Seja um Patrocinador desta Obra.

SEJA UM ALUNO ASSÍDUO NA EBD. Irmãos e amigos leitores, vc pode nos ajudar, através do PIX CHAVE (11)980483304 ou com doações de Comentários Bíblicos. Deste já agradeço! Tenham uma boa leitura ___ Deus vos Abençoe!!!!

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

LIÇÃO 11 - A SUTILEZA DAS MÍDIAS SOCIAIS.

                     

Profº PB. Junio - Congregação Boa Vista II



                                TEXTO ÁUREO

"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." (RM 12.1)


                            VERDADE PRÁRICA

As midias sociais devem ser usadas como ferramentas na expansão do Reino de Deus.


        LEITURA BÍBLICA: RM 12.1-3, 16, 17


                INTRODUÇÃO

A televisão e o rádio foram inventados há cerca de um século; a prensa há mais de quinhentos anos. Em apenas duas décadas, no entanto, fomos da abertura da internet para o público geral à marca de mais de 2 bilhões de pessoas conectadas; e passaram-se apenas três décadas desde o lançamento do primeiro sistema comercial de celular até a conexão de mais de 5 bilhões de usuários ativos. ________ Essa rede global inteligente deverá, no futuro, conectar-nos não apenas a outras pessoas, mas aos objetos de nosso dia a dia – de carros e roupas a comidas e bebidas. Por meio de chips inteligentes e bancos de dados centralizados, estamos diante de uma forma de conexão sem precedentes não apenas uns com os outros, mas com o mundo construído à nossa volta: suas ferramentas, seus espaços compartilhados, seus padrões de ação e reação. E junto com tudo isso chegam novas informações sobre o mundo, de diferentes formas: informações sobre onde estamos, o que estamos fazendo e do que gostamos. ______ O que devemos fazer com essas informações? E, não menos importante, o que outros – governos, corporações, ativistas, criminosos, policiais e criadores – já estão fazendo com elas? Conhecimento e poder sempre andaram de mãos dadas. Hoje, entretanto, a informação e a infraestrutura pela qual ela flui não representam apenas poder, mas um novo tipo de força econômica e social. ________ Em termos intelectuais, sociais e legislativos, estamos anos, se não décadas, atrasados em relação às questões do presente. Em termos de gerações, a divisão entre os “nativos” que nasceram em meio à era digital e aqueles que nasceram antes dela pode parecer um abismo através do qual se torna difícil articular determinadas conclusões e valores compartilhados.


            I. OS CRITÃOS NA ERA DIGITAL

1. A realidade do universoPrecisamos adotar uma mentalidade de mártires. Não um derrotismo que diz “Coitado de mim!”, mas uma separação deste mundo. Chanon Ross nos chama a abraçar a identidade de “mártires vivos” — estar no mundo sem pertencer-lhe, “mortos para o mundo” e para todos os seus espetáculos reluzentes, mas vivos em Cristo (Cl 2.20). Ser um mártir vivo é conscientemente recusar viver dentro das indústrias dominantes dos espetáculos e do consumismo; renunciar estrategicamente a um mundo centrado no espetáculo e orientado para o consumo, como testemunhas da dignidade de Cristo; abraçar a temperança; e renovar o compromisso com a prioridade da comunidade. 

2. Cristãos conectados - […] há uma diferença de nível entre a religião na internet e a religião pela internet.

Os estudos anglófonos geralmente esclarecem essa diferenciação mediante os conceitos de “religion online” e “online religion”. Young (2004, p. 93, tradução nossa), por exemplo, define “religion online” como a “recepção de informações” sobre religião. Já a “online religion” é a “participação em uma atividade” religiosa. Essa taxonomia está baseada em função do “tipo de comunicação que elas apresentam ao usuário […] e, paralelamente, do tipo de ‘fazer religioso’ que o usuário está buscando”, afirma Costa e Silva (2005, p. 5). _________ Dessa forma, o “fazer religioso” da religion online (da religião na internet) é um fazer de tipo informacional, em que o fiel se informa sobre a religião. Já a online religion, ou a religião pela internet, é um fazer de tipo litúrgico-ritual, em que o fiel pratica a sua religião por meio de determinadas práticas religiosas. _________ Mas a “religion online” e a “online religion”, em vez de opostas, são dois tipos de expressão e de atividade religiosas que existem em continuidade na internet. __________ Por isso é importante perceber a “religião na internet” como um convite ao fiel para participar da dimensão religiosa do mundo por meio da internet (“religião pela internet”).


               II. OS DESAFIOS DE SER IGREJA NA ERA DIGITAL

1. Desumanização A meu ver, um dos principais desafios a serem enfrentados por essa nova geração virtual é mantê-la humana. E isso demonstra ser bastante paradoxal. Não há dúvidas de que as mídias sociais, à medida que aumentam as redes de contatos e promovem a interação virtual, também promovem a desumanização. O mundo off-line, onde acontece o corpo a corpo, perde lugar para o universo on-line. Isso porque o mundo off-line, diferentemente do on-line, expõe a arena onde de fato a nossa existência é vivida e provada. O mundo virtual, portanto, torna-se o território para aqueles que querem escapar da realidade em que vivem. Zygmunt Bauman demostrou esse fato:      Para os jovens, a principal atração do mundo virtual deriva da ausência de contradições e objetivos contrastantes que infestam a vida off-line. O mundo on-line, ao contrário de sua alternativa off-line, torna possível pensar na infinita multiplicação de contatos como algo plausível e factível. Isso acontece pelo enfraquecimento dos laços — em nítido contraste com o mundo off-line, orientado para a tentativa constante de reforçar os laços, limitando muito o número de contatos e aprofundando cada um deles.

2. Mundanismo Com base em 1 Coríntios, podemos questionar antes de toda atividade midiática:

 Isso está me escravizando? “‘Tudo me é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo me é permitido’, mas eu não deixarei que nada me domine” (1Co 6.12). O vício virtual é perigoso. Cuidado também com o “culto ao sincero” que existe nas redes sociais. Como se a exposição perene da intimidade e de todas as suas opiniões sobre todos os assuntos funcionasse como uma prova de sinceridade e inocência. Debaixo desse verniz de “sincericismo” está nada mais que alguém escravo de si mesmo e da opinião dos outros.

 Isso é um bom exemplo? “Tenham cuidado para que o exercício da liberdade de vocês não se torne uma pedra de tropeço para os fracos” (1Co 8.8-13). Nosso comportamento é um testemunho para nossos próprios irmãos na fé, muitas vezes recém-convertidos.

 Isso edifica? “‘Tudo é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo é permitido’, mas nem tudo edifica” (1Co 10.23). Nossas postagens são úteis de algum modo? Ou apenas aumentamos as fileiras dos disseminadores do ódio, os propagadores do caos? O cristão é chamado na Escritura de “ministro da reconciliação”, de “cooperador de Deus”. Não saia nenhuma postagem torpe de vossos dedos.

 Isso glorifica a Deus? “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Minha motivação é glorificar a Deus ou a mim mesmo? Nas redes sociais, caracterizadas pela legitimação do selfie, do autorretrato, da postagem de si mesmo, existe a clara e autoevidente tentação narcisista, essência do pecado: o orgulho, a ostentação de si mesmo, a alienação de Deus.

 Isso anuncia o evangelho? “Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus […] para que sejam salvos” (1Co 10.32-33). Qual o testemunho deste comportamento para os que são de fora? Como um não cristão poderá interpretar tal postagem?

 Nossa liberdade não pode ser desculpa para pecar. Sejamos testemunhas de Jesus na cultura-tela.


