Seja um Patrocinador desta Obra.

SEJA UM ALUNO ASSÍDUO NA EBD. Irmãos e amigos leitores, vc pode nos ajudar, através do PIX CHAVE (11)980483304 ou com doações de Comentários Bíblicos. Deste já agradeço! Tenham uma boa leitura ___ Deus vos Abençoe!!!!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

LIÇÃO 07 - ESTÊVÃO - UM MÁRTIR AVIVADO.

PROFº PB. JUNIO - CONGREGAÇÃO BOA VISTA II

 


                    TEXTO ÁUREO

"Mas ele, estando cheio do Espírito Santo [...] disse-lhe: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus." (AT 7. 55,56)


                VERDADE PRÁTICA

Por intermédio da graça de Deus, o cristão pode ser fiel a Cristo até a morte e contemplar a sua glória.


LEITURA BÍBLICA: AT 6. 8-10; 7. 54-60


                        INTRODUÇÃO

Antes de Deus levantar Estêvão como pregador e apologista do evangelho, a Igreja estava confinada a Jerusalém, apesar de a ordem de Jesus para os apóstolos ter sido: “recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Contudo, após o aparecimento e — especialmente — o desaparecimento de Estêvão, o evangelho passou a ser propagado por toda parte (8.1-4).         Estêvão, aliás, foi o primeiro não apóstolo a realizar milagres publicamente, visto que, até então, somente os apóstolos haviam sido usados por Deus para fazer maravilhas e sinais (cf. At 2.43; 3.4-8; 5.12). É bem possível que ele já tivesse realizado prodígios no meio do povo e que isso tenha sido uma das razões pelas quais ele foi eleito.             No pensamento dos apóstolos, com a eleição dos servidores da mesa, o ministério da Palavra ficaria reservado exclusivamente a eles. Deus, no entanto, quis que o diácono Estêvão proclamasse a Palavra de modo mais destacado que eles, a ponto de dar testemunho com a sua própria vida! “Na verdade, Estêvão, que não deveria estar pregando de maneira alguma, fez o mais longo sermão de todo o livro de Atos!” (GONZÁLEZ, 2011, p. 120).            Os maiores sermões em Atos, diga-se de passagem, foram o de Estêvão perante o Sinédrio (At 7.2-60) e o de Paulo numa sinagoga em sua primeira viagem missionária (13.16-41). Ao lermos o quinto livro do Novo Testamento, a impressão que fica é que esse diácono-apologista foi o precursor de Paulo. “Parece que Estêvão foi o primeiro membro da igreja a ter a visão do evangelho para o mundo inteiro, e esse ideal levou-o ao martírio” (HURLBUT, p. 28). Todavia, foi o apóstolo Paulo, outrora perseguidor dos cristãos, quem realizou essa importante obra.


                    I.    O TESTEMUNHO DE ESTÊVÃO

1.   Estêvão usado por Deus  -   Se existe uma palavra que caracteriza a vida de Estêvão é cheio. Ele era um homem cheio de Deus. Sua vida não era apenas irrepreensível, mas também plena. Destacamos aqui alguns aspectos dessa plenitude. Estêvão era cheio do Espírito Santo (6.3,5). Todo homem está cheio de alguma coisa. Está cheio do Espírito ou de si mesmo. Está cheio de Deus ou de pecado. Estêvão era cheio de fé (6.5). Estêvão fora salvo pela fé, vivia pela fé, vencia o mundo pela fé e era cheio de fé. Estêvão era cheio de sabedoria (6.3). Sabedoria é mais do que conhecimento; é o uso correto do conhecimento. E olhar para a vida com os olhos de Deus. Estêvão era cheio de graça (6.8). Havia em Estêvão abundante graça. Sua vida era uma fonte de bênção. Seu coração era generoso, suas mãos eram dadivosas, e sua vida, um vaso transbordante de graça. Estêvão era um homem cheio de doçura. Estêvão era cheio de poder (6.8). Estêvão era um homem revestido com o poder de Deus para fazer milagres e muitos sinais entre o povo. Ele falava e fazia; pregava e demonstrava. Suas palavras eram irresistíveis, e suas obras, irrefutáveis. Até o momento, Lucas creditara prodígios e sinais apenas a Jesus (2.22) e aos apóstolos (2.43; 5.12); agora, pela primeira vez, diz que outros os realizam (6.8; 8.6).196 Adolf Pohl declara que graça e poder formam uma unidade. De nada adianta graça impotente, e poder sem graça é terrível. Porém, por ser cheio de graça e de poder, Estêvão fez grandes prodígios e sinais entre o povo.

2.  Uma covarde oposição  -  Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Levantaram-se, porém, alguns dos que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilicia e Asia, e discutiam com Estêvão. Para David Stern, aqueles que possuem histórico cultural e social semelhante, em geral, preferem adorar juntos. Os escravos libertos provavelmente eram judeus de Cirene e de Alexandria, da Cilicia e da província da Ásia, que haviam sido capturados e escravizados pelos romanos. O general Pompeu, que capturou Jerusalém em 63 a.C., fez prisioneiros diversos judeus e os libertou mais tarde em Roma. Entretanto, talvez alguns fossem gentios que se converteram ao judaísmo. E nesse contexto de oposição que Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Estêvão não tinha apenas uma vida irrepreensível, mas também obras irrefutáveis. Suas obras referendavam sua vida. Falava e fazia. Pregava aos ouvidos e aos olhos. Ninguém podia contestar sua vida nem negar os milagres que Deus operava por seu intermédio. No entanto, apesar de todas as qualidades extraordinárias de Estêvão, o seu ministério provocou um antagonismo feroz. Três foram os estágios desse antagonismo: discussão (6.9b, 10); difamação (6.11,12a); e condenação (6.12b— 7.60)[…]  suas palavras eram irresistíveis (6.10-14). Um homem cheio do Espírito, de fé, sabedoria, graça e poder é amado pelo céu e odiado pelo inferno; faz maravilhas entre os homens e ganha a oposição dos inimigos da cruz. Não foi diferente com Estêvão. Os adversários de Estêvão não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito pelo qual ele falava. Suas palavras eram irresistíveis. Havia virtude de Deus em seus lábios. Então, não podendo suplantá-lo na argumentação, tramaram contra ele, como fizeram com Jesus, e subornaram homens covardes, que o acusaram de blasfêmia. A acusação contra Estêvão foi leviana, mas acabou sendo acolhida pelos membros do Sinédrio. Mário Neves diz que os antagonistas de Estêvão, não podendo vencê-lo pela razão, recorreram à mentira, à calúnia e ao suborno, conseguindo assim amotinar o povo, os anciãos e os escribas. A acusação contra Estêvão era dupla. Acusavam-no de blasfêmia contra Moisés e contra Deus; contra o templo e contra a lei (6.11). Perante o magno pretório judaico, as testemunhas subornadas pelos líderes religiosos assacaram contra Estêvão pesadas acusações: …Este homem não cessa de falar contra o lugar sagrado e contra a lei (6.13). William Barclay realça duas coisas especialmente preciosas para os judeus: o templo e a lei. Eles entendiam que só no templo podiam oferecer sacrifícios e só ali podiam adorar verdadeiramente a Deus. A lei jamais poderia ser mudada, mas eles acusavam Estêvão de dizer que o templo desapareceria e a lei nada mais era do que um passo para o evangelho. Essas acusações eram gravíssimas, uma vez que o templo era o lugar santo, símbolo da presença de Deus entre o povo, e a lei era a revelação da vontade de Deus. Falar contra a casa de Deus e contra a Palavra de Deus era blasfêmia, um pecado sentenciado com a morte. Marshall destaca que foi a mesma preocupação zelosa com o templo, da parte dos judeus da Dispersão, que justificou prisão posterior de Paulo (21.28). […] Estêvão não blasfemava contra o templo nem contra a lei. Ao contrário, estava alinhado com a mesma interpretação de Jesus (Jo 2.19; Mc 14.58; 15.29). Porém, a luz da verdade cegou os olhos dos membros do Sinédrio em vez de lhes clarear a mente. A oposição desceu da teologia para a violência. Essa mesma ordem de acontecimentos repetiu-se muitas vezes. No início, há um sério debate teológico. Quando isso fracassa, as pessoas iniciam uma campanha pessoal de mentiras. Finalmente, recorrem a ações legais ou quase legais numa tentativa de se livrarem do adversário pela força. Em vez de acolher a mensagem da verdade com humildade, o Sinédrio preferiu sentenciar à morte o mensageiro.

