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sexta-feira, 12 de julho de 2024

LIÇÃO 03 - RUTE E NOEMI: ENTRELAÇADAS PELO AMOR.

Pb. Junio - Congregação Boa Vista II

 



                        TEXTO ÁUREO

"Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde que que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus." (Rt 1.16)


                       VERDADE PRÁTICA

Amar uns aos outros sem nada exigir em troca evidencia que Deus está em nós e nos une em relacionamentos fortes e duradouros.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: RUTE 1.6-8; 14-19



                    INTRODUÇÃO

O afetuoso e inspirador relacionamento entre Noemi e Rute resultou de uma atitude no mínimo paradoxal do belemita Elimeleque. No crítico período dos juízes, um efrateu deixa Belém por causa da fome que assolava Israel e vai com a sua família peregrinar nos campos de Moabe.1 A ação de Elimeleque — nome que, no hebraico, significa “Meu Deus é Rei” — não é objeto de aprovação ou reprovação expressa no texto sagrado. Contudo, é mesmo um paradoxo que um judeu piedoso precisasse deixar Belém (heb, Bethlehem, “casa do pão”) em busca de sobrevivência para ele e a família nos campos dos moabitas, um povo pagão e historicamente inimigo de Israel. Decerto, não havia um clima de beligerância entre os povos naquele período específico; tanto é verdade que os belemitas encontraram franco acesso a Moabe, e famílias de efrateus e moabitas entrelaçaram-se por meio de vínculos conjugais. De qualquer sorte, o ato revela a gravidade da crise em solo israelita, decorrente da apostasia de Israel. Quanto a Elimeleque, não há como deixar de considerar que lhe faltou fé perseverante para permanecer em Belém, a despeito da crise que vivenciava. Para os que cogitam ter como certa a atitude de Elimeleque por ele estar buscando garantir a sobrevivência da sua família, é preciso considerar que justificar nossas decisões vacilantes pelas circunstâncias adversas que enfrentamos é uma flagrante negação do valor da confiança em Deus e na sua providência. A verdadeira fé é fortalecida e provada nos momentos mais críticos da vida (1 Pe 1.7).



                    I.  A PROPOSTA DE NOEMI

1.   Uma crise em família    -   Não sabemos quanto tempo Elimeleque viveu em Moabe. A narrativa bíblica indica que a família permaneceu junta por algum período (Rt 1.2). Algum tempo depois, morreu Elimeleque, deixando a sua esposa, Noemi, com os seus dois filhos, Malom e Quiliom, que, à época, já tinham idade para casarem-se. Apesar de não haver idade mínima para o casamento no mundo antigo (Yamauchi, 2023, p. 397), os homens, pelo menos, não se casavam muito cedo. Isaque, por exemplo, casou-se aos 40 anos (Gn 25.20). Malom, o filho mais velho, casou-se com Rute. Quiliom casou-se com Orfa. O texto sagrado informa que a família belemita ficou em Moabe “quase dez anos” (1.4), o que corresponde, provavelmente, a todo o tempo de permanência desde a chegada àquelas terras. Ao fim desse período, morreram Malom e Quiliom. Estudiosos do Antigo Testamento consideram que a morte prematura dos filhos de Noemi deveu-se às condições de saúde de ambos, que não seria boa desde a infância. Conforme Leon Morris, (1986, p. 233), “Malom possivelmente é derivado da raiz hlh ‘estar fraco’ ou ‘doente’”, assim, “neste caso, teria sido uma criança doentia”, completa Morris. O mesmo autor afirma que “Quiliom também é nome que tem conotações desagradáveis, visto que significa algo como ‘definhando’, ‘falhando’ ou mesmo ‘destruição’”.


2.   Tirando  força da fraqueza    -   Nenhuma família está livre de viver tragédias, nem mesmo as mais piedosas. O que dizer da família de Jó, que tinha como sacerdote um homem “sincero, reto e temente a Deus; e [que] desviava-se do mal” (Jó 1.1)? A família, como diz Every Claiton (2020, p. 13), é a célula em que age o Deus da história. Noemi não tinha consciência disso enquanto enfrentava o furacão de problemas que lhe roubou a alegria, assim como cada um de nós não consegue, em tempos de crise, compreender claramente o que o Senhor está querendo de nós por meio dos processos nos quais faz passar. Como observa Cabral (2023, p. 86), Noemi não podia imaginar o plano presciente do Senhor em todas aquelas circunstâncias. A questão, contudo, não é tentar explicar as tragédias, como se tivéssemos domínio racional sobre elas, mas comportar-nos de um modo responsável, perseverando no cumprimento de nossos deveres, mesmo que não vejamos luz alguma no fim do túnel. Acima de tudo, precisamos continuar confiando em Deus. Mesmo que seja difícil, se tivermos desenvolvido um relacionamento com o Todo-Poderoso, conheceremos o seu caráter santo, justo e bom e confiaremos que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28).    

 Noemi estava desolada, mas não ficou prostrada. Não podemos deixar de agir e cumprir nossas obrigações diárias quando as tristezas querem nos consumir.

Já na NAA, aparece o adjetivo “fraco” nesse mesmo versículo: “Se você se mostra fraco no dia da angústia, é porque a sua força é pequena”. Trata-se de “raphah”, no hebraico, com o sentido de “afundar”, “relaxar”, “deixar cair”; ou seja, tem a ver com a atitude pessoal tomada durante a crise, e não com o estado interior. No aspecto subjetivo, angústia; mas, na prática, ações concretas, iniciativas. Quando soube que o Senhor havia abençoado o seu povo, “se levantou ela”, ou seja, Noemi, com as suas noras para voltar a Belém (Rt 1.6,7). A atitude de Noemi é própria de quem tem espírito de liderança.

