Seja um Patrocinador desta Obra.

SEJA UM ALUNO ASSÍDUO NA EBD. Irmãos e amigos leitores, vc pode nos ajudar, através do PIX CHAVE (11)980483304 ou com doações de Comentários Bíblicos. Deste já agradeço! Tenham uma boa leitura ___ Deus vos Abençoe!!!!

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

LIÇÃO 9 - A SUTILEZA DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS.

PROFº PB. JUNIO - CONGREGAÇÃO
BOA VISTA II.


                            TEXTO ÁUREO

"Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele dia." (HB 10.25)


                        VERDADE PRÁTICA

O movimento dos "desigrejados" deve ser visto como um desvio da verdadeira espiritualidade que é expressa no contexto da verdadeira Igreja.


     LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: HB 10.19-25


                            INTRODUÇÃO

O termo “desigrejado” é usado para rotular aqueles que estão fora das denominações evangélicas. Esse termo é muitas vezes usado pejorativamente, marginalizando assim aqueles que por um motivo ou outro decidiram ficar de fora das instituições religiosas – especialmente as evangélicas. No passado, os crentes que saiam das igrejas evangélicas, eram chamado de “desviados”. Neste último caso, os desviados eram pessoas que as vezes se entregavam aos vícios e ao mundanismo. No caso dos “desigrejados”, temos um fenômeno novo no meio evangélico. O “desigrejado” é uma espécie de evangélico não praticante, caso este que ocorria somente dentro do catolicismo romano. É comum ouvirmos falar sobre católicos não praticantes, mas, no caso dos evangélicos, realmente temos um fenômeno novo. Neste e-book, o termo “desigrejado” será sempre tratado entre aspas, pois entendo que estar fora dos templos não é o mesmo que estar fora da Igreja que é o Corpo místico de Cristo. Os “desigrejados” são marginalizados de várias formas. Mesmo na mais boa intenção possível por parte de seus críticos, eles acabam ficando à margem da comunidade evangélica, sendo mal vistos. O reverendo Augustus Nicodemus Lopes expressa esse tipo opinião, quando disse que “viver sem igreja está errado”. Outros passam dos limites e acabam levantando questões como: “Há salvação para os desigrejados? Sem líderes, sem pastores, como assim? Quem sai da igreja por causa de pessoas nunca entrou lá por causa de Jesus”, ou ainda: “Noventa por cento dos desigrejados são o pior do sistema”.


            I. VISÃO E PRÁTICA DO MOVIMENTO DOS DESIGREJADOS

1. Um ensino anti-institucionalMuitos livros recentes têm defendido a desigrejação do cristianismo (*). Em linhas gerais, os desigrejados defendem os seguintes pontos. 

1) Cristo não deixou qualquer forma de igreja organizada e institucional. 2) Já nos primeiros séculos os cristãos se afastaram dos ensinos de Jesus, organizando-se como uma instituição, a Igreja, criando estruturas, inventando ofícios para substituir os carismas, elaborando hierarquias para proteger e defender a própria instituição, e de tal maneira se organizaram que acabaram deixando Deus de fora. Com a influência da filosofia grega na teologia e a oficialização do cristianismo por Constantino, a igreja corrompeu-se completamente. 3) Apesar da Reforma ter se levantado contra esta corrupção, os protestantes e evangélicos acabaram caindo nos mesmíssimos erros, ao criarem denominações organizadas, sistemas interligados de hierarquia e processos de manutenção do sistema, como a disciplina e a exclusão dos dissidentes, e ao elaborarem confissões de fé, catecismos e declarações de fé, que engessaram a mensagem de Jesus e impediram o livre pensamento teológico. 4) A igreja verdadeira não tem templos, cultos regulares aos domingos, tesouraria, hierarquia, ofícios, ofertas, dízimos, clero oficial, confissões de fé, rol de membros, propriedades, escolas, seminários. 5) De acordo com Jesus, onde estiverem dois ou três que crêem nele, ali está a igreja, pois Cristo está com eles, conforme prometeu em Mateus 18. Assim, se dois ou três amigos cristãos se encontrarem no Frans Café numa sexta a noite para falar sobre as lições espirituais do filme O Livro de Eli, por exemplo, ali é a igreja, não sendo necessário absolutamente mais nada do tipo ir à igreja no domingo ou pertencer a uma igreja organizada. 6) A igreja, como organização humana, tem falhado e caído em muitos erros, pecados e escândalos, e prestado um desserviço ao Evangelho. Precisamos sair dela para podermos encontrar a Deus.  

Eu concordo com vários dos pontos defendidos pelos desigrejados. Infelizmente, eles estão certos quanto ao fato de que muitos evangélicos confundem a igreja organizada com a igreja de Cristo e têm lutado com unhas e dentes para defender sua denominação e sua igreja, mesmo quando estas não representam genuinamente os valores da Igreja de Cristo. Concordo também que a igreja de Cristo não precisa de templos construídos e nem de todo o aparato necessário para sua manutenção. Ela, na verdade, subsistiu de forma vigorosa nos quatro primeiros séculos se reunindo em casas, cavernas, vales, campos, e até cemitérios. Os templos cristãos só foram erigidos após a oficialização do Cristianismo por Constantino, no séc. IV.  

Os desigrejados estão certos ao criticar os sistemas de defesa criados para perpetuar as estruturas e a hierarquia das igrejas organizadas, esquecendo-se das pessoas e dando prioridade à organização. Concordo com eles que não podemos identificar a igreja com cultos organizados, programações sem fim durante a semana, cargos e funções como superintendente de Escola Dominical, organizações internas como uniões de moços, adolescentes, senhoras e homens, e métodos como células, encontros de casais e de jovens, e por ai vai. E também estou de acordo com a constatação de que a igreja institucional tem cometido muitos erros no decorrer de sua longa história. Dito isto, pergunto se ainda assim está correto abandonarmos a igreja institucional e seguirmos um cristianismo em voo solo. Pergunto ainda se os desigrejados não estão jogando fora o bebê junto com a água suja da banheira. Ao final, parece que a revolta deles não é somente contra a institucionalização da igreja, mas contra qualquer coisa que imponha limites ou restrições à sua maneira de pensar e de agir. Fico com a impressão que eles querem se livrar da igreja para poderem ser cristãos do jeito que entendem, acreditarem no que quiserem – sendo livres pensadores sem conclusões ou convicções definidas – fazerem o que quiserem, para poderem experimentar de tudo na vida sem receio de penalizações e correções. Esse tipo de atitude anti-instituição, antidisciplina, anti-regras, anti-autoridade, antilimites de todo tipo se encaixa perfeitamente na mentalidade secular e revolucionária de nosso tempo, que entra nas igrejas travestida de cristianismo. 

É verdade que Jesus não deixou uma igreja institucionalizada aqui neste mundo. Todavia, ele disse algumas coisas sobre a igreja que levaram seus discípulos a se organizarem em comunidades ainda no período apostólico e muito antes de Constantino. 

1) Jesus disse aos discípulos que sua igreja seria edificada sobre a declaração de Pedro, que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16.15-19). A igreja foi fundada sobre esta pedra, que é a verdade sobre a pessoa de Jesus (cf. 1Pd 2.4-8). O que se desviar desta verdade – a divindade e exclusividade da pessoa de Cristo – não é igreja cristã. Não admira que os apóstolos estivessem prontos a rejeitar os livre-pensadores de sua época, que queriam dar uma outra interpretação à pessoa e obra de Cristo diferente daquela que eles receberam do próprio Cristo. As igrejas foram instruídas pelos apóstolos a rejeitar os livre-pensadores como os gnósticos e judaizantes, e libertinos desobedientes, como os seguidores de Balaão e os nicolaítas (cf. 2Jo 10; Rm 16.17; 1Co 5.11; 2Ts 3.6; 3.14; Tt 3.10; Jd 4; Ap 2.14; 2.6,15). Fica praticamente impossível nos mantermos sobre a rocha, Cristo, e sobre a tradição dos apóstolos registrada nas Escrituras, sem sermos igreja, onde somos ensinados, corrigidos, admoestados, advertidos, confirmados, e onde os que se desviam da verdade apostólica são rejeitados. 

2) A declaração de Jesus acima, que a sua igreja se ergue sobre a confissão acerca de sua Pessoa, nos mostra a ligação estreita, orgânica e indissolúvel entre ele e sua igreja. Em outro lugar, ele ilustrou esta relação com a figura da videira e seus galhos (João 15). Esta união foi muito bem compreendida pelos seus discípulos, que a compararam à relação entre a cabeça e o corpo (Ef 1.22-23), a relação marido e mulher (Ef 5.22-33) e entre o edifício e a pedra sobre o qual ele se assenta (1Pd 2.4-8). Os desigrejados querem Cristo, mas não querem sua igreja. Querem o noivo, mas rejeitam sua noiva. Mas, aquilo que Deus ajuntou, não o separe o homem. Não podemos ter um sem o outro. 