                III. A IGREJA E OS PECADOS VIRTUAIS

1. SensualismoA pornografia, portanto, se constitui um risco real para quem usa as redes sociais. Sendo os homens despertados sexualmente por aquilo que veem, a pornografia se torna um perigo real. Deve-se destacar que há homens e mulheres que convivem bem com sua sexualidade, não vendo nenhuma necessidade de consumir esse tipo de imagem. Contudo, como mostram as pesquisas feitas, esse é um problema enfrentado por uma boa parcela do universo masculino. No caso de cristãos, que de alguma forma acabaram caindo nesse tipo de prática pecaminosa, somente o arrependimento, a renúncia, a submissão às disciplinas espirituais e um forte compromisso com Cristo se tornam eficazes no enfrentamento dessa prática pecaminosa (At 15.29; Gl, 5.16, 19; Ef 4.22; 1 Ts 4.3; Cl 2.6).

2. NarcisismoO que é Narcisismo:


Narcisismo é um conceito da psicanálise que define o indivíduo que admira exageradamente a sua própria imagem e nutre uma paixão excessiva por si mesmo. O termo é derivado de Narciso, que segundo a mitologia grega, era um belo jovem que despertou o amor da ninfa Eco.
Sintomas de Transtorno de Personalidade Narcisista
  1. Autoimportância exagerada. ...
  2. Necessidade de adulação. ...
  3. Dificuldades interpessoais. ...
  4. Falta de empatia. ...
  5. Superioridade. ...
  6. Minimizam os próprios defeitos. ...
  7. Escondem fragilidades e sentimentos.

 A tecnologia é um facilitador, mas não a causa principal, de tudo isso.

Hoje em dia, todos nós somos capazes de satisfazer a maior parte de nossos instintos mais primitivos, de acordo com a nossa vontade, dentro do reino digital – e a maior parte de nós o fará, em algum momento. Porém, ao mesmo tempo, também precisamos ser mais do que meros objetos uns para os outros; precisamos encontrar espaços virtuais e reais que nos aceitem “em pessoa”, como parte de um povo do qual se esperava civilidade. ________ O anonimato não é um mal implacável, da mesma forma que saber o nome de uma pessoa não é garantia de seu caráter. O que devemos combater, propriamente, é a espécie de narcisismo que enxerga todas as relações na internet – sejam elas anônimas, dentro de um ambiente virtual ou entre amigos, no Facebook – como algo que não serve para nada além da satisfação dos nossos próprios desejos. Isso é, acima de tudo, uma questão sobre a força e a integridade de nossas comunidades, e sobre a capacidade que elas têm de associar um policiamento eficaz com o respeito por valores comuns: sobre a capacidade de autorregulação, sem deixar de recorrer à autoridade quando necessário. Em ambos os casos, é preciso estabelecer diretrizes. Seja na internet ou pessoalmente, somos tão humanos quanto os outros nos permitem ser.


                    IV. AS MÍDIAS SOCIAIS E O IDE DE JESUS

1. A seara virtual Machado sintetiza o IDE aplicado ao universo online:

I – IDEALIZAR. A idealização é a primeira etapa do seu plano de comunicação.

Nela você levantará possíveis ideias de como espera que o seu ministério de comunicação se processe. Você vai analisar qual é o seu estado atual e onde deseja chegar com as ações que serão planejadas. D – DESENVOLVER. O desenvolvimento é a segunda etapa do IDE. Aqui você já terá o seu plano de comunicação montado e então aprenderá a produzir conteúdos capazes de sensibilizar a sua audiência despertando-a para conhecer mais de Deus. É neste tópico que vamos falar sobre as ferramentas que você poderá utilizar na produção das artes visuais, vídeos, áudio e textos. E – ESPALHAR. Depois da produção dos conteúdos é hora de espalhar a mensagem pelas mídias sociais. Mas isso não pode ser feito de qualquer jeito, você também terá que preparar um plano de mídia organizado e estratégico para que a sua mensagem consiga atingir o maior número possível de pessoas.

Não há dúvida de que Machado fez uma leitura precisa do IDE no contexto da realidade virtual. Como pastor, estou consciente do poder do mundo digital e sei como a internet é uma ferramenta poderosa. Contudo, como demonstra Machado, poucos ainda sabem usar essa ferramenta e, quando a usam, usam de forma imprecisa. É lamentável, por exemplo, ver muitos sites cristãos que não passam de veículos de propaganda e fuxico digital. São bons para difamar, espalhar fake news e promover a discórdia.

Acredito que o conceito de seara virtual se enquadra no disse Jesus no Evangelho de Mateus 9.36-38. Como igreja, devemos aproveitar o ciberespaço para a promoção do Reino de Deus. Muitos que estão vagando pelo universo virtual estão à procura de alguma satisfação que não pode ser encontrada nas guloseimas e nas bolotas que o Diabo fartamente oferta no ambiente digital. Somente Cristo pode preencher a alma vazia. Somente Ele pode fazer isso. “Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei.

Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração; e vocês acharão descanso para a sua alma.

Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30, NAA).

2. Pastoreio virtual O aconselhamento é uma arte importante do ministério pastoral.

Muitos pensam que o aconselhamento pastoral é algo novo, uma nova dimensão do ministério pastoral. No sentido psicológico moderno, essas pessoas têm razão, mas esse apoio pastoral já existia muito tempo antes das descobertas de Freud e James. ___________ Ao longo da história da igreja, os pastores têm sempre se preocupado com os problemas dos crentes. Richard Baxter, pregador inglês de grande influência no século XVII, observou acertadamente: O Pastor não deve ser somente um pregador público, mas deve ser conhecido também como conselheiro de almas, assim como o médico o é para o corpo. ________ Washington Gladder escreveu em seu livro o Pastor Cristão, no ano de 1896: Se o pastor for o tipo de homem que deve ser, muitos relatos de dúvida, perplexidades, tristeza, vergonha e desespero serão provavelmente despeados em seus ouvidos. ________ O próprio Deus estabelece esse perfil do pastor como conselheiro ao dizer que ele como pastor pascentara o seu rebanho: Nos seus braços recolherá no seu regaço; as que amamentam, ele guiará mansamente Isaias 40.11.



            AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

 Siga-nos nas redes sociais... Tenha um bom estudo bíblico.

 ** Seja um Patrocinador desta obra: chave do PIX 11980483304  ______

EU AGRADEÇO OS IRMÃOS QUE TEM CONTRIBUIDO NESTA OBRA, DEUS RECOMPENSE À CADA UM DE VOCÊS!!!!



                                                BIBLIOGRAFIA

Bíblia de estudo King James Atualizada

Bíblia Almeida século 21

Livro A guerra dos Espetáculos o cristão na era da mídia. Tony Reinke - Editora Fiel.

Moisés Sbardelotto. Deus digital, religiosidade online, fiel conectado: Estudos sobre religião e internet. Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos

Davi Lago - Fonte: 03/08/2022. https://www.ultimato.com.br/conteudo/a-liberdade-crista-na-era-digital

Livro Tradução de Bruno Fiuza. Tom Chatfield, Como viver na era digital - Editora Objetiva

Livro Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. José Gonçalves, As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo - Editora CPAD.

Livro O Pastor Como Conselheiro Paul Hoff - Editora Vida. 

https://www.significados.com.br/narcisismo/

https://zenklub.com.br/blog/transtornos/transtorno-de-personalidade-narcisista/

https://professordaebd.com.br/11-licao-3-tri-22-a-sutileza-das-midias-sociais/

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Liçao 10 A SUTILEZA CONTRA A PRATICA DA MORDOMIA CRISTÃ.