 As desistências fazem-nos perder bênçãos extraordinárias. Confiar em Deus e seguir em frente é sempre o caminho certo. Nas atitudes práticas, de nossa responsabilidade, está a parte da terapia que pode ajudar-nos a superar os dramas da vida. Desistir de objetivos comuns da vida tem sido altamente prejudicial para a saúde emocional e espiritual de muitas pessoas. Noemi levantou-se e voltou para Belém.


3.   Sem manipulação emocional    -    Outra extraordinária lição que nos transmite Noemi é a importância de não usar nossos quadros tristes da vida para manipular e explorar as pessoas que nos cercam. Além de conservar-se ativa, Noemi soube equilibrar as suas emoções com a assunção das suas responsabilidades, não se vitimizando diante das suas noras, tentando constrangê-las a permanecer junto dela. É razoável entender que uma mulher idosa precisa mesmo de alguém para fazer-lhe companhia e oferecer cuidados — como fez Rute a Noemi —, só que esse tipo de relacionamento não pode ser construído com base em manipulações.

Ter dependência patológica de outra pessoa é sintoma de profunda carência afetiva. Embora dependamos uns dos outros, não é possível sustentar uma boa convivência se não houver interdependência, manifestada em reciprocidade, mutualidade, compartilhamento, cooperação, equilíbrio e confiança. Pessoas que sofrem de carência afetiva terminam tornando-se um grande peso em qualquer relacionamento. Quando isso se agrava, costuma atingir níveis perigosos, que se exteriorizam das formas mais diversas. O ciúme desmedido é um desses terríveis quadros produtores de tragédias. O excessivamente carente usa a sua doentia condição para manipular os outros. Não raras vezes, esses quadros são sustentados por problemas espirituais não resolvidos (ou mal resolvidos); falta de maturidade espiritual; ausência de uma vida cristã autêntica, na correta compreensão do que é ser discípulo de Cristo (Lc 9.23). 

Desse tipo de criação, vêm adultos emocionalmente débeis, com baixo nível de maturidade e independência emocional — e isso também se reflete no aspecto espiritual. Pessoas emocional e espiritualmente sadias não são manipuladoras; buscam — o quanto podem — resolver os seus próprios problemas, entendendo os limites de uma dependência mútua saudável, numa vida de cooperação e reciprocidade.

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                    II.   A CONVICÇÃO AMOROSA DE RUTE

1.   Uma amizade provada e aprovada    -   Por que Rute persiste e Orfa desiste? O sentimento e a força moral de Orfa não eram tão intensos quanto os de Rute. Isso ficou demonstrado na sua decisão após a insistência de Noemi para que ficassem em Moabe.   As palavras de Noemi certamente levaram Orfa a refletir um pouco mais. Embora fosse apegada à sogra, realmente não havia indicação alguma de que pudesse ter um futuro melhor ao lado de uma idosa pobre e sem filhos. Isso deve ter pesado na decisão de Orfa, além do fato de não haver no seu coração uma convicção profunda de que devesse escolher o caminho da dificuldade, rejeitando o estilo de vida dos moabitas, com as suas licenciosidades e idolatrias.

A fé de Orfa era emotiva, porém fraca. Infelizmente, muito se vê disso no cristianismo evangélico atual. Pessoas que se emocionam e choram, mas que são desprovidas de convicção na hora de tomar atitudes ao lado da verdade do evangelho. Como diz Matthew Henry: “Fortes sentimentos, sem uma opinião bem definida, normalmente produzem decisões fracas” (2022, p. 196). O mesmo autor observa: “Aqueles que assumem uma profissão de fé somente por complacência dos parentes, ou para agradar seus amigos, ou por causa da companhia, serão convertidos por pouco tempo” (ibid., p. 197).

Abraão, que recebeu o título de amigo de Deus (Tg 2.23), teve o seu amor ao Senhor provado de forma absolutamente intensa, com o pedido de entrega do próprio filho. Deus estava extraindo de Abraão algo mais intenso e puro, demonstrado através da extraordinária oferta de Isaque. É isso que podemos entender da expressão do Anjo do Senhor: “[…] agora sei que temes a Deus e não me negaste o teu filho, o teu único” (Gn 22.12). Assim como Noemi, Deus quer que tenhamos um relacionamento sincero e profundo com Ele, pautados numa entrega total. As provas servem para Ele extrair o que realmente há em nosso coração. Se respondemos afirmativamente, com obediência e fé, o Senhor agracia-nos com a sua terna, profunda e providencial amizade: “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (Jo 15.14). Isso resulta em muitas bênçãos. Dentre elas, um conhecimento maior de seus mistérios (“[…] tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai nos tenho feito conhecer”) e acesso para recebermos o que lhe pedimos (“[…] a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda”) (Jo 15.15,16). 


2.  Amizade na adversidade    -   As verdadeiras amizades não cedem às conveniências ou pressões do momento. Amigo que muda de lado facilmente ao sabor dos seus interesses não é amigo verdadeiro.     Salomão escreveu: “O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade” (Pv 17.17 – NVI). No período da monarquia judaica, temos o belo exemplo da amizade entre Davi e Jônatas (1 Sm 18.1) a despeito da fúria do rei Saul. A disposição de Jônatas em ser amigo de Davi mostrou-se mais forte que as injustas investidas do seu pai (1 Sm 20.1-4).    