3.   A fúria dos acusadores  -  Depois de dissertar com muita sabedoria sobre a história de Israel e a sua apostasia, Estêvão mudou o foco do discurso. Ele confrontou a dureza de coração dos líderes de Israel ao dizer: Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes. E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele. (7.51-54) Em poucos minutos, Estêvão demonstrou o estado espiritual de Israel durante a sua história. Nunca, em nenhum lugar e em tempo algum, um povo foi tão abençoado por Deus. Nascido de Abraão, o patriarca hebreu, constituída como nação escolhida para representar os interesses do Reino de Deus na terra, Israel ouviu da parte de Deus promessas jamais feitas a qualquer povo. Deus tirou aquele povo do Egito e fez sinais e maravilhas jamais vistas por qualquer povo do mundo, começando com a sua retirada da escravidão egípcia com poderosa mão divina, depois com as pragas derramadas sobre aquele povo idólatra, em seguida o livramento na passagem do mar Vermelho, a água tirada da rocha e o manjar dos céus enviado, além de ter dado vitória sobre povos mais fortes e mais poderosos que eles em termos humanos. Se não tivesse dado palavra tão dura contra os que o acusaram no Sinédrio, Estêvão poderia ter escapado da pena capital, mas ele preferiu ser fiel à sua missão, expondo o que o Espírito de Deus pusera-lhe no coração. Cumpriu-se o que Jesus dissera aos seus discípulos: Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. Acautelai-vos, porém, dos homens, porque eles vos entregarão aos sinédrios e vos açoitarão nas suas sinagogas; e sereis até conduzidos à presença dos governadores e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como ou o que haveis de falar, porque, naquela mesma hora, vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós. (Mt 10.16-20)


                    II.   A PRECIOSA MORTE DE ESTÊVÃO

1.  Cheio do Espírito Santo  -  O Estêvão cheio do Espírito se comporta como profeta. Pelo Espírito Santo, ele vê a glória radiante de Deus e o Jesus exaltado à mão direita de Deus (w. 55,56; Lc 22.69). Durante a visão, aparece o padrão trinitário. Estêvão, cheio do Espírito Santo, olha para o céu e vê o Senhor Jesus em pé, à mão direita de Deus Pai. Essa visão não deixa dúvida sobre o lugar de Jesus na deidade.   Só aqui no Novo Testamento Jesus é retratado a estar em pé em vez de estar sentado à mão direita de Deus. A explicação mais satisfatória é que Ele está agindo no papel de intercessor, advogado e testemunha. Sua posição sugere que Ele está confessando Estêvão diante do Pai divino, como Ele prometera: “Qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32). Jesus é o Senhor exaltado, e seu povo tem acesso a Deus por Ele (cf. Rm8.34). Como o Justo (v. 52), o Filho do Homem está qualificado para representar o povo de Deus e testemunhar a seu favor.    Agora Estêvão confessa pela primeira vez o Senhor ressurreto diante do Sinédrio, declarando que Ele vê Jesus Cristo compartilhando a glória de Deus como o exaltado Filho do Homem. Estas palavras são blasfemas aos líderes religiosos. Eles cobrem os ouvidos, indicando que já não ouvirão o blasfemador. A recusa em ouvir reflete um problema muito mais profundo: empenho para que os ouvidos não sejam abertos pelo Espírito Santo (v. 52; Theological Dictionary of the New Testament, eds. G. Kittel e G. Friedrich, GrandRapids, 1964- 1976, vol. 5, p. 556). Eles abafam a voz de Estêvão “grita[ndo] com grande voz” (v. 57) e avançando ameaçadoramente para o agarrar.

2.    A violência dos acusadores  -  Se os seus acusadores já estavam enfurecidos por terem sido confrontados corajosamente por Estêvão, de serem duros de coração e de resistirem ao Espírito Santo, eles não suportaram ouvir que Estêvão estava vendo a glória de Deus e a Jesus nos céus: “Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo” (7.57,58). Estêvão foi levado à periferia da cidade, provavelmente para lugares menos movimentados, e ali foi cercado pela multidão enfurecida com sede de sangue. A sua fúria alcançou o auge quando ouviram a declaração de que ele estava contemplando os céus abertos e Jesus à direita de Deus (7.55). Eles ficaram tão enfurecidos que viram Estêvão como um perigoso criminoso. Eles perderam todo o controle emocional. Já estavam cheios de ódio no coração, desejando ver o fim do homem de Deus. Passaram a gritar com altos brados palavras de condenação, de ira e furor; era tão terrível para eles ouvir o que Estêvão dissera de estar vendo a glória de Deus, que eles taparam os ouvidos com as mãos, totalmente desequilibrados e descontrolados. No acesso da fúria demoníaca, “arremeteram unânimes contra ele”. Conscientes do que estavam fazendo, agrediram-no não só verbal, como também fisicamente, com socos, murros, pontapés e pancadas no rosto e na cabeça, querendo destruí-lo. Levaram-no com violência para fora da cidade e ali o apedrejaram sem dó. Para dar uma impressão de que realizavam um julgamento legal, levaram testemunhas contra Estêvão, as quais, com mentiras e calúnias, “depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo”. Àquela altura, Saulo de Tarso era o principal perseguidor dos cristãos. 

