Pb. Junio - Congregação Boa Vista II |
TEXTO ÁUREO
"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores." (Ef 4.11)
VERDADE PRÁTICA
Os dons ministeriais foram dados com o objetivo de edificar a Igreja e promover a maturidade de seus membros.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Efésios 4. 11-16
INTRODUÇÃO
Neste capítulo, estudaremos sobre o Ministério da Igreja. Faremos isso, em um primeiro momento, analisando a doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes por acreditarmos que, além de ser um dos pilares da Reforma do século XVI, é uma doutrina genuinamente bíblica (1 Pe 2.9). Mostraremos que, no contexto neotestamentário, embora houvesse hierarquia ministerial, não havia uma distância abissal entre leigos e clérigos. Num segundo momento, faremos uma análise da estrutura ministerial tal como aparece nas páginas do Novo Testamento. Devemos destacar que a doutrina do sacerdócio universal de todos os crentes é uma das doutrinas mais belas do Novo Testamento. Essa doutrina é nitidamente mostrada na Bíblia (1 Pe 2.9; Ap 1.5,6; 5.10). Sem exceção, todo crente agora é um sacerdote, podendo exercer com eficácia, por exemplo, o ministério de intercessão (Hb 10.19-22).
I. O MINISTÉRIO SACERDOTAL DE TODO CRENTE
1. O Sacerdócio no Antigo Testamento - Sucintamente, os teólogos esboçam a doutrina do sacerdócio (hb. koheri) bíblico nas páginas do AT da seguinte forma: (1) no início, levando-se em conta a necessidade de oferecer-se sacrifício, os homens eram os seus próprios sacerdotes (Gn 4.3 e Jó 1.5); (2) na era patriarcal, o sacerdócio era exercido pelo chefe da família (Gn 8.20; 12.8; Jó 1.5); (3) de certo modo, todo Israel era sacerdote do Senhor para outras nações (Ex 19.6); (4) e, no Monte Sinai, o Senhor limitou o sacerdócio a Arão e à tribo de Levi (Ex 28.1; 40.1-15). Dessa forma, J. Barton Payne (1922-1979), professor de Antigo Testamento, observa oportunamente que "os sacerdotes do AT eram tipos de Cristo (Eíb 8.1), que operou a derradeira propiciação pelos pecados do povo" e que "a Igreja do NT apresenta um sacerdócio universal dos crentes (1 Pe 2.5; Ap 5.10; Jr 31.34)"? E importante, portanto, compreendermos a função sacerdotal nas páginas do Antigo Testamento e como ela formata-se ao Novo.
2. Uma doutrina bíblica confirmada no Novo Testamento - Se o sacerdote era no Velho Concerto um ministro das coisas sagradas (sacrifício de animais, intercessão pelo povo, consulta a Deus e ensino da Lei), por outro lado, dentro do Novo Concerto, os sacerdotes, entre outras coisas, devem: oferecer o seu próprio corpo em sacrifício vivo (Rm 12.1-2). Esses fatos revelam-nos a grande importância que essa doutrina tem hoje para os crentes. Em todos eles, o cristão é o agente ativo da ação. Mas é bom lembrar aqui que, infelizmente, nem todos os crentes ainda tiveram o correto discernimento da magnitude dessa verdade. Uma das principais funções sacerdotais, a de intercessor, tem sido negligenciada. Permita ilustrar o que quero dizer citando duas passagens do Novo Testamento. A primeira encontra-se em Lucas 1.8,9. A segunda, em Apocalipse 5.8-10. Temos nessas passagens o exercício do sacerdócio cobrindo as duas alianças. Na primeira, temos um homem escolhido, Zacarias, para oficiar como sacerdote. Embora vivesse no limiar no Novo Concerto, ele ainda pertencia ao Antigo. Na segunda, temos todos os crentes, sem distinção alguma, exercendo a função sacerdotal. Há, contudo, uma prática que é comum no desempenho da função sacerdotal revelada nessas passagens: a queima do incenso. Tanto os sacerdotes da Velha Aliança como os da Nova queimavam incenso. O texto é claro em dizer que o sacerdote Zacarias entrou no santuário para queimar incenso (Lc 1.9) e que, hoje, o incenso são as orações dos santos (Ap 5.8). Se somos sacerdotes — como, de fato, o somos —, então estamos exercendo nossa função, isto é, "queimando o incenso"? Infelizmente, há muitos sacerdotes hoje que não queimam mais incenso! Você já queimou incenso hoje? "Suba à tua presença a minha oração, como incenso, e seja o erguer de minhas mãos como oferenda vespertina" (SI 141.2, ARA).