O sociólogo e filósofo polonês Zigmunt Bauman (1925–2017), que muito escreveu sobre modernidade líquida, costumava apontar para as fragilidades das amizades atuais, que são tão múltiplas e mostram-se tão “quentes” no ambiente virtual, mas que são tão poucas e incrivelmente frias na vida real. O tipo de companheirismo e comprometimento de Rute às vezes não se é visto nem mesmo no ministério da igreja. O cristão tem o imperativo de amar uns aos outros (Jo 13.34), combustível indispensável para amizades verdadeiras e duradouras.


3.     Um amor prático    -    O amor de Rute não era apenas verbal ou sentimental; era prático. Chegando a Belém, Rute não ficou parada, envolta em expectativas fantasiosas. Ela dedicou-se ao trabalho diário nos campos de Belém (Rt 2.2).      

Está crescendo em nossos dias a chamada Teologia do Coaching, que, embora reúna conselhos práticos — muitos deles extraídos das Escrituras Sagradas —, tem sido crida por muitos como um meio fácil de alcançar sucesso na vida. Isso produz uma espiritualidade superficial, que desconsidera a necessidade de percorrer caminhos difíceis, porém reais, e a prática fiel e perseverante dos princípios da Palavra de Deus sem elevadas pretensões, como fez Rute na sua dura vida em Belém. A justiça de Deus não combina com uma espiritualidade que imagina a possibilidade de cortar caminhos, valendo-se de uma espécie de “poções mágicas”. Conquanto não devamos ser radicais, também não devemos ser ingênuos, como meninos na fé (cf. Ef 4.14).

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                    III.    A CONVICÇÃO DA MULHER:  "O TEU DEUS É O MEU DEUS"

1.   Uma fé fervorosa    -   O que é ser fervoroso na Bíblia?

A palavra fervor quer dizer: desejo muito intenso; entusiasmo; paixão. É por isso que, não podemos permitir que a chama do Espírito se apague, que percamos esse ponto de ebulição e fervura, pois o Senhor deseja que sejamos fervorosos e intensos, entusiasmados em nosso relacionamento com Ele.

Os ensinamentos do apóstolo Tiago em sua carta complementam perfeitamente a vida de Rute. Em Tiago 2:14-18, ele afirma: “De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo? Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: ‘Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se’, sem, porém, lhes dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas alguém dirá: ‘Você tem fé; eu tenho obras’. Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras.”

Rute personifica esses ensinamentos de Tiago. Sua fé não era meramente teórica ou verbal; ela se manifestava em ações concretas. Cada espiga que Rute recolhia no campo representava não apenas seu trabalho árduo, mas também sua fé viva e ativa. Ao cuidar de Noemi, Rute demonstrou que sua fé estava acompanhada de obras, uma fé que se mostrava em seus atos de amor, dedicação e sacrifício.

Tiago nos ensina que a fé sem obras é morta, e Rute exemplifica essa verdade de maneira clara .


2.    Uma fé que inspira   -   0 verbo “inspirar” provém do termo latino inspirare, “soprar”. As Escrituras são o resultado do sopro divino. Foi através do sopro divino que Adão veio à existência (Gênesis 2:7) e o Universo foi criado (Salmo 33:6).

Noemi, como uma figura mais velha e experiente, desempenhou um papel importante na orientação e no exemplo de Rute. Sua vida refletia os princípios de Tito 2:3-5, onde as mulheres mais velhas são chamadas a serem sérias no viver, santas, não caluniadoras, e mestras no bem. Este ensinamento destaca a importância de transmitir sabedoria e virtude às gerações mais jovens na fé.

A história de Noemi e Rute ilustra como o exemplo e a orientação de uma mulher mais velha podem moldar profundamente a fé e o caráter de uma jovem.

Noemi não apenas falava sobre fé e virtude; ela vivia esses princípios diariamente, sendo um modelo de conduta cristã. Sua decisão de retornar a Belém após a morte de seu marido e filhos não foi apenas um ato de coragem pessoal, mas um testemunho vivo de sua confiança em Deus.


3.   Sensibilidade sob liderança    -   Não há dúvida de que as mulheres também são dotadas de talentos e dons (naturais e espirituais), que podem ser (e são) muito úteis no Reino de Deus. Contudo, é inafastável que também se reconheça que Deus deu ao homem a missão de liderar, o que começa no seio da família, em decorrência do sistema patriarcal estabelecido pelo Criador. Como escreve o pastor Elienai Cabral (2023, p. 94, 96): Antes de tudo, o sistema patriarcal foi criado por Deus […]. O líder da família é sempre o pai, não a mãe. A mãe corrobora com o pai para que a disciplina tenha sempre um caráter de responsabilidade mútua da parte do casal. Os pais devem ensinar os seus filhos quanto à bondade, à gentileza, às prioridades de suas vidas, o falar correto e o controle das emoções. Tudo isso é primordialmente trabalho do chefe da família, o pai.

O mais sábio, portanto, é que as mulheres cristãs não percam o foco, entregando-se a discussões e disputas carnais, que não produzem edificação, mas concentrem a sua fé e devoção em servir a Deus no glorioso serviço cristão, como valorosas cooperadoras.





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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Saulo Marafon

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         BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21
Bíblia de estudo das Profecias
Livro de Apoio, O Deus que governa o mundo e cuida da família - Pr. Silas Queiroz, Editora CPAD.


https://conhecerapalavra.com.br/rute-e-noemi-entrelacadas-pelo-amor/

https://biblia.com.br/perguntas-biblicas/a-biblia-e-inspirada-o-que-isso-significa/#:~:text=A%20frase%20%E2%80%9Ctoda%20a%20Escritura%20divinamente%20inspirada%E2%80%9D%20significa%20que%20ela,(Salmo%2033%3A6).



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sexta-feira, 5 de julho de 2024

LIÇÃO 02 - O LIVRO DE RUTE.