3.   O perdão no martírio  -  Charles Ferguson Ball (1998) descreveu o ocorrido da seguinte forma:

“Cercado pelos guardas do Templo, Estêvão foi arrastado pelas ruas da cidade até um lugar perto dos muros. De repente, o grito: ‘Morte ao blasfemo! Morte ao nazareno!’ A Lei de Moisés ordenava que a primeira pedra fosse atirada pelas testemunhas que, despindo-lhe de seus mantos, empilharam-nos aos pés de Saulo. A incumbência deste era cuidar para que as roupas não fossem roubadas” (BALL, p. 57). Estêvão foi apedrejado fora da cidade como se fosse um blasfemador que merecesse a pena capital (cf. Lv 24.14-16; Lc 4.29). As mãos das falsas testemunhas foram possivelmente as primeiras “contra ele, para matá-lo; e, depois, a mão de todo o povo” (Dt 17.7), visto que elas deixaram “as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo” (At 7.58). Pelo que Lucas relatou, as testemunhas “tiraram as vestes externas de maneira a se sentirem mais livres para atirar as pedras e depuseram as vestes aos pés de um mancebo chamado Saulo. Por esse registro verificamos que Saulo foi testemunha ocular da morte de Estêvão e, provavelmente, de sua pregação” (HORTON, 1983, p. 86). De acordo com o catolicismo romano, o “lugar do martírio de Estêvão em Jerusalém encontra-se, tradicionalmente, não muito longe da Porta de Damasco, ao norte, onde agora está precisamente a igreja de Santo Estêvão, junto da conhecida Escola Bíblica dos dominicanos” (RATZINGER, p. 138). Alguns estudiosos acreditam que Estêvão e seu Mestre, o Senhor Jesus, morreram no mesmo lugar (cf. POLLOCK, 1990), no Gólgota (Calvário), “conhecido como Monte da Caveira. Ao meio-dia, especialmente, as sombras fazem os dois ‘buracos dos olhos’, […] pode ter sido aqui que São Estêvão foi apedrejado até a morte, poucos anos depois [da crucificação de Jesus], tornando-se o primeiro mártir cristão” (WALKER, p. 185–186). Jesus Cristo foi escarnecido, cuspido e agredido fisicamente até chegar ao Calvário (Mt 27.27-33). Estêvão possivelmente chegou ao mesmo lugar debaixo de uma chuva de pedras e impropérios. Ali, no Lugar da Caveira, no entanto, ambos — acusados de profanar o Templo — fizeram as mais belas intercessões por seus inimigos. O primeiro, dependurado entre o céu e a terra, disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). E o segundo, ajoelhado, clamou em alta voz: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” (At 7.60). Que resposta desconcertante àqueles que, “clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele” (v. 57, ARA)!

Últimas Palavras de Estêvão

Há uma íntima semelhança do martírio de Estêvão com a morte de Jesus Cristo. “Ambos foram julgados na presença da assembleia nacional (Lc 22.66; At 6.12); ambos foram acusados por falsas testemunhas (Mc 14.56-58; At 6.13,14); ambos foram acusados de blasfêmia (Mc 14.63,64; At 7.56,57); e ambos foram vítimas da violência da multidão (Lc 23.18-23; At 7.57-59). A morte de Jesus, contudo, foi consumada indiretamente através de pressão popular sobre o governador romano; Estêvão foi apedrejado pelo povo” (TENNEY, p. 218). Antes de morrer, as palavras do Senhor Jesus — depois de ter rogado ao Pai que perdoasse seus algozes e de ter salvado efetivamente o infrator arrependido que lhe pediu perdão (Lc 23.33-43) — foram estas: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (v. 46). Estêvão, de modo semelhante, porém inverso, primeiro disse: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” (At 7.59). E, em seguida: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” (v. 60). Fico maravilhado com a autoridade e a segurança desse servo do Senhor momentos antes de morrer! “Com a confiança tranquila de um profeta, ele segue o exemplo de Jesus e permanece fiel ao seu ensino: ‘Bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam’ (Lc 6.28)” (ARRINGTON, p. 666). Essa semelhança entre Estêvão e seu Mestre deixam-nos sem palavras. Qual de nós teria a autoridade e a ousadia de verberar contra os pecados do Sinédrio e, em seguida, em meio a um linchamento, pedir a Deus, sem desespero ou medo de morrer, que perdoasse seus algozes? Autoridade é uma capacitação divina. Ela está relacionada com integridade moral (1 Tm 3.5-7), postura adequada (4.12), idoneidade para ensinar (Tt 2.15), capacidade para dirigir (Sl 78.72) e ousadia no falar conforme orientação do Espírito Santo (1 Rs 17.1; 2 Rs 2.10; At 13.6-11; 8.19-24). Tudo isso Estêvão tinha. Todavia, sua autoridade fora, sobretudo, outorgada por Deus, principalmente se considerarmos a possibilidade de ele ter sido um dos 70 discípulos enviados por Jesus Cristo (cf. Lc 10.17-19, ARA). Esse primeiro grande apologista do evangelho era um homem manso e pacificador. Ele não quis afrontar o Sinédrio. Pelo contrário! A maneira elegante como ele iniciou a pregação e a sua oração perdoadora ante seus inimigos figadais evidenciam que seu amor a Jesus Cristo estava acima de tudo.  Estêvão não temia a morte; ele tinha a certeza de que o Senhor Jesus receberia o seu espírito, haja vista as suas declarações finais. Reflitamos sobre isso. Quais serão as nossas últimas palavras antes de nossa morte caso o Arrebatamento da Igreja não a anteceder? Se houver tempo de dirigirmos uma oração a Deus, teremos a convicção para dizer-lhe: “recebe o meu espírito”, ou tentaremos pedir-lhe perdão por todos os nossos pecados em tempo recorde? A convicção de Estêvão decorria do fato de ele ser cheio do Espírito Santo. O selo e o penhor do Parácleto, o qual testemunhava em seu interior que ele era filho de Deus, davam-lhe a certeza de que o seu nome está inscrito no Livro da Vida! O cristão que ainda não tem essa convicção clama desesperadamente por misericórdia, assim como fez o infrator crucificado momentos antes de morrer. Mas, e se este não tivesse tempo de falar com Jesus Cristo? E se tivesse morrido antes de repente? Podemos vir a falecer repentinamente enquanto dormimos, ou em um inesperado acidente aéreo ou rodoviário, ou em decorrência de um ato violento permitido pelo Senhor. As palavras de Estêvão evidenciam que ele estava seguro em Cristo. Ele tinha, de fato, a certeza da vida eterna porque sua comunhão com o Paráclito jamais fora interrompida, mantendo-se, assim, cheio do Espírito Santo até seu último suspiro na terra (At 7.55-59).



                III.   O AVIVAMENTO NO SOFRIMENTO

1.  Sofrimento e morte dos apóstolos  -  Martírio do apóstolo Tiago

Naquele tempo – evidentemente o de Cláudio -o rei Herodes pôs-se a maltratar alguns da Igreja. E matou Tiago, o irmão de João, com a espada. Acerca deste Tiago, Clemente, no livro VII de suas Hypotyposeis, acrescenta um relato digno de menção, afirmando tê-lo tomado de uma tradição anterior a ele. Diz que aquele que o introduziu ante o tribunal, comovido ao vê-lo dar testemunho, confessou que também ele era cristão. “Ambos pois, diz Clemente, foram levados juntos dali, e no caminho pediu que Tiago o perdoasse, e este, depois de olhá-lo um instante, disse: A paz esteja contigo, e beijou-o. E assim é que ambos foram decapitados ao mesmo tempo.” Então, como diz a divina Escritura, vendo Herodes que sua façanha de assassinar Tiago tinha agradado aos judeus, tentou-o também contra Pedro, encarcerou-o e pouco faltou para que o executassem também se um anjo, por aparição divina, não houvesse aparecido a ele durante a noite e não o tivesse retirado milagrosamente da prisão, deixando-o livre para o ministério da pregação. Esta foi a providência disposição no que diz respeito a Pedro.

