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segunda-feira, 18 de julho de 2022

LIÇÃO 4 - A SUTILEZA DA NORMALIZAÇÃO DO DIVÓRCIO.

                                    

Pb. JUNIO - Congregação Boa Vista II.

 

                                TEXTO ÁUREO

 "Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem." (MT 19.6)

                                  VERDADE PRÁTICA

O padrão bíblico para o casamento é que ele seja heterossexual, monogâmico e indissolúvel.


    LEITURA BÍBLICO: MT 19.1-9



                    INTRODUÇÃO            


Isso não significa que a Igreja seja obrigada a admitir o divórcio por qualquer motivo, salvo no caso das pessoas que só conheceram a Jesus quando já estavam nessa situação (Jo 6.37). Nem tudo o que é legal é ético: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convém” (ICo 6.12). As bases para o divórcio nas culturas judaica, grega e romana eram frouxas; entretanto, o Senhor Jesus e o apóstolo Paulo não se deixaram influenciar pela legislação vigente. Mas a Igreja precisa pronunciar-se sobre o assunto, uma vez que o Senhor Jesus lhe conferiu essa autoridade (Mt 16.19; 18.16-18). As igrejas, os ministérios ou as convenções devem estabelecer critérios embasados na Palavra de Deus. Resumindo o que vimos até agora, existem duas linhas opostas sobre o divórcio: uma que crê que Jesus revogou o divórcio previsto em Deuteronômio 24.1-4; outra que admite que o Novo Testamento permite o divórcio em situações excepcionais, já discutidas. Analisando o divórcio à luz da Bíblia, vimos que ele estava previsto na lei de Moisés e era realizado nos tempos do Antigo Testamento. Era uma prática comum nas comunidades judaica, grega e romana, nos dias do ministério terreno de Jesus e de seus apóstolos. Vimos também que o divórcio está amparado pelo Novo Testamento nos seguintes casos: prática de prostituição (Mt 5.31,32; 19.9) e impossibilidade de reconciliação entre os cônjuges em casais mistos, desde que a iniciativa seja da parte descrente (1 Co 7.15). Fora isso, o divórcio será adultério, caso o divorciado ou a divorciada contraia novas núpcias.


            I. O DIVÓRCIO NO CONTEXTO BÍBLICO

1. O divórcio no contexto do Antigo Testamento O clímax desses debates aconteceu pouco antes do nascimento de Cristo. Havia nos dias de Herodes, o Grande, dois rabinos que fundaram escolas: um deles chamava-se Shammai, extremamente radical, e o outro, Hillel, liberal. Eles discutiram sobre o assunto.

Shammai insistia dizendo que o divórcio seria legítimo somente em caso de adultério. A Mishná afirma que Shammai interpretava a expressão “coisa indecente” como pecado imoral (Gittin IX. 10). Ainda há muitos que pensam dessa maneira, acreditando que tal expressão diz respeito ao pecado pré-marital. O adultério era punido com a morte: “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera” (Lv 20.10); “Quando um homem for achado deitado com mulher casada com marido, então, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, tirarás o mal de Israel” (Dt 22.22). Se ambos, adúltera e adúltero, deviam ser apedrejados, logo não havia espaço para o divórcio. Visto que essa mesma lei se aplicava também ao pecado pré-marital: “Porém, se este negócio for verdade, que a virgindade se não achou na moça, então, levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão com pedras, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim, tirarás o mal do meio de ti” (Dt 22.20,21), tal interpretação é inconsistente.

Hillel, por outro lado, insistia que o divórcio podia ser aprovado por qualquer razão apresentada pelo marido. Relacionava a expressão “coisa indecente” a qualquer coisa de que o marido não gostasse na mulher. O rabino Akiva (falecido em 132 d.C.) interpretava a referida “expressão” como tendo o homem direito de se divorciar de sua mulher, caso encontrasse outra mais bonita. Alfred Edersheim, citando a Mishná, diz que “coisa indecente” para Hillel era “no sentido mais amplo possível, e declarava que havia base para 0 divórcio, se uma mulher perdia o jantar do seu marido” (EDERSHEIM, vol. 2, 1989, p. 280). Por exemplo, continua Edersheim, se passasse a achar feia a sua mulher, isso era considerado “coisa indecente”. Se a comida preparada por ela já não 0 agradasse, era também tido como “coisa indecente”. Assim, o homem se divorciava quando quisesse.

2. O divórcio no contexto do Novo Testamento - O divórcio a que Jesus se refere é o mesmo da lei de Moisés (Dt 24.1-4), o que significa permissão para novas núpcias, pois ele disse: “E qualquer que casar com a repudiada comete adultério” (v. 32b). Considerava a existência do novo casamento. Ele repete essa observação na discussão com os fariseus (Mt 19.9). A lei não proíbe as novas núpcias da parte culpada no divórcio, pois a mulher em quem foi encontrada “coisa feia” tinha a mesma permissão para se casar outra vez (Dt 24.1,2). Jesus, contudo, não deixou a situação da mesma maneira que Moisés, já que a parte culpada estará em adultério se contrair novas núpcias, bem como o cônjuge, o seu novo cônjuge estará também em adultério (Mc 10.11,12). Não são poucos os que recusam a aceitar a autenticidade da cláusula de exceção: “a não ser por causa de prostituição”. Afirmam que se trata de interpolação posterior acrescentada por copistas ou escribas. Essa era a grande controvérsia das escolas rabínicas, principalmente das disputas entre os seguidores de Hillel e os de Shammai. Os fariseus queriam saber de qual deles Jesus seria partidário, porém o Mestre foi mais profundo, desconsiderou totalmente essas escolas rabínicas e reivindicou a Palavra de Deus. A pergunta era sobre a base para o divórcio, entretanto Jesus começou a sua resposta pelo casamento, levando as autoridades judaicas à Palavra de Deus. Nos w. 4-6 vemos que o Senhor Jesus foi além da letra, baseando-se no espírito da lei de Moisés. Ele recorreu aos propósitos originais de Deus com relação ao casamento estabelecido desde o princípio. Primeiro ele combinou as palavras de Gênesis 1.27, “macho e fêmea os criou”, com as de Gênesis 2.24, “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (w. 4, 5), mostrando com isso que Deus é o Criador também da sexualidade humana e que o casamento é uma ordem divina.

Ambos são de origem divina. Ele também afirmou que o texto sagrado da criação diz respeito à indissolubilidade do matrimônio, com as seguintes palavras: “Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (v. 6). A expressão de Jesus em foco diz respeito ao propósito divino e original para o casamento. Diante da resposta de Jesus, que provou nas próprias Escrituras dos judeus que Deus instituiu o casamento originalmente indissolúvel, perguntaram-lhe os fariseus: “Por que mandou então Moisés dar carta de divórcio e repudiar?” (v.7; Mc 10.4). Jesus já havia dito que o divórcio nunca esteve no propósito divino e que Moisés não mandou nem estabeleceu esse repúdio, mas simplesmente o permitiu. Os fariseus queriam saber por que isso estava na lei de Moisés e Jesus respondeu: “Por causa da dureza do vosso coração que Moisés permitiu repudiar vossas mulheres; entretanto, não foi assim desde o princípio” (v. 8). As autoridades judaicas eram incapazes de compreender entre a vontade absoluta de Deus (Gn 1.27; 2.4) e a provisão legal como concessão temporária ao pecado humano (Dt 24.1-4).

A palavra grega usada para “dureza de coração” é sklêrokardia, formada das palavras skleros, “seco, duro, áspero, dificultoso, exigente” que diz respeito ao homem extremamente obstinado, e kardia, “coração”. Essa combinação só aparece no grego bíblico, tanto no Novo Testamento grego como na LXX (Dt 10.16; Jr 4.4). Com isso Jesus dizia que o divórcio estava fora do plano de Deus desde o princípio. Ele mostrou que se trata de uma concessão ao pecado humano como provisão da misericórdia divina para limitar os danos procedentes da pecaminosidade humana. Podia servir, por exemplo, como saída honrosa numa situação de infidelidade (Mt 1.19). Uma vez que a mulher era considerada um objeto, que podia até ser comprada por alguém, o divórcio veio como válvula de escape, como proteção para ela. Jesus restaurou a posição da mulher, reconhecendo o seu direito de se divorciar do marido, conforme previam as legislações romana e grega (Mc 10.11,12). Assim, ele conferiu à mulher os mesmos direitos do homem, conforme o plano de Deus no princípio. O adultério é um dos efeitos da queda no Éden. Todo o adultério é pecado, mas nem todo o pecado é adultério. O segundo casamento depois do divórcio é adultério, são palavras do Senhor Jesus; portanto, é um risco muito grande alguém querer se aventurar nessa inglória empreitada. É um casamento que estará sob contínuo julgamento divino.


            II. A SUTILEZA DA NORMALIZAÇÃO DO DIVÓRCIO

1. O divórcio no seu aspecto legal - No Brasil, a partir da Constituição de 1967, com o advento da Emenda Constitucional de 28 de junho de 1977, foi permitido, de forma muito tímida e restrita, o instituto do divórcio. Para regulamentar o referido dispositivo constitucional foi editada a Lei n° 6.515/1977, que passou a disciplinar todos os procedimentos para a efetivação do divórcio, cujo pedido, à época, podia ser formulado por uma pessoa somente uma vez.

Só com o advento da Constituição Federal de 1988 é que a matéria foi institucionalizada, tendo o texto magno inserido este instituto de forma positiva no ordenamento jurídico nacional. A Constituição Federal vigente trata do divórcio no seu Art. 226, parágrafo 6.

O Supremo Tribunal Federal reconheceu que a Lei n° 6.515/1977, com as modificações que lhes deram as Leis n° 7.841/1989 e n° 8.408/1992, foi admitida na atual ordem constitucional do país. O Código Civil vigente (Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002) também disciplinou a matéria a partir do Art. 1.571 até o Art. 1.582. Dando um passo em direção à celeridade processual, foi editada a Lei n° 11.441 /2007, a qual autoriza que a separação e o divórcio consensuais, assim como a partilha de bens, em que não haja interesse de menores, sejam feitos diretamente em cartório, desde que com a presença obrigatória de advogado.