Pb. Junio - Congregação Boa Vista II

 



                TEXTO ÁUREO

"E sucedeu que, nos dias em que os Juízes julgavam, houve uma fome na terra; pelo que um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele, e sua mulher, e seus dois filhos." (Rt 1.1)


                VERDADE PRÁTICA

Servir a Deus nos isenta de crises. Em qualquer circunstância, o segredo é permanecer fiel, confiando na providência divina.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: RUTE 1. 1-5



                        INTRODUÇÃO


O livro de Rute está entre Juízes e 1 Samuel. Levando em consideração que o crítico quadro espiritual de Israel retratado em Juízes prolonga-se até os primeiros capítulos de 1 Samuel, o livro pode ser considerado um verdadeiro lírio no meio do deserto, ou, “semelhante a uma linda flor num jardim abandonado, ou a uma luz clara que aparece na escuridão da noite”, como diz S. E. MacNair (1983, 95).   Não há dúvida de que o agir providencial de Deus é o que mais marca a narrativa belemita. A providência divina é percebida ao longo de todo o livro. O Jeová Jireh, proclamado por Abraão em Gênesis 22.14, é o Deus que tudo provê para Noemi e Rute, inclusive um remidor, Boaz, e um herdeiro, Obede, prolongador da semente de Elimeleque, da linhagem de Davi (Rt 4.13-22). O livro faz parte da chamada “trilogia de Belém”, as três narrativas cujo cenário descreve o período dos juízes em relação à cidade que também é conhecida como Efrata (Merril, 2001, p. 184). São elas: Mica e o levita (Jz 17–18), o levita e a concubina (Jz 19–21) e, por fim, a história de Rute, num corpus literário distinto e específico.



                    I.  A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO

1.  Na Bíblia Hebraica    -   Ao longo dos tempos, houve muita variação na composição e ordem dos livros do Antigo Testamento até chegar à organização que temos hoje, com Rute sendo um livro distinto, vindo imediatamente após Juízes.

 Conforme explica Norman Geisler e Willian Nix (2006, p. 75): Os livros das Escrituras judaicas foram reagrupados várias vezes desde quando foram redigidos. Alguns deles, de modo especial os que fazem parte dos escritos, foram redigidos e aceitos pela comunidade judaica séculos antes das datas que os teóricos da crítica lhes atribuem.

Acerca dessa variação de posição, R. Clyde Ridall (2020, p. 160) sintetiza: Na Bíblia hebraica moderna este livro está colocado no Megilloth e é lido publicamente na Festa das Semanas (no tempo da colheita). Contudo, até por volta do ano 450 de nossa era, o livro de Rute era considerado uma continuação de Juízes. Em sua lista de livros inspirados, Josefo aparentemente considera Juízes e Rute como um único livro. Ao que tudo indica, Jerônimo deixa implícito que os dois estavam juntos no cânon hebraico. Rute aparece na LXX e na Vulgata logo depois de Juízes (como em nossas versões atuais). Não se sabe por que nem como o livro saiu de sua posição original junto aos “Profetas Anteriores” e foi parar no Hagiógrafo (ou Escritos), a terceira divisão do cânon hebraico.


3.  Autoria e data   -   Além disso, as características gerais da obra indicam uma atmosfera própria do início do período da monarquia de Israel, reforçando ainda mais a autoria do profeta, sacerdote e último juiz de Israel.  Um dos principais argumentos para essa conclusão, como destaca Leon Morris (1986, p. 219, 220), diz respeito ao estilo e à linguagem presentes na obra, pertencentes ao hebraico clássico, o que indica uma época primitiva, ou seja, dos dias de Samuel, logo após os fatos narrados no livro, bem distante do estilo visto em livros escritos no período pós-exílico (segunda metade do século V a.C.), como os livros das Crônicas dos reis de Israel, escritos provavelmente por Esdras. De fato, verifica-se que a narrativa de Rute encerra-se com a referência a Davi (“e Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi” – Rt 4.22). Seria de todo improvável que um livro escrito após a monarquia (e no período pós-exílico!) não citasse qualquer outro rei de Israel, principalmente Salomão.

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                    II.   O CONTEXTO HISTÓRICO

1.   No tempo dos juízes    -    Os dias dos juízes foram marcados por uma grande anarquia e uma profunda apostasia e infidelidade do povo hebreu (Jz 1.7- 19).   A Nova Tradução da Linguagem de Hoje traduz como: “cada um fazia o que bem queria”. Isso demonstra o quadro anárquico que estava em Israel, bem diferente do propósito e da ordem de Deus estabelecida por intermédio de Moisés, que previa uma unidade nacional sob a obediência da Lei (Dt 31.12,13). A sensação de estabilidade pela conquista da terra e o seu estabelecimento nas cidades (Js 2.6), somado à convivência com os povos cananeus que não foram desalojados, produziram uma drástica mudança no coração da nação israelita ao longo das gerações. Josué advertira ao povo que não se misturasse às nações que haviam ficado na terra e que sequer fizessem menção aos nomes dos seus deuses (Js 23.7). O povo deveria manter um extremo zelo de Deus e da sua Palavra, obedecendo a Ele em tudo e buscando viver isento de todos os costumes dos cananeus que permaneceram na terra, mas Israel fez o contrário de tudo isso.


