deus e nos esforçar para usar o que ele nos dá para o bem de outros e para a sua glória.

Ser rico para com Deus é deixar de confiar na provisão para confiar no provedor.

E depositar sua fé em Deus, e não nas bênçãos de Deus. A prosperidade tem seus perigos (Pv 30.7-9). A riqueza é capaz de sufocar a palavra de Deus (Mt 13.22), de criar armadilhas e tentações (1Tm 6.6-10) e de dar uma falsa sensação de segurança (1Tm 6.17). Portanto, os que se contentam com as coisas que o dinheiro pode comprar correm o risco de perder aquilo que o dinheiro não pode comprar.

Concluo com as palavras de John Charles Ryle:

Quando podemos afirmar que um homem é rico para com Deus? Nunca, até que ele seja rico em graça, fé e boas obras, até que se dirija ao Senhor Jesus suplicando que lhe dê o ouro refinado pelo fogo (Ap 3.18). Nunca, enquanto não tiver uma casa feita não por mãos humanas, eterna, nos céus. Nunca, até que seu nome esteja escrito no livro da vida e que ele seja herdeiro de Deus e coerdeiro juntamente com Cristo. Este é o homem verdadeiramente rico! Seu tesouro é incorruptível. Seu banco nunca há de falir.

Sua herança não fenece. Os homens não podem impedir que ele a desfrute. A morte não pode arrebatá-la de suas mãos. Todas essas coisas já pertencem àquele que é rico para com Deus – as coisas do presente e as do porvir. E o melhor de tudo, o que ele possui agora não significa nada em comparação ao que possuirá no futuro.



III.         VIVENDO A QUIETUDE ESPIRITUAL EM DEUS

 

1.    Os males advindos das preocupações - Os tipos de preocupação mais traiçoeiros talvez sejam os que combinam inquietação legítima com preocupação egocêntrica. Por exemplo, o pregador pode estar legitimamente inquieto por causa de um sermão que terá de pregar, pois quer que ele seja verdadeiro, útil, ungido pelo Espírito de Deus e transmitido com amor. No entanto, ele também pode estar preocupado com sua reputação. Nós, seres humanos, temos uma capacidade muito grande de criar motivos e preocupações conflitantes. Que Deus nos ajude a reforçar o que é bom e a abominar o que é mau. A que tipo de preocupação nosso Senhor se refere em Mateus 6.25-34? É claro que ele não está defendendo a irresponsabilidade despreocupada. Ele está ensinando que mesmo as necessidades materiais não são causa legítima de preocupação para os herdeiros do reino. Portanto, nossas necessidades físicas, por mais procedentes que sejam, jamais devem suplantar nosso compromisso com o reino de Deus e a sua justiça. Além disso, ele ensina que essas mesmas necessidades se tornam oportunidades de viver de um jeito diferente do modo de viver dos pagãos à nossa volta, que não aprenderam a confiar em Deus nem para o suprimento de suas necessidades básicas. O princípio geral (6.25) “Portanto eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa?” A tradução da NIV, “Não se preocupem”, é melhor que a da KJV, “Não pensem”, já que a ordem não tem o objetivo de defender o descuido, a falta de reflexão, mas, sim, a ausência de preocupação. A passagem tem implícito um argumento a fortiori. O argumento a fortiori tem a seguinte formulação: “Se isto acontece, então aquilo não acontecerá com muito mais razão?”. O Novo Testamento tem alguns exemplos bem conhecidos desse tipo de raciocínio. Talvez o mais notável seja a passagem de Romanos 8.32: “Aquele que não poupou o próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, de graça, todas as coisas?”. Deus já nos deu sua melhor dádiva; com muito mais razão, então, ele nos dará coisas menores! Outro excelente exemplo de argumento a fortiori encontra-se no capítulo que estamos estudando: “Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé?” (Mt 6.30). E, novamente, em Mateus 7.11, encontramos: “Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas a seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está no céu, dará boas coisas aos que lhe pedirem!”. Em Mateus 6.25, o argumento a fortiori só está implícito porque a formulação não está presente. Contudo, o raciocínio parece ser mais ou menos este: ele, que nos provê de vida, de um corpo (que, do nosso ponto de vista, é o mais importante), quanto mais também nos proverá de coisas menos importantes, como alimentação e vestuário! Portanto, o seguidor de Jesus não deve se preocupar com essas necessidades, por mais essenciais que elas sejam. Dois exemplos permitem entender essa questão.

2.   Vivendo sem inquietação - Jesus não quer dar ênfase ao fato de que as aves não trabalham; tem-se dito que provavelmente o pardal seja um dos seres viventes que mais trabalha para comer; no que insiste é em que estão desprovidos de afã. Não se poderia encontrar nos animais esse afã do homem por vigiar um futuro que não pode ver; nem tampouco é característico deles acumular bens a fim de desfrutar de uma certa segurança para o futuro.

 (1) No versículo 27 Jesus prossegue demonstrando que, de todos os modos, a preocupação é inútil. Este versículo pode interpretar-se de duas maneiras distintas. Pode significar que ninguém, por mais que se preocupe, pode aumentar de estatura. Mas a medida que Jesus usa como exemplo equivale a uns quarenta centímetros, e nenhum homem, por mais baixo que seja, quereria acrescentar quarenta centímetros à sua estatura. Também pode significar, por outro lado, que por mais que nos preocupemos não podemos acrescentar nem um dia à nossa vida, e este significado é mais provável. De todos os modos, o que Jesus quer dizer é que a preocupação é inútil.