2. O divórcio no seu aspecto moral - A CGADB só reconhece o Divórcio no âmbito ministerial de seus membros nos casos de infidelidade conjugal, previstos na Bíblia sagrada e expressos em Mt. 5:31-32; 19:9, devidamente comprovados. As Convenções Estaduais deverão esgotar todos os esforços possíveis no sentido de promover a reconciliação do Ministro e sua esposa, antes de serem ajuizadas Ações de Divórcio. Esta CGADB não reconhece, no âmbito da vida ministerial de seus membros, a situação de União Estável. O Ministro, membro desta CGADB, divorciado nos termos do disposto no art. 1º. desta Resolução ou no caso onde a iniciativa do divórcio partir da sua esposa (1Co 7.15), poderá permanecer ou não, na função ministerial, decisão essa que ficará a cargo da Convenção Estadual da qual é filiado, facultando-se lhe o direito de recurso para Mesa Diretora e para o para o Plenário desta Convenção Geral. O Ministro, vítima de infidelidade conjugal por parte de sua esposa, poderá contrair novas núpcias, respeitados os princípios bíblicos que norteiam a união conjugal, nos termos da permissibilidade concedida por Cristo, em Mateus 5.31 e 32; 19.9, ficando cada caso a ser examinado e decidido pelas Convenções Estaduais. Quando o Ministro der causa ao divórcio, a sua permanência ou retorno ao ministério dependerá de exame e decisão da Convenção Estadual, facultando-se lhe ampla defesa, sendo-lhe também assegurado recurso para a Mesa Diretora e para o plenário da Convenção Geral. O Ministro, membro desta CGADB que acolher Ministro divorciado sem a observância do disposto na presente Resolução, será responsabilizado disciplinarmente, no âmbito desta Convenção Geral. Ficam os Presidentes de Convenções e demais membros desta CGADB autorizados a divulgar entre a membresia das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus em todo o território nacional, o inteiro teor desta Resolução.

Uma análise dessa resolução da CGADB demonstra pelo menos três coisas:

  1. O divórcio é permitido entre pastores no caso de infidelidade conjugal por parte da esposa;
  2. A decisão de o ministro continuar ou não no exercício da prática pastoral ficará a cargo de cada convenção regional/estadual da qual o ministro é membro;
  3. O reconhecimento ou não do direito a um novo casamento dependerá de aprovação da convenção regional da qual o ministro faz parte.

Esse documento mostra que, por não haver unanimidade em torno desse assunto na esfera convencional, a CGADB admitiu a possibilidade do divórcio entre pastores nos casos especificados, mas deixou a cargo das convenções regionais decidirem sobre o assunto. Isso porque enquanto algumas convenções são mais liberais em torno do divórcio, admitindo-o entre seus ministros, outras são bem mais conservadoras, não aceitando em seus quadros ministros divorciados. Um exemplo claro dessa última posição pode ser vista na resolução que a CEADEP, Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Piauí, que em 2019 publicou uma resolução sobre o assunto:

Esta Convenção não aceita o divórcio entre seus ministros em qualquer hipótese, e o que vier a se divorciar por qualquer motivo, será imediatamente suspenso de suas atividades e desligado da CEADEP.

Fica claro que essa resolução da CEADEP parte do princípio de que, mesmo sendo legal um ministro do evangelho se divorciar, contudo, não é moral a sua permanência à frente de uma igreja. Esse entendimento, entretanto, como já foi mostrado, não é unanimidade no Brasil assembleiano. Há convenções que acreditam que a resolução da CGADB concernente ao divórcio é inteiramente legal e mais justa e por isso a seguem. No que tange ao divórcio de pastores, a recomendação dada pela CGADB na sua resolução parece ser o melhor caminho a trilhar: “As Convenções Estaduais deverão esgotar todos os esforços possíveis no sentido de promover a reconciliação do ministro e sua esposa, antes de serem ajuizadas Ações de Divórcio”.


            III. O DIVÓRCIO E APRÁTICA PASTORAL

1. A pessoa do divorciado - Tristeza e depressão

Passar pelo divórcio provavelmente seja a coisa mais difícil que já tenha lhe ocorrido. Sejam quais forem as razões pelas quais se deu o seu divórcio, separar-se da pessoa com quem você planejou construir uma vida e uma família é absolutamente devastador. É normal sentir tristeza e rejeição nessa situação, e é fácil tais sentimentos transformarem-se em depressão. Seus filhos podem se sentir rejeitados, mesmo você tendo lhes garantido que o divórcio não é culpa deles. Os seus coraçõezinhos provavelmente estão tão despedaçados quanto o seu.

Jesus também sabe como é estar oprimido pela tristeza por causa da rejeição daqueles que ele amava. Na noite em que foi traído por um amigo, ele disse: “A minha alma está profundamente triste até à morte” (Mt 26.38). A traição de Judas foi somente o começo da traição que experimentou. Essa afirmação se dá enquanto Jesus agoniza sobre o horror da cruz que está prestes a enfrentar em favor daqueles que o traíram. Ele escolheu sofrer e ser oprimido pelo sofrimento para nos salvar. Quando nós meditamos sobre a angústia emocional que Jesus escolheu sofrer, não resta dúvidas de que ele é verdadeiramente o único homem de dores capaz de prover consolo para nós e nossos filhos. O amor demonstrado por meio de sua entrada voluntária em nossa dor é insondável e nos garante que ele compreende por completo a nossa dor.

Pense em quão terrível é a nossa própria dor e imagine escolher suportá-la.

À medida que você sofrer no decorrer dessa experiência, você passará a conhecer o amor do seu Salvador de forma mais profunda enquanto se apega a ele. Ele está muito perto de você e de seus filhos, e saber disso pode gerar grande alegria mesmo em meio à tristeza. O Salmo 31 é escrito a partir da perspectiva de alguém que conhece o sofrimento. Os olhos dele haviam sido consumidos pela tristeza, e sua alma e corpo, pela dor (vs. 9-10). Jesus cita o versículo 5 desse salmo pouco antes de morrer: “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito”, demonstrando uma confiança maravilhosa em Deus durante uma experiência horrenda. No entanto, Jesus cumpre esse salmo não citando-o apenas, mas tornando-se o refúgio que o salmista busca. Deus provê refúgio para você e seus filhos ao lhes entregar o seu Espírito Santo por meio de Cristo (v. 20). Ele lhes demonstrou um amor maravilhoso ao adentrar a sua dor (v. 21), e vocês podem confiar nele (v. 14) por conta daquilo que ele fez na cruz. Você e os seus filhos podem refugiar-se nele porque vocês sabem o quanto ele os ama em vista do que fez por vocês em Jesus. Ataques de fúria, mau humor, acessos de raiva, portas batidas, rejeição, irritabilidade e impaciência podem fazer parte da sua vida após o divórcio. Como animais feridos, muitos de nós atacamos quando estamos magoados.

2. O divórciado como cristão - DIVÓRCIO NO CONTEXTO DO CASAL CRISTÃO

Ao tratar sobre a questão do divórcio, o apóstolo Paulo, basicamente, menciona duas situações distintas. A primeira delas é o divórcio no contexto de um casal cristão. É possível que algumas pessoas naquela igreja de Corinto, assim como nos nossos dias, pensassem no divórcio por não estarem satisfeitas com sua relação conjugal, sentindo-se incompletas ou incompatíveis com seu cônjuge. Entretanto, olhando para o contexto daquela sociedade, podemos imaginar também que eles questionavam se era razoável continuar casado ou ter relações sexuais agora que se tornaram renovados espiritualmente. Independentemente da razão que os levassem a considerar o divórcio, o apóstolo defende uma única posição, como lemos no versículo 10 da nossa passagem de estudo: Aos casados dou este mandamento, não eu, mas o Senhor: Que a esposa não se separe do seu marido.

Em Mateus 19.3-6, também é dito: Ele respondeu: Alguns fariseus aproximaram-se dele para pô-lo à prova. E perguntaram-lhe: “É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?” 4 Ele respondeu: “Vocês não leram que, no princípio, o Criador ‘os fez homem e mulher’ 5 e disse: ‘Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’? 6 Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe”. Existiam entre o meio rabínico duas escolas predominantes. A escola de Shamai considerava o divórcio por algum motivo especial, enquanto que a de Hillel permitia o divórcio em qualquer situação. Frente a essas linhas de pensamento, os fariseus resolver questionar Cristo acerca dos motivos que podem ou não levar ao divórcio. Como lemos nos versículos acima, Jesus diz claramente que a ordem de Deus não está relacionada com as razões alguém pode ou não se divorciar.

A ordem de Deus é que, se alguém se uniu, não se separe.

Portanto, é com base nessas palavras do Senhor que o apóstolo Paulo afirma nos versículos 10 e 11: Aos casados dou este mandamento, não eu, mas o Senhor: Que a esposa não se separe do seu marido. 11 …E o marido não se divorcie da sua mulher. Uma vez que o casamento foi idealizado e estabelecido por Deus, Ele deu todas as orientações e recursos necessários para que as pessoas possam viver conjugalmente da melhor maneira. O problema dos coríntios é que eles estavam sendo negligentes em sua espiritualidade. O fato de eles serem carnais e não levarem Deus a sério afetava não apenas a vida da comunidade, mas também o seu relacionamento conjugal. O propósito de Deus não é que se suportem dentro do casamento, mas que vivem dentro de um contexto conjugal que valha a pena.