2.  Secularismo, hedonismo e Idolatria   -   A nação de Israel tornou-se secularista, hedonista e idólatra, entregando-se aos prazeres carnais e aos ídolos dos cananeus, como analisa Matthew Henry (2022, p. 97, 98):

 Toda essa geração em alguns anos se esfriou, suas boas instruções e exemplos morreram e foram enterrados com eles e surgiu outra geração de israelitas que tinha tão pouca compreensão da religião e se preocupava tão pouco com ela que, apesar de todos os benefícios da sua educação, podemos verdadeiramente dizer que não conheciam o Senhor da forma correta, ou seja, não o conheciam como havia se revelado; completamente devotados ao mundo ou tão indulgentes com a carne no que se referia ao ócio e a luxúria, que não davam a mínima importância para o verdadeiro Deus e à sua santa religião. Dessa forma, foram facilmente atraídos aos falsos deuses e às suas superstições abomináveis.

 […]

 Quando abandonaram o único e verdadeiro Deus não se tornaram ateístas, nem eram tão insensatos a ponto de dizer: Não há Deus. Mas eles seguiram outros deuses. Retinham tanto da natureza pura a ponto de dizerem que existia Deus, mas também permanecia tanto da natureza corrupta que multiplicavam os deuses. Eles estavam dispostos a aceitar qualquer deus, e seguir a moda, não a regra, na adoração religiosa.

Lições para todos os Tempos Algumas lições espirituais fundamentais podem ser extraídas do trágico exemplo de Israel no período pós-conquista. A primeira é sobre o quanto é importante uma liderança madura, experiente e temente a Deus, que tenha força moral e espiritual para ser exemplo com a própria casa e conduzir o povo em serviço, obediência e adoração. Josué foi esse tipo de líder. Quando o povo fica sem condutores idôneos, os prejuízos são incalculáveis em toda e qualquer época.   A segunda é sobre como é imprescindível o ensino das Escrituras como base norteadora de todas as nossas condutas individuais e coletivas. Como Moisés havia ordenado, o povo deveria ser reunido — homens, mulheres, meninos e os estrangeiros — para ouvir, aprender e temer a Deus, guardando todas as suas palavras.   A terceira lição que podemos extrair do infeliz exemplo de Israel nos anos posteriores aos dias de Josué é o cuidado de que precisamos ter para não sermos seduzidos pelo estilo de vida mundano da sociedade que nos cerca. É fato que o modo de vida fácil e os costumes aparentemente agradáveis dos grupos sociais com os quais convivemos têm um forte poder atrativo; afinal de contas, fazer a vontade de Deus com o zelo que nos recomendam as Escrituras pode ser visto como um fardo muito pesado, principalmente quando se refere a aspectos culturais não recomendados pelas igrejas conservadoras. O fato é que não é possível flertar com o mundo e os seus prazeres e, ainda assim, conservar o coração ardente pela presença de Deus. Os entretenimentos mundanos não são neutros como se imagina.     


3.   Opressão, clamor e livramento   -   O Deus de Israel cumpriu integralmente a sua Palavra enquanto a nação foi fiel a Ele. Como escreveu Josué: “Palavra alguma falhou de todas as boas palavras que o SENHOR falara à casa de Israel; tudo se cumpriu” (Js 21.45). Isso mostra o inestimável valor da confiança em Deus, a despeito de qualquer circunstância. Enquanto permaneceu fiel a Deus, o povo de Israel desfrutou de proteção sobrenatural: “[…] nenhum de todos os seus inimigos ficou em pé diante deles; todos os seus inimigos o SENHOR deu na sua mão” (Js 21.44). Tudo mudou quando o povo pecou.

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                    III.    PROPÓSITO E MENSAGEM

1.   O cetro de Judá    -   Não há dúvida de que a realeza do Antigo Testamento atingiu seu clímax com a ascensão da monarquia davídica. O que fica claro também é que a promessa de realeza não começou com Davi; isso remonta a Abraão. Lembre-se de que o Senhor prometeu a Abraão que “reis procederão de ti” (Gn 17.6), uma promessa que foi reiterada com Jacó (35.11). Essa promessa de realeza assume uma forma proeminente nas palavras finais de Jacó a seus filhos em Gênesis 49, quando pronuncia a bênção do domínio sobre Judá. Vamos analisar essa bênção de Jacó e como ela antecipou a ascensão da realeza para o povo de Deus.

No versículo 8, Judá se torna objeto de louvor e é munido de domínio mundial. O versículo 9 continua com o retrato do governo de Judá, retratando-o vividamente como um leão jovem e que está crescendo. Ele persegue sua presa, volta para sua toca com a mesma e repousa poderosamente, onde ninguém ousa desafiá-lo.

Isso nos leva às imagens intrigantes do versículo 10. Jacó associa dois símbolos de realeza a Judá: um “cetro” (Nm 24.17; Is 11.4; Sl 45.6; Zc 10.11) e um “bastão” (Nm 21.18; Sl 60.7). A frase “entre seus pés” é um eufemismo para o órgão reprodutor masculino (Jz 3.24; 1Sm 24.3; Is 7.20) e, portanto, representa a descendência de Judá. Em outras palavras, um judeu sempre será o comandante nacional do povo de Deus. Isso permanecerá verdadeiro “até que venha Siló” (Gn 49.10).


2.   Amor e redenção    -   Rute é uma peça indispensável na metanarrativa bíblica que revela o amor divino pela humanidade, manifestado através do plano de redenção, que culminou com o envio do Filho de Deus ao mundo para, uma vez encarnado, oferecesse a si mesmo como sacrifício perfeito no lugar de toda a humanidade (Jo 1.1-14; 3.16; Gl 4.4,5). Esta é a mensagem principal do livro: o amor de Deus e o seu plano de redenção da humanidade sem acepção de pessoas (At 10.34-44).