 

Profº PB. Junio - Congregação Boa Vista II.



                        TEXTO ÁUREO

"E [Abrão] deu-lhe o dízimo de tudo." (GN 14.20).


            VERDADE PRÁTICA

Contribuir financeiramente para obra de Deus é mais que um dever. É um privilégio! É a expressão de gratidão ao Pai por todas as suas bençãos dispensadas.


LEITURA BÍBLICA: GN 14.17-20



                    INTRODUÇÃO

MORDOMO

Três expressões hebraicas e duas palavras gregas estão envolvidas neste verbete, a saber:

Ha-ish asher ai, «homem que está sobre».

Expressão hebraica que aparece somente em Gên. 43:19.

Asher ai bayith, «quem está sobre a casa». Outra expressão hebraica, que só pode ser encontrada em Gên.44:4.

Ben mesheq, «filho de aquisição». Essa expressão hebraica ocorre somente uma vez, em Gên. 15:2.

Epitropos, «encarregado». Palavra grega que é usada por três vezes: Mat. 20:8; Luc. 8:3; Gál. 4:2. O verbo aparece em Luc. 3:1; e o substantivo, «encargo», em Atos 26:12.

Oikonômos, «mordomo». Termo grego usado por dez vezes: Luc. 12:42; 16:1,3,8; Rom. 16:23; I Cor. 4:1,2; ou, 4:2; Tito 1:7; I Ped. 4:10. O verbo reaparece em Luc. 16:2. O substantivo, «mordomia», ocorre por nove vezes: Luc. 16:2-4; I Cor. 9:17; Efé. 1:10; 3:2,9; Col. 1:25; I Tim. 1:4.

Aquelas três expressões hebraicas têm equivalentes semânticos no acádico e no ugaritico, embora sejam especialmente comuns, esses equivalentes, nos idiomas semiticos ocidentais. A terceira dessas expressões não tem explicação, embora os Targuns a interpretem por «mordomo». Nossa versão portuguesa põe a palavra «herdeiro» nos lábios de Abraão, bem como na resposta que lhe deu o Senhor (ver Gên. 15:2 e 4); mas o original hebraico sô tem aquela expressão no vs. segundo, enquanto que no vs. quarto o Senhor usou outra palavra hebraica, yarash, «herdeiro». Isso significa que nossa versão portuguesa não reflete a expressão hebraica ben mesheq, Em I Crônicas 28: 1, algumas versões dizem «mordomos», onde a nossa versão portuguesa, mais acertadamente diz’ «administradores». Todavia, no original hebraico temos a palavra sar, «príncipe», que aceita a ideia secundária de «supervisor».

No Novo Testamento grego, o equivalente semântico de sar é epitropos, ao passo que oikonômos é, realmente, a palavra que deveria ser traduzida em português por «mordomo».


            I. CONHECENDO O EVANGELHO DA BARGANHA

1. Dízimos e ofertas como moeda de troca - Em setembro de 2006, a revista Times publicou uma matéria de capa sobre a Teologia da Prosperidade, apresentando um debate no meio evangélico norteamericano sobre se essa doutrina é um mal ou um bem para o cristianismo. A matéria citava que há “três mega-igrejas pentecostais nos EUA” que são hoje as maiores representantes da Teologia da Prosperidade: as igrejas dos pastores negros neopentecostais T. D. Jakes e Creflo Dollar, e a Igreja de Lakewood, de Joel Osteen. Na matéria, os dois pastores destacados para falar sobre o assunto foram Rick Warren e Joel Osteen. Warren bateu firme na Teologia da Prosperidade. Osteen, por sua vez, disse que sua visão sobre a prosperidade na vida do cristão não era tão radical como seus críticos afirmavam. A revista Christianity Today reverberou a matéria da Times, escrevendo uma nota intitulada Joel Osteen versus Rick Warren on Prosperity Gospel. Os evangelistas da auto-ajuda costumam namorar com a Confissão Positiva e a Teologia da Prosperidade, e isso é um perigo. ________ “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis” (2 Co 11.3-4). ________ “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas (Fp 3.18-19). Quando um pregador do evangelho se torna apenas um pregador de autoajuda, ele já perdeu o foco do seu dever à luz da Bíblia. Auto-ajuda (ou ajuda do alto, que é melhor ainda) tem lá sua importância, mas deixemos a auto-ajuda para os “Augustos Curys” da vida. Nosso compromisso é com a Palavra de Deus em sua inteireza. Para o nosso bem e, principalmente, para a saúde e crescimento espiritual dos que nos ouvem. _______ “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas, porque, fazendo isto, te salvarás tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4.16). 

2. Dízimos e ofertas como práticas legalistas - O troco na troca

Pois bem, os léxicos da língua portuguesa trazem os termos trocar e negociar como significados da palavra barganha. Dentro de um contexto comercial, o barganhista é aquele que leva vantagem em uma transação feita. No contexto religioso, barganhar é usar a fé para obter vantagens pessoais. A ideia por trás é a da troca. O devoto não busca a divindade simplesmente com o coração de um adorador, mas com o sentimento de um mercador. Hoje, com a explosão do neopentecostalismo, a velha prática da barganha voltou com força para o meio das igrejas evangélicas. A fé virou uma poderosa moeda de troca e Deus passou a ser visto como um realizador de sonhos narcisísticos.

Barganhar, uma prática muito antiga

Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, recebendo o galardão da injustiça; pois que tais homens têm prazer nos deleites cotidianos; nódoas são eles e máculas, deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam convosco; tendo os olhos cheios de adultério e não cessando de pecar, engodando as almas inconstantes, tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição; os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça. Mas teve a repreensão da sua transgressão; o mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. (2 Pe 2.12-16)

A história bíblica narra que na rota do êxodo rumo à Terra Prometida, os israelitas entraram em confronto com outras nações. Uma dessas nações eram os moabitas que possuíam Balaque como rei (Nm 22.4).

Balaque ouvira falar das conquistas dos hebreus e, temendo ser derrotado por eles, entrou em aliança com os midianitas. O passo seguinte foi alugar os serviços de Balaão, um falso profeta e adivinho da cidade de Petor na Mesopotâmia. O propósito era que este invocasse maldições sobre o povo de Deus (Nm 22.6).

A primeira comitiva enviada por Balaque não obteve êxito, pois Balaão foi proibido por Deus de acompanhar os mensageiros de Balaque (Nm 22.12).

O Senhor mostrou a Balaão que ele não poderia amaldiçoar um povo que já era abençoado. O rei dos moabitas não desistiu, e enviou uma caravana com pessoas mais nobres e com promessas de honrar mais ainda e recompensar a Balaão. Balaão cede e vai com os mensageiros, mas prometendo fazer somente aquilo que Deus permitisse. Na trajetória, ele é repreendido quando Deus permite que seu animal de carga fale em voz humana. Balaão instrui o rei Balaque a fazer sete altares e por três vezes tentou amaldiçoar os israelitas, mas em vez de amaldiçoar foi forçado por Deus a abençoar (Nm 24.17).

Vendo-se proibido por Deus de amaldiçoar o povo que Deus mesmo abençoou, Balaão muda de estratégia e passa agora a instruir Balaque a pôr tropeço no caminho do povo de Deus por meio da fornicação e corrupção (Nm 31.16). Balaão não conseguiu amaldiçoar, mas induziu o povo de Deus ao pecado. Os apóstolos Pedro e João mostram que Balaão “amou o prêmio da injustiça” e induziu o povo de Deus a se “contaminar” (2 Pe 2.15; Ap 2.14). O adivinho fez do sagrado um negócio para obter ganhos pessoais. 