QUANDO NÃO DÁ MAIS PARA AGUENTAR

É possível também, ainda dentro do contexto de um relacionamento entre um casal cristão, que ambos cheguem à conclusão de que não é possível continuar, que suas personalidades não estão de acordo ou que eles não se amam ou não são amados. Observe o que Paulo diz sobre isso nos versículos 10 e 11: Aos casados dou este mandamento, não eu, mas o Senhor: Que a esposa não se separe do seu marido. 11 Mas, se o fizer, que permaneça sem se casar ou, então, reconcilie-se com o seu marido. E o marido não se divorcie da sua mulher. Há a probabilidade de isso acontecer. Eu já tive a oportunidade de tirar uma arma de um marido que estava bastante irado com sua esposa. Também já disse para um marido sair de casa, aconselhando-o a separar-se. Em algumas circunstâncias, a separação, ainda que não seja a melhor solução, é o menor mal. Porém, o que o apóstolo nos diz é que, mesmo que se separem, não deverão casar-se novamente. Sendo assim, uma das soluções, caso você reconheça que seja inevitável, é a separação, mas sem a possibilidade de um segundo casamento. A outra opção é a tentativa de reconciliação e restauração do casal. Pode parecer algo extremamente restritivo, os discípulos também acharam, mas é o que nos diz a palavra de Deus.


AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Superintendente e Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

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                                    BIBLIOGRAFIA


BIBLIA DE ESTUDO KING JAMES ATUALIZADA

BÍBLIA ALMEIDA SÉCULO 21

Livro Casamento, Divórcio E Sexo A Luz Da Bíblia, Esequias Soares-  Editora CPAD

Livro Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo, JOSÉ GONÇALVES - Editora CPAD.

Livro Filhos e divórcio ajuda quando a vida é interrompida, ANY BAKER - Editora Fiel.

Publicação do Ministério de Comunicação da Igreja Batista Cidade Universitária, FERNANDO LEITE

https://professordaebd.com.br/4-licao-3-tri-22-a-sutileza-da-normalizacao-do-divorcio/






































segunda-feira, 11 de julho de 2022

LIÇÃO 3 A SUTILEZA DA IMORALIDADE SEXUAL

                               

Profº Pb. Junio - Congregação Boa Vista II.


        TEXTO ÁUREO

"Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo." (1CO 6.18)


        VERDADE PRÁTICA

As escrituras condenam toda forma de prática sexual fora da esfera do casamento constituído por Deus.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1CO 6.15-20; RM 1.26-28


             INTRODUÇÃO

A virgindade antes do casamento era fator crucial para mulheres no Antigo Testamento, mas aparentemente não era respeitada para homens. Isso ajudava a evitar a confusão das linhagens familiares e, em sua essência, servia aos mesmos propósitos das leis contra o adultério. A procriação era tratada como um bem sem qualificação, contanto que mantida dentro das leis indicadas acima. O casamento era considerado o estado normal para homens e mulheres. O celibato era absolutamente estranho à mentalidade hebraica e judaica e, longe de deixar um homem mais qualificado espiritualmente, era considerado um dano ao homem e à sociedade. Os líderes judeus eram quase necessariamente homens casados, e a família era muito mais importante do que alguma piedade artificial e pessoal que possa ter sido promovida através do celibato.


        I. A REVOLUÇÃO SEXUAL

1. Um novo paradigma para a sexualidadeO matrimônio na sociedade israelita

Herdeira da cultura babilônica e egípcia, a sociedade israelita proclama o matrimônio como monogâmico (uma só mulher). O Código de Hamurabi (por volta de 1700 aC) determinava que o casamento do homem seria com uma única mulher. Ele só poderia tomar uma segunda esposa (convivendo com a primeira) se a primeira fosse estéril8. Na tradição israelita patriarcal (cf. Gn 12-50) encontra-se o caso de Abraão que, por Sarai ser uma mulher estéril, tem a permissão de tomar uma serva egípcia, chamada Agar, para prolongar sua descendência (Gn 12,5ss). Mais tarde, a primeira esposa Sarai lhe dá Isaac, que passa a ser o filho da promessa (Gn 17,17-19).

Na sociedade israelita, a filha não-casada está sob a tutela do pai, e a esposa sob a dependência do marido.

2. A quebra de um " tabu " - SEXO E PECADO

“Geralmente, se ouve que há entre vós fornicação e fornicação tal, qual nem ainda entre os gentios como é haver quem abuse da mulher de seu pai”. (1 Co 5). “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula, pois aos devassos e adúlteros Deus os julgará”(Hb 13.4). A relação sexual ENTRE NÃO CASADOS é pecado, ainda que sejam namorados, noivos ou comprometidos. O ADULTÉRIO, proibido pelo sétimo Mandamento (Êx 20.14), abrange os vários tipos de imoralidade e pecados sexuais. Homens e mulheres, adolescentes, jovens e adultos, devem permanecer puros, abstendo-se de qualquer atividade sexual que não seja no compromisso do matrimônio.  “Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o que se prostitui peca contra seu próprio corpo”. (1 Co 6.18).

Os jovens devem seguir o caminho estreito que leva à vida eterna. A mídia, os amiguinhos, os ímpios, os entrevistadores televisivos sem compromisso com a Palavra, afirmam que o sexo entre jovens é normal, principalmente quando há compromisso formal. Esta é a palavra do mundo. Os cristãos verdadeiros não fazem parte desse sistema mundano.  Somos guiados, orientados e conduzidos pela palavra de Deus. Deus considera ilícito o ato sexual realizado entre não casados, e a isto dá-se também o nome de imoralidade ou impureza sexual. Não só o ato sexual propriamente dito deve ser evitado por quem deseja consagrar-se a Deus e crescer em santidade; as carícias que envolvem toques e outras práticas impuras não são compatíveis com a vida cristã. No mundo atual o sexo é banalizado e não raro confundido com amor. Daí a expressão “fazer amor” referindo-se a um relacionamento íntimo.  A prática sexual entre jovens está de tal forma disseminada que os líderes religiosos, desavisados, negligentes, claudicantes, fracos na fé, ficam por vezes confusos e titubeantes no aplicar corretamente a Palavra, no transmitir a orientação correta. Sucumbem diante da avalanche de depravação e das práticas imorais. Casos há em que eles próprios deixam-se levar pelo grito da carne.   Tais desvios chegam ao ponto em que denominações que se dizem cristãs acolherem homossexuais em suas fileiras, não para os evangelizá-los; não para lhes combater a imoralidade; não para indicar-lhes o caminho da santidade, mas para acariciar seus pecados; para tolerar a perversão sexual que praticam. O adultério, a fornicação, o homossexualismo, os desejos impuros e as paixões degradantes são pecados graves aos olhos de Deus por serem transgressões da lei do amor” (Bíblia de Estudos Pentecostal, pag 1921). Vejam as advertências:

“Esta é a vontade de Deus para vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra; não no desejo da lascívia, como os gentios, que não conhecem a Deus” (1 Ts 4.3-5).

“Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24).  O sexo é permitido, então, somente quando ambos, homem e mulher, estão unidos pelo matrimônio, formando uma só carne.

“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis:  nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas…herdarão o reino de Deus” (1 Co 6.9). “Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação”(Lv 18.22; 20.13).


            II. AS PRINCIPAIS DISTORÇÕES DA SEXUALIDADE SADIA

1. A prática da fornicaçãoFORNICAÇÃO (porneía, significa falta de castidade ou imoralidade). Algumas formas do termo porneía aparecem quarenta e sete vezes no NT.

Quatro conceitos diferentes são óbvios no NT:

1) Em 1 Coríntios 7.2 e 1 Tessalonicenses 4.3 Paulo adverte os não casados sobre a tentação à fornicação. Em ambos os casos ele defende o casamento para prevenir uma vida de solteiro da imoralidade sexual. Em ambos os casos fornicação refere-se à voluntariedade na relação sexual de uma pessoa solteira com alguém do sexo oposto. O sentido é específico e restrito. Em quatro outras passagens a palavra fornicação é usada em uma lista de pecados que inclui “adultério” (Mt 15.19, Mc 7.21; ICo 6.9; G1 5.19) Visto que o adultério envolve uma pessoa casada, o sentido de fornicação nesta passagem é específico e restrito, envolvendo a falta de castidade voluntária de pessoas solteiras.

2) Em duas passagens (Mt 5.32; 19.9), fornicação é usada num sentido mais amplo, como sinónimo de adultério.

3) Em algumas passagens fornicação é usada em um sentido geral, referindo-se a todas as formas de falta de abstinência sexual (Jo 8.41; At 15.20,29; 21.25; Rm 1.29; ICo 5.1; 6.13; 18;2Co 6.17; 12.2; Ef 5.3).

4) Em outras passagens fornicação se refere à devassidão e prostituição (e.g., Ap 2.14; 20; 21). Visto que a palavra fornicação tem muitos tons de significado, este precisa ser definido pelo contexto de cada passagem. De sete listas dos males nos escritos de Paulo, a palavra fornicação encontra-se em cinco delas (ICo 5.11; 6.9; G1 5.19; Ef 5.3; Cl 3.5) e é sempre a primeira da lista. Jesus relacionou a fornicação ao adultério quando disse “qualquer um que olhar para uma mulher com intensão impura [com pensamento de relação sexual], no coração, já adulterou com ela”, (Mt 5.28). R. C. H. Lenski interpreta que “qualquer um” inclui tanto o homem quanto a mulher, casados e solteiros. Portanto, Jesus diz que relações sexuais de pessoas solteiras (fornicação) é tão nociva quanto relações fora do matrimônio (adultério). Note que, possivelmente, pessoas solteiras estão incluídas no significado de fornicação em todas estas passagens que se referem a adultério, imoralidade, prostituição, et al. Aqueles que dizem que o NT não faz referências às relações pré-matrimoniais e não dá nenhum conselho sobre os problemas pessoais e sociais envolvidos, estão fazendo vistas grossas ao uso e significado da palavra fornicação, especialmente em passagens como 1 Coríntios 7.2, e 1 Tessalonicenses 4.3. Veja Adultério.