3) Jesus instituiu também o que chamamos de processo disciplinar, quando ensinou aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado (Mt 18.15-20). Após repetidas advertências em particular, o irmão faltoso, porém endurecido, deveria ser excluído da “igreja” – pois é, Jesus usou o termo – e não deveria mais ser tratado como parte dela (Mt 18.17). Os apóstolos entenderam isto muito bem, pois encontramos em suas cartas dezenas de advertências às igrejas que eles organizaram para que se afastassem e excluíssem os que não quisessem se arrepender dos seus pecados e que não andassem de acordo com a verdade apostólica. Um bom exemplo disto é a exclusão do “irmão” imoral da igreja de Corinto (1Co 5). Não entendo como isto pode ser feito numa fraternidade informal e livre que se reúne para bebericar café nas sextas à noite e discutir assuntos culturais, onde não existe a consciência de pertencemos a um corpo que se guia conforme as regras estabelecidas por Cristo. 

4) Jesus determinou que seus seguidores fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado (Mt 28.19-20). Os discípulos entenderam isto muito bem. Eles organizaram os convertidos em igrejas, os quais eram batizados e instruídos no ensino apostólico. Eles estabeleceram líderes espirituais sobre estas igrejas, que eram responsáveis por instruir os convertidos, advertir os faltosos e cuidar dos necessitados (At 6.1-6; At 14.23). Definiram claramente o perfil destes líderes e suas funções, que iam desde o governo espiritual das comunidades até a oração pelos enfermos (1Tm 31-13; Tt 1.5-9; Tg 5.14). 

5) Não demorou também para que os cristãos apostólicos elaborassem as primeiras declarações ou confissões de fé que encontramos (cf. Rm 10.9; 1Jo 4.15; At 8.36-37; Fp 2.5-11; etc.), que serviam de base para a catequese e instrução dos novos convertidos, e para examinarem e rejeitarem os falsos mestres. Veja, por exemplo, João usando uma destas declarações para repelir livre-pensadores gnósticos das igrejas da Ásia (2Jo 7-10; 1Jo 4.1-3). Ainda no período apostólico já encontramos sinais de que as igrejas haviam se organizado e estruturado, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios (1Tm 3.1; 5.17,19; Tt 1.5; Fp 1.1; 1Tm 3.8,12; 1Tm 5.9; 1Tm 4.14). O exemplo mais antigo que temos desta organização é a reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém para tratar de um caso de doutrina – a inclusão dos gentios na igreja e as condições para que houvesse comunhão com os judeus convertidos (At 15.1-6). A decisão deste que ficou conhecido como o “concílio de Jerusalém” foi levada para ser obedecida nas demais igrejas (At 16.4), mostrando que havia desde cedo uma rede hierárquica entre as igrejas apostólicas, poucos anos depois de Pentecostes e muitos anos antes de Constantino. 

6) Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória dele (Lc 22.14-20). Os apóstolos seguiram a ordem, e reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At 2.42; 20.7; 1Co 10.16). Todavia, dada à natureza da Ceia, cedo introduziram normas para a participação nela, como fica evidente no caso da igreja de Corinto (1Co 11.23-34). Não sei direito como os desigrejados celebram a Ceia, mas deve ser difícil fazer isto sem que estejamos na companhia de irmãos que partilham da mesma fé e que creem a mesma coisa sobre o Senhor.  

É curioso que a passagem predileta dos desigrejados – “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20) – foi proferida por Jesus no contexto da igreja organizada. Estes dois ou três que ele menciona são os dois ou três que vão tentar ganhar o irmão faltoso e reconduzi-lo à comunhão da igreja (Mt 18.16). Ou seja, são os dois ou três que estão agindo para preservar a pureza da igreja como corpo, e não dois ou três que se separam dos demais e resolvem fazer sua própria igrejinha informal ou seguir carreira solo como cristãos.  

O meu ponto é este: que muito antes do período pós-apostólico, da intrusão da filosofia grega na teologia da Igreja e do decreto de Constantino – os três marcos que segundo os desigrejados são responsáveis pela corrupção da igreja institucional – a igreja de Cristo já estava organizada, com seus ofícios, hierarquia, sistema disciplinar, funcionamento regular, credos e confissões. A ponto de Paulo se referir a ela como “coluna e baluarte da verdade” (1Tm 3.15) e o autor de Hebreus repreender os que deixavam de se congregar com os demais cristãos (Hb 10.25). O livro de Atos faz diversas menções das “igrejas”, referindo-se a elas como corpos definidos e organizados nas cidades (cf. At 15.41; 16.5; veja também Rm 16.4,16; 1Co 7.17; 11.16; 14.33; 16.1; etc. – a relação é muito grande).  

No final, fico com a impressão que os desigrejados, na verdade, não são contra a igreja organizada meramente porque desejam uma forma mais pura de Cristianismo, mais próxima da forma original – pois esta forma original já nasceu organizada e estruturada, nos Evangelhos e no restante do Novo Testamento. Acho que eles querem mesmo é liberdade para serem cristãos do jeito deles, acreditar no que quiserem e viver do jeito que acham correto, sem ter que prestar contas a ninguém. Pertencer a uma igreja organizada, especialmente àquelas que historicamente são confessionais e que têm autoridades constituídas, conselhos e concílios, significa submeter nossas ideias e nossa maneira de viver ao crivo do Evangelho, conforme entendido pelo Cristianismo histórico. Para muitos, isto é pedir demais.  Eu não tenho ilusões quanto ao estado atual da igreja. Ela é imperfeita e continuará assim enquanto eu for membro dela. A teologia Reformada não deixa dúvidas quanto ao estado de imperfeição, corrupção, falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no presente, enquanto aguarda a vinda do Senhor Jesus, ocasião em que se tornará igreja triunfante. Ao mesmo tempo, ensina que não podemos ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo, precisamos uns dos outros, precisamos da pregação da Palavra, da disciplina e dos sacramentos, da comunhão de irmãos e dos cultos regulares. Cristianismo sem igreja é uma outra religião, a religião individualista dos livre-pensadores, eternamente em dúvida, incapazes de levar cativos seus pensamentos à obediência.

2. Um ensino anticlericalOS DECEPCIONADOS COM A LIDERANÇA

Campos aponta que muitos cristãos acabam rompendo seus laços com a igreja institucional por causa de abusos cometidos pelas lideranças das comunidades (CAMPOS, 2017, p.31). Nesses casos, como observa César,9a sensibilidade parece ser essencial:Caminhar sobre o solo do tema abuso espiritual exige cuidado […] O solo é sagrado. Não é outro senão o coração de vítimas. As vítimas estão sempre fragilizadas e carregam consigo suas dores na carne e na alma. Jesus ensina a pisar no solo sagrado da intimidade com a cautela amorosa de quem não quer apagar o pavio que fumega […] Implica o sopro singelo para que a chama se recupere desde as cinzas e o carinho necessário para que as feridas encontrem o caminho da cura (CÉSAR, 2013, p.11). Os diferentes grupos estudados por Rodrigues apresentaram justificativas das mais diversas para o descontentamento com a igreja, mas algumas críticas se repetiram. São elas: o mercenarismo, excesso de normas, manipulação, fanatismo, intolerância, hipocrisia, falsidade e incoerência. Ainda foram citados: a reprovação ao comportamento das lideranças religiosas, desapontamentos pessoais e até notícias veiculadas pela mídia (RODRIGUES, 2007, p.45).A partir de relatos verdadeiros, César pinta um retrato da realidade religiosa de boa parte das igrejas evangélicas brasileiras. Seu estudo identifica a existência de uma espécie de “manipulação da fé”, o que, segundo ela, pode trazer consequências graves. Ela escreve: “Quando a fé se deixa manipular, pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso.  

A confiança autêntica e sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmandos de lideranças despreparadas” (CÉSAR, 2013, p.117). De maneira geral, pessoas simples e carentes de acolhimento acabam se tornando mais suscetíveis à manipulação, passando a viver sob o jugo de uma religiosidade “fútil e meritória”, barganhando a todo momento com Deus (CÉSAR, 2013, p.117). Campos traz também uma série de relatos de pessoas que passaram por situações semelhantes (cf. CAMPOS, 2017, p.31-48). César  destaca  que  esse  tipo  de  “regime  autocrático”,  centrado  na  figura carismática do pastor evangélico, predomina nas igrejas mais novas, em especial nas pentecostais e neopentecostais. E, nelas, facilita a ocor-rência de excessos de ordem financeira, emocional e psicológica (CÉSAR, 2013, p.119). Esses excessos acabam dando origem a outro fenômeno muito perceptível na sociedade: o trânsito religioso, que será tratado mais adiante. Lopes também chama atenção para o fato de que várias das pessoas que hoje estão desigrejadas tentaram viver a sua fé no meio evangélico, inclusive em diferentes denominações. Com o passar do tempo, acabaram se sentindo exploradas e enganadas. São indivíduos que não só não frequentam mais os templos, mas estão feridos e blindados para toda e qualquer forma de organização eclesiástica (LOPES, 2019). Como lembra Bomilcar, pessoas que estão machucadas por experiências negativas naturalmente resistem a novas experiências, pois simplesmente estão cansadas de tentar (BOMILCAR, 2012, p.25). Com o passar do tempo, esse cansaço acaba se misturando a um sentimento de revolta que brota do legalismo e de promessas não cumpridas, somado ao discurso hipócrita de muitos pastores. César traz o relato de alguém que passou por essa situação durante vários anos de sua vida: Comecei a achar que Deus tinha pisado na bola comigo. Eu obedeci a tudo o que ele me dissera (supostamente pela boca dos líderes da igreja), e acabei me dando mal. Prejudiquei minha casa indo para aquela igreja. Desde então, não consigo me reerguer […] Faz dez meses que não abro a Bíblia e, quando vejo pastores pregando na televisão, sinto vontade de vomitar (CÉSAR, 2013, p.34). Além de contribuir para o afastamento da igreja, essa realidade pro-duz questionamentos à própria fidelidade de Deus, bem como sentimentos de vergonha e indignação que passam a acompanhar a vida dos desigrejados (CAMPOS, 2017, p.34). Conforme foi destacado no início deste tópico, este é um assunto que demanda cuidado. Muitos dos desigrejados possuem feridas abertas em sua relação com a instituição igreja, o que acaba se refletindo em sua experiência de fé. Da mesma forma, esta compreensão mostra-se fundamental para qualquer iniciativa missional direcionada à reintegração destas pessoas no convívio de uma comunidade cristã.