                II. A DOUTRINA BÍBLICA DO DÍZIMO SOB ATAQUE

1. O dízimo era uma prática da lei - Justificativa Teológica. Ah, eu não sou dizimista, porque dízimo é da lei. E eu não estou debaixo da lei, mas sim da graça. Sim! O dízimo é da lei, é antes da lei e é depois da lei. Ele foi sancionado por Cristo. Se é a graça que domina a nossa vida, porque ficamos sempre aquém da lei? Será que a graça não nos motiva a ir além da lei? Veja:

– a lei dizia: Não matarás = eu, porém vos digo aquele que odiar é réu de juízo.

– a lei dizia: Não adulterarás = eu, porém vos digo qualquer que olhar com intenção impura.

– a lei dizia: Olho por olho, dente por dente = eu, porém vos digo: se alguém te ferir a face direita, dá-lhe também a esquerda.

A graça vai além da lei: porque só nesta questão do dízimo, ela ficaria aquém da lei? Esta, portanto, é uma justificativa infundada. Mt 23.23 = justiça, misericórdia e fé também são da lei. Se você está desobrigado em relação ao dízimo por ser da lei, então você também está em relação a estas virtudes.

2. O dízimo como contribuição imposta - […] a prática do Antigo Testamento (9.13).

Paulo cita outro exemplo para legitimar o seu direito de receber sustento da igreja. O argumento agora está fundamentado na prática do Antigo Testamento. “Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento?” (9.13). Se você ler atentamente o capítulo 9 de I Coríntios perceberá que quase todo ele está em forma de perguntas. Eu imagino Paulo como um orador no tribunal, defendendo a sua causa. Ele está fazendo perguntas retóricas. Ele recorda o sacerdote e o levita no Antigo Testamento que cuidavam do templo, do ministério, e do altar. Quando alguém trazia a oferta, o dízimo e o sacrifício, o levita e o sacerdote recebiam para o seu sustento as primícias de tudo aquilo que era trazido à casa de Deus. Os sacerdotes e os levitas recebiam o sustento financeiro dos sacrifícios e ofertas que eram trazidos ao templo. A regulamentação que governava a parte deles nas ofertas e nos dízimos está em Números 18.8-32; Levítico 6.14-7.36; Levítico 27.6-33. A aplicação feita pelo apóstolo Paulo é clara: Se os ministros do Antigo Testamento, que estavam sob a lei, recebiam sustento financeiro do povo a quem eles ministravam, não deveriam os ministros de Deus, no Novo Testamento, sob a graça, receberem também suporte financeiro?


                III. A DOUTRINA BÍBLICA DA MORDOMIA CRISTÃ

1. Deus, o criador e provedor - Usualmente as riquezas terrenas têm essa mistura de tristeza, mas as riquezas materiais ideais, dadas por Deus, não têm essa adição perniciosa. Ou então a ideia pode ser que as riquezas de Deus, sendo do tipo espiritual, naturalmente não têm nenhuma mistura com as tristezas, conforme as riquezas terrenas inevitavelmente têm. Nenhum acúmulo de trabalho humano pode produzir o tipo de riquezas que Deus concede. Se essa é a ideia desta declaração, então um trecho paralelo é o de Mat. 6.33, que diz:

Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas ________ “As bênçãos de Deus dão um aprazimento simplesmente, e Ele não impõe nenhum imposto sobre esse conforto” (Adam Clarke, in loc.) _________ Existem tragédias associadas ao lucro ganho de modo ilegítimo (ver Pro. 10.2), e o versículo pode significar apenas que o sábio, trabalhando arduamente, adquire riquezas sem que tenha de sofrer qualquer calamidade juntamente com elas, pois obteve seu ganho honestamente.

2. O homem como despenseiros e administrador das coisas de Deus - Tomou, pois, 0 Senhor Deus ao homem e 0 colocou no jardim. O homem estava apenas iniciando a sua carreira. O Pai proveu-lhe uma habitação, por certo um dos principais cuidados que qualquer pai tem com seus filhos. Deus criou; Deus cuidava; Deus provia. Isso em contraste com as noções deístas, que pensam que Deus criou o homem mas então abandonou a Sua criação. Deus preparou a vida vegetal e, então, fez um trabalho todo especial no jardim do Éden. O homem sempre esteve na mente de Deus. Este versículo é uma virtual repetição do vs. 8, onde o leitor deveria consultar os comentários. Naquele versículo também provi um artigo geral sobre 0 Jardim do Éden ________ Para o cultivar e o guardar. Na ocasião, o homem recebeu um trabalho para fazer. Não foi deixado no ócio. A tarefa do homem era cultivar e tomar conta do jardim que Deus havia preparado. Isso posto, o seu trabalho era feito para Deus, um serviço divino. Cada indivíduo tem seu próprio jardim para cultivar e proteger, 0 que, sem dúvida, é uma das lições espirituais sugeridas neste texto. Idealmente, cada ser humano tem uma missão ímpar a cumprir. Sua vida deveria ser vivida de tal maneira que ele descobrisse essa missão e então a cumprisse. Ver meus comentários, no fim de Gên. 2.3, que cabem bem aqui _______ Cada Indivíduo é um Jardineiro. Toda pessoa tem algo de importante para amar e para cuidar. Há um nobre serviço a ser realizado. Seu plantio medra como as flores e as árvores. Ali está tudo, e pode ser visto. Podem ser coisas dotadas de beleza para que ela mesma e outras pessoas possam contemplar. Esse plantio produz fruto. É útil para ela mesma e para outras pessoas. Cada indivíduo tem a responsabilidade de cultivar a tarefa que Deus lhe deu. Jesus apreciava os lírios do vale (Mat. 6.28). O próprio reino cresce como uma semente de mostarda (Mat. 13.31), O homem diligente deve ser como um semeador que, cheio de entusiasmo, sai para cumprir a sua tarefa (Mat. 13.3). Deus andava e conversava com o homem no jardim do Éden. Ele está sempre perto para ajudar e inspirar ao homem honesto que quer cumprir bem a sua tarefa. Cada missão tem uma provisão divina para que seja devidamente levada a efeito. Deus preparou o jardim; em seguida, preparou o homem; e também garantiu a sua fertilidade ________ Aben Ezra referiu-se à necessidade de proteger o jardim do Éden das feras. Elementos estranhos que impedem a tarefa devem ser evitados ativamente. Ne- nhuma missão deixará de ter sua cruz para ser suportada; mas algumas vezes as pessoas vivem descuidadamente, permitindo que elementos prejudiciais venham atrapalhar ________ “Mesmo estando no estado de inocência, não podemos conceber que o homem poderia sentir-se feliz, se ficasse inativo. Deus lhe deu um trabalho para fazer, e sua atividade contribui para a sua felicidade” (Adam Clarke, in ioc.).



AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

 Siga-nos nas redes sociais... Tenha um bom estudo bíblico.

 ** Seja um Patrocinador desta obra: chave do PIX 11980483304  ______

EU AGRADEÇO OS IRMÃOS QUE TEM CONTRIBUIDO NESTA OBRA, DEUS RECOMPENSE À CADA UM DE VOCÊS!!!!



                            BIBLIOGRAFIA

Bíblia de estudo viva

Bíblia Almeida século 21

Comentário bíblico Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo, russell N. champlin - Editora Hagnos.

Comentário bíblico I Coríntios, Hernandes dias Lopes - Editora Hagnos.

Livro Tempo, Bens e Talentos, Elinaldo Renovado -  Editora CPAD.