3. Uma doutrina bíblica resgatada na Reforma Protestante - O catolicismo é um exemplo vivo disso. Dentro dessa comunidade religiosa, o exercício do sacerdócio é tirado do leigo e posto numa classe especialmente escolhida para isso, que são os padres. Convém destacar que o Papa, também denominado de “Santo Padre", está no topo da hierarquia sacerdotal católica. Somente aos padres cabe a função de intercessor. Dessa forma, a função sacerdotal de intercessor, que cabia a todo cristão (1 Pe 2.9), foi elitizada — aqui na Terra, pelos clérigos católicos, e no Céu, pelos "santos". Essa crença, por exemplo, está na base da "confissão auricular", na qual um fiel confessa-se com um clérigo. Evidentemente, essa prática é diametralmente oposta ao ensino bíblico que diz que qualquer cristão pode confessar as suas falhas diretamente a Deus (1 Jo 1.9) e a qualquer outro cristão (Tg 5.16). Posteriormente, outros segmentos religiosos, como, por exemplo, o mormonismo, concentraram em torno de si a função sacerdotal. Somente os seus membros, segundo apregoam os seus adeptos, são os verdadeiros detentores das chaves do sacerdócio. É oportuno pontuar aqui que o resgate do sacerdócio universal dos crentes, sejam eles leigos, sejam clérigos, tal qual se encontra nas páginas neotestamentárias foi uma conquista da Reforma Luterana do século XVI. Em uma das suas 95 teses afixadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg em 1 de outubro de 1517, Martinho Lutero dizia: "Qualquer cristão verdadeiro participa dos benefícios de Cristo e da Igreja".1 A Reforma apregoava um retorno radical às Escrituras, como bem definiu o seu lema Sola Scriptura (somente a Escritura). São nas páginas das Escrituras Sagradas que podemos ver a magnitude dessa doutrina.
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II. A ESTRUTURA MINISTERIAL DO NOVO TESTAMENTO
1. O ministério quíntuplo - Na carta aos Efésios, o apóstolo Paulo relaciona o que comumente já se denominou de dons quíntuplos: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. São os chamados dons ministeriais. E interessante observar que a ênfase dada a esses dons está na função que e desempenham na igreja de Cristo. Dessa forma, esses dons foram postos para a "edificação do corpo de Cristo". O alvo é que a igreja alcance crescimento e maturidade. Em nenhum momento, esses dons aparecem como um ofício destituído de função. Em outras palavras, não são vistos como meros cargos eclesiásticos, mas como dons de Deus que são reconhecidos pela capacitação divina que os acompanham. Nesse aspecto, não estão relacionados a status eclesiásticos, mas ao serviço cristão. Na verdade, no contexto bíblico, observamos que é a unção, isto é, a capacitação dada por Deus, que determina o ofício, e não o contrário. Possivelmente, uma das grandes tragédias do ministério hoje está no fato de termos tantos obreiros exercendo algum ofício ministerial para os quais não foram chamados, nem capacitados por Deus para tal. Possuem o ofício, mas não a unção para exercer o ofício.
Em 1934, foi lançado na Suécia o livro Despertamento Apostólico no Brasil. O livro examina as primeiras décadas do pentecostalismo na América Latina, com especial destaque para os missionários suecos Gunnar Vingren (1879-1933) e Daniel Berg (1884-1963). A obra desses primeiros missionários é retratada nesse livro como sendo de natureza apostólica. Contudo, nenhum desses missionários via-se como apóstolo e nem reivindicou isso para si. Eles simplesmente se viam como servos de Deus que haviam sido capacitados para a obra missionária. Todavia, a literatura, devido à natureza missional dos seus trabalhos, viam-nos como verdadeiros apóstolos. Sven Lidman (1882-1960), literato sueco e pioneiro do pentecostalismo escandinavo, ao referir-se a Gunnar Vingren, escreveu: A lembrança do irmão Gunnar Vingren tomou-se muito vivida em meu coração [...] numa semana de estudo bíblico em Kõlingared, em 1921, quando pela primeira vez estive junto com um grupo maior de amigos pentecostais e participei de uma série de reuniões. Lá conheci um missionário que era do Brasil e se chamava Gunnar Vingren. Não posso dizer o quão tremendamente ele conquistou meu coração. Tive a sensação de que aqui em Kõlingared, em 1921, encontrei um apóstolo do Senhor como aqueles sobre os quais lemos nos Atos dos Apóstolos. E impossível descrever com que alegria e gratidão ouvi a muita sabedoria e experiência que ele obteve da obra de Deus, tanto nos corações humanos como no campo missionário. Outro exemplo vem da obra do historiador José Reis, que se refere ao trabalho de evangelização de Eurico Nelson na bacia do Amazonas como também sendo de natureza apostólica. Reis escreveu em 1945 uma biografia desse missionário, intitulada Eurico Nelson: o apóstolo da Amazônia. Nelson, assim como outros missionários do seu tempo, nunca se viram com apóstolos; entretanto, é inegável que o que fizeram levou-os a serem avaliados dessa forma. Evidentemente que o termo apóstolo usado tanto em relação a Gunnar Vingren como em relação a Eurico Nelson refere-se à função que esses homens exerceram, e não a um ofício apostólico que desempenharam.
2. O serviço de diáconos e presbíteros - 1. O fundamento - "fiel é a palavra", isto é, digna de ser recebida (1 Tm 3.1; 4.9; 2 Tm 2.11; Tt 3.8). Essa frase tem a ver com
as doutrinas vitais da fé cristã. A vocação ministerial está na
categoria das doutrinas vitais do Novo Testamento. Todo
ministério bem-sucedido tem como fundamentação a Palavra
de Deus. Dietrich Bonhoffer dizia que "a palavra de Deus não
necessita de enfeites". 2. O propósito - "aspira ao episcopado" e tem a ver com aspiração e vocação. O termo grego significa "esticar-se", "estender
a mão". A palavra grega oregetai refere-se ao desejo externo.
Alguém que se esforça para alcançar algo. Já a palavra grega
epithymei refere-se ao desejo interno, uma paixão forte. Essas
duas palavras ilustram o tipo de homem que pode exercer o
ministério, aquele que busca com dinamismo porque está motivado por um desejo forte no seu interior. Como dizia Charles
Spurgeon: "Se você puder fazer outra coisa, faça, mas se não,
então abrace o ministério". 3. A função - episkope, episkopeo, significa "dar atenção a", "prover". Também significa "inspeção", "visitação", "cargo de
supervisão". A. T. Robertson
diz que a palavra episkope refere-se a "condição de supervisor"
como em Atos 1.20. 4. A padronização - "dei", "é necessário". Tem a ver com o dever,
custo, preço. Paulo, em primeiro lugar, fala da relevância do
ministério e aqui mostra o que é necessário para alguém exercê-lo. Nos dizeres de Ed
Murphy: "Se não podes viver a altura das normas e exigências
do ministério, sai dele. Esse não é o teu lugar".
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III. AS QUALIFICAÇÕES PARA O MINISTÉRIO
1. Qualificações de natureza moral - Aqui Paulo lista as qualidades que um ministro
precisa possuir:
(1) Irrepreensível (gr. Anepilemptos). "Que não pode ser preso
como delinquente". Sem acusação válida. Anenkletos - Não
se refere a perfeição livre de pecado, mas a uma vida pessoal
que está acima de qualquer acusação legítima e de todo
escândalo público. (2) Marido de uma só mulher (gr. Mias gynaikos aner). "Homem
de uma única mulher". (3) Temperante (gr. Nephalios). "Sóbrio, de mente limpa, equilibrado". Os líderes sempre devem estar com a capacidade de
pensar com clareza. (4) Sóbrio (gr. Saphron). Autocontrolado, moderado, prudente
e sensato. John MacArthur diz que "um homem prudente
é disciplinado, sabe ordenar as suas prioridades e é sério
em assuntos espirituais". (5) Modesto (gr. Kósmios). Ordeiro ou de boa conduta, decente
ou honrado. Se não podem ordenar a própria vida, como porão
ordem na igreja de Deus? (6) Hospitaleiro (gr. Philoksenos). O termo grego é um composto
de duas palavras que significa literalmente "amar os estranhos". (7) Apto para ensinar (gr. Didaktikos). Capaz de ensinar, habilidoso ou apto para ensinar. Significa "qualificação e disposição para ensinar". Essa palavra no original só aparece
aqui e em 2 Timóteo 2.24. John MacArthur observa que essa
"é a única qualificação que se relaciona com os talentos e
dons espirituais de um presbítero, e a única que distingue
um presbítero de um diácono". A pregação e o ensino da
Palavra de Deus é o dever principal do supervisor, pastor e
presbítero (1 Tm 4.6,11,13; 5.17; 2 Tm 2.15,24; Tt 2.1).
2. Qualificações de natureza social - Um obreiro Fiel
Segundo o dicionário etimólogico, a palavra fidelidade origina-se do latim fidelitas pelo latim vulgar fidelitate, que é o atributo ou a qualidade de quem é ou do que é fiel (do latim fidelis) para significar quem ou o que conserva, mantém ou preserva suas características originais ou quem ou o que se mantém fiel à referência. A pessoa fiel é aquela que cumpre com as suas promessas e que continua a ser leal mesmo com o passar do tempo e apesar das várias e eventuais circunstâncias.
- Um obreiro Hospitaleiro
É o ato de hospedar, ou seja, receber e cuidar de alguém que pertença a um ambiente diferente
I Pedro 4.9,10 Sejam mutuamente hospitaleiros, sem reclamação
Hebreus 13.2 não esqueçais da hospitalidade por ela alguns sem saber hospedaram anjos.
Romanos 12.13 Acudir aos santos nas suas necessidades, exercei a hospitalidade.-
Um obreiro Humilde
Humildade vem do latim humilitas, e é a virtude que consiste em conhecer as suas próprias limitações e fraquezas e agir de acordo com essa consciência. Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas.
Mateus 11.29 Jesus Disse: aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.
Tiago 4.6 Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes.
Provérbios 15.33 O temor do senhor é a instrução da sabedoria, e diante da honra vai a humildade.
Filipenses 2.3 Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.
Mateus 23.12 Aos escribas e fariseus disse Jesus: e o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Quatro coisas que os Fariseus e Saduceus buscavam: os primeiros lugares na ceia, as primeiras cadeiras na sinagoga, aplausos na praça e ser chamados de mestres.
O problema comum entre as igrejas de Éfeso e Creta era as falsas doutrinas. Surgiram falsos mestres ensinando uma mistura de doutrinas e práticas judaicas e pagãs: proibição do casamento, abstinência de alimentos (1 Tm 4.3), alguns afirmavam que a ressurreição já se realizou (2 Tm 2.18) e ensinos de demônios (1 Tm 4.1). Havia, ainda, muitas contendas e discussões nas igrejas (Tt 2.9-11).
Para combater as falsas doutrinas, Paulo recomenda a nomeação de oficiais qualificados, em cada igreja (Tt 1.5). É importante que o oficial nomeado seja irrepreensível (1 Tm 3.1-13, Tt 1.5-9).
No combate contra as heresias, Paulo reafirma as verdades centrais do cristianismo:
salvação pela graça, através da fé em Cristo;
vida santificada, livre do pecado;
o juízo de Deus, etc. É a chamada “sã doutrina” (1 Tm 1.15, 2.5, 2 Tm 2.11,12, Tt 2.-11-14, 3.3-8). E esta sã doutrina deve ser ensinada para o povo (2 Tm 2.2, 3.25, Tt 2.1).
O objetivo da repreensão cristã: 1 Tm 1.5
Veja as qualificações de um oficial da igreja em Tt 1.5-9.
A carta de Tito contém exortações práticas sobre serviço a patrões e senhores: Tt 2.9-10, aos jovens: Tt 2.6, ao serviço de misericórdia cristã: Tt 3.14.
2 Tm 1.6-14 é uma excelente passagem para os desanimados na fé.
2 Tm 3.16-17 expõe as virtudes das Escrituras Sagradas.
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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2.
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BIBLIOGRAFIA
Bíblia Almeida Século 21
Bíblia de estudo das Profecias
https://www.ebdonline.com.br/1e2timoteo_e_tito.htm
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