(2) Jesus prossegue referindo-se às flores (vs. 28-30). Fala delas do modo como o faria alguém capaz das amar. Os lírios do campo a que faz referência são provavelmente as papoulas e as anêmonas. Floresciam silvestres, durante um só dia, nas serranias da Palestina. E entretanto, durante tão breve vida estavam vestidas de uma beleza que ultrapassava a dos mantos reais. Quando morriam, não serviam para outra coisa que para ser queimadas. O forno que se usava nos lares palestinenses era feito de barro. Era uma espécie de cubo de barro que se colocava sobre o fogo. Quando se desejava elevar a temperatura desses fornos de modo rápido, adicionavam-se ao fogo molhos de ervas e flores silvestres secas e uma vez acesos eram postos dentro do forno. As flores do campo viviam um só dia, e depois somente serviam para ser queimadas e ajudar à mulher que queria assar algo e tinha pressa. E entretanto, Jesus as vestia de uma beleza que o homem, em seus melhores intentos, nem sequer pode imitar. Se Deus outorgar tanta beleza a uma flor, que somente viverá umas poucas horas, quanto mais fará a favor do homem? Certamente uma generosidade que é tão pródiga com uma flor de um dia, não deve esquecer do homem, que é a coroa de toda a criação.

 (3) Jesus segue propondo um argumento fundamental contra a ansiedade. A ansiedade, diz Ele, é característica dos pagãos e não de quem conhece a Deus tal qual Ele é (v. 32). A ansiedade é essencialmente desconfiança com respeito a Deus. Tal desconfiança é compreensível em um pagão, que acredita em deuses egoístas, caprichosos e imprevisíveis, porém não se pode aceitar nos que aprenderam a chamar a Deus com o nome de Pai. O cristão não pode trabalhar em excesso porque aprendeu a acreditar no amor de Deus.

3. Vivendo sossegados em Deus - Vejamos, agora, se podemos sistematizar os argumentos de Jesus contra a ansiedade. (1) A ansiedade é desnecessária, inútil e até nociva. Não pode afetar o passado, porque ninguém pode modificar o que ficou para trás. Omar Khayám tinha razão quando escreveu: "O dedo que se move escreve e, tendo escrito, continua escrevendo; nem toda a sua piedade e imaginação seriam incapazes de convencê-lo a apagar sequer uma linha. Nem todas as suas lágrimas serão capazes de apagar sequer uma palavra." O passado passou. Isto não quer dizer que alguém deva desentender-se de seu passado, mas sim que deveria usá-lo como incentivo e guia para agir melhor no futuro, e não como objeto de uma ansiedade em que se atrasa até ficar totalmente imóvel e incapaz de agir. Do mesmo modo, é inútil trabalhar em excesso pelo futuro. Alistair MacLean, em um de seus sermões, conta uma história que tinha lido. O herói era um médico londrino. "Tinha ficado paralítico, e não podia levantar-se da cama, mas todo o tempo o via alegre, e sua alegria era quase ofensiva. Seu sorriso era tão valente e radiante que todos esqueciam de compadecer-se dele. Seus filhos o adoravam, e quando um deles estava por abandonar o ninho e lançar-se à aventura da vida, o doutor Greatheart ("coração grande") deu-lhe a seguinte recomendação: "Johnny", disse-lhe, "o que deve fazer é manter-se a si mesmo firme em suas obrigações e objetivos, e fazê-lo como um cavalheiro. E lembre, por favor, que a maioria dos problemas que terá que enfrentar são os que jamais se apresentam." Trabalhar em excesso pelo futuro é um esforço inútil, e o futuro real nunca é tão desastroso como o futuro de nossos temores. Mas a ansiedade é pior que inútil; muito freqüentemente é direta e ativamente daninha. As duas enfermidades típicas da vida moderna são a úlcera no estômago e a trombose coronária, e em muitos casos ambas procedem da excessiva preocupação. É um fato comprovado pela medicina que aqueles que riem mais, vivem mais. A ansiedade, que desgasta a mente, também desgasta o corpo, junto com ela. Afeta a capacidade de julgamento do homem, diminui seu poder de decisão e o torna progressivamente cada dia mais incapaz de enfrentar a vida. Que cada qual enfrente o melhor que possa cada situação – não pode fazer mais que isso – e deixe o resto a Deus. (2) A ansiedade é cega. Nega-se a aprender a lição que lhe oferece a natureza. Jesus nos pede que olhemos às aves, toda a maravilhosa abundância e riqueza que respalda a natureza, e que confiemos no amor que nos fala através dessa riqueza. A ansiedade se nega a aprender a lição que a História lhe oferece. Um salmista se alegrava recordando os acontecimentos da história de seu povo. "Deus meu", exclama, “Sinto abatida dentro de mim a minha alma”, e prossegue dizendo: “Lembro-me, portanto, de ti, nas terras do Jordão, e no monte Hermom, e no outeiro de Mizar.” (Salmo 42:5, 6, cf. com Deuteronômio 3:9). Quando tudo se fazia insuportável ele recebia conforto com a memória do que Deus tinha feito. O homem que alimenta seu coração com a história do que Deus tem feito no passado, nunca temerá pelo futuro. A ansiedade se nega a aprender a lição que a vida lhe ensina. Seguimos vivendo, e ainda não temos a soga ao pescoço; e entretanto, se alguém nos dissesse alguma vez que teríamos que passar os maus momentos que passamos, e superado, nós lhe diríamos que seria impossível. A lição da vida é que, de algum jeito, fomos capacitados para suportar o insuportável, e para ir mais à frente do ponto de fratura, sem nos fraturar. A lição da vida é que a ansiedade é desnecessária. Alistair MacLean cita uma história de Tolero, o místico alemão. Um dia Tolero se encontrou com um mendigo. "Deus lhe dê um bom dia, amigo", disse-lhe. "Dou graças a Deus porque todos os meus dias foram bons", respondeu-lhe o mendigo; "nunca fui infeliz." Surpreso, Tolero lhe perguntou: "O que você quer dizer?" "Quando faz bom tempo", disse o pobre homem, "dou graças a Deus; quando chove, dou graças a Deus; quando tenho abundância, dou graças a Deus. E dou graças a Deus quando passo fome. E desde que a vontade de Deus é minha vontade, e tudo o que agrada a Deus, agrada a mim também, por que teria que dizer que sou infeliz, quando em realidade não o sou?" Surpreso, Tolero voltou a lhe perguntar: "Quem é você?" E o mendigo lhe respondeu: "Sou um rei." "Onde está seu reino?", perguntou Tolero. E o mendigo lhe respondeu, muito tranqüilo: "Em meu coração." Isaías já o havia dito, muito tempo antes: "Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti" (Isaías 26:3). Como sustentava aquela mulher nórdica da história: "Sempre sou feliz, e meu segredo é navegar sempre pelos mares, mas deixar sempre meu coração no porto."