Livro A Prosperidade a Luz da Bíblia, José Gonçalves - Editora CPAD.

Livro A Sedução das Novas Teologias, Silas Daniel - Editora CPAD.

Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Russell N. champlin - Editora Hagnos.

https://professordaebd.com.br/10-licao-3-tri-22-a-sutileza-contra-a-pratica-da-mordomia-crista/




















segunda-feira, 22 de agosto de 2022

LIÇÃO 9 - A SUTILEZA DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS.

PROFº PB. JUNIO - CONGREGAÇÃO
BOA VISTA II.


                            TEXTO ÁUREO

"Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele dia." (HB 10.25)


                        VERDADE PRÁTICA

O movimento dos "desigrejados" deve ser visto como um desvio da verdadeira espiritualidade que é expressa no contexto da verdadeira Igreja.


     LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: HB 10.19-25


                            INTRODUÇÃO

O termo “desigrejado” é usado para rotular aqueles que estão fora das denominações evangélicas. Esse termo é muitas vezes usado pejorativamente, marginalizando assim aqueles que por um motivo ou outro decidiram ficar de fora das instituições religiosas – especialmente as evangélicas. No passado, os crentes que saiam das igrejas evangélicas, eram chamado de “desviados”. Neste último caso, os desviados eram pessoas que as vezes se entregavam aos vícios e ao mundanismo. No caso dos “desigrejados”, temos um fenômeno novo no meio evangélico. O “desigrejado” é uma espécie de evangélico não praticante, caso este que ocorria somente dentro do catolicismo romano. É comum ouvirmos falar sobre católicos não praticantes, mas, no caso dos evangélicos, realmente temos um fenômeno novo. Neste e-book, o termo “desigrejado” será sempre tratado entre aspas, pois entendo que estar fora dos templos não é o mesmo que estar fora da Igreja que é o Corpo místico de Cristo. Os “desigrejados” são marginalizados de várias formas. Mesmo na mais boa intenção possível por parte de seus críticos, eles acabam ficando à margem da comunidade evangélica, sendo mal vistos. O reverendo Augustus Nicodemus Lopes expressa esse tipo opinião, quando disse que “viver sem igreja está errado”. Outros passam dos limites e acabam levantando questões como: “Há salvação para os desigrejados? Sem líderes, sem pastores, como assim? Quem sai da igreja por causa de pessoas nunca entrou lá por causa de Jesus”, ou ainda: “Noventa por cento dos desigrejados são o pior do sistema”.


            I. VISÃO E PRÁTICA DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS

1. Um ensino anti-institucionalMuitos livros recentes têm defendido a desigrejação do cristianismo (*). Em linhas gerais, os desigrejados defendem os seguintes pontos. 

1) Cristo não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional. 2) Já nos primeiros séculos os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus, organizando-se como uma instituição, a Igreja, criando estruturas, inventando ofícios para substituir os carismas, elaborando hierarquias para proteger e defender a própria instituição, e de tal maneira se organizaram que acabaram deixando Deus de fora. Com a influência da filosofia grega na teologia e a oficialização do cristianismo por Constantino, a igreja corrompeu-se completamente. 3) Apesar da Reforma ter se levantado contra esta corrupção, os protestantes e evangélicos acabaram caindo nos mesmíssimos erros, ao criarem denominações organizadas, sistemas interligados de hierarquia e processos de manutenção do sistema, como a disciplina e a exclusão dos dissidentes, e ao elaborarem confissões de fé, catecismos e declarações de fé, que engessaram a mensagem de Jesus e impediram o livre pensamento teológico. 4) A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos, tesouraria, hierarquia, ofícios, ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol de membros, propriedades, escolas, seminários. 5) De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que crêem nele, ali está a igreja, pois Cristo está com eles, conforme prometeu em Mateus 18. Assim, se dois ou três amigos cristãos se encontrarem no Frans Café numa sexta a noite para falar sobre as lições espirituais do filme O Livro de Eli, por exemplo, ali é a igreja, não sendo necessário absolutamente mais nada do tipo ir à igreja no domingo ou pertencer a uma igreja organizada. 6) A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros, pecados e escândalos, e prestado um desserviço ao Evangelho. Precisamos sair dela para podermos encontrar a Deus.  

Eu concordo com vários dos pontos defendidos pelos desigrejados. Infelizmente, eles estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos confundem a igreja organizada com a igreja de Cristo e têm lutado com unhas e dentes para defender sua denominação e sua igreja, mesmo quando estas não representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo. Concordo também que a igreja de Cristo não precisa de templos construídos e nem de todo o aparato necessário para sua manutenção. Ela, na verdade, subsistiu de forma vigorosa nos quatro primeiros séculos se reunindo em casas, cavernas, vales, campos, e até cemitérios. Os templos cristãos só foram erigidos após a oficialização do Cristianismo por Constantino, no séc. IV.  

Os desigrejados estão certos ao criticar os sistemas de defesa criados para perpetuar as estruturas e a hierarquia das igrejas organizadas, esquecendo-se das pessoas e dando prioridade à organização. Concordo com eles que não podemos identificar a igreja com cultos organizados, programações sem fim durante a semana, cargos e funções como superintendente de Escola Dominical, organizações internas como uniões de moços, adolescentes, senhoras e homens, e métodos como células, encontros de casais e de jovens, e por ai vai. E também estou de acordo com a constatação de que a igreja institucional tem cometido muitos erros no decorrer de sua longa história. Dito isto, pergunto se ainda assim está correto abandonarmos a igreja institucional e seguirmos um cristianismo em voo solo. Pergunto ainda se os desigrejados não estão jogando fora o bebê junto com a água suja da banheira. Ao final, parece que a revolta deles não é somente contra a institucionalização da igreja, mas contra qualquer coisa que imponha limites ou restrições à sua maneira de pensar e de agir. Fico com a impressão que eles querem se livrar da igreja para poderem ser cristãos do jeito que entendem, acreditarem no que quiserem – sendo livres pensadores sem conclusões ou convicções definidas – fazerem o que quiserem, para poderem experimentar de tudo na vida sem receio de penalizações e correções. Esse tipo de atitude anti-instituição, antidisciplina, anti-regras, anti-autoridade, antilimites de todo tipo se encaixa perfeitamente na mentalidade secular e revolucionária de nosso tempo, que entra nas igrejas travestida de cristianismo. 

É verdade que Jesus não deixou uma igreja institucionalizada aqui neste mundo. Todavia, ele disse algumas coisas sobre a igreja que levaram seus discípulos a se organizarem em comunidades ainda no período apostólico e muito antes de Constantino. 

1) Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.15-19). A igreja foi fundada sobre esta pedra, que é a verdade sobre a pessoa de Jesus (cf. 1Pd 2.4-8). O que se desviar desta verdade – a divindade e exclusividade da pessoa de Cristo – não é igreja cristã. Não admira que os apóstolos estivessem prontos a rejeitar os livre-pensadores de sua época, que queriam dar uma outra interpretação à pessoa e obra de Cristo diferente daquela que eles receberam do próprio Cristo. As igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitar os livre-pensadores como os gnósticos e judaizantes, e libertinos desobedientes, como os seguidores de Balaão e os nicolaítas (cf. 2Jo 10; Rm 16.17; 1Co 5.11; 2Ts 3.6; 3.14; Tt 3.10; Jd 4; Ap 2.14; 2.6,15). Fica praticamente impossível nos mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas Escrituras, sem sermos igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitados. 