            II.  A NATUREZA DA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA

1. Um organismoOra, no paralelo desta passagem —Col. 1:18— Cristo é visto como «o Cabeça da igreja»; e isso concorda com a primeira dessas três posições possíveis, embora a ênfase recaia sobre o fato de que ele é o Cabeça da igreja em tudo, a saber, em toda a questão relativa à igreja cristã. Que isso visa o «benefício» da igreja também é verdade, mas isso visa afirmar diretamente que temos aqui uma interpretação sobre o que está geralmente implícito no texto, não sendo uma simples tradução. Porém, mesmo que aceitemos que a segunda e a terceira dessas possibilidades estão corretas, visto que Cristo é o Cabeça de tudo, isso deve incluir igualmente a igreja, porquanto a igreja não pode ser excluída dessa afirmação apostólica, que se reveste de natureza geral. Não obstante, a primeira dessas três posições é a que tem maiores probabilidades de acertar no alvo, sendo ali enfatizado que não existe outra autoridade sobre a igreja além da autoridade de Cristo, tal como um corpo humano é totalmente governado pelo cérebro, pela cabeça.

Ora, tudo isso serve apenas de um outro meio para frisar o senhorio de Cristo, o que é comentado no trecho de Rom. 1:4, juntamente com o título completo, «Senhor Jesus Cristo».

«…o deu…» A igreja recebe a soberania total de Cristo como presente vindo de Deus Pai, para o benefício dela mesma. Porquanto aquilo que foi dito aqui não declara meramente que a igreja está sujeita à autoridade de Cristo, mas, por semelhante modo,, que está em união espiritual vital com ele, derivando dele a sua vida, tal como o corpo está vitalmente unido à cabeça, e tal como, sem a cabeça, o corpo fica sem vida.

(Quanto a «Cristo, como cabeça de todo homem», ver as notas expositivas acerca de I Cor. 11:3. Quanto ao mesmo conceito, referido em outras passagens, onde Cristo aparece como «Cabeça da igreja», ver Efé. 4:15; 5:23; Col. 1:18 e 2:19).

A mais fundamental definição do que seja um crente’. Crente é aquele que tem ao Senhor Jesus como seu «cabeça», isto é, que não dá prioridade a ninguém acima de Cristo. A questão de «reter a Cristo como cabeça», ideia essa que figura em Col. 2:19, aparece dentro do contexto do combate de Paulo contra as noções falsas do gnosticismo, o qual postulava muitos deuses e muitos senhores, cada qual com sua província de governo; e, para os gnósticos, Cristo seria apenas um desses deuses ou senhores. Ora, esse conceito errôneo reduzia a importância e a grandeza de Cristo, onde o Senhor Jesus não aparecia realmente como Cabeça. Aquele que reputa a. Cristo como Cabeça, reconhece sua autoridade absoluta sobre a alma, e assim exerce fé, que consiste da entrega da alma às mãos de Cristo. Ora, se um homem exerce essa fé, tendo a Cristo como Cabeça, como o grande objeto de sua fé, então o Espírito de Deus o converte, e ele entra no primeiro passo da regeneração. Tal. homem pertence a Cristo, é um crente. ______  Por outro lado, pode não ser um crente uma pessoa que proclama em altas vozes a divindade de Cristo, mas a quem não entregou definitivamente a própria alma. F. isso nos permite perceber, uma vez mais, que os «credos» não nos salvam. Deve haver real conversão; e existem muitos convertidos autênticos que ainda se encontram em estado de confusão mental acerca de questões doutrinárias. _________  Vinculação entre a cabeça e o corpo. Schubert (in loc.), comenta a esse respeito, como segue: «…temos aqui uma figura simbólica de amor, que desce do alto até nós, conquistando e movimentando o que é corpóreo, levando-o a uma longa elevação, —debaixo para cima, numa obra que transforma constantemente a natureza inferior do objeto, a ponto deste último vir a compartilhar, finalmente, da natureza daquilo que o eleva».

Cristo Jesus é, «…ao mesmo tempo, membro e governante do corpo». (Gerlach, in loc.).

Quais são os sentidos dessa metáfora da cabeça e do corpo?

Está em foco a união vital entre Cristo e seu corpo místico, a igreja, tal como se dá no caso da cabeça e do corpo de um ser humano. «União mística» é a ideia aqui focalizada. _____  Destaca-se aqui a autoridade absoluta de Jesus Cristo, de seu domínio ativo sobre a igreja, como Senhor. São salientadas a nutrição e o poder doador de vida do Cabeça, o que sustenta o corpo. A vida do corpo humano sem a cabeça é impossível. _______  Não nos olvidemos da união entre cabeça e corpo, que importa em amor e harmonia, em que cada qual cuida do outro, porquanto tal cuidado é vital para essa união. Tal união e harmonia prefiguram aquilo que, finalmente, se tornará universal, porquanto todas as coisas ficarão unidas em torno de Cristo.  ___  Cristo pertence a nós, tal como nós mesmos pertencemos a ele; portanto, nossos destinos estão enlaçados para sempre, tal como se dá no caso da cabeça e seu corpo. _____  A exaltação do corpo é ideia latente nessa metáfora, porquanto os poderes angelicais exaltados, por mais elevados que sejam, não compõem o corpo de Cristo, o qual é o Cabeça de tudo. O vigésimo terceiro versículo enfatiza esse pensamento, ao chamar a igreja de «sua plenitude», ao passo que o próprio Cristo preenche a todas as coisas. _____  A participação na mesma natureza também está envolvida nessa metáfora, porquanto um corpo precisa ser da mesma natureza que sua cabeça.

2. Uma organizaçãoO corpo é uno. Sua principal característica é a unidade. Todos os que creem em Cristo são um, fazem parte do mesmo corpo, da mesma família, do mesmo rebanho. Essa unidade não é organizacional nem denominacional, mas espiritual. Nós confessamos o mesmo Senhor (12.1-3), dependemos do mesmo Deus (12.4-6), ministramos no mesmo corpo (12.7-11), e experimentamos o mesmo batismo (12.12,13).

Peter Wagner cita dois fatores que mantêm a unidade do corpo:

  1. a) O sangue. Pode ser difícil estabelecer a unidade entre meus pés, minhas mãos e meus rins. Contudo, o mesmo sangue alimenta esses membros e todos os outros.

O sangue fornece vida aos membros e se impedirmos o sangue de chegar a alguns deles, esses morrerão rapidamente. _____   O que é que me enxerta e me insere no corpo de Cristo?  _____  O que me torna um membro do Seu corpo? E o sangue do Cordeiro! Assim como o sangue é o elemento que unifica o corpo, o sangue de Cristo nos torna um. ____  Ninguém pode fazer parte da igreja a não ser por meio da expiação, da obra da redenção operada pelo sangue de Jesus Cristo. Ninguém entra na igreja sem primeiro ter se apropriado dos benefícios da morte de Cristo e do Seu sangue derramado.

b) O espírito. Além do sangue, o que mantém o corpo uno é o espírito. Nunca descobriremos o espírito ou a alma de uma pessoa em algum de seus órgãos, membros ou glândulas. Em certo sentido, o espírito está em todos os membros do corpo. Em relação à igreja, diz o apóstolo Paulo: “Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (12.13). O Espírito Santo foi quem enxertou você no corpo. Você foi batizado e introduzido no corpo pelo Espírito. Quem colocou você no corpo foi o Espírito Santo. Ele regenerou você, mudou a sua vida, converteu o seu coração. Um membro do corpo pode ser mais cheio do que outro membro, mas nenhum membro está sem o Espírito. Ser batizado pelo Espírito significa pertencer ao Corpo de Cristo. Ser cheio do Espírito significa que nosso corpo pertence a Cristo.

Obviamente, essa unidade de que Paulo fala não é denominacional.

Não é uma unidade externa, mas mística e espiritual. E por isso que o ecumenismo é um grande equívoco. Qual é a grande bandeira do ecumenismo? E a de que nós temos de acabar com as nossas diferenças e ficar todos debaixo de um mesmo guarda-chuva. Não importa a sua crença. Não importa a sua teologia. Não importa o Deus que você crê. Vamos ficar juntos. Vamos adorar no mesmo altar. Mas esse não é o ensino das Escrituras. Não existe unidade fora da verdade. Não há unidade fora do Espírito Santo. _____  E impossível ser um com alguém que ainda não nasceu de novo e ainda não foi introduzido no Corpo de Cristo. ______  Essa unidade é para os salvos que estão nas mais diversas denominações cristãs, mas não é uma unidade entre salvos e incrédulos. A unidade da igreja é espiritual. Você é um com qualquer irmão de qualquer denominação, em qualquer lugar do mundo. Essa unidade não é criada na terra, mas no céu; não é feita pelo homem, mas por Deus. Todos aqueles que creem em Cristo, de todos os lugares, de todos os tempos são um. Todos fazem parte da mesma igreja, do mesmo rebanho. Todos são ovelhas de Cristo e noiva do Cordeiro.