 Da perseguição nos tempos de Nero, na qual Paulo e Pedro foram adornados com o martírio pela religião em Roma Firmado Nero no poder, deu-se a práticas ímpias e tomou as armas contra a própria religião do Deus do universo. Descrever de que maldades foi capaz este homem não é tarefa para a presente obra. Já que, sendo muitos os que transmitiram em relatos precisos suas maldades, quem queira poderá aprender destes sobre a grosseira demência deste homem estranho que, levado por ela e sem a menor reflexão, produziu a morte de inúmeras pessoas e a tal ponto levou seu afã homicida que não se deteve nem mesmo ante os mais chegados e queridos, mas que até a sua mãe, seus irmãos, sua esposa e com eles muitos familiares, fez perecer com variadas formas de morte, como se fossem adversários e inimigos. Mas deve-se saber que a tudo o que foi dito sobre ele faltava acrescentar que foi o primeiro imperador que se mostrou inimigo da piedade para com Deus. Disto faz menção também o latino Tertuliano quando diz: “Leiam vossas memórias. Nelas encontrareis que Nero foi o primeiro a perseguir esta doutrina, principalmente quando, depois de submeter todo o Oriente, em Roma era cruel para com todos. Nós nos ufanamos de ter um assim como autor de nosso castigo, porque quem o conhecer compreenderá que Nero não podia condenar nada que não fosse um grande bem.” Assim pois, este, proclamado primeiro inimigo de Deus entre todos os que o foram, levou sua exaltação ao ponto de fazer degolar os apóstolos. De fato, diz-se que sob seu império Paulo foi decapitado na própria Roma, e que Pedro foi crucificado. E disto da fé o título de Pedro e Paulo que predominou para os cemitérios daquele lugar até o presente. Também o confirma um varão eclesiástico chamado Caio, que viveu quando Zeferino era bispo de Roma. Disputando por escrito com Proclo, líder da seita catafriga, diz sobre os lugares onde estão depositados os sagrados despojos dos mencionados apóstolos o seguinte: “Eu, por outro lado, posso mostrar-te os troféus dos apóstolos, porque se queres ir ao Vaticano ou ao caminho de Ostia, encontrarás os troféus dos que fundaram está igreja.” Que ambos sofreram martírio na mesma ocasião é afirmado por Dionísio, bispo de Corinto, em sua correspondência escrita com os romanos, nos seguintes termos: “Nisto também vós, por meio de semelhante admoestação, fundistes as searas de Pedro e de Paulo, a dos romanos e a dos Coríntios, porque depois de ambos plantarem em nossa Corinto, ambos nos instruíram, e depois de ensinarem também na Itália no mesmo lugar, os dois sofreram martírio na mesma ocasião.” Sirva também isto para maior confirmação dos fatos narrados.

 Da morte de João e de Felipe  Já explicamos anteriormente o tempo e o modo da morte de Paulo e de Pedro, assim como também o lugar onde foram depositados seus corpos depois que partiram desta vida. Sobre João, quanto ao tempo, também já foi dito; mas quanto ao lugar de seu corpo, indica-se na carta de Polícrates, bispo da igreja de Éfeso, que foi escrita para o bispo de Roma, Victor. Junto com João menciona o apóstolo Felipe e as filhas deste nos seguintes termos: “Porque também na Ásia repousam grandes luminares que ressuscitarão no último dia da vinda do Senhor, quando virá dos céus com glória em busca de todos os santos: Felipe, um dos doze apóstolos, que repousa em Hierápolis com duas filhas suas que chegaram virgens à velhice, e a outra filha, que depois de viver no Espírito Santo, descansa em Éfeso; e também há João, o que se recostou sobre o peito do Senhor e que foi sacerdote portador do pétalon , mártir e mestre; este repousa em Éfeso.” Isto há sobre a morte destes luminares. Mas também no Diálogo de Caio -de quem já falamos pouco acima -, Proclo – contra quem é dirigida a disputa -, coincidindo com o exposto, diz sobre a morte de Felipe e de suas filhas o seguinte: “Depois deste houve em Hierápolis, a da Ásia, quatro profetisas, as filhas de Felipe. Ali estão seus sepulcros e o de seu pai.” Assim diz Proclo. E Lucas, nos Atos dos Apóstolos, menciona as filhas de Felipe, que então viviam em Cesaréia da Judéia junto com seu pai, e que haviam sido agraciadas com o dom da profecia; diz textualmente o que segue: Viemos a Cesaréia e entramos na casa de Felipe o evangelista – pois era um dos sete – e permanecemos em sua casa. Tinha ele quatro filhas virgens, que eram profetisas. Depois de haver descrito sobre o que chegou ao nosso conhecimento acerca dos apóstolos e dos tempos apostólicos, assim como dos escritos sagrados que nos deixaram, e inclusive dos que são controversos, mas que na maioria das igrejas muitos leem em público, e dos que são inteiramente espúrios e alheios à ortodoxia apostólica, continuemos avançando em nossa narrativa.

2.   O avivamento e sofrimento  -  Neste estudo, podemos constatar que Estêvão teve forças espirituais diante do sofrimento a que foi submetido, tanto em termos físicos quanto emocionais. É possível que muitos crentes ao longo da História da Igreja tenham sucumbido diante das pressões descomunais contra si, muitas vezes incluindo a sua família, por não terem a força e o poder do Espírito Santo para resistir até à morte. Estêvão foi um exemplo marcante e referencial de que somente sendo cheio do Espírito Santo, o fiel pode suportar as terríveis pressões de um julgamento injusto, ilegal e tendencioso e, assim, ser vitorioso diante de torturas psicológicas e físicas por causa da sua fé. O avivamento espiritual, motivado pela presença gloriosa do Espírito Santo, dá forças aos servos e servas de Deus para enfrentarem situações difíceis de torturas e castigos severos por professarem a sua fé em Jesus. Podemos ver na Bíblia a razão dessa força extra-humana que Estêvão teve diante do sofrimento, nas mãos dos seus executores. Além de ser cheio do Espírito Santo, o cristão precisa ter a alegria do Espírito Santo, ou a alegria do Senhor. Esse é um fator importantíssimo para ser vencedor diante das lutas que possam surgir na vida cristã. No livro de Neemias, encontramos uma referência que nos mostra como podemos vencer as adversidades que se apresentam em nossa vida. Quando o povo chorava muito depois de ouvir a leitura da Lei por Esdras — pois sentiam as suas faltas e pecados diante de Deus —, Neemias, que liderou a reconstrução dos muros de Jerusalém, convidou o povo para a leitura do livro da Lei — que havia sido desprezado — numa assembleia solene, desde a manhã até ao meio-dia. Com a leitura, feita com calma e explicação do seu sentido, o povo começou a chorar, mas Neemias levantou-se e exortou a todos para não se entristecerem: Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força. (Ne 8.10) Quando “a alegria do Senhor” resulta do enchimento do Espírito Santo, torna-se fonte de energia espiritual que dá força e poder aos que a possuem. A Bíblia mostra-nos diversas referências sobre essa alegria que vem de cima: “Alegrai-vos no Senhor e regozijai-vos, vós, os justos; e cantai alegremente todos vós que sois retos de coração” (Sl 32.11). Alegrar-se no Senhor e cantar alegremente é fator excelente para dar força ao crente. Devemos anotar que tal bênção é para os que são “retos de coração”, ou seja, pessoas íntegras tanto espiritual quanto moralmente. Outro Salmo diz: “Alegrai-vos, ó justos, no Senhor, e dai louvores em memória da sua santidade” (Sl 97.12). Joel, o profeta do Pentecostes, também ressaltou a importância da alegria do Senhor ou do avivamento espiritual. “E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor, vosso Deus, porque ele vos dará ensinador de justiça e fará descer a chuva, a temporã e a serôdia, no primeiro mês” (Jl 2.23). Paulo, escrevendo aos coríntios, disse como eles deveriam comportar-se na vida cristã: “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco” (2 Co 13.11). Veja quantos conselhos oportunos e necessários a uma igreja que precisa alegrar-se no Senhor. Ele diz que os irmãos devem regozijar-se no Senhor, mas prossegue doutrinando sobre essa alegria espiritual profunda e fortalecedora do ânimo do crente. Muitos caem, afastam-se, desviam-se, porque não conseguem ter uma vida cristã sadia e cheia de poder de Deus. Para tanto, Paulo diz que, além de regozijarem-se, os irmãos devem saber que Deus requer que sejamos, perfeitos, consolados, de “um mesmo parecer” — ou seja, que vivamos em acordo, em harmonia —, e acrescenta que os servos de Cristo devem viver em paz. Em consequência, diz Paulo: “e o Deus de amor e de paz será convosco” (13.11). Paulo não só ensinava, como também já havia experimentado grandes sofrimentos, assim como os demais apóstolos, mas resistiu com a graça e o poder de Deus na sua vida: Porque tenho para mim que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, ilustres, e nós, vis. Até esta presente hora, sofremos fome e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados e bendizemos; somos perseguidos e sofremos; somos blasfemados e rogamos; até ao presente, temos chegado a ser como o lixo deste mundo e como a escória de todos. (1 Co 4.9-13) Diante de toda essa realidade adversa, Paulo não reclamou, não murmurou e nem se queixou da sua situação: Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo, segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. (Fp 1.19-21) Ele foi um grande exemplo e incentivador da alegria do Senhor: “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos” (Fp 4.4). Aos tessalonicenses, ele escreveu: “Regozijai-vos sempre” (1 Ts 5.16).