 

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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Superintendente e Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

 

 

                                   BIBLIOGRAFIA

Bíblia Almeida século 21

Bíblia de estudo King James Atualizada

Comentário bíblico Mateus, John Macarthur

O Sermão do Monte, D. A. Carson

Comentário bíblico Mateus, William Barclay

Comentário bíblico Mateus, D. A. Carson

O Sermão do Monte, D. A. Carson

Comentário bíblico expositivo Mateus, Warren W. Wiersbe

Comentário bíblico expositivo Hagnos Mateus, Hernandes Dias Lopes

LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo. 

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. 

STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte.

LOPES. Hernandes Dias. Lucas Jesus o Homem Perfeito. 

 

 

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Lição 09 – Orando e Jejuando como Jesus Ensinou.



Lição 09 – orando e jejuando como jesus ensinou

TEXTO ÁUREO

“[...] Disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.” (AT 13.2,3).

VERDADE PRÁTICA

A oração e o jejum são disciplinas espirituais que potencializam sensivelmente a vida piedosa do crente.

 

Leitura bíblica em Classe: MT 6.5-18 (comentário bíblico)

V.06 - Não é errado orar em público na congregação (1 Tm 2:1 ss), ao agradecer o alimento (Jo 6:11) ou, ainda, ao buscar auxílio de Deus (Jo 11:41, 42, At 27:35). Mas é errado orar em público se não temos o hábito de orar em particular. Aqueles que estão nos observando podem pensar que praticamos a oração em nossa vida particular. Assim, a oração pública que não tem não passa de hipocrisia. A palavra quarto também pode ser traduzida por "câmara particular" e se referir à despensa da casa. O relato bíblico mostra Jesus (Mc 1:35), Eliseu (2 Rs 4:32ss) e Daniel (Dn 6:1Oss) orando em particular.

V.07 - O fato de repetir um pedido não o torna uma "vã repetição", pois tanto Jesus quanto Paulo repetiram suas petições (Mt 26:36-46; 2 Co 12:7, 8). Um pedido torna-se "vã repetição" quando as palavras não refletem um desejo sincero de buscar a vontade de Deus. A prática de recitar orações memorizadas pode se transformar em vã repetição. Os gentios usavam orações em suas cerimônias pagãs (ver 1 Rs 18:26). Meu amigo Dr. Robert A. Cook costumava dizer que: "Todos nós temos uma oração rotineira à qual sempre voltamos; só quando nos livramos dela é que podemos começar a orar de fato!" Vejo isso não apenas em minhas orações particulares, mas também ao realizar reuniões de oração. Para alguns, orar é como colocar um CD no aparelho de som e deixar tocando enquanto vão fazer outra coisa. Deus não responde a orações insinceras.