2) A declaração de Jesus acima, que a sua igreja se ergue sobre a confissão acerca de sua Pessoa, nos mostra a ligação estreita, orgânica e indissolúvel entre ele e sua igreja. Em outro lugar, ele ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos (João 15). Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, que a compararam à relação entre a cabeça e o corpo (Ef 1.22-23), a relação marido e mulher (Ef 5.22-33) e entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta (1Pd 2.4-8). Os desigrejados querem Cristo, mas não querem sua igreja. Querem o noivo, mas rejeitam sua noiva. Mas, aquilo que Deus ajuntou, não o separe o homem. Não podemos ter um sem o outro. 

3) Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado (Mt 18.15-20). Após repetidas advertências em particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído da “igreja” – pois é, Jesus usou o termo – e não deveria mais ser tratado como parte dela (Mt 18.17). Os apóstolos entenderam isto muito bem, pois encontramos em suas cartas dezenas de advertências às igrejas que eles organizaram para que se afastassem e excluíssem os que não quisessem se arrepender dos seus pecados e que não andassem de acordo com a verdade apostólica. Um bom exemplo disto é a exclusão do “irmão” imoral da igreja de Corinto (1Co 5). Não entendo como isto pode ser feito numa fraternidade informal e livre que se reúne para bebericar café nas sextas à noite e discutir assuntos culturais, onde não existe a consciência de pertencemos a um corpo que se guia conforme as regras estabelecidas por Cristo. 

4) Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20). Os discípulos entenderam isto muito bem. Eles organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os faltosos e cuidar dos necessitados (At 6.1-6; At 14.23). Definiram claramente o perfil destes líderes e suas funções, que iam desde o governo espiritual das comunidades até a oração pelos enfermos (1Tm 31-13; Tt 1.5-9; Tg 5.14). 

5) Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de base para a catequese e instrução dos novos convertidos, e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres. Veja, por exemplo, João usando uma destas declarações para repelir livre-pensadores gnósticos das igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3). Ainda no período apostólico já encontramos sinais de que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm 3.1; 5.17,19; Tt 1.5; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12; 1Tm 5.9; 1Tm 4.14). O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém para tratar de um caso de doutrina – a inclusão dos gentios na igreja e as condições para que houvesse comunhão com os judeus convertidos (At 15.1-6). A decisão deste que ficou conhecido como o “concílio de Jerusalém” foi levada para ser obedecida nas demais igrejas (At 16.4), mostrando que havia desde cedo uma rede hierárquica entre as igrejas apostólicas, poucos anos depois de Pentecostes e muitos anos antes de Constantino. 

6) Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória dele (Lc 22.14-20). Os apóstolos seguiram a ordem, e reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At 2.42; 20.7; 1Co 10.16). Todavia, dada à natureza da Ceia, cedo introduziram normas para a participação nela, como fica evidente no caso da igreja de Corinto (1Co 11.23-34). Não sei direito como os desigrejados celebram a Ceia, mas deve ser difícil fazer isto sem que estejamos na companhia de irmãos que partilham da mesma fé e que creem a mesma coisa sobre o Senhor.  

É curioso que a passagem predileta dos desigrejados – “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20) – foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt 18.16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e resolvem fazer sua própria igrejinha informal ou seguir carreira solo como cristãos.  

O meu ponto é este: que muito antes do período pós-apostólico, da intrusão da filosofia grega na teologia da Igreja e do decreto de Constantino – os três marcos que segundo os desigrejados são responsáveis pela corrupção da igreja institucional – a igreja de Cristo já estava organizada, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular, credos e confissões. A ponto de Paulo se referir a ela como “coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15) e o autor de Hebreus repreender os que deixavam de se congregar com os demais cristãos (Hb 10.25). O livro de Atos faz diversas menções das “igrejas”, referindo-se a elas como corpos definidos e organizados nas cidades (cf. At 15.41; 16.5; veja também Rm 16.4,16; 1Co 7.17; 11.16; 14.33; 16.1; etc. – a relação é muito grande).  

No final, fico com a impressão que os desigrejados, na verdade, não são contra a igreja organizada meramente porque desejam uma forma mais pura de Cristianismo, mais próxima da forma original – pois esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo Testamento. Acho que eles querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles, acreditar no que quiserem e viver do jeito que acham correto, sem ter que prestar contas a ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas ideias e nossa maneira de viver ao crivo do Evangelho, conforme entendido pelo Cristianismo histórico. Para muitos, isto é pedir demais.  Eu não tenho ilusões quanto ao estado atual da igreja. Ela é imperfeita e continuará assim enquanto eu for membro dela. A teologia Reformada não deixa dúvidas quanto ao estado de imperfeição, corrupção, falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no presente, enquanto aguarda a vinda do Senhor Jesus, ocasião em que se tornará igreja triunfante. Ao mesmo tempo, ensina que não podemos ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo, precisamos uns dos outros, precisamos da pregação da Palavra, da disciplina e dos sacramentos, da comunhão de irmãos e dos cultos regulares. Cristianismo sem igreja é uma outra religião, a religião individualista dos livre-pensadores, eternamente em dúvida, incapazes de levar cativos seus pensamentos à obediência.

2. Um ensino anticlericalOS DECEPCIONADOS COM A LIDERANÇA

Campos aponta que muitos cristãos acabam rompendo seus laços com a igreja institucional por causa de abusos cometidos pelas lideranças das comunidades (CAMPOS, 2017, p.31). Nesses casos, como observa César,9a sensibilidade parece ser essencial:Caminhar sobre o solo do tema abuso espiritual exige cuidado […] O solo é sagrado. Não é outro senão o coração de vítimas. As vítimas estão sempre fragilizadas e carregam consigo suas dores na carne e na alma. Jesus ensina a pisar no solo sagrado da intimidade com a cautela amorosa de quem não quer apagar o pavio que fumega […] Implica o sopro singelo para que a chama se recupere desde as cinzas e o carinho necessário para que as feridas encontrem o caminho da cura (CÉSAR, 2013, p.11). Os diferentes grupos estudados por Rodrigues apresentaram justificativas das mais diversas para o descontentamento com a igreja, mas algumas críticas se repetiram. São elas: o mercenarismo, excesso de normas, manipulação, fanatismo, intolerância, hipocrisia, falsidade e incoerência. Ainda foram citados: a reprovação ao comportamento das lideranças religiosas, desapontamentos pessoais e até notícias veiculadas pela mídia (RODRIGUES, 2007, p.45).A partir de relatos verdadeiros, César pinta um retrato da realidade religiosa de boa parte das igrejas evangélicas brasileiras. Seu estudo identifica a existência de uma espécie de “manipulação da fé”, o que, segundo ela, pode trazer consequências graves. Ela escreve: “Quando a fé se deixa manipular, pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso.  