Ajude esta obra...
Código do PIX
Banco Mercantil do Brasil




AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

 Siga-nos nas redes sociais... Tenha um bom estudo bíblico.

 ** Seja um Patrocinador desta obra: chave do PIX 11980483304 

Chave do PIX
Banco Mercantil do Brasil





               





         BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21

Bíblia de estudo Pentecostal

Livro de Apoio, Aviva a tua Obra, Elinaldo Renovato - Editora CPAD.

Comentário Bíblico Pedro O Primeiro Pregador Pentecostal, Ciro S. Zibordi - Editora CPAD.

Comentário Bíblico Pedro: Pescador de homens, Hernandes D. Lopes - Editora Hagnos.

Comentário Bíblico Atos, Hernandes D. Lopes - Editora Hagnos

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD

Livro Eusébio De Cesaréia. História Eclesiástica, Wolfgang Fischer - Editora Novo Século.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

LIÇÃO 06 - O AVIVAMENTO NO MINISTÉRIO DE PEDRO.

 

Profº PB. Junio - Congregação Boa Vista II.


                        TEXTO ÁUREO

"Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto  notório, e escutai as minhas palavras." (AT 2.14)


                    VERDADE PRÁTICA

A vida de um crente pode ser comparada entre o antes e o depois de um avivamento.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: AT 2. 14-24


                                INTRODUÇÃO


ários personagens destacaram-se naquele momento histórico do Dia de Pentecostes, na História da Igreja. Jesus dissera antes da sua morte que haveria de ressuscitar e que não deixaria os seus discípulos órfãos. Ele certamente percebeu e sabia que aqueles três anos de convivência com eles mudara todas as suas vidas. Eles deixaram tudo para seguir a Jesus (Mt 19.27), inclusive profissões rentáveis e de grande importância social, como foi o caso de Levi, que era funcionário público do governo romano (Mc 2.14). Jesus prometeu-lhes o Consolador, que ficaria com eles para sempre (Jo 14.16). O Consolador chegou naquele auspicioso dia de maneira visível, impactante, jamais imaginada, com os sinais evidentes de que não se tratava de um evento comum ou conhecido antes. Eles próprios sentiram o impacto poderoso do derramamento do Espírito Santo. Não por coincidência, mas por providência de Deus, Jerusalém estava repleta de “judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu” (At 2.5). Além dos residentes em Jerusalém, havia visitantes de diversos lugares, de peregrinos, de viajantes, “forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos)” (2.10), que para lá foram para comemorar a Festa do Pentecostes, que é a segunda mais importante dos judeus depois da Páscoa. Foi grande o espanto das pessoas que estavam próximas do cenáculo. Certamente, ao serem batizados no Espírito Santo, os cento e vinte elevaram as suas vozes em adoração a Deus com línguas estranhas, de tal modo que o barulho das suas vozes ultrapassou as paredes do edifício. Diz o texto: E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando? Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? (2.6-8). [...] todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus. E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer”? E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. (2.11-13 – grifo acrescentado) Por um lado, houve uma admiração lógica daquelas pessoas quanto ao que significaria aquele estranho fenômeno nunca visto ou falado no Antigo Testamento. Nunca os rabinos disseram qualquer coisa no Templo ou nas sinagogas sobre alguém falar em línguas de diversos países sem jamais as ter aprendido. Não só isso, mas eles falavam “das grandezas de Deus” (2.11). Por outro lado, como sempre acontece, quando Deus opera coisas grandiosas no meio do seu povo, havia os críticos e zombadores carnais, usados pelo Diabo para depreciar o movimento pentecostal. Esse tipo de gente dizia: “Estão cheios de mosto”, ou seja, estão embriagados. Atualmente, há muitos com esse comportamento carnal, incluindo pastores, pregadores e teólogos da linha cessassionista, geralmente calvinistas, das igrejas históricas. Um deles, de certa igreja, disse que falar línguas “não é o grunhido dos pentecostais”. Ou seja: comparando os pentecostais a cachorros. Um reverendo muito conhecido disse num dos seus vídeos que os pentecostais são desequilibrados, pois dizem “siri canta lá na praia”, numa total falta de respeito aos que aceitam o batismo no Espírito Santo, com línguas estranhas, mas Deus, o supremo Juiz, sabe como julgar os que assim procedem. Não sabem eles que podem estar blasfemando contra o Espírito Santo (Mt 12.31). Diante da crítica ácida contra os que receberam o batismo no Espírito Santo no cenáculo, acusando os discípulos de estarem embriagados, entra em cena o apóstolo Pedro, que, ouvindo tamanha depreciação e ignorância sobre a realidade do que ocorrera ali, se levantou e deu uma palavra sábia, oportuna e incisiva sobre o significado daquele fenômeno de “glossaislalo”, ou falar em outras línguas (2.14-21). Neste estudo, veremos o protagonismo de Pedro, um dos mais destacados discípulos de Jesus, em duas realidades na sua vida: antes de ser batizado no Espírito Santo e depois de ser revestido do poder do Alto. 




                    I.    PEDRO ANTES DO PENTECOSTES

1.   As duas atitudes de Pedro  -    Vemos, portanto, dois momentos decisivos na vida de Pedro: seu chamado no mar da Galileia — também chamado de mar de Quinerete ou Kinnereth (Nm 34.11; Js 12.3; 13.27), lago de Genesaré (Lc 5.1; Mt 14.34) ou mar de Tiberíades (Jo 6.1; 21.1) — e sua confissão de fé em Cesareia de Filipe. Foi neste momento que o Senhor disse a ele: “[…] Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.17,18, ARA).