3.   Fidelidade e altruísmo    -   Uma jovem moabita deixa a terra dos pais para acompanhar a sua sogra, já idosa, que não tinha nenhuma perspectiva material ou humana de trazer-lhe um futuro promissor (Rt 1.16,17). Pobre e sem filhos, Noemi não tinha realmente o que oferecer a Rute. Já em Belém, o comportamento de Rute foi voltado integralmente para a proteção e o cuidado da sogra — e de forma voluntária (Rt 2.2,17,18). Rute não esboçou uma atitude sequer que lhe pudesse favorecer em primeiro lugar, como a busca de um casamento com qualquer homem belemita (Rt 3.10). Na verdade, o interesse por casar-se não surgiu da decisão dela, mas da específica orientação da sogra (Rt 3.1-6). Esse comportamento de Noemi e Rute dá uma eloquente mensagem: o valor do altruísmo num mundo dominado pelo egoísmo. Enquanto nos dias dos juízes todos viviam segundo os seus próprios padrões e interesses (Jz 21.25), Noemi e Rute exalam abnegação, destoando dessa máxima individualista. Sogra e nora não pensavam em si mesmas. Elas praticaram o amor que não busca os seus próprios interesses (1 Co 13.5).




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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Saulo Marafon

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

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         BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21
Bíblia de estudo das Profecias
Livro de Apoio, O Deus que governa o mundo e cuida da família - Pr. Silas Queiroz, Editora CPAD.

https://jesuseabiblia.com/biblia-de-estudo-online/rute-estudo/

https://cucadecrente.com.br/estudo-livro-de-rute/

https://voltemosaoevangelho.com/blog/2021/09/o-cetro-de-juda/



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sábado, 29 de junho de 2024

LIÇÃO 01 - DUAS IMPORTANTES MULHERES NA HISTÓRIA DE UM POVO.

Pb. Junio - Congregação Boa Vista II

 



                TEXTO ÁUREO

"Então, as mulheres disseram a Noemi: Bendito seja o Senhor, que não deixou, hoje, de te dar remidor, e seja o seu nome afamado em Israel." (Rt 4.4)


                VERDADE PRÁTICA

Conhecidas ou anônimas, muitas mulheres foram fundamentais no plano divino de redenção da humanidade.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Rt 4.13-22; Et 7. 1-7



                         INTRODUÇÃO


   Nesse espectro da história feminina na Bíblia, o livro de Rute brinda-nos com o exemplo de Noemi e da moça moabita que dá nome ao livro. Como as mulheres sábias de nossos dias e de todos os tempos, essas personagens tiveram a graça de viver livres dos traumas que os conflitos mentais, verbais e físicos produzem na nefasta arena da “guerra dos sexos”. Noemi e Rute inspiram as mulheres que não dão palco para a luta inglória do feminismo, que impõe comportamentos que só servem para desgastar e deformar a figura da mulher, roubando dela a verdadeira beleza (moral e física), as ternas e duradouras alegrias da vida — como o casamento e a maternidade — e o prazer de servir a Deus, produzindo, como consequência da sua rebeldia, incalculáveis prejuízos para as estruturas sociais como um todo, incluindo as comunidades cristãs, que são as igrejas locais de todos os continentes.

 Esse tom inspirativo está presente também no livro de Ester, que nos reserva um drama empolgante. Nele, vemos, pela fé, a mão do Deus Todo-poderoso agindo na História de maneira absolutamente precisa, usando principalmente uma mulher. A vida de Ester, uma moça judia nascida na Babilônia no tempo do cativeiro, órfã de pai e mãe, inspira-nos a todos — especialmente as mulheres —, com o seu exemplo de obediência, superação, pureza e coragem. O Senhor continua à procura de homens e mulheres que possa usar para cumprir os seus extraordinários e eternos propósitos.

Cronologicamente, a história de Rute está inserida na grande narrativa do livro de Juízes. A história encaixa-se entre alguns dos seus capítulos. Já o texto de Ester trata de fatos ocorridos entre os capítulos 6 e 7 do livro de Esdras, compondo a literatura pós-exílica. Apesar dessa conexão cronológica, Rute e Ester são livros específicos e autônomos que, todavia, precisam ser estudados levando-se em conta o contexto da história sagrada em que estão inseridos. 

O Período dos Juízes 

Já no primeiro versículo de Rute, o leitor é situado com o tempo e o lugar dos fatos. A narrativa é linear e passa-se em Belém, na Judeia (atual Cisjordânia), e em Moabe (atual Jordânia) nos dias dos juízes (cf. Rt 1.1). Cronologicamente, o período dos juízes vai de aproximadamente 1375 a 1050 a.C., situando-se entre a morte de Josué e a coroação do rei Saul

Ester e o Pós-Cativeiro Babilônico

Era por volta do ano 483 a.C. O cativeiro babilônico, profetizado por Jeremias para durar setenta anos (Jr 25.11), havia terminado em 539 a.C., quando Ciro, o persa, derrotou o Império Babilônico e permitiu o retorno dos judeus exilados (cf. Ed 1.1-3). Donald Stamps (2009, p. 709) também nos dá uma surpreendente informação quanto à disparidade entre o número de judeus exilados que viviam na Babilônia e o grupo que atendeu à convocação para reconstruir Jerusalém.4 Segundo esse reconhecido comentarista pentecostal, os exilados judeus eram “um milhão ou mais”, o que faz concluir que apenas 5% aceitou o grande desafio de deixar o conforto da vida nas grandes cidades babilônicas, agora sob domínio persa, e enfrentar a longa e penosa viagem de volta (cerca de 1.500 km) até à capital de Judá, com o grande desafio de reconstruir uma cidade destruída e totalmente desolada.5 É essa geração conformista que enfrentará mais de perto o terrível drama da ameaça de extermínio narrado no livro de Ester. Os persas eram conhecidos por assegurarem a liberdade religiosa e até incentivarem a prática dos diversos cultos dos povos dominados.  