2. Adultério: Não é crime, mas é pecado - O ADULTÉRIO E A DISCIPLINA DA IGREJA

A lei contra o pecado de adultério era extremamente severa no Antigo Testamento. Esses infratores deviam ser punidos com a morte (Lv 20.10; Dt 22.22). Alguns princípios da lei de Moisés jamais foram observados, como, por exemplo, o ano do jubileu (Lv 25.8-55) que, à luz de 2 Crônicas 36.21, o povo havia esquecido. Com relação ao adultério, parece que nos primeiros séculos da história de Israel essa punição foi-se afrouxando e aos poucos deixou de ser observada, salvo em casos esporádicos. No livro do profeta Oseias tem-se a impressão de que essa prática estava abandonada no reino do Norte, mas o profeta Ezequiel ainda menciona essa sanção da lei mosaica (16.38-40). No período interbíblico, segundo a Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, essa prática deixou de ser observada (p. 482). O episódio da mulher adúltera, registrado em João 8.1-11, foi uma anomalia. A lei existia, mas ninguém ousava colocá-la em prática. Os escribas e fariseus pressionaram a Jesus, com o único objetivo de atingi-lo. A aplicação dessa lei era algo anormal, e, além disso, eles trouxeram apenas a mulher, ignorando o seu parceiro, o que também contrariava os princípios legais.

Quando essa disciplina foi totalmente abandonada, é assunto obscuro.

Guy Duty, em sua obra, Divórcio e Novo Casamento, afirma que procurou descobrir na Biblioteca Pública de Nova Iorque, na seção judaica, a data exata em que a pena de morte para os adúlteros foi abolida, e tudo o que conseguiu do bibliotecário foi que o Talmude afirma que isso ocorreu 40 anos antes da destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C. Essa afirmação, segundo o próprio Guy Duty, não pode ser consubstanciada em outra literatura antiga (p. 34). William L. Coleman afirma, em seu livro Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, que o adultério já não era uma questão de vida ou morte nos dias de Cristo. Por causa da influência pagã, os judeus não executavam os adúlteros (p. 119). No Novo Testamento essa pena foi abolida, pois predomina a lei do amor: “Vai-te e não peques mais” (Jo 8.11). Esse princípio é válido para os pecadores que estão na ignorância e precisam de perdão e de um encontro pessoal com o Senhor Jesus (Jo 6.37). William L. Coleman apresenta, como alternativa, que o divórcio mencionado em Mateus 5.32 foi uma espécie de válvula de escape, para livrar os culpados desse pecado da morte (p. 119). O perdão de Jesus, aplicado à mulher adúltera, não isenta da disciplina os crentes que caem em adultério.

O Senhor Jesus Cristo delegou à Igreja a autoridade para excluir do rol de membros os que praticam esses e outros tipos de pecado. Delegou também autoridade para reconciliar com a Igreja os que se arrependem (Mt 16.19; 18.18). O apóstolo Paulo identifica exclusão como “entregar a Satanás” (ICo 5.5; lTm 1.20), e Jesus fala de “considerar gentio e publicano” (Mt 18.17). O que as autoridades eclesiásticas não devem nem podem anunciar no púlpito é o pecado de imoralidade sexual, como o adultério de qualquer membro; isso é crime e pode terminar em processo nos tribunais. Ninguém tem o direito de tomar pública a intimidade dos outros; isso é violação de privacidade. Não há necessidade disso para resolver um problema de pecado na Igreja. O infrator deve, sim, e precisa ser cortado da comunhão, mas o Novo Testamento não obriga ninguém a tornar público o seu pecado.

3. Homossexualidade: Uma contradição da ordem naturalSegundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a homossexualidade é a condição de homossexual, e o homossexualismo é a prática amorosa ou sexual entre indivíduos do mesmo sexo (p. 1.033). É a atração sensual entre pessoas do mesmo sexo. Desde os tempos do Antigo Testamento as práticas homossexuais estiveram ligadas ao culto pagão, na “prostituição sagrada”, também chamada de “prostituição cúlüca”. O homossexualismo é conhecido também como pecado de Sodoma, pois nessa cidade foi praticado de forma generalizada.

Existem igrejas e pastores gays que procuram negar a condenação bíblica de suas práticas, usando para isso recursos que consistem em modificar o sentido das palavras na língua original da Bíblia. Um deles, numa entrevista à revista Época (n° 254 de 31/03/2003), afirma que a Bíblia não condena a prática homossexual e reinterpreta duas passagens bíblicas que falam sobre o assunto (Lv 18.22; 1 Co 6.9). Assegura que a palavra hebraica, usada para “abominação”, em hebraico, toevah, “indica na verdade uma impureza ritual, não algo intrinsecamente mau” (p. 17), e que as palavras gregas usadas para “efeminados” e “sodomitas” não têm a mesma equivalência dos atuais homossexuais, sendo nossas versões um disparate. O presente capítulo pretende mostrar o pensamento bíblico sobre essa prática e a situação da Igreja diante de uma sociedade cada vez mais permissiva.

CONSIDERAÇÕES BÍBLICAS

Há sete passagens bíblicas que fazem menção dessa prática, todas condenando ou mostrando-a como algo negativo:

4 E, antes que se deitassem, cercaram a casa os varões daquela cidade, os varões de Sodoma, desde o moço até ao velho; todo o povo de todos os bairros. 5 E chamaram Ló e disseram-lhe: Onde estão os varões que a ti vieram nesta noite? Traze-os fora a nós, para que os conheçamos (Gn 19.4, 5). => 4 Mas, antes que eles fossem dormir, todos os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, cercaram a casa. 5 Eles chamaram Ló e perguntaram: — Onde estão os homens que entraram na sua casa esta noite? Traga-os aqui fora para nós, pois queremos ter relações com eles (Gn 19.4,5 [NTLH)].

Com varão te não deitarás, como se fosse mulher: abominação é […] Quando também um homem se deitar com outro homem como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue é sobre eles (Lv 18.22; 20.13).

Estando eles alegrando o seu coração, eis que os homens daquela cidade (homens que eram filhos de Belial) cercaram a casa, batendo à porta; e falaram ao velho, senhor da casa, dizendo: Tira para fora o homem que entrou em tua casa, para que o conheçamos (Jz 19.22). => Enquanto eles conversavam alegremente, alguns homens imorais daquela cidade cercaram a casa e começaram a bater na porta. E disseram ao velho: — Traga para fora o homem que está na sua casa! Nós queremos ter relações com ele (Jz 19.22, NTLH).

24 Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; 25 pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente.

26 Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. 27 E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. 28 E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém (Rm 1.24-28).

Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus (ICo 6.10)

9 Sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, 10 para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina (1 Tm 1.9,10).

Como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição (Jd 7, ARA).

Líderes das igrejas gays alegam que a Bíblia não condena tais práticas e procuram reinterpretar essas passagens. Dizem que o verbo “conhecer”, como aparece no relato da destruição das cidades de Sodoma e Gomorra, em Gênesis 18 e 19, não significa necessariamente “fazer sexo”. Dessa forma, querem dizer que a tradição judaico-cristã errou ao longo dos séculos ao associar o pecado de Sodoma à prática homossexual. Quando essa linha de pensamento é cotejada com o contexto bíblico, vem à tona a falácia de tal interpretação. A repulsa bíblica às práticas homossexuais não se restringe apenas à destruição de Sodoma e Gomorra. É verdade que o verbo hebraico nessa passagem éyada’, que significa “conhecer, saber” (DITAT, p. 597), traduzido por “conhecer” (Gn 19.5; Jz 19.22), na ARC, mas também é verdade o seu emprego como eufemismo no Antigo Testamento para designar a relação sexual: “E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim […] E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela teve um filho e chamou o seu nome Sete” (Gn 4.1,25); “E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu e teve a Enoque” (Gn 4.17). Quando Ló apresentou as suas duas filhas aos varões de Sodoma, disse: “Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram varão” (Gn 19.8). No Novo Testamento não é diferente. Quando o anjo Gabriel anunciou a Maria o nascimento de Jesus, ela perguntou: “Como se fará isso, visto que não conheço varão?” (Lc 1.34).

O sentido de uma palavra bíblica e em qualquer texto literário deve ser entendido à luz do seu contexto. Note que Ló pediu para os varões de Sodoma não fazerem mal aos seus hóspedes: “Rogo-vos que não façais mal” (Gn 19.7) e acrescentou: “Eis aqui, duas filhas tenho, que ainda não conheceram varão; fora vo-las trarei, e fareis delas como bom for nos vossos olhos; somente nada façais a estes varões, porque por isso vieram à sombra do meu telhado” (Gn 19.8). Qual o sentido de Ló oferecer suas duas filhas aos varões de Sodoma afirmando serem elas virgens e que eles poderiam praticar com elas o que quisessem? Ló esclareceu ainda que seus hóspedes procuraram sua casa para se livrarem do assédio dos moradores da cidade.

Representantes da literatura rabínica a partir do século II a.C. tais como Filo de Alexandria e Flávio Josefo, chocados, identificaram o pecado de Sodoma com as práticas homossexuais da sociedade grega. Esse é também o pensamento do Novo Testamento, que para os cristãos é a palavra final: “Como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição” (Jd 7, ARA). A verdade é que o pecado de Sodoma não foi apenas esse, mas um deles. Afirmar não haver nesse relato vínculo com a prática homossexual é uma “camisa de força”, uma interpretação inconsistente que não se sustenta. O livro de Levítico afirma ainda que tal prática deveria ser punida com pena capital. “Quando também um homem se deitar com outro homem como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue é sobre eles” (20.13). Mas Jesus morreu por todos os pecadores (ICo 15.2; 1 Jo 2.2), na fé cristã a exclusão do rol de membros substitui a pena de morte. O incesto, por exemplo, era punido com a morte na antiga aliança (Lv20.11,12,14). No entanto, o apóstolo Paulo simplesmente ordenou que o praticante de tal pecado fosse excluído do rol de membros da Igreja (ICo 5.1-5), mas depois que o pecador se arrependeu voltou à comunhão (2Co 2.5-10). Da mesma forma a prática homossexual não pode ser aceita nem reconhecida pela Igreja (ICo 6.10).