A confiança autêntica e sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmandos de lideranças despreparadas” (CÉSAR, 2013, p.117). De maneira geral, pessoas simples e carentes de acolhimento acabam se tornando mais suscetíveis à manipulação, passando a viver sob o jugo de uma religiosidade “fútil e meritória”, barganhando a todo momento com Deus (CÉSAR, 2013, p.117). Campos traz também uma série de relatos de pessoas que passaram por situações semelhantes (cf. CAMPOS, 2017, p.31-48). César  destaca  que  esse  tipo  de  “regime  autocrático”,  centrado  na  figura carismática do pastor evangélico, predomina nas igrejas mais novas, em especial nas pentecostais e neopentecostais. E, nelas, facilita a ocor-rência de excessos de ordem financeira, emocional e psicológica (CÉSAR, 2013, p.119). Esses excessos acabam dando origem a outro fenômeno muito perceptível na sociedade: o trânsito religioso, que será tratado mais adiante. Lopes também chama atenção para o fato de que várias das pessoas que hoje estão desigrejadas tentaram viver a sua fé no meio evangélico, inclusive em diferentes denominações. Com o passar do tempo, acabaram se sentindo exploradas e enganadas. São indivíduos que não só não frequentam mais os templos, mas estão feridos e blindados para toda e qualquer forma de organização eclesiástica (LOPES, 2019). Como lembra Bomilcar, pessoas que estão machucadas por experiências negativas naturalmente resistem a novas experiências, pois simplesmente estão cansadas de tentar (BOMILCAR, 2012, p.25). Com o passar do tempo, esse cansaço acaba se misturando a um sentimento de revolta que brota do legalismo e de promessas não cumpridas, somado ao discurso hipócrita de muitos pastores. César traz o relato de alguém que passou por essa situação durante vários anos de sua vida: Comecei a achar que Deus tinha pisado na bola comigo. Eu obedeci a tudo o que ele me dissera (supostamente pela boca dos líderes da igreja), e acabei me dando mal. Prejudiquei minha casa indo para aquela igreja. Desde então, não consigo me reerguer […] Faz dez meses que não abro a Bíblia e, quando vejo pastores pregando na televisão, sinto vontade de vomitar (CÉSAR, 2013, p.34). Além de contribuir para o afastamento da igreja, essa realidade pro-duz questionamentos à própria fidelidade de Deus, bem como sentimentos de vergonha e indignação que passam a acompanhar a vida dos desigrejados (CAMPOS, 2017, p.34). Conforme foi destacado no início deste tópico, este é um assunto que demanda cuidado. Muitos dos desigrejados possuem feridas abertas em sua relação com a instituição igreja, o que acaba se refletindo em sua experiência de fé. Da mesma forma, esta compreensão mostra-se fundamental para qualquer iniciativa missional direcionada à reintegração destas pessoas no convívio de uma comunidade cristã.


            II.  A NATUREZA DA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA

1. Um organismoOra, no paralelo desta passagem —Col. 1:18— Cristo é visto como «o Cabeça da igreja»; e isso concorda com a primeira dessas três posições possíveis, embora a ênfase recaia sobre o fato de que ele é o Cabeça da igreja em tudo, a saber, em toda a questão relativa à igreja cristã. Que isso visa o «benefício» da igreja também é verdade, mas isso visa afirmar diretamente que temos aqui uma interpretação sobre o que está geralmente implícito no texto, não sendo uma simples tradução. Porém, mesmo que aceitemos que a segunda e a terceira dessas possibilidades estão corretas, visto que Cristo é o Cabeça de tudo, isso deve incluir igualmente a igreja, porquanto a igreja não pode ser excluída dessa afirmação apostólica, que se reveste de natureza geral. Não obstante, a primeira dessas três posições é a que tem maiores probabilidades de acertar no alvo, sendo ali enfatizado que não existe outra autoridade sobre a igreja além da autoridade de Cristo, tal como um corpo humano é totalmente governado pelo cérebro, pela cabeça.

Ora, tudo isso serve apenas de um outro meio para frisar o senhorio de Cristo, o que é comentado no trecho de Rom. 1:4, juntamente com o título completo, «Senhor Jesus Cristo».

«…o deu…» A igreja recebe a soberania total de Cristo como presente vindo de Deus Pai, para o benefício dela mesma. Porquanto aquilo que foi dito aqui não declara meramente que a igreja está sujeita à autoridade de Cristo, mas, por semelhante modo,, que está em união espiritual vital com ele, derivando dele a sua vida, tal como o corpo está vitalmente unido à cabeça, e tal como, sem a cabeça, o corpo fica sem vida.

(Quanto a «Cristo, como cabeça de todo homem», ver as notas expositivas acerca de I Cor. 11:3. Quanto ao mesmo conceito, referido em outras passagens, onde Cristo aparece como «Cabeça da igreja», ver Efé. 4:15; 5:23; Col. 1:18 e 2:19).

A mais fundamental definição do que seja um crente’. Crente é aquele que tem ao Senhor Jesus como seu «cabeça», isto é, que não dá prioridade a ninguém acima de Cristo. A questão de «reter a Cristo como cabeça», ideia essa que figura em Col. 2:19, aparece dentro do contexto do combate de Paulo contra as noções falsas do gnosticismo, o qual postulava muitos deuses e muitos senhores, cada qual com sua província de governo; e, para os gnósticos, Cristo seria apenas um desses deuses ou senhores. Ora, esse conceito errôneo reduzia a importância e a grandeza de Cristo, onde o Senhor Jesus não aparecia realmente como Cabeça. Aquele que reputa a. Cristo como Cabeça, reconhece sua autoridade absoluta sobre a alma, e assim exerce fé, que consiste da entrega da alma às mãos de Cristo. Ora, se um homem exerce essa fé, tendo a Cristo como Cabeça, como o grande objeto de sua fé, então o Espírito de Deus o converte, e ele entra no primeiro passo da regeneração. Tal. homem pertence a Cristo, é um crente. ______  Por outro lado, pode não ser um crente uma pessoa que proclama em altas vozes a divindade de Cristo, mas a quem não entregou definitivamente a própria alma. F. isso nos permite perceber, uma vez mais, que os «credos» não nos salvam. Deve haver real conversão; e existem muitos convertidos autênticos que ainda se encontram em estado de confusão mental acerca de questões doutrinárias. _________  Vinculação entre a cabeça e o corpo. Schubert (in loc.), comenta a esse respeito, como segue: «…temos aqui uma figura simbólica de amor, que desce do alto até nós, conquistando e movimentando o que é corpóreo, levando-o a uma longa elevação, —debaixo para cima, numa obra que transforma constantemente a natureza inferior do objeto, a ponto deste último vir a compartilhar, finalmente, da natureza daquilo que o eleva».

Cristo Jesus é, «…ao mesmo tempo, membro e governante do corpo». (Gerlach, in loc.).

Quais são os sentidos dessa metáfora da cabeça e do corpo?

Está em foco a união vital entre Cristo e seu corpo místico, a igreja, tal como se dá no caso da cabeça e do corpo de um ser humano. «União mística» é a ideia aqui focalizada. _____  Destaca-se aqui a autoridade absoluta de Jesus Cristo, de seu domínio ativo sobre a igreja, como Senhor. São salientadas a nutrição e o poder doador de vida do Cabeça, o que sustenta o corpo. A vida do corpo humano sem a cabeça é impossível. _______  Não nos olvidemos da união entre cabeça e corpo, que importa em amor e harmonia, em que cada qual cuida do outro, porquanto tal cuidado é vital para essa união. Tal união e harmonia prefiguram aquilo que, finalmente, se tornará universal, porquanto todas as coisas ficarão unidas em torno de Cristo.  ___  Cristo pertence a nós, tal como nós mesmos pertencemos a ele; portanto, nossos destinos estão enlaçados para sempre, tal como se dá no caso da cabeça e seu corpo. _____  A exaltação do corpo é ideia latente nessa metáfora, porquanto os poderes angelicais exaltados, por mais elevados que sejam, não compõem o corpo de Cristo, o qual é o Cabeça de tudo. O vigésimo terceiro versículo enfatiza esse pensamento, ao chamar a igreja de «sua plenitude», ao passo que o próprio Cristo preenche a todas as coisas. _____  A participação na mesma natureza também está envolvida nessa metáfora, porquanto um corpo precisa ser da mesma natureza que sua cabeça.