Rute e Ester: Uma Síntese Biográfica 

Como já observado, os contextos geográficos e históricos da vida de Rute e Ester são muito diferentes, assim como as circunstâncias que ambas enfrentaram. De um lado, temos uma moabita que decidiu viver como camponesa em Belém; de outro, uma órfã judia que se tornou rainha. O que há de comum entre Rute e Ester são as suas virtudes espirituais e morais. Ambas expressam fé, convicção, humildade, coragem, obediência, simplicidade, pureza, abnegação, temor a Deus e disposição de servir. Por isso, foram fundamentais para a preservação do povo judeu, a descendência piedosa de Abraão. As duas continuam sendo exemplos de profunda inspiração para todos que desejam agradar ao Senhor e viver para a sua glória (Sl 147.11; 1 Co 10.31; Hb 11.6). 


                I.  RUTE: UMA MULHER IMPORTANTE PARA A LINHAGEM DE DAVI

1.  Uma moabita   -   Os moabitas foram hostis a Israel desde os dias de Balaque, o rei que contratou Balaão, o sacerdote-adivinho, no afã de que amaldiçoasse a nação hebreia (Nm 22.1-6). Mais tarde, as filhas dos moabitas foram instrumento de sedução para levar os homens de Israel ao pecado sexual e à idolatria, o que resultou na morte de 24 mil israelitas (Nm 25.1-9). No entanto, vemos a grande imagem da misericórdia e da graça através do caráter de Rute. Vemos uma mulher que se afastou da cultura em que cresceu para seguir o único Deus verdadeiro. Ela foi abundantemente abençoada por sua fidelidade em seguir o Senhor. Ela estava entre aqueles da linhagem familiar de Jesus listados em Mateus 1. Podemos aprender com Moabe que ninguém está preso em seu pecado. Mesmo que vivamos em uma cultura idólatra e contrária a Deus, como Rute, podemos dar um passo à frente e confiar em Jesus. Nós como os moabitas também somos pecadores merecedores de castigo, porém, por meio de Jesus, temos a esperança da redenção.


2.  A família belemita   -   Sob a ótica divina, contudo, era o desenvolvimento de mais uma importantíssima fase do plano eterno de redenção da humanidade. Prometido ainda no Éden (Gn 3.15), esse plano importava na preservação de uma geração piedosa, iniciada em Abraão (Gn 12.1-3) e que prosseguia através da tribo de Judá, de onde viria o Messias, o Salvador (Mq 5.2; Ap 5.5).  A narrativa contida em Rute 1 parece indicar apenas a introdução de mais uma história familiar comum. Mesmo habitando em Belém, a “casa do pão”, a fome que assolava a terra fez Elimeleque decidir peregrinar nos campos de Moabe, o que expõe, em princípio, um inexplicável contraste. O povo que recebera as promessas de todas as bênçãos divinas (Dt 28.1-14) agora precisava buscar refúgio nas terras de um povo idólatra e impuro, que sequer seria admitido na congregação de Israel (Dt 23.3). Essa intrigante decisão, contudo, preparou o cenário para a mudança da história de vida de uma despretensiosa moça moabita, Rute.


3.   Matrimônio e maternidade   -  Em Moabe, morre Elimeleque, ficando a viúva Noemi e os seus filhos Malom e Quiliom (1.2). Algum tempo depois, Malom, o primogênito, casa-se com Rute (1.4; 4.10), e o mais novo, Quiliom, casa-se com Orfa. Ao fim de quase dez anos, também morreram Malom e Quiliom (1.4,5). Viúva e sem filhos, Noemi decide voltar a Belém, motivada pela notícia de que a fome havia acabado na sua terra (1.6). Embora pudesse permanecer em Moabe — como decidiu Orfa, viúva de Quiliom —, Rute escolhe vir com a sua sogra, declarando a sua fé no Deus de Israel (1.16). A história de Rute em Belém será desenvolvida ao longo dos capítulos e versículos do livro, como veremos nesta obra. Nesta síntese biográfica, convém apenas dizer que o ápice da história acontecerá com dois eventos que foram fundamentais para que o propósito de Deus fosse consumado na vida dessa moabita.

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                    II.  ESTER: A MULHER QUE AGIU PARA A SOBREVIVÊNCIA DOS JUDEUS

1.  De Belém para Susã   -   De Belém, na Judeia, as Escrituras transportam-nos para Susã, na Pérsia (atual Irã), para conhecermos a história de outra destemida jovem mulher, Ester, que também foi usada providencialmente por Deus para a preservação de Israel. Orfã de pai e mãe, ela poderia entregar-se à angústia e enveredar por caminhos de rebeldia. Contudo, o que temos é um extraordinário exemplo de obediência, serenidade, sabedoria, pureza e coragem. Ester foi criada pelo primo, Mardoqueu (Et 2.5-7,15), e tornou-se rainha num ato de providência divina. No palácio, aceitou o desafio de ser um instrumento divino para salvar o seu povo, os judeus, da grande matança decretada pelo rei Assuero. 


2.   De órfã a rainha   -   Com a tomada de Babilônia, os persas adotaram a cidade de Susã, no antigo Elão, como uma das capitais do novo império (Et 1.1,2). Outras cidades importantes existiam na época, destacando-se Ecbatana (na Média), Pasárgada e Persépolis (na Pérsia) — todas, agora, com palácios reais persas, além da própria Babilônia. Tais cidades eram, provavelmente, consideradas capitais. Susã era a capital de inverno, embora tanto no livro Neemias (Ne 1.1,2) quanto em Ester, observa-se, aparentemente, a permanência do imperador por anos seguidos habitando no mesmo palácio, excetuando os tempos de guerra, como a campanha de Assuero contra a Grécia, que durou cerca de quatro anos, terminando no ano 480 a.C., com a destruição quase total das forças navais persas na Batalha de Salamina, conforme narra Heródoto (485–425 a.C.) no seu livro História.   