Vv.9-13 - Essa oração, mais conhecida como "Pai nosso", poderia ser chamada mais apropriadamente de "oração dos discípulos". Jesus não deu essa oração para ser memorizada e recitada determinado número de vezes. Pelo contrário, deu essa oração para evitar que usássemos de vãs repetições. Jesus não disse: "orem com estas palavras", mas sim: "orem desta forma", ou seja, "usem esta oração como um modelo, não como um substituto". O propósito da oração é glorificar o nome de Deus e pedir ajuda para realizar sua vontade na Terra. Essa oração não começa com nossos interesses pessoais, mas sim com os interesses de Deus: o nome de Deus, seu reino e sua vontade. Nas palavras de Robert Law: "A oração é um instrumento poderoso não para realizar a vontade do homem no céu, mas para realizar a vontade de Deus na Terra". Não temos o direito de pedir a Deus qualquer coisa que desonre o nome dele, que impeça o avanço de seu reino, ou que seja um empecilho a sua vontade na Terra. É interessante observar que todos os pronomes da oração estão no plural, não no singular ("Pai nosso"). Ao orar, é preciso lembrar que somos parte da família de Deus, constituída de cristãos de todo o mundo. Não temos o direito de pedir qualquer coisa que prejudique outro membro desta família. Se estivermos orando segundo a vontade de Deus, de uma forma ou de outra, a resposta abençoará todo o povo de Deus. Se colocarmos os interesses de Deus em primeiro lugar, poderemos apresentar nossas necessidades pessoais. Deus se preocupa com nossas necessidades e as conhece antes mesmo de nós as levarmos a ele (Mt 6:8). Se ele já sabe, então por que orar? Porque a oração é o caminho que Deus determinou para suprir essas necessidades (ver Tg 4:1-3). A oração nos prepara para usar corretamente a resposta. Quando conhecemos nossa necessidade e a expressamos a Deus, confiando que ele a proverá, faremos melhor uso da resposta do que se Deus a impusesse sobre nós sem que a tivéssemos pedido. E correto orar pelas necessidades diárias, por perdão e por orientação e proteção contra o mal. "E não nos deixes cair em tentação" não significa que Deus tenta seus filhos (Tg 1:13-17). Com essas palavras, estamos pedindo a Deus para nos guiar de modo a não nos desviarmos de sua vontade nem nos envolvermos em situações de tentação (1 Jo 5:18), ou mesmo em situações em que tentaremos a Deus, levando-o a nos resgatar miraculosamente (Mt 4:5-7).

Vv. 14-15 - Neste "apêndice" da oração, Jesus expande a última frase de Mateus 6:12: "assim como nós temos perdoado aos nossos devedores", uma lição que repete a seus discípulos posteriormente (Mc 11:19-26). Jesus não está ensinando que os cristãos só merecem o perdão de Deus se perdoarem os outros, pois isso seria contrário a sua graça e misericórdia. No entanto, se experimentamos, verdadeiramente, o perdão de Deus, teremos a disposição de perdoar aos outros (Ef 4:32; Cl 3:13). Jesus ilustra esse princípio na parábola do Servo Incompassivo (Mt 18:21-35). Vim os que a verdadeira oração é um assunto de família ("Pai nosso"). Se não há entendimento entre os membros da família, com o podem querer ter um bom relacionamento com o Pai? 1 João 4 enfatiza que mostramos nosso amor a Deus ao amar nossos irmãos. Quando perdoamos uns aos outros, não estamos adquirindo o direito de orar, pois o privilégio de orar faz parte da nossa filiação (Rm 8:15, 16). O perdão diz respeito à comunhão: se não estou em comunhão com Deus, não posso orar efetivamente. Mas minha comunhão com Deus é influenciada pela com unhão com meu irmão; consequentemente, o perdão é parte importante da oração. Uma vez que a oração envolve a glorificação do nome de Deus, apressando a vinda do reino de Deus (2 Pe 3:12), e ajuda a realizar a vontade de Deus na Terra, aquele que ora não pode ter pecado em seu coração. Se Deus respondesse à oração de um cristão com um espírito rancoroso, estaria desonrando seu nome. De que maneira Deus usaria tal pessoa para realizar sua vontade na Terra? Se atendesse aos pedidos dela, Deus estaria encorajando o pecado! O mais importante numa oração não é simplesmente obter uma resposta, mas ser o tipo de pessoa a quem Deus pode confiar uma resposta.

Vv. 16-18 - O único jejum que Deus exigia do povo judeu era aquele da celebração anual do Dia da Expiação (Lv 23:27). Os fariseus jejuavam todas as segundas e quintas-feiras (Lc 18:12) e o faziam de modo visível para todos. Sem dúvida, seu objetivo era receber o louvor dos homens, e, com isso, perderam as bênçãos de Deus. Não é errado jejuar, se o fizermos da forma correta e pelos motivos certos. Jesus jejuava (Mt 4:3), e também os membros da Igreja primitiva praticavam o jejum (At 13:2). (Lc 21:34) e a manter nossas prioridades espirituais em ordem. No entanto, essa prática não deve jamais se tornar uma oportunidade para a tentação (1 C o 7:7). A privação de um benefício natural (como o alimento e o sono) não constitui, em si mesma, um jejum. É necessário que nos consagremos a Deus em adoração. Se não houver devoção sincera (ver Z c 7), não haverá qualquer benefício espiritual duradouro. Assim com o as ofertas e a oração, o verdadeiro jejum deve ser feito em particular, apenas entre o cristão e Deus. Aquele que "[desfigura] o rosto" (apresenta uma expressão abatida, a fim de suscitar piedade e receber elogios) contraria o propósito do jejum. Aqui, Jesus apresenta um princípio fundamental da vida espiritual: tudo o que é verdadeiramente espiritual nunca viola aquilo que Deus nos deu na natureza. Deus não destrói uma coisa boa para construir outra. Se alguém precisa parecer miserável para ser considerado espiritual, há algo de errado com seu conceito de espiritualidade.