Deus criou o homem, “macho e fêmea os criou” (Gn 1.27), para a sua glória, portanto ninguém vive para si, mas para fazer a vontade divina. A verdadeira felicidade humana está em cumprir a vontade do Criador. O ser humano, contudo, se afastou de Deus, e isso o levou à idolatria e depois à imoralidade. A consequência dessa apostasia é a imoralidade, incluindo o homossexualismo, tanto masculino como feminino. Isso está claro em Romanos 1.19-28. O texto sagrado diz que “Deus os abandonou às paixões infames” (Rm 1.26), porque não o reconheceram. O apóstolo considera, ainda, tais práticas como “torpeza” (Rm 1.27), uso não natural, “contrário à natureza” (Rm 1.26); e escreve em outro lugar que os tais “não hão de herdar o Reino de Deus” (ICo 6.9). O apóstolo Paulo afirma que alguns sodomitas e efeminados de Corinto foram libertados e serviam a Deus na igreja: “E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus” (ICo 6.11).


            III. O PADRÃO BÍBLICO PARA UMA SEXUALIDADE SADIA

1. O sexo atende uma necessidade da criaçãoDeus, tendo-os feito capazes de transmitir a natureza que haviam recebido, lhes disse, Frutificai, e multiplicai-vos, e povoai a terra. Aqui, o bondoso Senhor lhes deu: 1. Uma grande herança: Povoai a terra; é isto que é outorgado aos filhos dos homens. Eles foram feitos para habitar sobre a face de toda a terra, Atos 17.26. Este é o lugar em que Deus estabeleceu o homem para sei’ o servo da sua providência no governo das criaturas inferiores, e, por assim dizer, a inteligência deste mundo. Ser o destinatário da abundância de Deus, da qual outras criaturas vivem dependentes, mas não sabem disso. Ser igualmente o coletor de seus louvores neste mundo inferior, e pagá-los ao tesouro de cima (SI 145.10). E, finalmente, ser um noviço para um estado melhor. 2. Uma família numerosa e permanente, para desfrutar desta herança, pronunciando uma bênção sobre eles, em virtude do que a sua posteridade deve se estender aos cantos extremos da terra e continuar até o período extremo de tempo. A fertilidade e o crescimento dependem da bênção de Deus: Obede-Edom tinha oito filhos, porque Deus o abençoou, 1 Crônicas 26.5. É devido a esta bênção, que Deus ordenou no princípio, que a raça humana ainda existe. E assim, uma geração passa e outra vem a seguir.

2. O sexo como complementação e satisfaçãoDr. Akin apresenta um ponto excelente. A relação conjugal no casamento deveria ser considerada uma atividade fundamentalmente espiritual? Creio que a resposta seja um sim absoluto. Existe algum caso com base nas Escrituras em que a relação conjugal seja, de alguma forma, menos importante em um casamento do que orar juntos, estudar a Bíblia juntos ou mesmo ir à igreja juntos? Acho que não. Concordo com Tom Gledhill, que em seu ótimo comentário sobre Cantares de Salomão aprecia a dádiva divina da sexualidade no casamento e se expressa com uma franqueza surpreendente (no meu ponto de vista) e animadora que é inteiramente apropriada a esse tópico singular. Essa revelação desembaraçada não deve ser confinada pela ideia de que isso tudo esteja, de alguma forma, abaixo de nossa dignidade, e que seríamos melhores orando do que mantendo a relação conjugal. Essa é uma falsa dicotomia que deve ser banida para sempre. Não precisamos santificar um ato inteiramente natural tendo pensamentos espirituais simultâneos sobre Deus enquanto estamos nos braços de nossa esposa. Impulsos fálicos, levantar o corpo, suspiros, gemidos e risadinhas fazem parte da ordem natural das coisas dada por Deus. É lamentável que quando se trata de sexo a cultura secular vê o cristianismo envolvido primeiramente com proibições. Obviamente, o pecado corrompe a boa dádiva de Deus que é o sexo dissociando-o da aliança do matrimônio e tentando criar uma experiência falsa. Todo uso incorreto da sexualidade é condenado nas Escrituras. A Bíblia nos alerta contra a imoralidade, e o poder da luxúria nunca deve ser negado ou ignorado; então é correto mantê-los em mente. Até em Cantares de Salomão encontramos repetidas admoestações contra a prática sexual prematura (Ct 2.7; 3.5; 8.4). Mas uma vez unidos no casamento, as coisas mudam, amigos! No princípio, Deus olhou para a união entre marido e mulher e viu que era bom. Sua opinião a respeito disso não mudou nem um pouco. Então não vamos ver o sexo meramente como uma parte permitida no casamento ou algo que deve ser tolerado. Sexo no casamento é obrigatório e algo que deve ser celebrado! (Veja 1 Coríntios 7.35 e Efésios 5.31.) O sexo foi criado para o matrimônio, e este foi criado, em parte, para se desfrutar.

3. O pastoreio cristão e a prática homossexualNão importa o que os sentimentos ou as emoções indiquem, nunca é apropriado aconselhar algo contrário à Palavra de Deus.

[..] Tenho aconselhado homossexuais que sinceramente sentem que Deus os criou desse jeito e que, portanto, não tiveram escolha alguma no assunto.

Embora tal argumento possa estar imbuído de sinceridade e emoção, sei que não é válido. Deus não cria as pessoas para serem homossexuais. O estilo de vida homossexual é uma escolha — uma escolha muito errada. E as pessoas podem ser libertas disso — com a ajuda de Deus. Como é que sei disso? Porque as Escrituras ensinam esse fato em numerosos lugares. As Escrituras sempre estão certas. Os conselheiros pastorais podem ter total confiança de que Deus sabe o que está fazendo. Ele nos criou e Ele nos deu um projeto de vida para viver: Suas Santas Escrituras. Todo indivíduo, pouco importando qual seja seu problema pessoal, é uma pessoa de valor, feita à imagem de Deus. Pessoas são preciosas, sejam elas culpadas de homossexualidade, incesto, assassinato ou molestamento de crianças; qualquer que seja seu pecado ou problema, elas têm valor aos olhos de Deus. Deus as ama e as criou para a sua glória. Jesus deseja mudar os seres humanos, independente de qual estilo de vida hajam mantido ou mantenham. Deus pode mudar e ajudar a resolver todo tipo de problema que as pessoas enfrentem. Há esperança para todos. Nós, do ministério, não podemos deter-nos a examinar o comportamento das pessoas, devemos ver o quanto o Senhor quer ajudar cada indivíduo.


AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Superintendente e Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

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                                    BIBLIOGRAFIA


Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, CHAMPLIN, Russell Norman - Editora Hagnos

Livro Homossexualidade e Sexualidade na Bíblia , Izidoro Mazzarolo Alguns tópicos para debate.

Pastor Airton Evangelista da Costa. Sexo é Pecado.

Livro Enciclopédia da BíbliaMERRILL C. TENNEY - Editora Cultura Cristã

Livro Casamento, Divórcio E Sexo A Luz Da Bíblia, Esequias Soares-  Editora CPAD

Comentário Bíblico Matthehw Henry. Deuteronômio.  Editora CPAD

Livro Sexo Romance e a Gloria de Deus. O que todo marido cristão precisa saber, Mahaney C. J. Editora CPAD

Livro Manual Pastor Pentecostal Teologia e Práticas Pastorais, Raymond Carlson -Thomas E .Trask – Loren Triplett – Dick Eastman -Tommy Barnett Charles T. Crabtree – John Bueno – Zenas J. Bicket – Nancie Carmichael.

https://professordaebd.com.br/3-licao-3-tri-22-a-sutileza-da-imoralidade-sexual/

domingo, 3 de julho de 2022

LIÇÃO 02 - A SUTILIZAÇÃO DA BANALIZAÇÃO DA GRAÇA


                        

Profº Pb. Junio - Congregação Boa Vista II.

 LIÇÃO 02 - A SUTILIZAÇÃO DA BANALIZAÇÃO DA GRAÇA


TEXTO ÁUREO

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus." (Ef 2.8)


VERDADE PRÁTICA

A graça de Deus não é barata. Ela requer arrependimento, novo comportamento, ou seja, nova vida em Cristo.


LEITURA BÍBLICA: EF. 2.4-10 - ( COMENTÁRIO LEITURA BÍBLICA)

V. 04 - " Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou." Por naureza, Deus é amor. Mas o amor de Deus na relação com os pecadores transforma-se em graça e misericórdia. Deus é rico em misericórdia (V.04) e em graça (V.07), e essas riquezas tornam possível a salvação do pecador. Somos salvos pela misericórdia e pela graça de Deus. Tanto a misericórdia como a graça vêm a nós por meio do sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Paulo não só fala sobre a nossa salvação, mas fala também sobre a motivação de Deus em nos salvar e enumera quatro palavras: AMOR, MISERICÓRDIA, GRAÇA E BONDADE. 

V. 05 - Estando nós ainda mortos em nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo. Deus tirou-nos da sepultura espiritual em que o pecado nos havia posto. Deus realizou uma poderosa ressurreição espiritual  em nós por meio do poder do Espírito Santo. Quando cremos em Cristo, passamos da morte para a vida (JO 5.24).

V. 06 - Não só saímos da sepultura e fomos ressuscitados, mas também fomos exaltados. Porque estamos unidos a Cristo, somos exaltados com ele. As três fases da exaltação de Cristo - ressurreição, ascensão e assentar-se no trono - agora são repetidas na vida dos salvos em Cristo, Deus deu-nos vida (V.05), ressuscitou-nos (V. 06a) e fez-nos assentar nas regiões celestiais (V. 06b).