#######

A partir da pesca maravilhosa no mar da Galileia (Lc 5.1-11), Pedro vai-se tornando mais próximo do Mestre a cada dia. Ele é participativo, falante, sempre está por perto, faz perguntas, quer aprender, interage, vive experiências marcantes, mas também é repreendido por agir mais por impulso do que pela fé. No entanto, logo depois de sua importante declaração de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, seu ministério deveria ter adquirido outro status, já que o Mestre disse a ele: “eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt 16.18).   Como vimos, Jesus não quis dizer que Pedro tornou-se o fundamento da Igreja ou o seu primeiro papa por causa de sua confissão de fé, e sim que, desde então, sua responsabilidade aumentou. Todavia, minutos depois, o mesmo apóstolo põe tudo a perder ao incentivar o Salvador a desistir da cruz.   Jesus era um tipo de Mestre que corrigia seus discípulos — especialmente os que estavam participando de um treinamento especial, como era o caso de Pedro — imediatamente. E, por isso, reagiu sem meias palavras: “Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens” (Mt 16.23). Que ironia!   Talvez, em toda a Bíblia, esse apóstolo seja o único que entregou a mensagem de Deus e, em seguida, empolgado, passou a falar da parte do Diabo. Quando se quer elogiar a potência de um automóvel, diz-se que ele vai de zero a cem quilômetros em poucos segundos. No caso de Pedro, ele foi do “céu” ao “inferno” em poucos minutos, e essa experiência dupla parece ter afetado seu comportamento. A partir desse episódio até a última Páscoa de Jesus com seus discípulos, com exceção do ocorrido no monte da Transfiguração, vemos um Pedro mais comedido, cuidadoso com as palavras, menos afoito e disposto a seguir o Mestre mais de perto.

2.    Pedro nega Jesus três vezes  -  Primeiro Degrau: Negação

Quando estava assentado à beira da fogueira, uma serventuária aproximou-se e disse, olhando para ele: “Este também estava com ele” (Lc 22.56). E o “corajoso” Pedro “negou-o, dizendo: Mulher, não o conheço” (v. 57). O homem que recebeu Jesus em sua casa e fazia parte de seu círculo de amigos mais chegados agora o nega. Pouco tempo depois, “vendo-o outro, disse: Tu és também deles. Mas Pedro disse: Homem, não sou” (v. 58).  Passada “quase uma hora, um outro afirmava, dizendo: Também este verdadeiramente estava com ele, pois também é galileu” (Lc 22.59). Todos os apóstolos, exceto Judas Iscariotes, eram galileus.  Pedro, porém, respondeu-lhe com a maior desfaçatez: “Homem, não sei o que dizes” (v. 60).   Ele fez isso, enquanto “os homens que detinham Jesus zombavam dele, ferindo-o. E, vendando-lhe os olhos, feriram-no no rosto e perguntaram-lhe, dizendo: Profetiza-nos: quem é que te feriu?” (vv. 63,64).  Ao negar a Jesus pela terceira vez, o galo começou a cantar, e Pedro percebeu o tamanho do seu pecado. Não bastasse o canto do galo, o próprio Jesus, em meio a escarnecedores e torturadores, virou-se e olhou para Pedro, que, imediatamente, “lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe tinha dito: Antes que o galo cante hoje, me negarás três vezes. E, saindo Pedro para fora, chorou amargamente” (Lc 22.61,62).

Segundo Degrau: Mentira

O quarto Evangelho menciona outros detalhes desse quádruplo pecado de Pedro. Ele estava com outro discípulo — possivelmente, o apóstolo João —, que entrou na sala do sumo sacerdote, enquanto aquele ficou do lado de fora (18.15,16). Quando tal discípulo, que conhecia o sumo sacerdote, pediu para a recepcionista chamar Pedro, ela perguntou-lhe: “Não és tu também dos discípulos deste homem?” E ele, friamente, respondeu: “Não sou” (v. 17). Havia servos e criados aquentando-se ao redor da fogueira; fazia muito frio. Logo que Pedro entrou ali, perguntaram a ele: “Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou e disse: Não Sou” (Jo 18.25). No entanto, para sua surpresa, “um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse: Não te vi no horto com ele?” (v. 26). Nova negação, “e logo o galo cantou” (v. 27). Pedro, portanto, mentiu descaradamente ao dizer que não conhecia Jesus.   Veja como é grande o amor de nosso Senhor Jesus, a ponto de perdoar, posteriormente, tamanha deslealdade e traição!

Terceiro e quarto Degraus: Juramento e Maledicência

Mateus informa que Pedro negou ao Senhor “diante de todos” (26.70) e, ao negá-lo pela segunda vez, fez isso “com juramento” (v. 72). Por fim, quando os serventuários perceberam que ele era galileu — sua própria fala denunciava-o (v. 73) —, começou “a praguejar e a jurar” (v. 74; cf. Mc 14.71), dizendo que não conhecia o Nazareno.   Pedro chegou, de fato, ao “fundo do poço”. Negou, mentiu, jurou e praguejou. E, se não fosse a graça de Deus, seu destino teria sido o mesmo de Judas.  Na hora mais decisiva da vida do Senhor, Pedro negou a Jesus, à sua fé, ao seu apostolado e ao seu próprio nome. Ele recusou-se a identificar-se com o Galileu e o Nazareno (Mt 26.69-72). Esses dois qualificativos lançavam sobre Jesus uma pecha negativa, com fortes laivos de preconceito.  Os galileus eram vistos em Jerusalém como gente de segunda classe, um povo atrasado, pobre, doente e possesso. “Nazareno” era […] uma palavra assaz pejorativa, pois o entendimento da época é que nada de bom poderia ter saído de Nazaré (LOPES, 2015, p. 57-58).  Ser galileu ou nazareno nos dias em que Jesus andou na terra equivalia, em certa medida, a ser um cristão na pós-modernidade. Nessa era pós-cristã, os seguidores de Jesus são tratados como gente de segunda classe, atrasada, fanática e fundamentalista. Entretanto, aprendamos com o Mestre, que, mesmo sendo visto com preconceito pela sociedade daquela época, ganhou muitas almas para o Reino de Deus (Jo 1.45-51; 4.1-30). Como o próprio Pedro — que ora nega a Jesus — ensinará, devemos estar sempre preparados para responder ao mundo apologeticamente (1 Pe 3.15).


                    II.   PEDRO APÓS O PENTECOSTES

1.   Pedro batizado no Espírito Santo  -   O Pentecostes foi um divisor de águas na vida de quem tantas vezes esteve dentro do mar da Galileia! “Antes de ser revestido com o poder do Espírito Santo, Pedro era um homem impetuoso, mas covarde; falante, mas precipitado; ousado em suas declarações, mas frágil em suas atitudes” (LOPES, 2015, p. 84).  Diante da zombaria de uma parte da multidão de judeus no dia de Pentecostes, ele colocou-se em pé, apresentando-se para falar. Num primeiro momento, ele apenas respondeu à pergunta: “Que quer isto dizer?”, seguida da acusação absurda de que os cristãos estavam “cheios de mosto”, citando a célebre profecia de Joel 2.28-21 (At 2.12-21). Foi somente depois dessa resposta pontual que ele, de fato, começou a pregar cheio do Espírito Santo.