                            Introdução

W. Tozer diz que ao “orarmos, deveríamos avaliar quem está agindo: o desejo do nosso coração ou o Espírito Santo”. Sua conclusão caminha no sentido de que, se a “oração tem sua origem no Espírito, então a luta espiritual pode ser bela e maravilhosa; mas, se somos vítimas de desejos alimentados em nosso coração, a nossa oração pode tornar-se tão carnal quanto qualquer outro ato”.2 Isso significa que propósitos egoístas podem estar escondidos sob uma aparente piedade ritualística. Uma voz melancólica, chorosa e que parece mais teatral que espontânea, longe de evidenciar um perfil piedoso, revela a perspectiva enganosa de alguns em relação a Deus. Não são a mera aparência ou a posição física, a tonalidade ou o timbre da voz, as palavras ou as expressões faciais que levam a oração a ser aceitável diante do Senhor, mas a disposição do coração, as intenções e a motivação com que nos dirigimos a Ele. E é exatamente isso que o Senhor quer ensinar aos seus discípulos, a oração na perspectiva da justiça superior.

 

I.            A oração é um diálogo com o pai

1.   1. A natureza da oração - Antes de buscarmos nossos interesses ou mesmo pleitearmos nossas necessidades, devemos nos voltar para Deus a fim de admirá-lo, adorá-lo e exaltá-lo. Três são os pedidos aqui apresentados, como vemos a seguir. Em primeiro lugar, 0 nome de Deus (6.9). Devemos orar pela santificação do nome de Deus. Deus é santo em si mesmo, e não podemos agregar valor à sua plena santidade. Mas devemos orar para que o nome de Deus seja reverenciado, honrado, temido e obedecido. Em segundo lugar, 0 reino de Deus (6.10). Devemos orar para que o reino de Deus venha a nós. O reino de Deus é o governo de Deus sobre os corações. Na medida em que o evangelho é anunciado e os pecadores se arrependem e creem, o reino de Deus vai alargando suas fronteiras. Orar, portanto, pela vinda do reino e acovardar-se no testemunho do evangelho é uma contradição. R. C. Sproul, citando Calvino, diz: “É tarefa da igreja dar visibilidade ao reino invisível”.17 Nossa vida precisa ser o palco da manifestação do reino de Deus neste mundo. Em terceiro lugar, a vontade de Deus (6.10). Devemos orar para que a vontade de Deus seja feita na terra como é feita nos céus. Citando Robert Law, Warren Wiersbe escreve: “A oração é um instrumento poderoso não para realizar a vontade do homem no céu, mas para realizar a vontade de Deus na terra”.18 Deus, e não o homem, é o centro do universo. Sua vontade é boa, perfeita e agradável e deve prevalecer na terra. Michael Green está correto quando diz que oração não é informar a Deus o que ele ainda não sabe, nem procurar mudar a mente de Deus. Oração é a adoração submissa da criatura ao seu criador.

2.      Como os homens de Deus viam a oração? O seu retiro, para a sua adoração em particular (v. 35). Ele orava, orava sozinho, para nos dar um exemplo de oração privativa. Embora, como Deus, as pessoas orassem a Ele, como homem, Ele orava. Embora Ele estivesse glorificando a Deus e fazendo o bem, no seu ministério público, Ele ainda encontrava tempo para ficar sozinho com o seu Pai, e lhe convinha “cumprir toda a justiça”. Agora observe:

A hora em que Cristo orou. (1) Foi pela manhã, na manhã seguinte ao sábado judeu. Observe que quando termina um “sábado”, nós não devemos pensar que podemos interromper a nossa adoração até o “sábado” seguinte.

Não. Ainda que não compareçamos à sinagoga, nós devemos ir ao “trono da graça”, todos os dias da semana; e na manhã seguinte ao “sábado”, em especial, para que possamos preservar as boas impressões desse dia. Essa manhã era a manhã do primeiro dia da semana, que Ele santificou posteriormente, e tornou extraordinária, por ter, também pela manhã, ressuscitado bem cedo. (2) Era muito cedo, ainda estava escuro. Quando os outros estavam dormindo em suas camas, Ele estava orando, como um genuíno Filho de Davi, que procura a Deus bem cedo e lhe dirige suas orações pela manhã; e à meia-noite se levanta para dar graças. Já foi dito: A manhã é amiga das musas – Aurora Musis amica; e também não é menos amiga das graças. E nas ocasiões em que o nosso espírito está mais revigorado e vivaz que devemos dedicar tempo aos exercícios de devoção. Aquele que é o primeiro e o melhor, deverá receber de nós o primeiro lugar e o melhor que tivermos.

O lugar onde Ele orou. Ele “foi para um lugar deserto”, um lugar fora da cidade ou algum jardim afastado ou, ainda, alguma construção isolada. Embora Ele não estivesse correndo o risco de se distrair ou de ser tentado a glórias vãs, ainda assim Ele se retirou, para nos dar um exemplo da sua própria regra: “Quando orares, entra no teu aposento” (Mt 6.6). As orações privativas devem ser realizadas em privado. Aqueles que tiverem mais atividades em público, e do melhor tipo, algumas vezes devem ficar sozinhos com Deus; devem se retirar, devem ficar a sós para conversar com Deus, e manter a sua comunhão com Ele.