V. 07-09 - O último propósito de Deus em nossa salvação é que por toda a eternidade a igreja possa glorificar sa graça (EF 1. 6, 12,14). A meta principal de Deus na nossa salvação é sua própria glória. John Stott diz: " que não podemos empertigar-nos no céu como pavões". O céu está cheio das façanhas de Cristo e dos louvores de Deus. A salvação é um presente, não uma recompensa. Certa feita perguntaram a uma mulher romana: "Onde estão as suas jóias?" Ela chamou seus filhos  e, apontando para eles disse: "Eis aqui minhas jóias". Somos as jóias preciosas de Deus. Somos os troféus da sua graça. A salvação não pode ser pelas obras, porque a obra da salvaçao já foi plenamente realizada por Cristo na cruz. 


                    INTRODUÇÃO

Durante uma conferência britânica a respeito de religiões comparadas, técnicos de todo o mundo debatiam qual a crença única da fé cristã, se é que existia essa crença. Eles começaram eliminando as possibilidades. Encarnação? Outras religiões tinham diferentes versões de deuses aparecendo em forma humana. Ressurreição? Novamente, outras religiões tinham histórias de retorno dos mortos. O debate prosseguiu durante algum tempo até que C. S. Lewis1 entrou no recinto. “A respeito do que é a confusão?”, ele perguntou, e ouviu a resposta dos seus colegas de que estavam discutindo sobre a contribuição única do cristianismo entre as religiões do mundo. Lewis respondeu: “Oh, isso é fácil. É a graça”. Depois de alguma discussão, os conferencistas tiveram de concordar. A noção do amor de Deus vindo a nós livre de retribuição, sem cordas amarradas, parece ir contra cada instinto da humanidade. O caminho de oito passos do budismo, a doutrina hindu do karma, a aliança judaica, o código da lei muçulmana — cada um deles oferece um caminho para alcançar a aprovação. Apenas o cristianismo se atreve a dizer que o amor de Deus é incondicional. Consciente de nossa resistência inata à graça, Jesus falou dela com frequência. Ele descreveu um mundo banhado pela graça de Deus: onde o sol brilha sobre bons e maus; onde as aves recolhem sementes de graça, sem arar nem colher para merecê-las; onde flores silvestres explodem sobre as encostas rochosas das montanhas sem serem cultivadas. Como um visitante de um país estrangeiro que percebe o que os nativos não percebem, Jesus viu a graça por toda parte. Mas Ele nunca analisou nem definiu a graça, e quase nunca usou essa palavra. Em vez disso, transmitiu graça por meio de histórias que nós conhecemos como parábolas — que tomarei a liberdade de transportar para um cenário moderno.


            I. COMPREENDENDO A GRAÇA

1. A graça é divina - As palavras mais frequentemente usadas no Antigo Testamento para transmitir a ideia de graça são chanan (“demonstrar favor” ou “ser gracioso”) e suas formas derivadas (especialmente chên) e chesedh (“bondade fiel” ou “amor infalível”). A primeira refere-se usualmente ao favor de livrar o seu povo dos inimigos (2 Rs 13.23; SI 6.2,7) ou aos rogos pelo perdão de pecados (SI 41.4; 51.1). Isaías revela que o Senhor anseia por ser gracioso com o seu povo (Is 30.18). Mas a salvação pessoal não é o assunto de nenhum desses textos. O substantivo chên aparece principalmente na frase “achar favor aos olhos de alguém” (dos homens: Gn 30.27; 1 Sm 20.29; de Deus: Êx 34.9; 2 Sm 15.25). Chesedh contém sempre um elemento de lealdade às alianças e promessas, expresso espontaneamente em atos de misericórdia e amor. No Antigo Testamento, a ênfase recai sobre o favor demonstrado ao povo da aliança, embora as demais nações também estejam incluídas. No Novo Testamento, a “graça”, como o dom imerecido mediante o qual as pessoas são salvas, aparece primariamente nos escritos de Paulo. É um “conceito central que expressa mais claramente seu modo de entender o evento da salvação… demonstrando livre graça imerecida. O elemento da liberdade … é essencial”. Paulo enfatiza a ação de Deus, e não a sua natureza. “Ele não fala do Deus gracioso; fala da graça concretizada na cruz de Cristo”. Em Efésios 1.7, Paulo afirma: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”, pois “pela graça sois salvos” (Ef 2.5,8).

2. Agraça é imerecida - O expositor bíblico William Barclay mostra o pano de fundo da doutrina da justificação nessa passagem. Nesse exemplo de Paulo, imagina-se o homem diante do tribunal de Deus. Barclay destaca com muita propriedade que a palavra grega traduzida como “justificar” vem da mesma raiz de dikaiún e que todos os verbos gregos que terminam em ún têm o sentido de considerar alguém como algo e não o de fazer algo a alguém. Dessa forma, se alguém que é inocente se apresenta diante de um juiz, o juiz, evidentemente, o declarará inocente. Todavia, o caso mostrado por Paulo aqui é diferente. A pessoa que se apresenta diante de Deus é totalmente culpada, merecendo a punição do seu erro, porém, o justo Juiz, em uma demonstração de sua graça infinita, considera-o como se fosse inocente. Isso é o que se entende do significado da palavra “justificação” no contexto paulino. Quando Paulo diz “Deus justifica o ímpio”, significa, dentro do contexto da justificação, que Deus trata o ímpio como alguém bom. É evidente que tal raciocínio deixou os judeus totalmente escandalizados. Na mente dos judeus, apenas um juiz iníquo agiria dessa forma, pois justificar o ímpio é uma abominação para Deus (Pv 17.15); “não justificarei o ímpio” (Ex 23.7). Todavia, a argumentação de Paulo mostra que é exatamente isso o que Deus fez. Na mente de Paulo, observa Barclay, se alguém desejasse saber como Deus é, então deveria olhar para Jesus, pois Ele revelou Deus aos homens. O verbo encarnado de Deus veio mostrar o grande amor de Deus pelos homens, mesmo estes estando mortos em seus delitos e pecados (Ef 2.1,2). Barclay destaca que “quando descobrimos isso e cremos, nossa relação com Deus muda radicalmente. Estamos conscientes do nosso pecado, mas não estamos aterrorizados ou distantes. Quebrantados e arrependidos, recorremos a Deus como uma criança triste se chega a sua mãe e sabemos que o Deus a quem chegamos é amor. Isso é o que significa justificação pela fé em Jesus Cristo. Isso significa que estamos em relacionamento correto com Deus porque acreditamos sinceramente que o que Jesus nos disse de Deus é a verdade. Já não somos estranhos que têm medo de um Deus irado. Somos filhos, crianças errantes que confiam no amor do Pai que os perdoará. E não podíamos nunca chegar a esse relacionamento com Deus, se Jesus não tivesse vindo para viver e morrer para nos dizer como maravilhosamente Deus nos ama”.

 

        II. A GRAÇA NO CONTEX TO BÍBLICO

1. A necessidade da graça - O pecado entrou no mundo por meio de Adão (v. 12)

Paulo muda o estilo de sua escrita, deixando de falar na primeira pessoa do plural até o versículo 21. O texto, no entanto, está estreitamente interligado com o anterior. Para falar sobre a situação da humanidade diante de Deus, o apóstolo reporta à história da queda de Adão, descrevendo sua consequência para chegar até a solução apresentada em Cristo. Paulo já havia reportado às principais figuras do povo judaico para identificar este povo com Jesus. Agora, ele faz um link com a figura do pai da humanidade” para relacionar a humanidade como um todo com Deus. Nos versículos 11 e 12, ele não menciona o nome de Adão e, muito menos, o de Eva, mas, para ele, o culpado pela entrada do pecado no mundo foi Adão. Não adiantou Adão transferir a culpa para Eva, assim como tem sido uma prática comum dos seres humanos transferir suas culpas para alguém ou algum acontecimento, ao invés de assumir a responsabilidade pelos seus atos. Neste texto, Paulo não demonstra preocupação com a origem do mal, mas sim com a forma que o pecado entrou no mundo. O pecado de Adão é explicitado no relato da queda (Gn 3), quando ele rejeitou seguir o caminho traçado por Deus para seguir seu próprio caminho. O resultado disso foi a perda de comunhão com Deus e a nova situação de condenação sob a ira de Deus. O ser humano não encontra força em si mesmo para resistir ao pecado. O exemplo de Adão simboliza a situação do ser humano sem Deus, a condição da humanidade desde a queda. Pohl (1999, p. 96) afirma que “a humanidade não é um aglomerado de indivíduos isolados, mas forma um corpo. Cada um de seus membros vive em ‘simbiose’, vive junto com os demais membros, para o benefício recíproco ou também para o prejuízo mútuo”. Adão, como a figura do primeiro ser humano, traz consigo a responsabilidade de transmitir para os descendentes as consequências pelos seus atos. Todavia, Paulo vai mencionar o ato pecaminoso de Adão somente a partir do verc. 14.

A morte entrou no mundo por meio do pecado (v. 12)

Adão foi a porta de entrada do pecado no mundo, e o pecado, por sua vez, a porta de entrada para a morte. Neste texto, a interpretação para a morte se refere à morte espiritual, como punição pela desobediência humana, uma referência a Gn 2.17 e 3.19. A morte como algo antinatural, pois o pecado torna o ser humano mortal e condenável, mesmo que biologicamente vivo. Toda causa tem sua consequência. As pessoas, às vezes, confundem o perdão com não ser mais responsável por seus atos falhos. Uma pessoa que se rende a Cristo e deixa a vida de pecado, como já vimos em lições anteriores, é imediatamente justificada diante de Deus (declarada justa), mas ele continua responsável pelas consequências dos erros já cometidos. Por exemplo, vamos supor que esta pessoa tenha cometido um assassinato antes da conversão. Com o arrependimento e abandono da prática, Deus a perdoa, mas não assume a responsabilidade de livrá-lo de uma prisão. O que Deus garante é estar com ele na prisão. Todo pecado tem sua consequência. Por isso, Paulo recomenda em 1 Co 10.12 “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que não caia”. O pecado traz consigo muito prejuízo, e o pior de todos é a morte espiritual. O crente deve ficar atento para não dar lugar ao pecado em sua vida. Deve também preservar o que de mais precioso tem na vida, a saber, a comunhão que o primeiro Adão tinha com Deus, antes de pecar.