            III. A IMPORTÂNCIA E A  NECESSIDADE DA IGREJA

1. A igreja como família de Deus …da família de Deus …» No grego temos «oikeioi», estando em foco os «familiares de Deus». A ideia de «filiação» é apresentada novamente aqui, porque é no seio da família que encontramos a unidade mais íntima, onde também são compartilhados os privilégios mais preciosos. Mas devemos fazer o reparo que apesar da «família» antiga, segundo se compreende por esta palavra, com frequência incluía até mesmo «escravos», neste caso devemos compreender somente os parentes de sangue, conforme se entende modernamente tal palavra. Estão em foco os membros da família «por laços de sangue», por «natureza», aqueles que participam da mesma natureza.

Nessa família não há escravos.

A passagem de João 1:12 salienta a ideia de «filhos por nascimento», e não meramente «filhps por adoção», mediante um contrato legal; e a mesma ideia é enfatizada no oitavo capítulo da epístola aos Romanos. _______   Dentro de uma família, os direitos, os privilégios, os deveres e as bênçãos são compartilhados por todos os seus membros. Ora, dentro da família de Deus, o amor é o princípio normativo, e não a lei. (Quanto a passagens bíblicas que frisam a ideia de «família» inerente à redenção anunciada pelo evangelho, ver Efé. 3:6,14,15; I Tim. 3:15; Heb. 3:2,5,6; 10:21 e I Ped. 4:17). Essa relação «familiar» ou doméstica descreve a «natureza» do acesso mencionado no décimo oitavo versículo deste capítulo, e que antecipa o tema declarando que esse acesso é a «Deus Pai».

2. A igreja como testemunha da salvação - «…sacerdócio real… » Já tivemos ocasião de observar, no quinto versículo, que todos os crentes são sacerdotes. Ali eles são chamados de sacerdócio «santo». Neste ponto, são chamados ·régios». São sacerdotes que pertencem à família real. Notemos como, em Heb. 4:14, o Sumo Sacerdote (Cristo) é visto entronizado, o que dá a ideia de um Rei Sacerdote. Assim também Melquisedeque era sacerdote, mas, igualmente, era rei de Salém (ver Heb. 7:1,2). E Cristo pertence à ordem sacerdotal de Melquisedeque (ver Heb. 7:17). A ideia que os sacerdotes cristãos também são reis acrescenta ênfase à elevada posição e ao privilégio de que desfrutam. O trecho de Êxo. 19:6 chama Israel de reino de sacerdotes. Em Apo. 1:6 e 5:10, os crentes também são chamados de reis e sacerdotes. Ali talvez seja indicado como, na eternidade futura, elevadas posições do governo poderão ser alcançadas, tanto no milênio como já no estado eterno, por parte do povo de Deus. Tal como existem muitos elevados seres angelicais governantes. Seja como for, o verdadeiro crente desde agora já «reina em vida» (ver Rom. 5:17).



 AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

 Siga-nos nas redes sociais... Tenha um bom estudo bíblico.

 ** Seja um Patrocinador desta obra: chave do PIX 11980483304  ______

EU AGRADEÇO OS IRMÃOS QUE TEM CONTRIBUIDO NESTA OBRA, DEUS RECOMPENSE À CADA UM DE VOCÊS!!!!



           ________  BIBLIOGRAFIA ______

Bíblia de Estudo Viva

Bíblia de Estudo King James Atualizada

Comentário Bíblico NT versículo por versículo, Russell N. Champlin - Ed. Hagnos

Comentário Bíblico 1 Coríntios, Hernandes Dias Lopes - Ed. Hagnos

Tetzner. Gerson Welmer; Nerbas. Paulo Moisés,. Os Desigrejados: Um Estudo Do Fenômeno E Da Influência Da Igreja No Aumento Do Número De Cristãos Sem Vínculo Institucional. Editora Concórdia.

Fonte: 22/07/2022 https://spurgeonline.com.br/artigos/os-desigrejados/

César Francisco Raymundo. Manual do Desigrejado; Como sobreviver fora das denominações religiosas. Revista Cristã Última Chamada


https://professordaebd.com.br/9-licao-3-tri-22-a-sutileza-do-movimento-dos-desigrejados/


segunda-feira, 15 de agosto de 2022

LIÇÃO 8 - A SUTILEZA DO ENFRAQUECIMENTO DA IDENTIDADE PENTECOSTAL.

Profº Pb. Junio - Congregação Boa Vista II

 

            TEXTO ÁUREO

"E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." (AT 2.4).


        VERDADE PRÁTICA

A doutrina do Batismo no Espírito Santo e o falar em línguas como sua evidência são um distintivo pentecostal mantido pela nossa igreja.


    LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: AT 2,1-4; 1CO 12.7-11


                    INTRODUÇÃO

O reavivamento e crescimento do Cristianismo ao redor do globo, especialmente nos países do Terceiro Mundo, é um testemunho poderoso de que os dons espirituais estão operando na promoção do Reino de Deus. O Movimento Pentecostal/Carismático cresceu de 16 milhões, em 1945, a 405 milhões, até 1990.1 As dez maiores igrejas no mundo pertencem a esse movimento. A exegese de todos os textos do Novo Testamento concernentes aos dons espirituais está além do escopo deste capítulo. Meu enfoque recairá nos principais ensinos de Paulo a respeito dos dons na Igreja e no viver diário do crente, sobre como se relacionam os dons e os frutos e a maneira de exercer os dons. O ensino bíblico sem a prática é decepcionante; a prática sem o ensino sólido é perigosa. Por outro lado, o estudo deve levar à prática, e a prática pode iluminar o estudo.


            I. O PENTECOSTE BÍBLICO

1. O Espírito prometido Vestimentas do Espírito

Gideão, em contraste com Débora, precisou ser encorajado repetidas vezes. Pertencia a uma família de pouca importância na tribo de Manasses. (A tribo de Efraim, embora descendesse do filho mais novo de José, assumiu a liderança e fez com que a tribo de Manasses se sentisse marginalizada e esquecida). Deus encorajou Gideão por meio de uma prova com um velo de lã e do sonho de um midianita, a fim de que ele assumisse a liderança e cresse que receberia a vitória. Obedeceu, inclusive, ao anjo que lhe apareceu e destruiu a idolatria na casa de seu pai. Esse ato de fé e de obediência não demorou a ser seguido por uma experiência muito rara com o Espírito Santo. Lemos: “O Espírito do Senhor revestiu a Gideão” (Jz 6.34). Nesta passagem, a palavra hebraica é bem diferente daquela que é traduzida por “veio sobre” em Juízes 3.10. “Revestiu a Gideão” significa “vestiu-se de Gideão”.

Muitos estudiosos bíblicos não alcançam o significado total desse fato. A interpretação mais comum de Juízes 6.34 é que o Espírito Santo revestiu Gideão. Keil não chega à altura, quando diz que o Espírito Santo “desceu sobre ele, e colocou-se ao seu redor como se fosse uma armadura, ou um equipamento forte, para Gideão tornar-se invencível e invulnerável no seu poder”. Semelhantemente, A.B. Davidson diz que subentende “o envolver completo de todas as faculdades humanas na dimensão divina”. Knight, embora ofereça a tradução correta do texto hebraico, interpreta-o no sentido de que Gideão “vestiuse do Espírito do Deus vivo! A ação poderosa que então realizou ao livrar Israel não era apenas sua própria ação; era também a ação salvífica de Deus”. O Targum judaico explica simplesmente que o Espírito da força do Senhor veio sobre Gideão. Alguns escritores modernos tratam do assunto como apenas mais uma manifestação repentina ou violenta do Espírito Santo, ao passo que outros (tais como Bertheau, Fuerst e Ewald) oferecem uma interpretação semelhante à de Keil. Uns poucos reconhecem, no entanto, que o hebraico somente pode significar que o Espírito Santo encheu Gideão. Ele não se revestiu do Espírito Santo, o Espírito Santo revestiu-se de Gideão. Para Gideão estar vestido do Espírito Santo, é mais provável que foi usada outra forma do verbo hebraico. Gideão era apenas a roupa, “o manto exterior do Espírito Santo que governa, fala e testifica nele”.

2. O Espírito derramado Três fatos nos chamam a atenção.

Primeiro, o derramamento do Espírito veio como um som (2.2). Não foi barulho, algazarra, falta de ordem, histeria, mas um som do céu. A palavra grega echos, usada aqui, é a mesma usada em Lucas 21.25 para descrever o estrondo do mar. O derramamento do Espírito foi um acontecimento audível, verificável, público, reverberando sua influência na sociedade. Esse impacto atraiu grande multidão para ouvir a Palavra.

Segundo, o derramamento do Espírito veio como um vento (2.2). O vento é símbolo do Espírito Santo (Ez 37.9,14; Jo 3.8). O Espírito veio em forma de vento para mostrar sua soberania, liberdade e inescrutabilidade. Assim como o vento é livre, o Espírito sopra onde quer, da forma que quer, em quem quer. O Espírito sopra onde jamais sopraríamos e deixa de soprar onde gostaríamos que ele soprasse.

Como o vento, o Espírito é soberano; ele sopra irresistivelmente.

O chamado de Deus é irresistível, e sua graça é eficaz. O Espírito sopra no templo, na rua, no hospital, no campo, na cidade, nos ermos da terra e nos antros do pecado. Quando ele sopra, ninguém pode detê-lo. Os homens podem até medir a velocidade do vento, mas não podem mudar o seu curso. Como o vento, o Espírito também é misterioso; ninguém sabe donde vem nem para onde vai. Seu curso é livre e soberano. Deus não se submete à agenda dos homens nem se deixa domesticar.

Terceiro, o derramamento do Espírito veio em línguas como de fogo (2.3). O fogo também é símbolo do Espírito Santo. Deus se manifestou a Moisés na sarça em que o fogo ardia e não se consumia (Ex 3.2). Quando Salomão consagrou o templo ao Senhor, desceu fogo do céu (2Cr 7.1). No Carmelo, Elias orou, e fogo desceu (lR s 18.38,39). Deus é fogo. Sua Palavra é fogo. Ele faz dos seus ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo, e o Espírito desceu em línguas como de fogo. O fogo ilumina, purifica, aquece e alastra. Jesus veio para lançar fogo sobre a terra. Hoje, muitas vezes, a igreja está fria. Parece mais uma geladeira a conservar intacto seu religiosismo do que uma fogueira a inflamar corações. Muitos crentes parecem mais uma barra de gelo do que uma labareda de fogo. Certa feita alguém perguntou a Dwight Moody: “Como podemos experimentar um reavivamento na igreja?”. O grande avivalista respondeu: “Acenda uma fogueira no púlpito”. Quando gravetos secos pegam fogo, até lenha verde começa a arder.

John Wesley disse: “Ponha fogo no seu sermão, ou ponha o seu sermão no fogo”.

Matthew Henry diz que o fogo foi dado como sinal de cumprimento da predição de João Batista relativa a Jesus: Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11), ou seja, com o Espírito Santo, como fogo. Os discípulos estavam na Festa de Pentecostes celebrando o recebimento da lei no monte Sinai. A lei foi dada em fogo, por isso foi chamada “lei de fogo” como o evangelho é chamado “evangelho de fogo”. A missão de Ezequiel foi confirmada por uma visão de brasas de fogo ardente (Ez 1.13), e a de Isaías, por uma visão de brasa viva que lhe tocou os lábios (Is 6.6,7). O Espírito, como o fogo, derrete o coração, separa e queima a escória, e acende sentimentos santos e devotos na alma. É na alma, como o fogo que está sobre o altar, que são oferecidos os sacrifícios espirituais. Este é o fogo que Jesus veio lançar na terra (Lc 12.49).

Quarto, o derramamento do Espírito traz uma experiência pessoal de enchimento do Espírito Santo (2.4). Aqueles discípulos já eram salvos. Por três vezes Jesus havia deixado isso claro (Jo 13.10; 15.3; 17.12). De acordo com a teologia de Paulo, se eles já eram já salvos, já tinham o Espírito Santo, pois o apóstolo escreveu: […] Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm 8.9). Jesus disse: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino (Jo 3.5). Além de já terem o Espírito Santo, após sua ressurreição Jesus ainda soprou sobre eles o Espírito Santo, e disse: […] Recebei o Espírito Santo (Jo 20.22). Mas a despeito de serem regenerados pelo Espírito e de receberem o sopro do Espírito, eles ainda não estavam cheios do Espírito. Uma coisa é ter o Espírito Santo, outra é o Espírito Santo ter alguém. Uma coisa é ser habitado pelo Espírito, outra é ser cheio dele. Uma coisa é ter o Espírito presente, outra é tê-lo como presidente.

Você, que tem o Espírito, está cheio do Espírito?

A experiência da plenitude é pessoal (At 2.3,4). O Espírito desce sobre cada um individualmente. Cada um vive sua própria experiência. Ninguém precisa pedir, como as virgens néscias, azeite emprestado. Todos ficaram cheios do Espírito. Concordo com Matthew Henry quando diz: “Para mim está claro que não só os doze apóstolos, mas todos os 120 discípulos foram igualmente cheios do Espírito Santo nessa ocasião”. Logo que eles ficaram cheios do Espírito, começaram a falar as grandezas de Deus (2.11). Sempre que alguém ficou cheio do Espírito no livro de Atos começou a pregar (At 1.8; 2.4,11,14,41; 4.8,29-31; 6.5,8-10; 9.17-22). A plenitude do Espírito nos dá poder para pregar com autoridade. Certa feita, David Hume, o patrono dos agnósticos, foi visto correndo pelas ruas de Londres. Alguém o abordou: “Para onde você vai, com tanta pressa?” . O filósofo respondeu: “Vou ver George Whitefield pregar”. O questionador lhe perguntou, espantado: “Mas você não acredita no que ele prega, acredita?”. Hume respondeu: “Eu não acredito, mas ele acredita!”. Um crente cheio do Espírito prega a Palavra com poder e autoridade.

Matthew Henry diz que eles foram cheios com a graça do Espírito e ficaram, mais do que nunca, sob a sua influência santificadora. Agora, eles eram santos, espirituais, menos apegados a este mundo e mais familiarizados uns com os outros. Ficaram mais cheios do consolo do Espírito, alegraram-se mais no amor de Jesus e na esperança celestial, e, nisso, todas as suas aflições e medos foram absorvidos. Eles também foram, como prova disso, enchidos com os dons do Espírito Santo, que é o propósito específico do evento narrado neste texto.


            II. O DISTINTIVO PENTECOSTAL DE NOSSA IGREJA

1. A atualidade dos dons espirituais «…a respeito…» Provavelmente uma referência à inquirição feita pelos crentes de Corinto, em uma missiva dirigida a Paulo, como também se vê em I Cor. 7:1. Ou então essa expressão pode ser uma simples designação de modificação de assunto, em que se passaria para outro tema.

«…não quero que sejais ignorantes…» Essa fórmula paulina indica os assuntos que merecem nossa cautelosa atenção. (Ver I Cor. 10:1 e comparar com Rom. 1:13; 11:25; II Cor. 1:8; I Tes. 4:13). Porém, também pode estar subentendido que a despeito de todo o seu pretenso conhecimento, bem como da posse de tais dons, devido ao seu abuso, faltava-lhes o conhecimento essencial a respeito desses dons e de seu propósito. Aqueles coríntios vinham usando os dons espirituais para sua própria exaltação, como parte de suas facções e de sua adoração a «heróis», ao invés de fazerem-no para a glória de Cristo. Ora, isso era uma «ignorância» essencial sobre a questão da natureza e do uso dos dons espirituais.

«…irmãos…» Essa palavra é de vez em quando usada por Paulo para suavizar suas declarações ásperas, mostrando seu afeto, reconhecendo que estava identificado com eles, em Cristo, conforme tem sido frequentemente empregado em outros trechos desta epístola. (Ver I Cor. 1:11,26; 2:1; 3:1 e 10:1). Paulo também empregou a expressão «meus amados», em I Cor. 10:14. Mas, em I Cor. 11:1, volta ele a empregar a palavra «irmãos».

«…ignorantes…», isto é, acerca dos meios, dos usos e dos propósitos dos dons espirituais, especialmente em face do fato que servem para exaltar a Jesus Cristo e devem proceder da parte do Espírito Santo (ver o terceiro versículo deste capítulo), em contraste com sua anterior idolatria, que envolvia todas as modalidades de elementos prejudiciais (ver o segundo versículo). Os verdadeiros dons espirituais e seu devido emprego devem ser encarados como um sinal digno de confiança que os crentes de Corinto tinham abandonado sua adoração idólatra, pertencendo agora a um novo Senhor. Porém, os abusos por eles cometidos punham tudo isso em dúvida.

2. As línguas como evidênciaCharles Fox Pahram, um itinerante metodista convertido ao movimento Holiness e pregador de curas pela fé, é tido por muitos como o fundador do pentecostalismo. Ele influenciou o movimento com o pensamento único do falar em línguas como evidência do batismo no Espírito Santo. Mas, isso já havia sido ensinado na Grã-Bretanha. Cerca de 75 anos antes do avivamento da Rua Azusa, Edward Irving (1792-1834), teólogo presbiteriano escocês, que, segundo o Dicionário do Movimento Pentecostal, foi o precursor do movimento pentecostal, fundou em Londres a Igreja Apostólica Católica, que não sobreviveu tempo o suficiente para se juntar aos pentecostais do século 20.48 Um discípulo de Pahram, William J. Seymour, liderou o movimento da Rua Azusa a partir de 1906. Houve divergências entre os pioneiros do pentecostalismo clássico, cuja posição nunca foi monolítica. Vamos às Escrituras. O fenômeno, “falar em outras línguas”, aparece explicitamente três vezes associado diretamente a ação divina de batizar no Espírito Santo (At 2.4; 10.44-48; 19.1-7).

A narrativa de Atos 2.1-13 mostra que as línguas do Pentecostes são ininteligíveis, a glossolalia, que se distinguem das línguas humanas reais. Lucas emprega dois termos gregos para “línguas” na narrativa do dia de Pentecostes: glo¯ssa (vv. 3, 4, 11) e dialektos (vv. 6, 8). Glo¯ ssa significa “língua”, como fala, linguagem, “idioma” e também membro ou órgão físico da boca (Tg 3.5), que aparece metaforicamente no relato de Lucas: “E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles” (v. 3). Ao serem cheios do Espírito Santo, os discípulos e as discípulas “começaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (v. 4). A exegese das línguas permite os pentecostais clássicos interpretarem o falar em línguas como um dom do Espírito e de natureza ininteligível. A palavra “outras” em grego é heteros, assim: lalein heterais glo¯ ssais significa “falar em outras línguas”. Segundo o Dicionário Vine, o adjetivo heteros “expressa uma diferença qualitativa e denota ‘outro’ de tipo diferente”. Lucas está falando de uma língua que só pode ser compreendida por um milagre. O falar em línguas revela as grandezas de Deus: “todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (v. 11). E quando Cornélio com sua família e amigos foram batizados no Espírito Santo, o apóstolo Pedro e a sua comitiva: “os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (At 10.46). Nessas línguas, glo¯ ssai, plural de glo¯ ssa, eles magnificam a Deus como em Pentecostes, eles falavam das grandezas de Deus. Mais adiante, o apóstolo Paulo revela que o dom de línguas é a linguagem do Espírito (1 Co 14.15). O termo grego para “línguas”, no derramamento do Espírito em Pentecostes, na casa de Cornélio e nos discípulos de Éfeso, é glo¯ ssa (At 10.46; 19.6).

O dialekto é a “linguagem” de um país ou região, “idioma, dialeto”. Fora da narrativa do Pentecostes, essa palavra aparece mais quatro vezes no Novo Testamento como idioma (At 1.19; 21.40; 22.2; 26.14). Quando esses peregrinos de Jerusalém se referem a sua língua materna, Lucas emprega o substantivo dialektos, “porque cada um os ouvia falar na sua própria língua” (v.6); “Então como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?” (v. 8). A manifestação das línguas nos discípulos era o dom de línguas, glossolalia, e os de fora ouviam em seu próprio idioma, em que cada um foi nascido. O milagre em Pentecostes foi duplo: os discípulos falaram línguas desconhecidas, a glo¯ ssa, e cada representante dessas 17 nações os ouvia cada um em sua própria língua, dialektos. Deus capacitou a cada um para que entendesse em sua própria língua, mas a língua que os discípulos falavam era ininteligível.

A xenolalia é outra coisa, é a habilidade de falar uma língua que o indivíduo não aprendeu. O termo vem do grego xenos, “estrangeiro, estranho”, e lalein, “falar”. Os pioneiros pentecostais da Rua Azusa pensavam que o dom de línguas fosse uma xenolalia, e por isso esperavam evangelizar rapidamente o mundo com esse recurso. Os precursores do avivamento da Rua Azusa, como A. B. Simpson e W. B. Godbey, entendiam o dom de línguas como uma xenoglossia missionária. Alguns pais da igreja chegaram a pensar dessa maneira, como Irineu de Lião em Contra as Heresias, no livro V.6.1, e também João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, em Homilia sobre 1 Coríntios 12.1, 2. Pahram defendeu essa ideia a vida inteira, mas a maioria dos pioneiros pentecostais da Rua Azusa abandonou rapidamente essa visão de “língua missionária”. Segundo Robert Menzies, as línguas podem servir como ferramenta evangelística, mas em casos muito especiais, e o único exemplo xenolálico é o próprio Pentecostes: “E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu” (At 2.5). Mas, segundo Max Turner, Lucas não deixa evidência de que “glo¯ ssais lalein geralmente servia a um propósito evangelístico”. Mas, isso não significa necessariamente que Deus não tenha operado esse milagre ao longo da História.


            III. MANTENDO A CHAMA PENTECOSTAL ACESA

1. Fidelidade às EscriturasLucas registra como viviam os novos convertidos.

Alistam-se quatro atividades das quais participavam. Geralmente, são consideradas como quatro coisas separadas, mas também é possível argumentar que são, na realidade, os quatro elementos que caracterizavam uma reunião cristã na igreja primitiva e, de modo geral, é este o ponto de vista preferível. Em primeiro lugar, havia a doutrina dada pelos apóstolos, que eram qualificados para esta tarefa por causa do seu convívio com Jesus. É possível que tenham sido considerados, num sentido especial, os guardiães das tradições acerca de Jesus, na medida em que a igreja crescia e se desenvolvia.2 5 Em segundo lugar, havia comunhão-, a palavra significa “coparticipação”, e, embora pudesse referir-se à distribuição dos bens conforme a descrição nos w. 4445, é mais provável que aqui se refira a uma refeição em comum ou a uma experiência religiosa da qual todos participavam. Em terceiro lugar, havia o partir do pão. Este é o termo que Lucas emprega para aquilo que Paulo chama de “Ceia do Senhor”. Refere-se ao ato que dava início a uma refeição judaica, e que passara a ter um significado especial para os cristãos, tendo em vista a ação de Jesus na Última Ceia, e também quando alimentou as multidões (Lc 9:16; 22:19; 24:30; At 20:7, 11).

Alguns alegam que o que há em mira aqui não passa de mera refeição de convívio, talvez uma continuação das refeições feitas com o Senhor ressurreto, sem qualquer relação específica à Última Ceia ou à forma paulina da Ceia do Senhor, que celebrava a Sua morte; é muito mais provável, no entanto, que Lucas aqui está empregando um nome antigo palestiniano para a Ceia do Senhor no sentido rigoroso. Finalmente, mencionam se as orações. Caso não se trate de uma referência a parte de uma reunião cristã, então trata-se da maneira dos cristãos observarem as horas de oração marcadas pelos judeus (3:1).

Estes são os quatro elementos essenciais na prática religiosa da igreja cristã. 

2. Exercício dos dons espirituaisDevemos, no entanto, evitar a ideia de que, em nossa vida cristã, nosso objetivo principal seja o nosso aperfeiçoamento. A verdade é que conseguimos mais crescimento, enquanto servimos. O santo (dedicado, consagrado) não é o que passa todo o seu tempo no estudo, na oração e nas devoções, por mais importante que isso seja. Os vasos no tabernáculo não podiam ser usados para outros fins, mas não foi a separação do uso comum que os tornou santos. Não eram santos até serem usados no serviço de Deus. Logo, o santo é aquele que não somente é separado do mal, mas também separado para Deus, santificado e ungido para o uso do Mestre. Isto era simbolizado, no Antigo Testamento, pelo fato de que o sangue era aplicado primeiro, e depois, o óleo sobre o sangue. A purificação, portanto, era seguida por uma unção simbólica que representava a obra do Espírito na preparação para o serviço. De modo que nós também somos ungidos, assim como o foram os profetas, os reis, e os sacerdotes da antiguidade (2 Coríntios 1.21; 1 João 2.20). Os meios e o poder para o serviço provêm através dos dons espirituais. Mas é necessário fazer distinção entre os dons e o dom do Espírito. O batismo com o Espírito Santo era necessário antes de os primeiros discípulos saírem de Jerusalém ou até mesmo cumprirem a Grande Comissão. Precisavam de poder, e o próprio nome do Espírito Santo tem ligação com força. Ele se manifesta como o Dom e o Poder. Ele mesmo é as primícias da grande colheita, e veio para iniciar a tarefa que trará alguns de cada raça, língua, povo e nação para estar junto do trono (Apocalipse 5.9). O mesmo batismo foi experimentado por outros, em pelo menos quatro ocasiões, registradas em Atos, conforme já vimos, bem como por alguns, posteriormente, de conformidade com Tito 3.5.



AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

 Siga-nos nas redes sociais... Tenha um bom estudo bíblico.

 ** Seja um Patrocinador desta obra: chave do PIX 11980483304  ______

EU AGRADEÇO OS IRMÃOS QUE TEM CONTRIBUIDO NESTA OBRA, DEUS RECOMPENSE À CADA UM DE VOCÊS!!!!1



                                BIBLIOGRAFIA

Bíblia de estudo Viva

Bíblia Almeida século 21

Livro Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Stanley M. Horton - Editora CPAD. 

Livro O que a Bíblia Diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Stanley M. Horton - Editora CPAD.

Comentário bíblico Atos dos Apóstolos, Hernandes Dias lopes - editora Hagnos.

Comentário bíblico O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Russell N. champlin - Editora Hagnos.

Livro O verdadeiro Pentecostalismo. A atualidade da doutrina Bíblica sobre a Atuação do Espírito Santo. Esequias Soares - Editora CPAD

Comentário livro de Atos. Howard Marshall - Editora Mundo Cristão.

Livro O que a Bíblia Diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Stanley M. Horton - Editora CPAD

https://professordaebd.com.br/8-licao-3-tri-22-a-sutileza-do-enfraquecimento-da-identidade-pentecostal/

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

LIÇÃO 7 - A SUTILEZA DA RELATIVIZAÇÃO DA BÍBLIA.

                        

Profº PB. Junio - Congregação Boa Vista II.

                    TEXTO ÁUREO

" Toda escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça." (2TM 3.16).


            VERDADE PRÁTICA

A bíblia é a inspirada, a inerrante e a infálivel Palavra de Deus. Por isso, não podemos relativizá-la.


    LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 2 TM 3. 14-17 



                            INTRODUÇÃO


O tempo não afeta a Bíblia. É o livro mais antigo do mundo e ao mesmo tempo o mais moderno. Em mais de 20 séculos o homem não pôde melhorá-la… Se a Bíblia fosse de origem humana, é claro que em dois milênios, ela de há muito estaria desatualizada. Uma vez que o homem moderno se jacta de tanto saber, era de esperar que já tivesse produzido uma Bíblia melhor! Realmente isto é uma evidência da Bíblia como a Palavra de Deus! Tendo em vista o vasto progresso alcançado pelo homem, especialmente nos dois últimos séculos, só podemos dizer que, se ele não produziu um livro melhor, para substituir a Bíblia, é porque não pôde. Muitos também reclamam por não ser estritamente científica a linguagem da Bíblia. Ora, a Bíblia trata primeiramente da redenção da humanidade. Além disso, termos científicos mudam ou ficam para trás, à medida que a ciência avança. Sempre temos termos novos na Ciência. A Bíblia nunca se torna um livro antigo, apesar de ser cheio de antiguidades. Ela tão hodierna como o dia de amanhã. Sua mensagem milenar tanto satisfaz a criança como o ancião encanecido. A Bíblia pode ser lida vezes sem conta sem se poder encontrar suas profundezas e sem que o leitor perca por ela o interesse. – Acontece isso com os demais livros?! Quem já se cansou de ler Salmo 23; João 3.16; Romanos 12; 1 Coríntios 12? É que cada vez que lemos essas passagens (para não falar nas demais), descobrimos coisas que nunca tínhamos visto antes. Depois de quase 2.000 anos de escrito o último livro da Bíblia, a impressão que se tem é que a tinta do original está ainda secando… Até o fim dos tempos o velho e precioso Livro continuará a ser a resposta às indagações da humanidade a respeito de Deus e do homem. Nos seus milhares de anos de leitura, a Bíblia nunca foi esgotada por ninguém.


            I. A BÍBLIA E O ESPÍRITO DESTA ERA

1. A desconstruçãoO PÓS-MODERNISMO E A VERDADE

E difícil definir ou mesmo caracterizar o pós-modernismo, dada sua livre associação com diversos pensadores das mais variadas disciplinas acadêmicas. No entanto, é possível fornecer uma caracterização bastante precisa do pós-modernismo em geral, visto que seus amigos e inimigos o entendem suficientemente bem para debater sobre seus pontos fortes e pontos fracos. Como posição filosófica, o pós-modernismo é basicamente a reinterpretação do que é conhecimento e do que conta como conhecimento. Em termos mais gerais, representa uma forma de relativismo cultural sobre coisas como a realidade, a verdade, a razão, o valor, o significado, o ego e outras noções. Na visão pós-moderna, não há coisas como realidade objetiva, verdade, valor, razão e assim por diante. Todas estas são construções sociais, criações de práticas linguísticas e, como tais, não relativas não a indivíduos, mas a grupos sociais que partilham uma narrativa comum. O pós-modernismo nega a teoria da correspondência, alegando que a verdade é apenas a contingente criação da língua que expressa costumes, emoções e valores embutidos nas práticas linguísticas de uma comunidade. Para os pós-modernistas, se alguém afirma ter a verdade no sentido de correspondência, essa asserção é um movimento de poder que vitima os sentenciados a não terem a verdade.

2. O Relativismo O Termo

Essa palavra portuguesa vem do latim, relatus, «relativo», «cognato-, de alguma coisa. Na filosofia, esse vocábulo indica que coisa alguma subsiste isolada, não podendo ser considerada um absoluto por si mesma. Antes, todas as coisas seriam interdependentes, modificando-se umas às outras. «O relativismo é a teoria que diz que a base para nossos juízos no conhecimento, na cultura e na ética difere de acordo com as pessoas, acontecimentos ou situações. Dá a entender um estado mental e uma maneira de pensar que repele as reivindicações absolutas» (H). As teorias, no campo da física, que subentendem a relatividade na natureza, são chamadas estranhas em outros campos, como no campo do conhecimento e da ética.

O Relativismo na Crença

As crenças podem ser nebulosas, indistintas. Tem-se observado que diferentes sociedades defendem diferentes crenças em relação às mesmas entidades. Assim sendo, as crenças são socialmente condicionadas e determinadas. As crenças religiosas diferem muito umas das outras, e cada sociedade advoga seu próprio conjunto de dogmas. Até mesmo as crenças que se fundamentariam sobre a revelação diferem de sociedade para sociedade, ou mesmo dentro de uma mesma cultura. Imaginei Diferem largamente até dentro de uma mesma religião, como se dá no caso do cristianismo. Essas observações conduzem-nos ao fato de que as crenças são questões relativas, e não fixas, embora pessoas e grupos possam tentar fixá-las, em suas declarações de fé. A mesma coisa que se verifica no campo das religiões pode ser verificado no ceticismo, o qual supõe que não existem verdades fixas, ou, pelo menos; que essas verdades não foram descobertas até agora.


            II. A BÍBLIA E O POLITICAMENTE CORRETO

1. A criação de uma narrativaPaulo está convencido de que não há caminho fácil para os filhos de Deus: E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições (12). Jesus declarou que a cruz seria inevitável para quem o seguisse, e assim sempre tem sido. Podemos ser cristãos nominais sem sofrer muitos inconvenientes. Mas os que querem ser cristãos genuínos têm de pagar o preço inevitável do sofrimento, embora tenham a garantia do poder libertador de Deus. Viver em rebeldia à vontade de Deus e entregar-se à propagação de erros resultarão na intensificação da desgraça: Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados (13). Aqueles que se deixam ser seduzidos pelos erros dos desviadores efésios estão fadados a situação cada vez pior; eles enganarão outras pessoas e sua condição passará de mal para pior até que fiquem em total cegueira espiritual. A experiência humana confirma seguramente que este é o destino final daqueles que rejeitam Cristo. Com Timóteo o caso é diferente. O apóstolo o exorta: Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido (14). Indubitavelmente, o jovem tivera o benefício de muitos mestres cristãos, o principal dos quais foi o próprio Paulo. Que privilégio extraordinário e deveras invejável! Continue nessa herança da verdade, exorta o apóstolo. Mas Paulo sabe muito bem que, na vida de Timóteo, o edifício da verdade está sobre fundamento que outros fundaram: E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus (15). Este é um tributo à instrução fiel que Timóteo recebera de sua mãe e avó piedosas. A instrução nas Escrituras era considerada responsabilidade sagrada em toda casa judaica ortodoxa e deve ser reputada com seriedade igual em toda casa verdadeiramente cristã. Não há nada maior que isso que enriqueça a vida de nossos filhos.

2. A criminalização da opiniãoChamar homossexualidade de pecado será crime?

Acredito que faltarão cadeias, pois o cristão autêntico continuará afirmando que a prática homossexual é pecado e atenta contra o Criador.

3 anos atrás em 14 de junho de 2019 Por Direito Religioso

A decisão do STF voltada para a criação de um crime de “homotransfobia” não é apenas inviável, como também desrespeita competências previstas em lei. É de competência da UNIÃO (art. 22, I da Constituição Federal de 1988) a criação de tipos penais – mas este é apenas um dos transtornos que a decisão de ontem pode implicar na rotina dos brasileiros.

 A declaração do ministro Celso de Mello quanto a ressalvar a liberdade religiosa é insuficiente. A ação deixa a Igreja vulnerável ao desagrado de grupos militantes LGBT’s, que mesmo com o ordenamento jurídico vigente (ao qual eles alegam não ser efetivo), já tentam encontrar meios para suprimir a liberdade religiosa, a de expressão e até a liberdade acadêmica.

 Quem propriamente dirá quando uma manifestação configura ou não discurso de ódio? Quem determinará o que é hate speech? Será o suposto ofendido? Se esta for a resposta, acredito que faltarão cadeias, pois o cristão autêntico continuará afirmando que a prática homossexual é pecado e atenta contra o Criador.

 Ainda, não menos importante, este julgado ataca diretamente à liberdade de opinião, especialmente quando ninguém pode precisar o que é ou não um discurso/opinião de ódio. Nunca é demais lembrar: A Criminalização da opinião é típica dos regimes de exceção.

 Importante, sempre destacar, que todos devem ser objeto de respeito, pouco importa sua opção sexual. Todos somos dignos e devemos ter nossas liberdades preservadas, pois sem liberdade ou com liberdade restrita, a derrota será sempre da dignidade da pessoa humana.

 A conclusão do STF atropela a soberania das esferas e põe em risco direitos e garantias fundamentais de milhões de brasileiros: protestantes, católicos romanos, pesquisadores, questionadores, e até os que reverberam singelas discordâncias com as práticas homossexuais e transexuais.


            III. A BÍBLIA E O OUTRO EVANGELHO

1. Uma nova metodologiaAinda nessa trilha de pensamento, John Stott faz um solene e oportuno alerta: Ao ouvirmos as multifárias opiniões dos homens e mulheres da atualidade, sejam faladas, escritas, irradiadas ou televisionadas, devemos sujeitar cada uma delas a estes dois rigorosos testes: Tal opinião é coerente com a livre graça de Deus e com o claro ensinamento do Novo Testamento? Caso contrário, devemos rejeitá-la, por mais augusto que seja o mestre. Mas, se for aprovada nestes testes, então vamos abraçá-la e apegar-nos a ela. Não devemos comprometê-la como os judaizantes nem desertá-la como os gálatas, mas viver por ela e procurar torná-la conhecida dos outros. Paulo diz que tanto os falsos mensageiros como a falsa mensagem são anátema. A palavra grega anathema, traduzida por “anátema”, era usada para indicar banimento divino, a maldição de Deus sobre qualquer coisa ou pessoa entregue por Deus ou em nome de Deus à destruição e ruína. Paulo deseja, assim, que os falsos mestres sejam colocados sob banimento, maldição ou anátema de Deus. Ele expressa desejo de que o juízo de Deus recaia sobre eles. Adolf Pohl é muito oportuno quando afirma que o evangelho transfere o cristão da área da maldição para a área da bênção, mas, por meio da apostasia, o abençoado escolhe novamente seu lugar no âmbito da maldição. Somente o evangelho oferece salvação sem dinheiro e sem preço. Onde quer que a lei tenha uma maldição para aqueles que falham em cumpri-la, o evangelho tem uma maldição para aqueles que procuram mudá-lo.

Em primeiro lugar, o evangelho é maior do que os anjos. “Mas, ainda que […] um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (1.8). Depois de afirmar que o evangelho é maior do que os apóstolos, Paulo afirma que ele é maior do que os próprios anjos. Ainda que um anjo descesse do céu para anunciar outro evangelho, esse ser celestial deveria ser de pronto rejeitado e amaldiçoado. João Calvino é enfático quando escreve: Com o fim de fulminar os falsos apóstolos ainda mais violentamente, Paulo invoca os próprios anjos. Também não diz simplesmente que não deveriam ser ouvidos caso anunciassem algo diferente, mas declara que devem ser tidos como seres execráveis. Jamais o céu enviaria um mensageiro com um segundo evangelho. Tudo entre o céu e a terra depende de que seja preservado o evangelho único. Do contrário, Deus não seria Deus, pois sua última palavra seria degradada a uma palavra penúltima.

Em segundo lugar, o evangelho é maior do que os falsos mestres. “Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (1.9). Depois de lidar com dois casos hipotéticos no versículo 8, Paulo menciona uma possibilidade real no versículo 9. O apóstolo Paulo, como representante plenamente autorizado de Cristo, pronuncia a maldição sobre os judaizantes, que estavam cometendo o horrendo crime de chamar de falso o verdadeiro evangelho e tratando de colocar o falso, ruinoso e perigoso evangelho no lugar daquele que salva. Qualquer indivíduo que se levantar para perturbar a igreja, perverter o evangelho e pregar outro que vá além do evangelho da graça deve ser rejeitado. Esse “alguém” tem uma abrangência universal. Todo e qualquer indivíduo, sem exceção, em qualquer lugar e, em qualquer tempo, que distorcer o evangelho está debaixo da maldição divina. Com respeito ao evangelho não podemos ficar aquém nem ir além; não podemos retirar nem acrescentar nada. O evangelho é completo em si mesmo. Qualquer subtração ou adição perverte-o.

Em terceiro lugar, o evangelho pregado e recebido traz bênção, mas o evangelho adulterado gera maldição (1.8,9). O evangelho pregado por Paulo foi o mesmo recebido pelos crentes da Galácia. Esse evangelho deu-lhes liberdade e salvação. Agora, eles estavam rapidamente abandonando esse evangelho para abraçar uma mensagem diferente, cujo resultado era escravidão. Paulo fica estupefato com a insensatez dos crentes gálatas e invoca um anátema aos falsos mestres que mudaram a mensagem, perverteram o evangelho e perturbaram a igreja. Donald Guthrie diz que a única mudança do versículo 8 para o versículo 9 é a substituição de “que recebestes” por “que vos temos pregado”. O enfoque muda, portanto, dos mensageiros para os ouvintes. Os dois juntos refletem o aspecto cooperativo da origem de cada nova comunidade de crentes. Paulo não só pregou pessoalmente o evangelho, mas este foi também plenamente reconhecido por aqueles que o receberam.

2. Novas teologias Que passaram “…para outro evangelho, o qual não é outro”. Dessa forma o apóstolo mostra claramente a doutrina desses mestres judaizantes. Ele a chama de outro evangelho, porque expunha um caminho diferente de justificação e salvação daquele que era revelado no evangelho, a saber, pelas obras, e não pela fé em Cristo. Ele acrescenta: “…o qual não é outro – vocês perceberão que, na verdade, não é evangelho nenhum – realmente não é um outro evangelho, mas a perversão do evangelho de Cristo e a deturpação dos fundamentos do verdadeiro evangelho’’. Dessa forma ele anuncia que aqueles que procuram estabelecer um outro caminho para o céu, diferente daquele que o evangelho de Cristo revelou, são culpados de uma deturpação grosseira dele e estão desgraçadamente enganados. Assim, o apóstolo busca inculcar nesses gálatas um sentimento devido da sua culpa pelo fato de abandonarem a justificação apresentada pelo evangelho. Ao mesmo tempo ele modera sua repreensão com brandura e ternura ao retratá-los mais como os que foram atraídos para essa posição pela artimanha de alguns que os perturbaram do que como os que seguiram esse caminho por iniciativa própria. Isso, na verdade, não os desculpava, mas era uma atenuante para o engano deles.


            IV. A BÍBLIA, SEMPRE ATUAL PALAVRA DE DEUS

1. Revelada por DeusVeja o que os escritores bíblicos afirmam sobre a Bíblia e o cuidado que devemos ter em sua interpretação.

Primeiro, as Escrituras são proposicionais: “Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 3.16,17). Agora, Pedro, fazendo referência aos escritos de Paulo como sendo inspirados por Deus, assevera que uma passagem das Sagradas Escrituras não pode ser entendida de maneiras diferentes, ao bel prazer do seu leitor: “Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza” (2 Pe 3.16,17). Pedro ainda diz: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.20,21). Logo, devemos ter cuidado ao interpretá-la para sermos fiéis à intenção do autor. Mais outro alerta: “Toda palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele. Nada acrescente às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso” (Pv 30.5,6).

2. Inspirada por Deus Para começar, vejamos com atenção o que Paulo realmente está dizendo no texto destacado por Mclaren. Veja se Paulo está se referindo só a um propósito das Escrituras nessa passagem ou a dois: “Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus [1] seja perfeito e [2] perfeitamente instruído para toda a boa obra”. A Bíblia não é só para nos “instruir perfeitamente para toda a boa obra” (no original grego, “equipar para toda boa obra”); é também para fazer com que o homem de Deus “seja perfeito”, isto é, correto em toda a sua forma de viver. Aliás, dizer como Mclaren diz que os verbos ensinar, redarguir, corrigir e instruir não dão a ideia de um objetivo proposicional, normativo e autoritativo da Bíblia é confiar demais na ingenuidade de todos os seus leitores.

O vocábulo grego traduzido por “perfeito” em 2 Timóteo 3.17 é artios, que só aparece nessa passagem em todo o Novo Testamento. O vocábulo significa “provido”, “completo”, “perfeito” ou “aperfeiçoado”. Porém, em seu livro, Mclaren preferiu propositalmente a tradução menos indicada — “apto” — que favorecia a interpretação que ele queria dar ao texto, reforçando a segunda das duas funções das Escrituras mencionadas por Paulo nessa passagem, o que dá a entender que só existe uma função apresentada ali. Quando Paulo fala que as Escrituras são, em primeiro lugar, para que o homem de Deus seja artios, ele está evocando o mesmo que afirma em Efésios 4, quando diz que Deus deu à Igreja apóstolos, profetas, evangelistas e pastores e mestres (homens que manejam a Palavra da Verdade) “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço [já que, para sermos bem equipados para as boas obras, precisamos ser cada vez mais artios], para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da f é e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Ef 4.12-15, grifos do autor).



AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

 Siga-nos nas redes sociais... Tenha um bom estudo bíblico.

 ** Seja um Patrocinador desta obra: chave do PIX 11980483304  ______

EU AGRADEÇO OS IRMÃOS QUE TEM CONTRIBUIDO NESTA OBRA, DEUS RECOMPENSE À CADA UM DE VOCÊS!!!!1


                                BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21

Bíblia de Esudo Viva 

Livro A Bíblia através dos séculos. Antônio G. Silva - Editora: CPAD.

RAZÕES PARA CRER Apresentando Argumentos A Favor Da Fé Cristã, Norman Geisler - Editora CPAD. 

Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, Russell N. Champlin - Editora Hagnos

Comentário Bíblico Beacon. I e II Timóteo, Árnold E. airhart - Editora CPAD

Fonte: 11/07/2022. https://www.gospelprime.com.br/ado-26-chamar-homossexualidade-de-pecado-sera-crime/

Comentário bíblico GALATAS A carta da liberdade cristã, Hernandes Dias Lopes - Editora Hagnos. 

Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa, Matthew Henry - Editora CPAD

Livro A Sedução das Novas Teologias, Silas daniel - Editora: CPAD.

https://professordaebd.com.br/7-licao-3-tri-22-a-sutileza-da-relativizacao-da-biblia/