3.  3.  A maneira de orar - É significativo que Jesus não faz menção de onde a oração deve ter lugar. Como apontado no capítulo anterior, a instrução de Jesus para "ir para o seu quarto interior" (6: 6) foi enfatizar a obstinação de oração, a necessidade de bloquear qualquer outra preocupação senão Deus. O próprio Jesus não tinha espaço interior para chamar de Seu durante Seu ministério terreno, e nós vê-lo Orando em muitos lugares e em muitas situações, tanto públicas como privadas. O desejo de Paulo foi para os fiéis a orar "em todo lugar" (1 Tim. 2: 8). Jesus também não especifica um tempo para orar. Jesus, assim como santos, tanto do Antigo e Novo Testamentos, orou a cada hora do dia e da noite. Eles podem ser vistos orando em horários regulares e habituais, em ocasiões especiais, quando em perigo especial, quando especialmente abençoado, antes das refeições e após as refeições, ao chegar a um destino e ao sair, e em todas as outras circunstâncias imagináveis e para todos os outros concebível bom propósito. Nem são vestimentas ou postura especificado. Como Jesus já havia enfatizado (6: 5-8), é a atitude e o conteúdo da oração que são de suprema importância, e as duas coisas são fundamentais para o padrão Ele agora prescreve. Em qualquer postura, em qualquer roupa, em qualquer momento, em qualquer lugar e sob qualquer circunstância oração é apropriado. A oração é para ser um modo de vida, uma comunhão aberta e constante com Deus (Ef 6:18; 1 Tessalonicenses 5:17). Porque é para ser um modo de vida, precisamos entender como orar; e que é precisamente por isso que Jesus deu a seus seguidores este modelo de oração.

II.    A ORAÇÃO QUE JESUS ENSINOU

1.   1.  Jesus não condenou a oração em público - Destacamos a seguir algumas lições oportunas. Em primeiro lugar, um cristão é alguém que ora (6.5). Jesus não diz “se orardes...”, mas: quando orardes. Não há cristianismo verdadeiro sem oração. Quem nasce de novo, clama: “Aba, Pai”. Em segundo lugar, um cristão não ora para chamar a atenção para si (6.5). A oração ostentatória não é endereçada a Deus, mas é feita diante dos homens, para chamar a atenção dos homens, para receber recompensa apenas dos homens. Em terceiro lugar, um cristão não é um ator no palco, mas um pecador quebrantado longe dos holofotes (6.6). O quarto aqui mencionado era o lugar onde se guardavam as provisões da casa, um cômodo sem janelas, absolutamente fechado aos olhos dos expectadores. Nessa mesma toada, Robert Mounce diz que a palavra grega tameion pode referir-se a uma “despensa”, o único quarto da casa que não tem porta e, por isso mesmo, passível de privacidade. O Pai vê em secreto e recompensa em secreto. Oração não é um discurso de ostentação diante dos homens, mas um derramar do coração diante de Deus. Tasker tem razão ao dizer que o contraste aqui não é entre o caráter secreto da visão do Pai e o caráter público da sua recompensa, mas entre a maravilhosa recompensa que o Pai dá e a recompensa relativamente miserável da aprovação humana.

2.   2.  Jesus quer que sejamos discretos - O tameion (= câmara) é o quarto dos suprimentos, é o recinto escondido, secreto, a peça mais íntima da casa, porque os suprimentos precisam estar seguros de ladrões e animais selvagens. Essa câmara de suprimentos é a única peça na casa do agricultor palestino que pode ser trancada. Tampouco possui janelas. Portanto, é duplamente apropriada para ilustrar o sentido do “secreto”, porque ninguém pode entrar nem olhar para dentro. – Com que nitidez é caracterizada, assim, por Jesus, a diferença entre a natureza da oração em contraposição à prática da oração dos fariseus! Quantas vezes o próprio Jesus procurou a solidão da noite para orar. A pequena câmara de oração, da qual Jesus fala, também pode estar localizada no meio do alvoroço do mundo e no meio das pessoas. Mas estará lá somente quando primeiro temos o sagrado costume de nos retirarmos ao quarto secreto como Jesus aconselhou. É também excelente a maneira como a palavra do quartinho indica a posição de Deus diante de uma oração em segredo. Deus a recompensará, diz o texto bíblico. No grego o verbo “recompensar” significa “devolver o que se recebeu”, “saldar uma dívida”. Portanto, Deus considera a oração como nosso presente a ele, o qual ele nos devolve, como dívida que ele tem conosco e que ele salda a nós à maneira divina. Com a palavra da oração em local oculto, porém, Jesus jamais quis dizer que seus discípulos somente poderiam orar num quartinho. Jesus não interditou a oração comunitária na sinagoga. Ele próprio costumava ir à sinagoga. Além do perigo de “querer aparecer em público com a prática religiosa da oração”, Jesus chama atenção para outro, a saber, o mau costume de amontoar irrefletidamente palavras de oração.