2.   Pedro e a cura do coxo  -   Pregador Pentecostal… e Humilde!

Os milhares de judeus arrependidos após a pregação de Pedro converteram-se, de fato, haja vista as suas características. De acordo com Atos 2.42-47, eles perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão e no partir do pão, ajudavam uns aos outros e eram tementes a Deus, louvando-o todos os dias.   No entanto, como os apóstolos foram treinados pelo Mestre para não dormir sobre seus louros, o terceiro capítulo de Atos dos Apóstolos inicia com Pedro e João subindo “juntos ao templo à hora da oração, a nona”. Esse lugar sagrado era, para eles, seu local preferido de oração, embora não tomassem parte dos sacrifícios — uma vez que o Cordeiro de Deus fora oferecido de uma vez por todas — (cf. Mt 21.13).   Pedro e João mantiveram a tradição dos judeus de orar em três turnos no Templo. Como o dia judaico começava às seis da manhã (primeira hora) e terminava às seis da tarde (hora duodécima), havia três momentos de oração por dia para os devotos do judaísmo. Eles oravam às nove da manhã (hora terceira), ao meio-dia (hora sexta) e às três da tarde (hora nona).   Os apóstolos oravam porque queriam cumprir o chamado que receberam do Senhor. E o Paráclito começou a realizar grandes milagres por meio deles (At 2.43), cumprindo a promessa de Jesus de que fariam obras maiores do que as suas por meio do Espírito Santo (Jo 14.12-17). E, ao dirigirem-se ao Templo, depararam com um homem coxo “desde o ventre de sua mãe” que era levado com frequência para junto da porta chamada Formosa para pedir esmola (At 3.2).   Não há consenso entre os eruditos sobre esse portão (ou porta). Para alguns, como não havia nenhuma porta com esse nome, trata-se de uma em honra de Nicanor (de Alexandria) chamada de “Formosa” por ser toda de bronze. Como se supõe, entre “o átrio dos gentios e o átrio das mulheres havia uma bela porta de bronze cinzelado, estilo corinto, com incrustações de ouro e prata. Era mais valiosa do que se tivesse sido feita de ouro maciço” (HORTON, 1983, p. 45). Quem olhava para esse portão, que dava acesso ao pátio do Templo, e para os mendigos à sua frente, podia refletir sobre a desigualdade em Jerusalém.   Sempre ignorado por sacerdotes, levitas e outros frequentadores do Templo, o mendigo aleijado teve uma surpresa quando abordou Pedro e João. Estes não apenas pararam para ouvir seu pedido, como também lhe disseram: “Olha para nós” (At 3.4).  Deus sempre começa o milagre por meio daquilo que podemos fazer. O mendigo de Jericó, que não podia ver, precisou colocar-se em pé (Mc 10.49). Já o de Jerusalém, que não podia levantar-se, teve de olhar para os apóstolos. E ele mirou-os, com a mão estendida, esperando receber uma moeda.  O primeiro pregador pentecostal tinha algo mais precioso para oferecer-lhe. Se fosse um pregador triunfalista, adepto do antropocentrismo, teria dito ao aleijado: “Determina a tua cura agora!”. E, se o homem não tivesse sido curado, dir-lhe-ia que não teve fé para fazê-lo. Pedro, porém, era verdadeiramente pentecostal e disse-lhe: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou.   Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda” (At 3.6). Estamos diante de um novo Pedro — guiado pelo Parácleto —, o qual falou com autoridade e, pela fé, levantou pela mão um homem que jamais andara e sequer sabia caminhar (At 3.7). Para alguém andar, não basta apenas ter pernas saudáveis. É preciso saber usá-las. Uma criança, por exemplo, leva vários dias para aprender a dar os primeiros passos.  Portanto, o que houve ali foi mais que uma restauração de pernas e pés!  Não pensemos, porém, que esse milagre ocorreu por causa da fé de Pedro ou da do mendigo. Os mestres triunfalistas, que prezam o falso evangelho antropocêntrico, costumam supervalorizar a fé — a fé na fé —, que é apenas o meio usado por Deus para realizar grandes maravilhas.    Curado, o homem entrou no Templo e começou a saltar, louvando a Deus diante daqueles que o conheciam, mas jamais o ajudaram. A narrativa de Lucas sugere que ele puxou os apóstolos pela mão para alegrarem-se com ele (At 3.8-10). Além de andar, o mendigo estava realizando outro sonho, o de ingressar no Templo, visto que “aos aleijados não era permitida a entrada” (HORTON, 1983, p.46).   Pense num homem alegre, saltando e glorificando a Deus sem nenhum receio! Não se tratava, porém, de dança exibicionista, frenética ou performática dentro da Casa de Deus, como vemos nos dias de hoje, e sim do extravasamento de uma felicidade jamais sentida por aquele mendigo até então. Os dois apóstolos estavam preparados para não cair na tentação de receber o louvor do povo. E, diante da alegria do homem curado e do assédio da multidão, o pregador pentecostal sabia que precisava manter-se humilde e dar toda a glória a Jesus. Lucas diz que o povo estava maravilhado com o ocorrido e apegou-se a Pedro e João, junto ao chamado pórtico ou alpendre de Salomão, ignorando que fora o Senhor quem havia levantado o coxo de nascença (At 3.10,11).   Pedro era realmente um novo homem. Diferentemente de muitos pregadores da atualidade que se gabam de ser pentecostais, mas que, na verdade, são soberbos, ele disse ao povo: “Varões israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?” (At 3.12). Calcula-se que havia ali, nos arredores do Templo, cerca de dez mil pessoas (cf. HORTON, 1983, p. 47). Que oportunidade para anunciar a Cristo!

3.   Pedro avivado em outras ocasiões  -  O livro de Atos, embora seja conhecido como Atos dos Apóstolos, destaca especialmente o ministério de Pedro e Paulo. Esses dois apóstolos são destacados como pregadores e operadores de milagres. O livro de Atos registra vários milagres operados por Pedro e outros experimentados por ele.

O primeiro milagre operado por Pedro foi a cura do paralítico na Porta Formosa do templo (At 3.1-3). Esse milagre deu a Pedro a oportunidade de pregar seu segundo sermão em Jerusalém, elevando o número de crentes para cinco mil. O segundo milagre foi a morte instantânea de Ananias e Safira, num claro juízo de Deus à hipocrisia desse casal, que, para ganhar notoriedade na igreja, mentiu ao Espírito Santo (At 5.1-11). O terceiro milagre ocorreu em Jerusalém, quando os enfermos eram levados pelas ruas e colocados em leitos macas, para que, quando Pedro passasse, ao menos sua sombra se projetasse sobre alguns deles. Também das cidades ao redor ia muita gente para Jerusalém, levando doentes e atormentados por espíritos impuros, e todos eram curados (At 5.15,16). O quarto milagre acontece em Lida, quando Pedro cura o paralítico Eneias (At 9.32-35). Depois de Lucas nos relatar a conversão de Saulo, volta sua atenção para Pedro. No começo da perseguição da igreja, os apóstolos julgaram prudente permanecer em Jerusalém (At 8.1b), mas, agora que a igreja estava desfrutando um tempo de paz (At 9.31), sentiram-se livres para deixar a cidade. É dessa forma que Pedro inicia seu ministério itinerante (At 9.32a), pregando o evangelho e visitando os santos (At 9.32b). A cura de Eneias foi algo maravilhoso. Ele era paralítico, e havia oito anos jazia de cama. Pedro lhe disse: […] Eneias, Jesus Cristo te cura. Levanta-te e arruma a tua cama. Ele logo se levantou (At 9.34). De maneira ainda mais nítida do que na cura do mendigo aleijado em Atos 3, aqui Jesus é imediatamente destacado como o verdadeiro e único doador da cura. Pela autoridade do seu nome, o Cristo ressurreto restabeleceu Eneias completamente. A cura foi instantânea, e o homem conseguiu se levantar e arrumar sua cama (At 9.34). Tornou-se um milagre ambulante, pois todos aqueles que viram esse fato extraordinário em Lida e Sarona converteram-se ao Senhor (At 9.35). O quinto milagre aconteceu em Jope. Em Atos 9.36-43, há o registro da ressurreição de Dorcas (Tabita = gazela), uma mulher notável pelas boas obras e esmolas que fazia. Ela vivia integralmente dedicada à beneficência e à ajuda ao próximo. Ela cuidava especialmente das viúvas. Essa notável serva do Senhor adoeceu e morreu, e os irmãos colocaram seu corpo no cenáculo. Não havia registro até então de que os apóstolos tivessem sido usados por Deus para a ressurreição de mortos. Isso mostra a fé e a confiança dos crentes de Jope em mandar buscar Pedro em Lida. Pedro chegou e ordenou que as pessoas que estavam chorando e lamentando saíssem do quarto, pois o milagre que estava para acontecer ali não era um espetáculo, e ele, colocando-se de joelhos, orou e, voltando-se para o corpo, disse: […] Tabita, levantaste. Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se. Ele lhe deu a mão, levantou-a e, chamando os santos, e as viúvas, apresentou-a viva (At 9.40,41). Que diferença fundamental em relação a todas as práticas feiticeiras e milagreiras de cunho ocultista! Aqui não são sussurradas fórmulas mágicas, não se cita nenhum nome misterioso, nem se realizam estranhas benzeduras. Emite-se uma ordem cordial, e espera-se com fé que essa ordem, possível como tal, será cumprida pela ação de Deus.