2. Uma organizaçãoO corpo é uno. Sua principal característica é a unidade. Todos os que creem em Cristo são um, fazem parte do mesmo corpo, da mesma família, do mesmo rebanho. Essa unidade não é organizacional nem denominacional, mas espiritual. Nós confessamos o mesmo Senhor (12.1-3), dependemos do mesmo Deus (12.4-6), ministramos no mesmo corpo (12.7-11), e experimentamos o mesmo batismo (12.12,13).

Peter Wagner cita dois fatores que mantêm a unidade do corpo:

  1. a) O sangue. Pode ser difícil estabelecer a unidade entre meus pés, minhas mãos e meus rins. Contudo, o mesmo sangue alimenta esses membros e todos os outros.

O sangue fornece vida aos membros e se impedirmos o sangue de chegar a alguns deles, esses morrerão rapidamente. _____   O que é que me enxerta e me insere no corpo de Cristo?  _____  O que me torna um membro do Seu corpo? E o sangue do Cordeiro! Assim como o sangue é o elemento que unifica o corpo, o sangue de Cristo nos torna um. ____  Ninguém pode fazer parte da igreja a não ser por meio da expiação, da obra da redenção operada pelo sangue de Jesus Cristo. Ninguém entra na igreja sem primeiro ter se apropriado dos benefícios da morte de Cristo e do Seu sangue derramado.

b) O espírito. Além do sangue, o que mantém o corpo uno é o espírito. Nunca descobriremos o espírito ou a alma de uma pessoa em algum de seus órgãos, membros ou glândulas. Em certo sentido, o espírito está em todos os membros do corpo. Em relação à igreja, diz o apóstolo Paulo: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (12.13). O Espírito Santo foi quem enxertou você no corpo. Você foi batizado e introduzido no corpo pelo Espírito. Quem colocou você no corpo foi o Espírito Santo. Ele regenerou você, mudou a sua vida, converteu o seu coração. Um membro do corpo pode ser mais cheio do que outro membro, mas nenhum membro está sem o Espírito. Ser batizado pelo Espírito significa pertencer ao Corpo de Cristo. Ser cheio do Espírito significa que nosso corpo pertence a Cristo.

Obviamente, essa unidade de que Paulo fala não é denominacional.

Não é uma unidade externa, mas mística e espiritual. E por isso que o ecumenismo é um grande equívoco. Qual é a grande bandeira do ecumenismo? E a de que nós temos de acabar com as nossas diferenças e ficar todos debaixo de um mesmo guarda-chuva. Não importa a sua crença. Não importa a sua teologia. Não importa o Deus que você crê. Vamos ficar juntos. Vamos adorar no mesmo altar. Mas esse não é o ensino das Escrituras. Não existe unidade fora da verdade. Não há unidade fora do Espírito Santo. _____  E impossível ser um com alguém que ainda não nasceu de novo e ainda não foi introduzido no Corpo de Cristo. ______  Essa unidade é para os salvos que estão nas mais diversas denominações cristãs, mas não é uma unidade entre salvos e incrédulos. A unidade da igreja é espiritual. Você é um com qualquer irmão de qualquer denominação, em qualquer lugar do mundo. Essa unidade não é criada na terra, mas no céu; não é feita pelo homem, mas por Deus. Todos aqueles que creem em Cristo, de todos os lugares, de todos os tempos são um. Todos fazem parte da mesma igreja, do mesmo rebanho. Todos são ovelhas de Cristo e noiva do Cordeiro.


            III. A IMPORTÂNCIA E A  NECESSIDADE DA IGREJA

1. A igreja como família de Deus …da família de Deus …» No grego temos «oikeioi», estando em foco os «familiares de Deus». A ideia de «filiação» é apresentada novamente aqui, porque é no seio da família que encontramos a unidade mais íntima, onde também são compartilhados os privilégios mais preciosos. Mas devemos fazer o reparo que apesar da «família» antiga, segundo se compreende por esta palavra, com frequência incluía até mesmo «escravos», neste caso devemos compreender somente os parentes de sangue, conforme se entende modernamente tal palavra. Estão em foco os membros da família «por laços de sangue», por «natureza», aqueles que participam da mesma natureza.

Nessa família não há escravos.

A passagem de João 1:12 salienta a ideia de «filhos por nascimento», e não meramente «filhps por adoção», mediante um contrato legal; e a mesma ideia é enfatizada no oitavo capítulo da epístola aos Romanos. _______   Dentro de uma família, os direitos, os privilégios, os deveres e as bênçãos são compartilhados por todos os seus membros. Ora, dentro da família de Deus, o amor é o princípio normativo, e não a lei. (Quanto a passagens bíblicas que frisam a ideia de «família» inerente à redenção anunciada pelo evangelho, ver Efé. 3:6,14,15; I Tim. 3:15; Heb. 3:2,5,6; 10:21 e I Ped. 4:17). Essa relação «familiar» ou doméstica descreve a «natureza» do acesso mencionado no décimo oitavo versículo deste capítulo, e que antecipa o tema declarando que esse acesso é a «Deus Pai».

2. A igreja como testemunha da salvação - «…sacerdócio real… » Já tivemos ocasião de observar, no quinto versículo, que todos os crentes são sacerdotes. Ali eles são chamados de sacerdócio «santo». Neste ponto, são chamados ·régios». São sacerdotes que pertencem à família real. Notemos como, em Heb. 4:14, o Sumo Sacerdote (Cristo) é visto entronizado, o que dá a ideia de um Rei Sacerdote. Assim também Melquisedeque era sacerdote, mas, igualmente, era rei de Salém (ver Heb. 7:1,2). E Cristo pertence à ordem sacerdotal de Melquisedeque (ver Heb. 7:17). A ideia que os sacerdotes cristãos também são reis acrescenta ênfase à elevada posição e ao privilégio de que desfrutam. O trecho de Êxo. 19:6 chama Israel de reino de sacerdotes. Em Apo. 1:6 e 5:10, os crentes também são chamados de reis e sacerdotes. Ali talvez seja indicado como, na eternidade futura, elevadas posições do governo poderão ser alcançadas, tanto no milênio como já no estado eterno, por parte do povo de Deus. Tal como existem muitos elevados seres angelicais governantes. Seja como for, o verdadeiro crente desde agora já «reina em vida» (ver Rom. 5:17).



 AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

 Siga-nos nas redes sociais... Tenha um bom estudo bíblico.

 ** Seja um Patrocinador desta obra: chave do PIX 11980483304  ______

EU AGRADEÇO OS IRMÃOS QUE TEM CONTRIBUIDO NESTA OBRA, DEUS RECOMPENSE À CADA UM DE VOCÊS!!!!



           ________  BIBLIOGRAFIA ______

Bíblia de Estudo Viva

Bíblia de Estudo King James Atualizada

Comentário Bíblico NT versículo por versículo, Russell N. Champlin - Ed. Hagnos

Comentário Bíblico 1 Coríntios, Hernandes Dias Lopes - Ed. Hagnos

Tetzner. Gerson Welmer; Nerbas. Paulo Moisés,. Os Desigrejados: Um Estudo Do Fenômeno E Da Influência Da Igreja No Aumento Do Número De Cristãos Sem Vínculo Institucional. Editora Concórdia.

Fonte: 22/07/2022 https://spurgeonline.com.br/artigos/os-desigrejados/

César Francisco Raymundo. Manual do Desigrejado; Como sobreviver fora das denominações religiosas. Revista Cristã Última Chamada


https://professordaebd.com.br/9-licao-3-tri-22-a-sutileza-do-movimento-dos-desigrejados/