3.     3Não useis de vãs repetições nas orações - Os exercícios de oração dos judeus naquele tempo estavam num nível tão exagerado, que a incessante repetição das palavras prescritas transformou-se em “tagarelice”: Exigia-se diariamente: • Recitar três vezes a oração das 18 petições, às 9 da manhã, às 3 da tarde e à noite (Essa oração era dez vezes mais extensa que o Pai Nosso: tinha 970 palavras). Veja algumas partes da oração das 18 petições, também chamada de tephilá:

 “Louvado sejas, Iavé, Deus de Abraão, Deus de Isaque e Deus de Jacó, Deus Altíssimo, fundador do céu e da terra, nosso escudo e escudo de nossos pais. Louvado sejas, Iavé, escudo de Abraão. Tu és herói valoroso, o eternamente vivo, o vivo que nutre, o que vivifica os mortos. Louvado sejas, Iavé, que faz os mortos tornar à vida. Santo e terrível é o teu nome, e não há outro Deus além de ti. Louvado sejas, Iavé, Deus santo. Agrada-te, Iavé, nosso Deus, e mora em Sião, e teus servos em Jerusalém te servirão. Louvado sejas, Iavé, porque queremos servir-te com temor. Agradecemos-te, Iavé, nosso Deus, por todos os benefícios da bondade. Louvado sejas, Iavé, a quem convém agradecer. Derrama a tua paz sobre Israel, teu povo, e abençoa-nos a todos nós. Louvado sejas, Iavé, que és o construtor da paz” etc.

 Isso é apenas um extrato bem breve, para que possamos conhecer a natureza dessa grande oração de 18 petições.

• A confissão diária da fé, que devia ser recitada duas vezes.

Também é chamada de shemá. O shemá (confissão de fé), que devia ser proferido pela manhã em pé e à noite deitado, conforme Dt 6.7, era composto de 3 partes, tiradas de Dt 6.4-9, Dt 11.13-21 e Nm 14.37-41. Como revela o conteúdo das três passagens bíblicas citadas, o shemá não quer ser uma oração, e sim uma profissão de fé. É a confissão fundamental de Israel ao Deus único e seus mandamentos. – O shemá era emoldurado com elementos litúrgicos. O shemá matinal tinha duas introduções e duas finalizações. Uma destas introduções dizia, p. ex.: “Verdadeira e segura e firme e permanente e correta e confiável e amada e estimada e valiosa e fértil e gloriosa e justa e agradável e boa e bela é esta oração (o shemá)”, etc. – A recompensa de orar o shemá era que ele servia como um meio de proteção contra os maus espíritos, prolongava a vida da pessoa, garantia para a pessoa o mundo vindouro… Que diremos diante disso? Como neste caso a vida de oração tornou-se algo externo, igual a uma produção realizada! Quanto à preparação para a oração, é preciso esclarecer o seguinte: Quem ia orar costumava esperar uma hora, depois orar uma hora, e em seguida esperar mais uma hora.

 • A repetição das orações de mesa.

 • Em qualquer ocasião, a doxologia (exaltação de Deus).

 Com “tagarelar” ou orar de modo “irrefletido” ou “irreverente”, Jesus também se refere à idéia de que, com as muitas palavras, Deus seria constrangido a ceder aos desejos dos que oravam. A oração abundante em palavras seria, de certo modo, o método mágico para merecer o céu. É uma idéia pagã, diz o Senhor. O Senhor condena plena e cabalmente a oração vazia, irrefletida, verborrágica, supersticiosa. Por outro lado, não pensa de modo algum em interditar uma oração longa, fervorosa e confiante, a luta de oração que, em certas circunstâncias, pode durar até uma noite toda (cf. a oração de Jacó até o nascer do sol). O apóstolo Paulo diz: “Orai cem cessar”. Nisso ele está bem de acordo com o seu Mestre, para que essa oração persistente não seja desvirtuada em religiosidade mística, em fanatismo, mas permaneça sob a constante disciplina do Espírito e aconteça sempre na sobriedade bíblica.

   

     iii.  oração e jejum

1.  1.  Oração e jejum: uma combinação perfeita - John Charles Ryle diz que jejum é a abstinência ocasional de alimentos, a fim de levar o corpo em sujeição ao espírito.21 Patriarcas, profetas e reis jejuaram. Jesus, os apóstolos e os cristãos primitivos jejuaram. Jejuar é abster- -se do bom para alcançar o melhor. Quando comemos, alimentamo-nos do pão da terra, símbolo do Pão do céu; mas, quando jejuamos, alimentamo-nos não do símbolo, mas do simbolizado, ou seja, do próprio Pão do céu! Destacamos a seguir algumas lições preciosas. Em primeiro lugar, um cristão é alguém que não despreza a disciplina do jejum (6.16). Mais uma vez, Jesus não diz “se jejuares”, mas quando jejuares. Jesus pressupõe que um cristão é alguém que jejua. O único jejum que Deus exigia do povo judeu era aquele da celebração anual do Dia da Expiação (Lv 23.27). Os fariseus, porém, jejuavam duas vezes por semana (Lc 18.12) e o faziam de modo visível para todos. E óbvio que não é errado jejuar, se fizermos isso da forma certa, com a motivação certa. Os homens e as mulheres nos tempos do Antigo Testamento jejuaram. Jesus jejuou (Mt 4.3). Os crentes da igreja primitiva jejuaram (At 13.2). Em segundo lugar, um cristão entende que 0 jejum não é autopropaganda, mas auto quebrantamento (6.16,17). Se o hipócrita toca trombeta ao dar esmola, o falso espiritual desfigura o rosto quando jejua. Em ambas as situações, o propósito é o mesmo: ser visto e reconhecido pelos homens como uma pessoa espiritual e virtuosa. Não jejuamos para fazer propaganda de nossa espiritualidade, mas para nos humilharmos diante de Deus. Em terceiro lugar, um cristão pratica 0 jejum não para receber recompensa dos homens, mas para agradar a Deus (6.18). O jejum não é para ser visto pelos homens, com o fim de receber deles o reconhecimento, mas deve ser praticado na presença de Deus, que vê em secreto e recompensa em secreto. Concordo com Warren Wiersbe quando ele diz que o hipócrita coloca reputação no lugar do caráter, as palavras vazias no lugar da oração, o dinheiro no lugar da devoção sincera e o louvor superficial dos homens no lugar da aprovação eterna de Deus.