A morte sobreveio para toda a humanidade porque todos pecaram (v. 12)

Paulo continua abordando a relação entre o pecado e a morte, agora com uma abrangência maior: todos os seres humanos, uma vez que todos pecaram (Rm 2.12; 3.23). Existe uma discussão teológica se todos pecaram em Adão, ou seja, o pecado de Adão foi transferido para toda a humanidade, ou se o pecado é de responsabilidade individual de cada ser humano. A situação espiritual da humanidade não é uma fatalidade compulsória. Da mesma forma que Adão pecou, todos os demais seres humanos também pecaram, sendo cada um responsável pela sua própria desobediência. A escravidão do pecado é nutrida pelo próprio desejo pecaminoso no interior do ser humano (Tg 1.13-16). A humanidade não responde pelo pecado de Adão, mas consiste em sua própria culpa. A cultura influencia o comportamento das pessoas. O ser humano tem a tendência de julgar as pessoas que pertencem a outra cultura ou religião, ignorando que, se nascesse no país onde essa pessoa nasceu e fosse influenciado pela mesma cultura, provavelmente iria ter a mesma crença. Por exemplo, a maioria da população do Iraque professa a fé do islamismo. Enquanto que, quem nasce no Brasil, tem uma tendência a ser cristão. O cristão não pode demonizar as pessoas que pertencem a outras religiões, mas entender que todas as pessoas, indistintamente, precisam da solução que Deus proveu para o pecado da humanidade: Jesus. Dessa forma, o ambiente formado após a queda também influenciou as pessoas que vieram após o primeiro Adão. No entanto, mais à frente da carta, o apóstolo vai esclarecer que aquele que está em Cristo recebe uma nova natureza que vem de cima e passa a receber influência do Espírito Santo. Todavia, o cristão deve estar atento para não perder a comunicação com Ele para não ser influenciado pelo mundo. O crente justificado está no meio do mundo, mas não pertence a ele, e sim ao Pai (Jo 17-9, 11, 14b, 16).


2. A extensão da graça - A manifestação da graça (2.11)

“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (2.11). Só podemos ter uma vida santa por causa da epifania, “manifestação” da graça de Deus. A graça de Deus sempre existiu. Deus sempre foi gracioso. Porém, em Cristo, essa graça despontou majestosa da mesma forma que o romper da alva. O substantivo epifaneia significa a visível aparição de alguma coisa ou de alguém que estava invisível. Essa palavra era usada no grego clássico em relação à alvorada, ao amanhecer, quando o sol transpõe a linha do horizonte e se torna visível. É a mesma palavra que aparece em Atos 27.20, quando Lucas diz que por vários dias nem o sol nem as estrelas apareceram [fizeram epifania], É claro que as estrelas ainda estavam no céu, mas não apareceram. A graça de Deus brilhou como sol sobre aqueles que viviam nas regiões da sombra da morte. Essa graça se manifestou quando Jesus nasceu num a estrebaria, cresceu num a carpintaria e morreu numa cruz. Essa graça brilhou quando de seus lábios se ouviam palavras de vida eterna, quando ele curava os enfermos, purificava os leprosos, lançava fora os demônios e ressuscitava os mortos. A graça resplandeceu quando o Filho de Deus entregou sua vida na cruz e a reassumiu na gloriosa manhã da ressurreição. A graça se manifestou para resgatar o homem do seu maior mal e oferecer a ele o maior bem.

Destacamos três aspectos da epifania da graça:

Em primeiro lugar, a origem da graça (2.11). Paulo fala da graça de Deus. A graça tem sua origem em Deus. Ela emana de Deus. Embora Deus sempre tenha sido gracioso, pois é o Deus de toda a graça, ela se tornou visível em Jesus Cristo. A graça de Deus foi esplendorosamente mostrada em seu humilde nascimento, em suas graciosas palavras e em seus atos movidos de compaixão; mas, sobretudo, em sua morte expiatória. A graça de Deus é totalmente imerecida. Não há nada em nós que reivindique o amor de Deus. Não há nenhum merecimento em nós. O amor de Deus tem nele mesmo sua causa. A graça é um favor imerecido. Deus trata de forma benevolente aqueles que merecem seu juízo.

Em segundo lugar, a natureza da graça (2.11). A graça de Deus é salvadora. A graça é o favor superabundante de Deus pelos pecadores indignos. Kelly diz que a graça de Deus representa o favor gratuito de Deus, a bondade espontânea mediante a qual ele intervém para ajudar e livrar os homens. E m Jesus, a graça de Deus desponta como um sol sobre o mundo escurecido pelas sombras da morte. Gosto da definição de William Hendriksen: A graça de Deus é seu favor ativo que outorga o maior de todos os dons a quem merece o maior de todos os castigos.-‘“ Por isso, a graça triunfa sobre nossa iniquidade. Ela é maior do que o nosso pecado e melhor do que a nossa vida. Onde abundou o pecado, superabundou a graça. Somos salvos pela graça. Vivemos pela graça. Dependemos da graça. Nada somos sem a graça. Por causa da graça, embora perdidos, fomos achados; embora mortos, recebemos vida.

Em terceiro lugar, a extensão da graça (2.11). A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. A epifania da graça não alcança todos os homens quantitativamente, mas todos os homens qualitativamente. A salvação é universal no sentido de que alcança todos aqueles que sao comprados para Deus, procedentes de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5.9), mas não no sentido de todos os homens, sem exceção. A salvação é universal porque alcança todos os homens sem acepção, mas não a todos os homens sem exceção. Não há universalismo na salvação. O que a Bíblia ensina sobre a universalidade da graça de Deus é que ela rompe todas as barreiras, derruba todos os preconceitos e alcança pessoas de todos os gêneros, idades e posições (2.1-10). A graça é acessível a todos: homens e mulheres, idosos e jovens, escravos e senhores, judeus e gentios.“ Nessa mesma linha de pensamento João Calvino afirma: “A salvação é comum a todos”, e isso fica expressamente claro pelo fato de Paulo mencionar os escravos cristãos. Porém, Paulo não alude aos homens no individual, mas destaca classes individuais, ou seja, diferentes categorias de pessoas. Concluo esse ponto citando Albert BarnesO plano de Deus tem sido revelado a todas as classes de homens e a todas as raças, inclusive servos e chefes; vassalos e reis; pobres e ricos; ignorantes e sábios.


            III. A GRAÇA NO CONTEXTO DA REFORMA

1. A corrupção da doutrina da graça - MARTINHO LUTERO

Lutero foi um gigante da história; foi tão importante que certa vez foi descrito como um “oceano”. Há quem creia que tenha sido a figura europeia mais significativa do segundo milênio. Ele foi o Reformador pioneiro, o primeiro a quem Deus usou para produzir uma transformação do Cristianismo e do mundo ocidental. Foi, inquestionavelmente, o líder da Reforma alemã. Numa época de corrupção eclesiástica e apostasias, ele foi um valente campeão da verdade; sua poderosa pregação e pena ajudaram a restaurar o evangelho puro.

PERDIDO EM AUTOJUSTIÇA

No monastério, Lutero se viu arrastado à procura da aceitação de Deus através das obras. Ele escreveu: Torturei-me com oração, jejum, vigílias e congelamento; tal austeridade poderia ter-me matado. […] O que mais eu buscava agindo assim senão Deus, o qual presumivelmente via minha extremada observância da ordem monástica e minha vida austera? Eu andava constantemente em meio a um sonho e vivia em meio a uma idolatria real, porquanto não cria em Cristo: eu apenas o considerava um severo e terrível juiz, pintado como alguém sentado sobre um arco-íris.

Em outro lugar, ele relembra: “Quando eu era monge, esbaldei-me grandemente por quase quinze anos com sacrifício diário, torturei-me com jejuns, vigílias, orações e outras obras mui rigorosas. Sinceramente, eu cria que assim adquiriria justiça por meus próprios esforços.” Em 1507, Lutero foi ordenado ao sacerdócio. Quando celebrou sua primeira missa, enquanto segurava o pão e o cálice pela primeira vez, sentiu-se tão aterrado com a ideia da transubstanciação que quase desmaiou. Ele confessou: “Eu fiquei totalmente aturdido e tomado pelo terror. Pensava de mim mesmo: ‘Quem sou eu para elevar meus olhos ou minhas mãos à majestade divina? Pois não passo de pó e cinza e saturado de pecado, e estou falando ao Deus vivo, eterno e verdadeiro’.” O medo apenas se misturava à sua luta pessoal por aceitação junto a Deus. Em 1510, Lutero foi enviado a Roma, onde testemunhou a corrupção da igreja romana. Ele subiu a Scala Sancta (“A Escada Santa”), supostamente, a mesma escada pela qual Jesus subiu quando compareceu perante Pilatos. De acordo com as fábulas, os degraus foram levados de Jerusalém para Roma, e os sacerdotes alegavam que Deus perdoava os pecados de quem subisse aquela escada de joelhos. Lutero fez isso, repetindo a Oração do Senhor, beijando cada degrau e buscando a paz de Deus. Mas, quando chegou no topo, olhou para trás e pensou: “Quem sabe se isto é autêntico?”

Ele não se sentiu mais perto de Deus. Lutero recebeu seu grau de doutorado em teologia na Universidade de Wittenberg em 1512, e ali foi nomeado professor da Bíblia. Notavelmente, Lutero manteve esta posição pedagógica por quase trinta e quatro anos, até sua morte em 1546. Na sala de aula, antes de tudo ele prelecionava sobre os Salmos (1513–1515), Romanos (1515–1517) e Gálatas e Hebreus (1517–1519). Mas, quanto mais Lutero estudava, mais perplexo ficava. Uma dúvida o consumia: Como um homem pecador pode ser justo diante de um Deus santo?