                        III.   A IGREJA DE HOJE E O AVIVAMENTO DO PENTECOSTES

1.   A Igreja atual e o Pentecostes  -  A ATUALIDADE DA EXPERIÊNCIA PENTECOSTAL

Há um grupo de teólogos que, se não peca por comissão, está sempre a pecar pelas omissões incabíveis e até impiedosas que perpetram contra a doutrina pentecostal.  Alegam eles, entre outras coisas, que o batismo no Espírito Santo e os dons espirituais já não têm qualquer serventia ou préstimo para estes últimos dias. E que só foram necessários àqueles dias primeiros da Igreja. As Escrituras Sagradas e a história do Cristianismo os desmentem; demostram que a experiência pentecostal jamais se ausentou dos arraiais cristãos. E tão atual hoje como o foi aos tempos antigos.  Em seu discurso, o apóstolo Pedro é mais do que conclusivo: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 3.39). Ao comentar essa passagem, o pastor Donald Stamps confirma: “A promessa do batismo no Espírito Santo não foi apenas para aqueles presentes no dia de Pentecostes, mas também para todos os que cressem em Cristo durante toda esta era. O batismo no Espírito Santo com o poder que o acompanha, não foi uma ocorrência isolada, sem repetição, na história da igreja”.  Não é somente a Bíblia que nos está a atestar essa verdade; a própria história comprova a realidade do Pentecostes em todas as eras.

2.   Tempos de multiplicação da iniquidade  -  Marcas de Degradação Moral Iminente, 3.1-5

Até este ponto da carta, Paulo lidou com as demandas impostas em Timóteo por sua tarefa como pastor. Mas agora, em espírito profético, ele se dirige à sociedade em que estava a igreja infante e descobre nela fatores que exerceriam influência trágica no povo de Deus: Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos (1). A expressão nos últimos dias refere-se ao período do fim da atual dispensação, imediatamente precedente à volta de Cristo; não há razão para crermos que o apóstolo tivesse algo diferente em mente. Paulo acreditava na proximidade da volta de Cristo, embora não vivesse para vê-la. O período que Paulo está descrevendo poderia estar logo à frente de Timóteo. E ele o chama tempos trabalhosos.  Servindo-se de uma lista, ele detalha as atitudes pecadoras dos homens as quais caracterizarão este período: Homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus (2-4). A lista inteira é somente uma frase. E descrição sórdida e deprimente dos pecados humanos. A literatura ética do século I continha semelhantes listas, e o próprio Paulo já havia recorrido a este dispositivo (Rm 1.30,31). Pecados de diversos graus de gravidade são reunidos mais ou menos indiscriminadamente, talvez com a ideia de mostrar que na ótica de Deus todos os pecados são do mesmo jeito sérios, quer pecados da carne ou do espírito, quer cometidos contra Deus ou contra nosso semelhante. Estes pecados, comuns no século I, também vicejam em medida alarmante hoje em dia. Esta é indicação clara de que estamos nos últimos dias.  No versículo 5 está o pensamento perturbador deste parágrafo: Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia (“o poder”, AEC, BAB, BJ, NTLH, NVI, RA) dela. Destes afasta-te. Kelly afirma que o versículo 5 é uma “frase lancinante”, a qual o apóstolo “força, por via do clímax, […] os praticantes dos erros efésios […] a fazer uma grande parada do cristianismo”.1 E deveras surpreendente que os culpados de tais pecados flagrantes ainda encontrem na religião formal um lenitivo para a consciência. Isto não quer dizer que na verdadeira religião não haja formalidade.  A formalidade e o poder não são inimigos naturais ou mutuamente exclusivos. Na verdade, tem de haver um casamento entre formalidade e poder para que o culto a Deus tenha a graça e beleza que ele deseja. Há muitos modos de negar a eficácia da religião. O modo mais sutil e mortal é a disposição de viver dia a dia sem a presença do poder de Deus em nossa vida religiosa. Este é o risco que afronta muitas pessoas que corariam de vergonha só com a leitura da lista sórdida de pecados que Paulo enumera.

3.   A Igreja será arrebatada -  A Igreja dos tempos que antecedem a vinda de Jesus para o arrebatamento será a formada pelos crentes salvos e lavados no sangue de Jesus e que estiveram avivados na unção do Espírito Santo em obediência e santificação (Hb 12.14; 1 Ts 5.23; 1 Pe 1.15). Será a Igreja dos crentes que são comparados às cinco virgens pudentes da parábola das dez virgens, proferida por Jesus. Cinco delas eram prudentes, e as outras cinco, insensatas. As prudentes, além de terem azeite nas suas lâmpadas para a espera pelo noivo, tinham reserva nas vasilhas, enquanto as insensatas, ou loucas, apenas possuíam azeite nas lâmpadas e não tiveram tempo de reabastecê-las quando se ouviu o grito da chegada do noivo (Mt 25.1-13). Além de ser constituída de crentes prudentes, a Igreja que vai subir é santa, consagrada a Deus, na unção do Espírito Santo, comparada a uma virgem preparada para o seu esposo no dia das núpcias. Paulo remete a esse fato quando fala dos deveres dos maridos para com as suas esposas, exortando-os a amá-las como Cristo ama a Igreja, a ponto de dar a vida por ela “[...] para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.26,27). Que Deus nos ajude para que nós, os salvos, estejamos preparados para ouvir o toque da trombeta do arcanjo no arrebatamento.


Ajude esta obra...
Código do PIX
Banco Mercantil do Brasil




AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL

FACEBOOK: JOSÉ EGBERTO S. JUNIO

 Siga-nos nas redes sociais... Tenha um bom estudo bíblico.

 ** Seja um Patrocinador desta obra: chave do PIX 11980483304 

Chave do PIX
Banco Mercantil do Brasil





               





         BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21

Bíblia de estudo Pentecostal

Livro de Apoio, Aviva a tua Obra, Elinaldo Renovato - Editora CPAD.

Comentário Bíblico Pedro O Primeiro Pregador Pentecostal, Ciro S. Zibordi - Editora CPAD.

Comentário Bíblico Pedro: Pescador de homens, Hernandes D. Lopes - Editora Hagnos.

Livro Fundamentos Bíblicos De Um Autêntico Avivamento, Claudionor C. de Andrade - Editora CPAD. 

Comentário Bíblico Beacon. I e II Timóteo, Arnold E. Airhart - Editora CPAD.

https://professordaebd.com.br/6-licao-1-tri-23-o-avivamento-no-ministerio-de-pedro/