2.2.    O aspecto bíblico sobre o jejum - No tempo de Jesus os judeus observavam dois dias de jejum para todo o povo: o dia da expiação (Lv 16) e o 9º dia do mês abib. Esse último era promovido como recordação das duas destruições do templo (a primeira destruição sob Nabucodonosor em 586 a.C. e a segunda por Tito no ano 70). Agregavam-se ainda jejuns decretados em situações de grandes calamidades, p. ex., na falta de chuvas, em epidemias, guerras, pragas de gafanhotos etc. Nesses casos se definia como dias de jejum a segunda e a quinta-feira. Aconteciam celebrações públicas na rua. Mais severo era o jejum no dia da expiação: “Quem, no dia da expiação, comer a quantia de uma tâmara, ou beber tanto quanto cabe no seu gole, esse é culpado”. Nesse dia sequer era permitido lavar-se. Também se devia deixar de ungir o corpo. Pelo contrário, as pessoas se aspergiam com cinzas, andavam descalças e adotavam uma expressão facial triste. Queriam parecer insignificantes, no intuito de significar tanto mais perante os outros (Esse é o trocadilho feito no texto original grego com “ocultar – brilhar”). Normalmente o jejum durava do nascer ao pôr do sol. Alguns devotos espontaneamente se encarregavam de outros jejuns particulares. Esse jejum espontâneo era tido em altíssima consideração. Acreditava-se que, com o jejum se conquistaria, junto de Deus um mérito especial, e pensava-se que, através de jejum, se poderia alcançar a suspensão de decisões condenatórias divinas. Por isso se jejuava também pelos pecados do povo, a fim de afastar do povo a ira de Deus! Muitas vezes essa atividade do jejum era feita para chamar a atenção, para concentrar sobre si os olhares das pessoas. Jesus afirma: Um jejum desses é hipocrisia, e por isso condenável! O jejum correto é um pensamento íntimo de arrependimento e um coração curvado diante de Deus. Isso precisa ser exercido com pureza discreta. Para fora não se nota nada. Mas o que jejua revela ao próximo um “ânimo alegre” (cf. Mc 2.18).

3.3.   O ensino de Jesus sobre o jejum - Jesus disse aos que queriam jejuar: “Mas você, quando jejuar, ponha óleo na cabeça e lave o rosto, para não ficar evidente aos outros que você está jejuando, mas somente a seu Pai, que está em secreto; e seu Pai, que vê o que é secreto, recompensará você” (6.17,18). Jesus está dizendo a seus seguidores que eles devem agir normalmente quando jejuarem, de modo que ninguém saiba disso a não ser Deus. Eles devem sacudir as cinzas, lavar o rosto, usar desodorante ou talco, ou óleo, ou qualquer outra coisa, e agir normalmente. Nenhum ato voluntário de disciplina espiritual deve ser usado para autopromoção. Do contrário, qualquer valor que o ato possa ter estará invalidado. O golpe de Mateus 6.1-18 é humilhante. A exigência de justiça de Mateus 5 agora é complementada pela insistência em que essa justiça nunca deve ser confundida com ostentação de piedade, com fingimento de santidade. A pergunta se apresenta nos termos mais práticos possíveis: Quem eu estou tentando agradar com minhas práticas religiosas? A reflexão sincera sobre essa questão pode produzir resultados muito inquietantes. Se isso acontecer, grande parte da solução é começar a praticar piedade na intimidade secreta da presença do Senhor. Se suas “obras de justiça” não são feitas sobretudo em segredo, diante dele, talvez secretamente elas estejam sendo praticadas para agradar outros. As negativas desses versículos são de fato um bom meio de chegar ao que é supremo e positivo, a saber, a justiça transparente. Santidade genuína, virtude não fingida, piedade sincera — tudo isso é extremamente puro e atraente. A verdadeira beleza da justiça não deve ser manchada pela fraude.

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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Superintendente e Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

 

                                   BIBLIOGRAFIA

Bíblia Almeida século 21

Bíblia de estudo King James Atualizada

Comentário bíblico Mateus, John Macarthur

O Sermão do Monte, D. A. Carson

Comentário bíblico Mateus, Moody

Comentário bíblico Mateus, D. A. Carson

Comentário bíblico Mateus, Esperança

O Sermão do Monte, César Moisés Carvalho

Comentário bíblico expositivo Mateus, Warren W. Wiersbe

Comentário bíblico expositivo Hagnos Mateus, Hernandes Dias Lopes

O Sermão do Monte, Sinclair Ferguson

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD.