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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

LIÇÃO 07 - ESTÊVÃO - UM MÁRTIR AVIVADO.

PROFº PB. JUNIO - CONGREGAÇÃO BOA VISTA II

 


                    TEXTO ÁUREO

"Mas ele, estando cheio do Espírito Santo [...] disse-lhe: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus." (AT 7. 55,56)


                VERDADE PRÁTICA

Por intermédio da graça de Deus, o cristão pode ser fiel a Cristo até a morte e contemplar a sua glória.


LEITURA BÍBLICA: AT 6. 8-10; 7. 54-60


                        INTRODUÇÃO

Antes de Deus levantar Estêvão como pregador e apologista do evangelho, a Igreja estava confinada a Jerusalém, apesar de a ordem de Jesus para os apóstolos ter sido: “recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Contudo, após o aparecimento e — especialmente — o desaparecimento de Estêvão, o evangelho passou a ser propagado por toda parte (8.1-4).         Estêvão, aliás, foi o primeiro não apóstolo a realizar milagres publicamente, visto que, até então, somente os apóstolos haviam sido usados por Deus para fazer maravilhas e sinais (cf. At 2.43; 3.4-8; 5.12). É bem possível que ele já tivesse realizado prodígios no meio do povo e que isso tenha sido uma das razões pelas quais ele foi eleito.             No pensamento dos apóstolos, com a eleição dos servidores da mesa, o ministério da Palavra ficaria reservado exclusivamente a eles. Deus, no entanto, quis que o diácono Estêvão proclamasse a Palavra de modo mais destacado que eles, a ponto de dar testemunho com a sua própria vida! “Na verdade, Estêvão, que não deveria estar pregando de maneira alguma, fez o mais longo sermão de todo o livro de Atos!” (GONZÁLEZ, 2011, p. 120).            Os maiores sermões em Atos, diga-se de passagem, foram o de Estêvão perante o Sinédrio (At 7.2-60) e o de Paulo numa sinagoga em sua primeira viagem missionária (13.16-41). Ao lermos o quinto livro do Novo Testamento, a impressão que fica é que esse diácono-apologista foi o precursor de Paulo. “Parece que Estêvão foi o primeiro membro da igreja a ter a visão do evangelho para o mundo inteiro, e esse ideal levou-o ao martírio” (HURLBUT, p. 28). Todavia, foi o apóstolo Paulo, outrora perseguidor dos cristãos, quem realizou essa importante obra.


                    I.    O TESTEMUNHO DE ESTÊVÃO

1.   Estêvão usado por Deus  -   Se existe uma palavra que caracteriza a vida de Estêvão é cheio. Ele era um homem cheio de Deus. Sua vida não era apenas irrepreensível, mas também plena. Destacamos aqui alguns aspectos dessa plenitude. Estêvão era cheio do Espírito Santo (6.3,5). Todo homem está cheio de alguma coisa. Está cheio do Espírito ou de si mesmo. Está cheio de Deus ou de pecado. Estêvão era cheio de fé (6.5). Estêvão fora salvo pela fé, vivia pela fé, vencia o mundo pela fé e era cheio de fé. Estêvão era cheio de sabedoria (6.3). Sabedoria é mais do que conhecimento; é o uso correto do conhecimento. E olhar para a vida com os olhos de Deus. Estêvão era cheio de graça (6.8). Havia em Estêvão abundante graça. Sua vida era uma fonte de bênção. Seu coração era generoso, suas mãos eram dadivosas, e sua vida, um vaso transbordante de graça. Estêvão era um homem cheio de doçura. Estêvão era cheio de poder (6.8). Estêvão era um homem revestido com o poder de Deus para fazer milagres e muitos sinais entre o povo. Ele falava e fazia; pregava e demonstrava. Suas palavras eram irresistíveis, e suas obras, irrefutáveis. Até o momento, Lucas creditara prodígios e sinais apenas a Jesus (2.22) e aos apóstolos (2.43; 5.12); agora, pela primeira vez, diz que outros os realizam (6.8; 8.6).196 Adolf Pohl declara que graça e poder formam uma unidade. De nada adianta graça impotente, e poder sem graça é terrível. Porém, por ser cheio de graça e de poder, Estêvão fez grandes prodígios e sinais entre o povo.

2.  Uma covarde oposição  -  Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Levantaram-se, porém, alguns dos que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilicia e Asia, e discutiam com Estêvão. Para David Stern, aqueles que possuem histórico cultural e social semelhante, em geral, preferem adorar juntos. Os escravos libertos provavelmente eram judeus de Cirene e de Alexandria, da Cilicia e da província da Ásia, que haviam sido capturados e escravizados pelos romanos. O general Pompeu, que capturou Jerusalém em 63 a.C., fez prisioneiros diversos judeus e os libertou mais tarde em Roma. Entretanto, talvez alguns fossem gentios que se converteram ao judaísmo. E nesse contexto de oposição que Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Estêvão não tinha apenas uma vida irrepreensível, mas também obras irrefutáveis. Suas obras referendavam sua vida. Falava e fazia. Pregava aos ouvidos e aos olhos. Ninguém podia contestar sua vida nem negar os milagres que Deus operava por seu intermédio. No entanto, apesar de todas as qualidades extraordinárias de Estêvão, o seu ministério provocou um antagonismo feroz. Três foram os estágios desse antagonismo: discussão (6.9b, 10); difamação (6.11,12a); e condenação (6.12b— 7.60)[…]  suas palavras eram irresistíveis (6.10-14). Um homem cheio do Espírito, de fé, sabedoria, graça e poder é amado pelo céu e odiado pelo inferno; faz maravilhas entre os homens e ganha a oposição dos inimigos da cruz. Não foi diferente com Estêvão. Os adversários de Estêvão não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito pelo qual ele falava. Suas palavras eram irresistíveis. Havia virtude de Deus em seus lábios. Então, não podendo suplantá-lo na argumentação, tramaram contra ele, como fizeram com Jesus, e subornaram homens covardes, que o acusaram de blasfêmia. A acusação contra Estêvão foi leviana, mas acabou sendo acolhida pelos membros do Sinédrio. Mário Neves diz que os antagonistas de Estêvão, não podendo vencê-lo pela razão, recorreram à mentira, à calúnia e ao suborno, conseguindo assim amotinar o povo, os anciãos e os escribas. A acusação contra Estêvão era dupla. Acusavam-no de blasfêmia contra Moisés e contra Deus; contra o templo e contra a lei (6.11). Perante o magno pretório judaico, as testemunhas subornadas pelos líderes religiosos assacaram contra Estêvão pesadas acusações: …Este homem não cessa de falar contra o lugar sagrado e contra a lei (6.13). William Barclay realça duas coisas especialmente preciosas para os judeus: o templo e a lei. Eles entendiam que só no templo podiam oferecer sacrifícios e só ali podiam adorar verdadeiramente a Deus. A lei jamais poderia ser mudada, mas eles acusavam Estêvão de dizer que o templo desapareceria e a lei nada mais era do que um passo para o evangelho. Essas acusações eram gravíssimas, uma vez que o templo era o lugar santo, símbolo da presença de Deus entre o povo, e a lei era a revelação da vontade de Deus. Falar contra a casa de Deus e contra a Palavra de Deus era blasfêmia, um pecado sentenciado com a morte. Marshall destaca que foi a mesma preocupação zelosa com o templo, da parte dos judeus da Dispersão, que justificou prisão posterior de Paulo (21.28). […] Estêvão não blasfemava contra o templo nem contra a lei. Ao contrário, estava alinhado com a mesma interpretação de Jesus (Jo 2.19; Mc 14.58; 15.29). Porém, a luz da verdade cegou os olhos dos membros do Sinédrio em vez de lhes clarear a mente. A oposição desceu da teologia para a violência. Essa mesma ordem de acontecimentos repetiu-se muitas vezes. No início, há um sério debate teológico. Quando isso fracassa, as pessoas iniciam uma campanha pessoal de mentiras. Finalmente, recorrem a ações legais ou quase legais numa tentativa de se livrarem do adversário pela força. Em vez de acolher a mensagem da verdade com humildade, o Sinédrio preferiu sentenciar à morte o mensageiro.

3.   A fúria dos acusadores  -  Depois de dissertar com muita sabedoria sobre a história de Israel e a sua apostasia, Estêvão mudou o foco do discurso. Ele confrontou a dureza de coração dos líderes de Israel ao dizer: Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes. E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele. (7.51-54) Em poucos minutos, Estêvão demonstrou o estado espiritual de Israel durante a sua história. Nunca, em nenhum lugar e em tempo algum, um povo foi tão abençoado por Deus. Nascido de Abraão, o patriarca hebreu, constituída como nação escolhida para representar os interesses do Reino de Deus na terra, Israel ouviu da parte de Deus promessas jamais feitas a qualquer povo. Deus tirou aquele povo do Egito e fez sinais e maravilhas jamais vistas por qualquer povo do mundo, começando com a sua retirada da escravidão egípcia com poderosa mão divina, depois com as pragas derramadas sobre aquele povo idólatra, em seguida o livramento na passagem do mar Vermelho, a água tirada da rocha e o manjar dos céus enviado, além de ter dado vitória sobre povos mais fortes e mais poderosos que eles em termos humanos. Se não tivesse dado palavra tão dura contra os que o acusaram no Sinédrio, Estêvão poderia ter escapado da pena capital, mas ele preferiu ser fiel à sua missão, expondo o que o Espírito de Deus pusera-lhe no coração. Cumpriu-se o que Jesus dissera aos seus discípulos: Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. Acautelai-vos, porém, dos homens, porque eles vos entregarão aos sinédrios e vos açoitarão nas suas sinagogas; e sereis até conduzidos à presença dos governadores e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como ou o que haveis de falar, porque, naquela mesma hora, vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós. (Mt 10.16-20)


                    II.   A PRECIOSA MORTE DE ESTÊVÃO

1.  Cheio do Espírito Santo  -  O Estêvão cheio do Espírito se comporta como profeta. Pelo Espírito Santo, ele vê a glória radiante de Deus e o Jesus exaltado à mão direita de Deus (w. 55,56; Lc 22.69). Durante a visão, aparece o padrão trinitário. Estêvão, cheio do Espírito Santo, olha para o céu e vê o Senhor Jesus em pé, à mão direita de Deus Pai. Essa visão não deixa dúvida sobre o lugar de Jesus na deidade.   Só aqui no Novo Testamento Jesus é retratado a estar em pé em vez de estar sentado à mão direita de Deus. A explicação mais satisfatória é que Ele está agindo no papel de intercessor, advogado e testemunha. Sua posição sugere que Ele está confessando Estêvão diante do Pai divino, como Ele prometera: “Qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32). Jesus é o Senhor exaltado, e seu povo tem acesso a Deus por Ele (cf. Rm8.34). Como o Justo (v. 52), o Filho do Homem está qualificado para representar o povo de Deus e testemunhar a seu favor.    Agora Estêvão confessa pela primeira vez o Senhor ressurreto diante do Sinédrio, declarando que Ele vê Jesus Cristo compartilhando a glória de Deus como o exaltado Filho do Homem. Estas palavras são blasfemas aos líderes religiosos. Eles cobrem os ouvidos, indicando que já não ouvirão o blasfemador. A recusa em ouvir reflete um problema muito mais profundo: empenho para que os ouvidos não sejam abertos pelo Espírito Santo (v. 52; Theological Dictionary of the New Testament, eds. G. Kittel e G. Friedrich, GrandRapids, 1964- 1976, vol. 5, p. 556). Eles abafam a voz de Estêvão “grita[ndo] com grande voz” (v. 57) e avançando ameaçadoramente para o agarrar.

2.    A violência dos acusadores  -  Se os seus acusadores já estavam enfurecidos por terem sido confrontados corajosamente por Estêvão, de serem duros de coração e de resistirem ao Espírito Santo, eles não suportaram ouvir que Estêvão estava vendo a glória de Deus e a Jesus nos céus: “Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo” (7.57,58). Estêvão foi levado à periferia da cidade, provavelmente para lugares menos movimentados, e ali foi cercado pela multidão enfurecida com sede de sangue. A sua fúria alcançou o auge quando ouviram a declaração de que ele estava contemplando os céus abertos e Jesus à direita de Deus (7.55). Eles ficaram tão enfurecidos que viram Estêvão como um perigoso criminoso. Eles perderam todo o controle emocional. Já estavam cheios de ódio no coração, desejando ver o fim do homem de Deus. Passaram a gritar com altos brados palavras de condenação, de ira e furor; era tão terrível para eles ouvir o que Estêvão dissera de estar vendo a glória de Deus, que eles taparam os ouvidos com as mãos, totalmente desequilibrados e descontrolados. No acesso da fúria demoníaca, “arremeteram unânimes contra ele”. Conscientes do que estavam fazendo, agrediram-no não só verbal, como também fisicamente, com socos, murros, pontapés e pancadas no rosto e na cabeça, querendo destruí-lo. Levaram-no com violência para fora da cidade e ali o apedrejaram sem dó. Para dar uma impressão de que realizavam um julgamento legal, levaram testemunhas contra Estêvão, as quais, com mentiras e calúnias, “depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo”. Àquela altura, Saulo de Tarso era o principal perseguidor dos cristãos. 

3.   O perdão no martírio  -  Charles Ferguson Ball (1998) descreveu o ocorrido da seguinte forma:

“Cercado pelos guardas do Templo, Estêvão foi arrastado pelas ruas da cidade até um lugar perto dos muros. De repente, o grito: ‘Morte ao blasfemo! Morte ao nazareno!’ A Lei de Moisés ordenava que a primeira pedra fosse atirada pelas testemunhas que, despindo-lhe de seus mantos, empilharam-nos aos pés de Saulo. A incumbência deste era cuidar para que as roupas não fossem roubadas” (BALL, p. 57). Estêvão foi apedrejado fora da cidade como se fosse um blasfemador que merecesse a pena capital (cf. Lv 24.14-16; Lc 4.29). As mãos das falsas testemunhas foram possivelmente as primeiras “contra ele, para matá-lo; e, depois, a mão de todo o povo” (Dt 17.7), visto que elas deixaram “as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo” (At 7.58). Pelo que Lucas relatou, as testemunhas “tiraram as vestes externas de maneira a se sentirem mais livres para atirar as pedras e depuseram as vestes aos pés de um mancebo chamado Saulo. Por esse registro verificamos que Saulo foi testemunha ocular da morte de Estêvão e, provavelmente, de sua pregação” (HORTON, 1983, p. 86). De acordo com o catolicismo romano, o “lugar do martírio de Estêvão em Jerusalém encontra-se, tradicionalmente, não muito longe da Porta de Damasco, ao norte, onde agora está precisamente a igreja de Santo Estêvão, junto da conhecida Escola Bíblica dos dominicanos” (RATZINGER, p. 138). Alguns estudiosos acreditam que Estêvão e seu Mestre, o Senhor Jesus, morreram no mesmo lugar (cf. POLLOCK, 1990), no Gólgota (Calvário), “conhecido como Monte da Caveira. Ao meio-dia, especialmente, as sombras fazem os dois ‘buracos dos olhos’, […] pode ter sido aqui que São Estêvão foi apedrejado até a morte, poucos anos depois [da crucificação de Jesus], tornando-se o primeiro mártir cristão” (WALKER, p. 185–186). Jesus Cristo foi escarnecido, cuspido e agredido fisicamente até chegar ao Calvário (Mt 27.27-33). Estêvão possivelmente chegou ao mesmo lugar debaixo de uma chuva de pedras e impropérios. Ali, no Lugar da Caveira, no entanto, ambos — acusados de profanar o Templo — fizeram as mais belas intercessões por seus inimigos. O primeiro, dependurado entre o céu e a terra, disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). E o segundo, ajoelhado, clamou em alta voz: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” (At 7.60). Que resposta desconcertante àqueles que, “clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele” (v. 57, ARA)!

Últimas Palavras de Estêvão

Há uma íntima semelhança do martírio de Estêvão com a morte de Jesus Cristo. “Ambos foram julgados na presença da assembleia nacional (Lc 22.66; At 6.12); ambos foram acusados por falsas testemunhas (Mc 14.56-58; At 6.13,14); ambos foram acusados de blasfêmia (Mc 14.63,64; At 7.56,57); e ambos foram vítimas da violência da multidão (Lc 23.18-23; At 7.57-59). A morte de Jesus, contudo, foi consumada indiretamente através de pressão popular sobre o governador romano; Estêvão foi apedrejado pelo povo” (TENNEY, p. 218). Antes de morrer, as palavras do Senhor Jesus — depois de ter rogado ao Pai que perdoasse seus algozes e de ter salvado efetivamente o infrator arrependido que lhe pediu perdão (Lc 23.33-43) — foram estas: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (v. 46). Estêvão, de modo semelhante, porém inverso, primeiro disse: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” (At 7.59). E, em seguida: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” (v. 60). Fico maravilhado com a autoridade e a segurança desse servo do Senhor momentos antes de morrer! “Com a confiança tranquila de um profeta, ele segue o exemplo de Jesus e permanece fiel ao seu ensino: ‘Bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam’ (Lc 6.28)” (ARRINGTON, p. 666). Essa semelhança entre Estêvão e seu Mestre deixam-nos sem palavras. Qual de nós teria a autoridade e a ousadia de verberar contra os pecados do Sinédrio e, em seguida, em meio a um linchamento, pedir a Deus, sem desespero ou medo de morrer, que perdoasse seus algozes? Autoridade é uma capacitação divina. Ela está relacionada com integridade moral (1 Tm 3.5-7), postura adequada (4.12), idoneidade para ensinar (Tt 2.15), capacidade para dirigir (Sl 78.72) e ousadia no falar conforme orientação do Espírito Santo (1 Rs 17.1; 2 Rs 2.10; At 13.6-11; 8.19-24). Tudo isso Estêvão tinha. Todavia, sua autoridade fora, sobretudo, outorgada por Deus, principalmente se considerarmos a possibilidade de ele ter sido um dos 70 discípulos enviados por Jesus Cristo (cf. Lc 10.17-19, ARA). Esse primeiro grande apologista do evangelho era um homem manso e pacificador. Ele não quis afrontar o Sinédrio. Pelo contrário! A maneira elegante como ele iniciou a pregação e a sua oração perdoadora ante seus inimigos figadais evidenciam que seu amor a Jesus Cristo estava acima de tudo.  Estêvão não temia a morte; ele tinha a certeza de que o Senhor Jesus receberia o seu espírito, haja vista as suas declarações finais. Reflitamos sobre isso. Quais serão as nossas últimas palavras antes de nossa morte caso o Arrebatamento da Igreja não a anteceder? Se houver tempo de dirigirmos uma oração a Deus, teremos a convicção para dizer-lhe: “recebe o meu espírito”, ou tentaremos pedir-lhe perdão por todos os nossos pecados em tempo recorde? A convicção de Estêvão decorria do fato de ele ser cheio do Espírito Santo. O selo e o penhor do Parácleto, o qual testemunhava em seu interior que ele era filho de Deus, davam-lhe a certeza de que o seu nome está inscrito no Livro da Vida! O cristão que ainda não tem essa convicção clama desesperadamente por misericórdia, assim como fez o infrator crucificado momentos antes de morrer. Mas, e se este não tivesse tempo de falar com Jesus Cristo? E se tivesse morrido antes de repente? Podemos vir a falecer repentinamente enquanto dormimos, ou em um inesperado acidente aéreo ou rodoviário, ou em decorrência de um ato violento permitido pelo Senhor. As palavras de Estêvão evidenciam que ele estava seguro em Cristo. Ele tinha, de fato, a certeza da vida eterna porque sua comunhão com o Paráclito jamais fora interrompida, mantendo-se, assim, cheio do Espírito Santo até seu último suspiro na terra (At 7.55-59).



                III.   O AVIVAMENTO NO SOFRIMENTO

1.  Sofrimento e morte dos apóstolos  -  Martírio do apóstolo Tiago

Naquele tempo – evidentemente o de Cláudio -o rei Herodes pôs-se a maltratar alguns da Igreja. E matou Tiago, o irmão de João, com a espada. Acerca deste Tiago, Clemente, no livro VII de suas Hypotyposeis, acrescenta um relato digno de menção, afirmando tê-lo tomado de uma tradição anterior a ele. Diz que aquele que o introduziu ante o tribunal, comovido ao vê-lo dar testemunho, confessou que também ele era cristão. “Ambos pois, diz Clemente, foram levados juntos dali, e no caminho pediu que Tiago o perdoasse, e este, depois de olhá-lo um instante, disse: A paz esteja contigo, e beijou-o. E assim é que ambos foram decapitados ao mesmo tempo.” Então, como diz a divina Escritura, vendo Herodes que sua façanha de assassinar Tiago tinha agradado aos judeus, tentou-o também contra Pedro, encarcerou-o e pouco faltou para que o executassem também se um anjo, por aparição divina, não houvesse aparecido a ele durante a noite e não o tivesse retirado milagrosamente da prisão, deixando-o livre para o ministério da pregação. Esta foi a providência disposição no que diz respeito a Pedro.

 Da perseguição nos tempos de Nero, na qual Paulo e Pedro foram adornados com o martírio pela religião em Roma Firmado Nero no poder, deu-se a práticas ímpias e tomou as armas contra a própria religião do Deus do universo. Descrever de que maldades foi capaz este homem não é tarefa para a presente obra. Já que, sendo muitos os que transmitiram em relatos precisos suas maldades, quem queira poderá aprender destes sobre a grosseira demência deste homem estranho que, levado por ela e sem a menor reflexão, produziu a morte de inúmeras pessoas e a tal ponto levou seu afã homicida que não se deteve nem mesmo ante os mais chegados e queridos, mas que até a sua mãe, seus irmãos, sua esposa e com eles muitos familiares, fez perecer com variadas formas de morte, como se fossem adversários e inimigos. Mas deve-se saber que a tudo o que foi dito sobre ele faltava acrescentar que foi o primeiro imperador que se mostrou inimigo da piedade para com Deus. Disto faz menção também o latino Tertuliano quando diz: “Leiam vossas memórias. Nelas encontrareis que Nero foi o primeiro a perseguir esta doutrina, principalmente quando, depois de submeter todo o Oriente, em Roma era cruel para com todos. Nós nos ufanamos de ter um assim como autor de nosso castigo, porque quem o conhecer compreenderá que Nero não podia condenar nada que não fosse um grande bem.” Assim pois, este, proclamado primeiro inimigo de Deus entre todos os que o foram, levou sua exaltação ao ponto de fazer degolar os apóstolos. De fato, diz-se que sob seu império Paulo foi decapitado na própria Roma, e que Pedro foi crucificado. E disto da fé o título de Pedro e Paulo que predominou para os cemitérios daquele lugar até o presente. Também o confirma um varão eclesiástico chamado Caio, que viveu quando Zeferino era bispo de Roma. Disputando por escrito com Proclo, líder da seita catafriga, diz sobre os lugares onde estão depositados os sagrados despojos dos mencionados apóstolos o seguinte: “Eu, por outro lado, posso mostrar-te os troféus dos apóstolos, porque se queres ir ao Vaticano ou ao caminho de Ostia, encontrarás os troféus dos que fundaram está igreja.” Que ambos sofreram martírio na mesma ocasião é afirmado por Dionísio, bispo de Corinto, em sua correspondência escrita com os romanos, nos seguintes termos: “Nisto também vós, por meio de semelhante admoestação, fundistes as searas de Pedro e de Paulo, a dos romanos e a dos Coríntios, porque depois de ambos plantarem em nossa Corinto, ambos nos instruíram, e depois de ensinarem também na Itália no mesmo lugar, os dois sofreram martírio na mesma ocasião.” Sirva também isto para maior confirmação dos fatos narrados.

 Da morte de João e de Felipe  Já explicamos anteriormente o tempo e o modo da morte de Paulo e de Pedro, assim como também o lugar onde foram depositados seus corpos depois que partiram desta vida. Sobre João, quanto ao tempo, também já foi dito; mas quanto ao lugar de seu corpo, indica-se na carta de Polícrates, bispo da igreja de Éfeso, que foi escrita para o bispo de Roma, Victor. Junto com João menciona o apóstolo Felipe e as filhas deste nos seguintes termos: “Porque também na Ásia repousam grandes luminares que ressuscitarão no último dia da vinda do Senhor, quando virá dos céus com glória em busca de todos os santos: Felipe, um dos doze apóstolos, que repousa em Hierápolis com duas filhas suas que chegaram virgens à velhice, e a outra filha, que depois de viver no Espírito Santo, descansa em Éfeso; e também há João, o que se recostou sobre o peito do Senhor e que foi sacerdote portador do pétalon , mártir e mestre; este repousa em Éfeso.” Isto há sobre a morte destes luminares. Mas também no Diálogo de Caio -de quem já falamos pouco acima -, Proclo – contra quem é dirigida a disputa -, coincidindo com o exposto, diz sobre a morte de Felipe e de suas filhas o seguinte: “Depois deste houve em Hierápolis, a da Ásia, quatro profetisas, as filhas de Felipe. Ali estão seus sepulcros e o de seu pai.” Assim diz Proclo. E Lucas, nos Atos dos Apóstolos, menciona as filhas de Felipe, que então viviam em Cesaréia da Judéia junto com seu pai, e que haviam sido agraciadas com o dom da profecia; diz textualmente o que segue: Viemos a Cesaréia e entramos na casa de Felipe o evangelista – pois era um dos sete – e permanecemos em sua casa. Tinha ele quatro filhas virgens, que eram profetisas. Depois de haver descrito sobre o que chegou ao nosso conhecimento acerca dos apóstolos e dos tempos apostólicos, assim como dos escritos sagrados que nos deixaram, e inclusive dos que são controversos, mas que na maioria das igrejas muitos leem em público, e dos que são inteiramente espúrios e alheios à ortodoxia apostólica, continuemos avançando em nossa narrativa.

2.   O avivamento e sofrimento  -  Neste estudo, podemos constatar que Estêvão teve forças espirituais diante do sofrimento a que foi submetido, tanto em termos físicos quanto emocionais. É possível que muitos crentes ao longo da História da Igreja tenham sucumbido diante das pressões descomunais contra si, muitas vezes incluindo a sua família, por não terem a força e o poder do Espírito Santo para resistir até à morte. Estêvão foi um exemplo marcante e referencial de que somente sendo cheio do Espírito Santo, o fiel pode suportar as terríveis pressões de um julgamento injusto, ilegal e tendencioso e, assim, ser vitorioso diante de torturas psicológicas e físicas por causa da sua fé. O avivamento espiritual, motivado pela presença gloriosa do Espírito Santo, dá forças aos servos e servas de Deus para enfrentarem situações difíceis de torturas e castigos severos por professarem a sua fé em Jesus. Podemos ver na Bíblia a razão dessa força extra-humana que Estêvão teve diante do sofrimento, nas mãos dos seus executores. Além de ser cheio do Espírito Santo, o cristão precisa ter a alegria do Espírito Santo, ou a alegria do Senhor. Esse é um fator importantíssimo para ser vencedor diante das lutas que possam surgir na vida cristã. No livro de Neemias, encontramos uma referência que nos mostra como podemos vencer as adversidades que se apresentam em nossa vida. Quando o povo chorava muito depois de ouvir a leitura da Lei por Esdras — pois sentiam as suas faltas e pecados diante de Deus —, Neemias, que liderou a reconstrução dos muros de Jerusalém, convidou o povo para a leitura do livro da Lei — que havia sido desprezado — numa assembleia solene, desde a manhã até ao meio-dia. Com a leitura, feita com calma e explicação do seu sentido, o povo começou a chorar, mas Neemias levantou-se e exortou a todos para não se entristecerem: Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força. (Ne 8.10) Quando “a alegria do Senhor” resulta do enchimento do Espírito Santo, torna-se fonte de energia espiritual que dá força e poder aos que a possuem. A Bíblia mostra-nos diversas referências sobre essa alegria que vem de cima: “Alegrai-vos no Senhor e regozijai-vos, vós, os justos; e cantai alegremente todos vós que sois retos de coração” (Sl 32.11). Alegrar-se no Senhor e cantar alegremente é fator excelente para dar força ao crente. Devemos anotar que tal bênção é para os que são “retos de coração”, ou seja, pessoas íntegras tanto espiritual quanto moralmente. Outro Salmo diz: “Alegrai-vos, ó justos, no Senhor, e dai louvores em memória da sua santidade” (Sl 97.12). Joel, o profeta do Pentecostes, também ressaltou a importância da alegria do Senhor ou do avivamento espiritual. “E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor, vosso Deus, porque ele vos dará ensinador de justiça e fará descer a chuva, a temporã e a serôdia, no primeiro mês” (Jl 2.23). Paulo, escrevendo aos coríntios, disse como eles deveriam comportar-se na vida cristã: “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco” (2 Co 13.11). Veja quantos conselhos oportunos e necessários a uma igreja que precisa alegrar-se no Senhor. Ele diz que os irmãos devem regozijar-se no Senhor, mas prossegue doutrinando sobre essa alegria espiritual profunda e fortalecedora do ânimo do crente. Muitos caem, afastam-se, desviam-se, porque não conseguem ter uma vida cristã sadia e cheia de poder de Deus. Para tanto, Paulo diz que, além de regozijarem-se, os irmãos devem saber que Deus requer que sejamos, perfeitos, consolados, de “um mesmo parecer” — ou seja, que vivamos em acordo, em harmonia —, e acrescenta que os servos de Cristo devem viver em paz. Em consequência, diz Paulo: “e o Deus de amor e de paz será convosco” (13.11). Paulo não só ensinava, como também já havia experimentado grandes sofrimentos, assim como os demais apóstolos, mas resistiu com a graça e o poder de Deus na sua vida: Porque tenho para mim que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, ilustres, e nós, vis. Até esta presente hora, sofremos fome e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados e bendizemos; somos perseguidos e sofremos; somos blasfemados e rogamos; até ao presente, temos chegado a ser como o lixo deste mundo e como a escória de todos. (1 Co 4.9-13) Diante de toda essa realidade adversa, Paulo não reclamou, não murmurou e nem se queixou da sua situação: Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo, segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. (Fp 1.19-21) Ele foi um grande exemplo e incentivador da alegria do Senhor: “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos” (Fp 4.4). Aos tessalonicenses, ele escreveu: “Regozijai-vos sempre” (1 Ts 5.16).




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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

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         BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21

Bíblia de estudo Pentecostal

Livro de Apoio, Aviva a tua Obra, Elinaldo Renovato - Editora CPAD.

Comentário Bíblico Pedro O Primeiro Pregador Pentecostal, Ciro S. Zibordi - Editora CPAD.

Comentário Bíblico Pedro: Pescador de homens, Hernandes D. Lopes - Editora Hagnos.

Comentário Bíblico Atos, Hernandes D. Lopes - Editora Hagnos

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD

Livro Eusébio De Cesaréia. História Eclesiástica, Wolfgang Fischer - Editora Novo Século.


3 comentários:

  1. Paz do Senhor!
    Irmãos e amigos tudo bem?
    Tivemos uma Lição 6 abençoada.... Quê lições preciosas aprendemos com o ministério do Apóstolo Pedro.

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  2. Estamos diante de um personagem com uma historia incrível.... Estêvão, era pra ser um Diácono e Deus o abençoa com um ministério próspero, autêntico, ungido. Um homem pleno do Espírito Santo.

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  3. Não deixe de compartilhar com seus alunos.

    Ótima semana!!!

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