3.   No campo ou no palácio   -   As lições espirituais que podemos extrair dos livros de Rute e de Ester apontam para o valor da confiança no cuidado e na precisa providência de Deus em favor dos que nEle confiam e esperam (Is 64.4). 

Ester deu outro exemplo importante de contrição, como intercessora pelo povo judeu perante o rei Assuero. Mas antes disso, ela buscou e humilhou-se com jejum diante de Deus, o Rei dos reis, a fim de abençoá-la na sua causa (Ester 4:16).   Lição: Ester mostrou que vale a pena pagar o preço pela vida, salvação e livramento do nosso povo. Ore jejue e interceda pela sua família, amigos, vizinhos, etc. Busque a Deus pela transformação da sociedade e para salvação de todos que estão à sua volta.

Principais características de Rute

  • Temente a Deus – seu amor a Deus se refletiu numa vida de amor a dedicação a Noemi e sua nova família
  • Corajosa – Rute deixou sua família e tudo que conhecia para fazer o que era certo
  • Leal – Rute nunca abandonou Noemi, mesmo quando não tinha obrigação de ficar com ela
  • Trabalhadora – seu trabalho árduo e honesto ganhou o respeito de todos que a conheciam
  • Respeitadora – Rute ouvia e seguia os conselhos de Noemi e Boaz, que eram mais velhos e mais experientes
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                    III.  MULHERES DE DEUS COMO PROTAGONISTAS DA HISTÓRIA

1.  O protagonismo feminino   -   Rute e Ester agiram como mulheres de Deus e foram protagonistas da história sem alterarem em nada os seus papéis. Ao longo das suas histórias, veremos o quanto elas souberam compreender o padrão de comportamento que lhes era adequado. Assim como elas, inúmeras outras mulheres têm sido poderosamente usadas por Deus para fins extraordinários em todos os tempos.  O que não se vê em qualquer dos exemplos da Bíblia é a inversão dos papéis, como as ideologias progressistas pretendem impor atualmente.


2.   Cumprindo os papéis   -   As mulheres que agradam a Deus são as que sabem cumprir o seu papel de forma prática, não se enveredando pelo ativismo, sonhos de empoderamento ou falsas facilidades de realização pessoal. Elas sabem ser mulheres da vida real, como Rute e Ester. Não foi o acaso que fez com que Rute alcançasse o favor divino, tornando-se integrante da linhagem de Davi. 

Rute surpreende-nos pela sua escolha deliberada e desinteressada de acompanhar Noemi em seu regresso a Israel. Ela não ganharia nada com isso, pelo contrário, iria ser estrangeira numa terra desconhecida, e ter no seu encargo a responsabilidade de uma mulher idosa. Mas Rute não pensou nisto. Ela, com amizade e altruísmo, prontamente cuidou de Noemi como se fosse sua própria mãe, mostrando bondade e amor genuíno por sua sogra.   Rute e sua sogra Noemi são exemplos de mulheres que superaram a dor da perda e, por fim, voltaram a sentir alegria de viver. Depois de todo sofrimento pelo qual passaram, a fidelidade e afeição dessas mulheres nos encorajam a ter uma vida altruísta, pautada no amor e na amizade verdadeira.


3.   Educação familiar    -   Ester é um grande exemplo disso, pois Deus a colocou na posição de rainha com um propósito que inicialmente ela mesma desconhecia, mas seguiu obediente sem questionar a vontade de Deus, nem as circunstâncias que lhe foram aparecendo em seu caminho, assim ela foi uma importante intercessora para salvar seu povo.

Então confie nos planos que Deus tem reservado para você, não duvide ou questione, mas acredite acima de tudo. E que a sua vida possa também ser usada para abençoar outras pessoas e que as obras dEle possam ser realizadas através de você!

 TENHA SABEDORIA E BUSQUE AO SENHOR

Uma das virtudes mais admiráveis de Ester é a sua sabedoria diante das situações mais difíceis de sua vida. Ela nos ensina a não entrar em desespero por conta das adversidades e problemas, como também nos mostra que não devemos agir por impulso ou sem pensar nas consequências. Assim como Ester, tenha sabedoria e calma na hora de pensar, falar e tomar atitudes, busque ao Senhor e sua resposta divina antes de tomar decisões. Saiba que sempre poderá encontrar a Deus através da Palavra, como também em orações e jejuns.

 Noemi e Rute, contudo, revelaram-se como mulheres sábias, que conheciam bem a distinção dos seus papéis na família: mãe é mãe, e esposa é esposa (Rt 1.11-13). Não confundir as estações e não invadir espaços alheios é fundamental para a boa convivência entre nora e sogra. O mesmo exemplo de vida prática é visto em Ester. Apesar de órfã, teve uma boa criação com Mardoqueu, a quem devotava obediência e profundo respeito (Et 2.10,2-23; 4.1-4).  






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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Saulo Marafon

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

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         BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21
Bíblia de estudo das Profecias
Livro de Apoio, O Deus que governa o mundo e cuida da família - Pr. Silas Queiroz, Editora CPAD.

https://www.esterbeauty.com.br/as-licoes-valiosas-do-livro-de-ester-para-a-vida#:~:text=Ela%20nos%20ensina%20a%20n%C3%A3o,divina%20antes%20de%20tomar%20decis%C3%B5es.


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