TETZEL E A CONTROVÉRSIA SOBRE A INDULGÊNCIA

Em 1517, um dominicano itinerante chamado John Tetzel começou a vender indulgências nas proximidades de Wittenberg, oferecendo o perdão de pecados. Esta prática absurda fora inaugurada durante as cruzadas com o fim de arrecadar dinheiro para a igreja. Os cidadãos podiam comprar da igreja uma carta que supostamente livrava do purgatório um ente querido que havia morrido. Roma se beneficiou imensamente dessa impostura. Neste caso, essas rendas visavam ajudar o papa Leão X a pagar as despesas da nova basílica de São Pedro, em Roma. A famosa oferta de Tetzel era: “Assim que a moeda soa no fundo do cofre, a alma voa do purgatório.”


2. A restauração da doutrina graça - A graça de Deus. Cremos que todos os homens e mulheres foram atingidos pelo pecado a tal ponto que, embora tenham sido feitos à imagem de Deus, não podem, por si mesmos, chegar a Deus. Não há nada que o homem natural possua ou pratique que lhe faça merecida a graça de Deus. A Bíblia ensina: ״Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3.11). A Bíblia qualifica essa condição espiritual como “mortos em pecado” (Cl 2.13) e “mortos em ofensas” (Ef 2.5). A ideia de morte, aqui, é de separação, e não de aniquilamento. Deus derrama sua graça, sem a qual o homem não pode entender as coisas e’s- pirituais, ou seja, foi Deus quem tomou a iniciativa na salvação, “do Senhor vem a salvação” (Jn 2.9), agindo em favor das pessoas. Graça é um favor imerecido. É por meio da graça que Deus ca- pacita o ser humano para que ele responda com fé ao chamado do evangelho: “Mas, se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça” (Rm 11.6). Todavia, os seres hu- manos, influenciados pela graça que habilita a livre escolha, são livres para escolher: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo” (Jo 7.17). Deus proveu a salvação para todas as pessoas, mas essa salvação aplica-se somente àquelas que creem: “isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem” (Rm 3.22). Nesse sentido, não há conflito entre a soberania de Deus e a liberdade humana


        IV. A GRAÇA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO

1. A graça barateada - Uma vez que o inferno não era a opção preferida, a Igreja e seus teólogos desenvolveram uma série de práticas e exercícios para ajudar pessoas a evitá-lo. A ironia era que, ao tentar prover segurança em um mundo inseguro, a Igreja espelhava, em grande medida, os novos desenvolvimentos urbanos e econômicos que exacerbavam a insegurança humana. Suspenso entre esperança e medo, o indivíduo tinha que alcançar seu propósito por intermédio de todo um sistema de serviços quid pro quo que refletiam a nova “mentalidade fiscal” do burguês urbano, absorvido na crescente economia de lucro. Tomado como um todo, a cristandade do fim da Idade Média parecia tão baseada em performance quanto os novos empreendimentos da época.

O próprio esforço da teologia e prática pastoral do fim da idade medieval de prover segurança apenas levava um mundo inseguro a uma insegurança ainda maior e à incerteza sobre a salvação. Uma das ideias escolásticas-chave que levaram a essa incerteza sobre a salvação era expressa na frase facere quod in se est: “faz o que está dentro de ti; faz teu melhor”. Ou seja, lutar para amar a Deus da melhor forma possível — por mais fraca que seja — fará com que ele recompense os esforços de alguém com a graça necessária para fazer algo ainda melhor. A vida de peregrinação do cristão em direção à cidade celestial era cada vez mais percebida não apenas do ponto de vista literal, mas como também do teológico, na forma de uma economia da salvação. Conforme mencionado anteriormente, essa “matemática da salvação” se concentrava no alcance máximo de boas obras com o fim de merecer a recompensa de Deus. Tanto na religião quanto no início do capitalismo, o trabalho contratual merecia recompensa. Indivíduos eram responsáveis por sua própria vida, pela sociedade e pelo mundo dentro dos limites estipulados por Deus e com base neles. Cuidado pastoral tinha a intenção de prover um meio de segurança por meio da participação humana no processo da salvação. Essa teologia, no entanto, aumentava o senso de crise porque lançava as pessoas de volta aos seus próprios recursos. Isto é: não importa quão cheias de graça eram suas obras, o fardo da prova para essas boas obras caía outra vez nos ombros do praticante, dentre os quais o mais sensível passava a se perguntar como poderia saber se tinha feito o melhor.


2. O valor da graça - A completa falta de controle sobre o próprio destino, conforme era a sorte dos homens expostos nos mercados de escravos, nos dias de Paulo, era algo sentido intensamente, por causa do fato de ser isso uma realidade brutal na antiga estrutura social. O homem moderno, que nada tem conhecido sobre a escravidão em primeira mão, não pode apreciar plenamente o impacto das ilustrações apresentadas por Paulo, que incluem certos aspectos próprios do negócio de compra e venda de escravos. O homem ou a mulher comprados por um negociante de escravos se tornava a propriedade dele no sentido mais estrito da palavra. Tinha tal senhor a liberdade de matar um escravo seu, o que geralmente era feito através da crucificação. E não havia lei que pudesse chamá-lo a prestar contas perante a justiça. De fato, qualquer tentativa nesse sentido teria sido reputada ridícula. Certa quantia em dinheiro adquiria o direito de usar legalmente a pessoa escravizada; e se havia alguns poucos senhores humanos, havia um número enorme de senhores desumanos, do que resultavam muitíssimas atrocidades contra toda a razão e a dignidade humanas. O uso da instituição da escravatura dava a entender os seguintes pontos:

A sujeição total do escravo a seu senhor.

A posse completa do escravo por seu senhor.

O poder de vida e morte que o senhor exercia sobre o escravo.

A «destruição» da independência do escravo.

A integração da personalidade do escravo na personalidade de seu senhor.

Somente a morte física podia livrar um escravo do domínio de seu senhor, ou, se um senhor assim quisesse fazê-lo, poderia vender um escravo seu a outrem, havendo assim a transferência de direitos sobre o o citado escravo. Neste versículo, o apóstolo Paulo enfatiza a exclusividade da posse do senhor de escravos, a fim de descrever uma situação espiritual.

(Comparar com o trecho de Rom. 7:2). Todo escravo só podia ter um senhor de cada vez, o qual exercia toda a autoridade sobre ele.

Paulo lança mão da instituição da escravatura a fim de ilustrar o seu ponto de que o crente deve viver em total submissão a Cristo; a fim de ilustrar que Jesus Cristo, por direito de compra, através de seu sangue expiatório, que libertou os escravos do pecado da tirania do pecado, tem direitos totais sobre o crente; a fim de ilustrar o fato de que, possuindo «direitos totais», Cristo tem autoridade completa sobre o crente; a fim de ilustrar que o crente deixa de ser um indivíduo, mas que a sua personalidade começa a ser integrada na vontade do seu Senhor; e a fim de ilustrar que nem mesmo a morte física pode livrar o crente de sua total imersão na personalidade de Cristo, porquanto lhe pertencemos tanto na vida como na morte. (Ver Rom. 14:8). A enormidade do preço·. O ponto central deste versículo gira em torno do «preço» que foi pago para garantir a libertação do crente. A redenção faz com que o crente se torne totalmente pertencente a Cristo, visto que o preço pago pelo Filho de Deus foi enorme. (Ver as notas expositivas sobre a «expiação», em Rom. 5:11; e sobre a «propiciação», em Rom. 3:25). A «enormidade» do preço foi exposta visando impressionar os crentes acerca da totalidade do senhorio de Cristo sobre a sua igreja e sobre cada indivíduo existente na mesma.

O presente versículo é paralelo ao trecho de I Cor. 6:20, com uma aplicação diferente, embora ambas essas passagens falem sobre o «preço» pago para conduzir os homens de volta a Deus. (Ver as notas expositivas sobre I Cor. 6:20, onde essas ideias são expandidas). A ideia de «ser comprado por preço», isto é, a noção de «resgate», são expressões comuns do N.T. para dar a ideia de «expiação», o que é ilustrado através de outras referências bíblicas, nas notas expositivas acima aludidas. Ali, a posse «exclusiva» é usada como argumento contra a imoralidade, que consiste do abuso do corpo de maneiras não aprovadas pelo Senhor Jesus. Aqui, entretanto, a posse exclusiva é mencionada a fim de mostrar como o crente não pode deixar-se escravizar por outro homem (na outra porção deste versículo), embora, de maneira geral, isso também ilustra a qualidade da nossa submissão a Cristo, mostrando que nossa servidão é total, e que todos os crentes são escravos dessa ordem. Disso se conclui que é questão indiferente que um crente, que nasceu escravo ou que se tornou escravo no decurso de seus anos, venha a procurar tornar-se livre. Pois, sem importar que estejam «livres» ou em «servidão», conforme os homens consideram a questão, a verdade é que todos os crentes se encontram em verdadeira servidão ao verdadeiro Senhor, Jesus Cristo, ainda que seja assim que realmente desfrutem da mais completa liberdade que os homens possam conhecer.



AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Superintendente e Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

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                                                  BIBLIOGRAFIA

         



Livro Maravilhosa Graça, Philip Yancey - ed. Vida Nova

Livro Teologia Sistemática, Stanley Horton - ed. CPAD

Livro Maravilhosa Graça! O evangelho de Jesus Cristo revelado na carta aos Romanos, José Gonçalves - ed. CPAD

Livro Justiça e Graça, Natalino das Neves - ed. CPAD

Comentário Bíblico Tito e Filemon, Hernandes Dias Lopes - ed. Hagnos

Livro Pilares da Graça, Steven J. Lawson - ed. Fiel

Declaração de Fé das Assembléias de Deus, Esequias Soares - ed. CPAD

Livro História da Reforma, Carter Lindeberg - ed. Thomas N. Brasil

Comentário Bíblico NT, Russell N. Champlin - ed. Hagnos

https://professordaebd.com.br/2-licao-3-tri-22-a-sutileza-da-banalizacao-da-graca/