Pb. Junio - Congregação Boa Vista II |
TEXTO ÁUREO
"Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento doutra parte virá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe para tal tempo como este chegaste a este reino?" ( Et 4.15)
VERDADE PRÁTICA
A perfeita vontade de Deus é nos guiar por caminhos que levem ao cumprimento de seus eternos propósitos.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Et 1.1-9
INTRODUÇÃO
Passar do estudo de Rute para Ester importa numa radical mudança de cenário. É sair de Belém, na Judeia (atual Cisjordânia, em Israel) e transportar-se para Susã, na Pérsia (atual Irã); é saltar dos dias dos juízes para o período pós-exílico, registrado em cinco dos 12 livros históricos do Antigo Testamento: 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.
Depois da derrota do império babilônico e sua conquista pelos persas em 539 a.C., a sede do governo dos exilados judeus passou à Pérsia. A capital, Susã, é o palco da história de Ester, durante o reinado do rei Assuero (seu nome hebraico) — também chamado Xerxes I (seu nome grego) ou Khshayarshan (seu nome persa) — que reinou em 486 — 465 a.C. O livro de Ester abarca os anos 483 — 473 a.C. do reinado de Assuero (1.3; 3.7), sabendo-se que a maioria dos eventos ocorreu em 473 a.C. Ester tornou-se rainha da Pérsia em 478 a.C. (2.16).
Embora o livro de Ester venha depois de Neemias em nosso AT, seus eventos realmente ocorreram trinta anos antes da volta de Neemias a Jerusalém (444 a.C.) para reconstruir seus muros (ver a introdução a Neemias). Enquanto os livros pós-exílicos de Esdras e Neemias tratam de fatos do remanescente judaico que retornara a Jerusalém, Ester registra um acontecimento de vital importância ocorrido entre os judeus que se encontravam na Pérsia.
I. A ORGANIZAÇÃO DO LIVRO
1. A categorização de Ester - Cinco características assinalam o livro de Ester. (1) É um dos dois livros na Bíblia que levam o nome de uma mulher, sendo Rute o outro. (2) O livro começa e termina com uma festa, e menciona um total de dez festas ou banquetes no decurso das quais se desenrola boa parte do drama do livro. (3) O livro de Ester é o último dos cinco rolos da terceira parte da Bíblia hebraica, chamados Hagiographa (“Escritos Sagrados”). Cada um desses rolos é lido publicamente em uma das grandes festas judaicas. Este aqui é lido na festa de Purim, em 14-15 de Adar, que comemora o grande livramento do povo judeu na Pérsia, durante o reinado de Ester. (4) Embora o livro mencione um jejum de três dias de duração, não há qualquer referência explícita a DEUS, à adoração, ou à oração (aspecto este que tem levado alguns críticos a, insensatamente questionarem o valor espiritual do livro). (5) Embora o nome de DEUS não apareça através do livro de Ester, sua providência é patente em toda parte do mesmo (e.g., Et 2.7,17,22; 4.14; 4.16—5.2; 6.1,3-10; 9.1). Nenhum outro livro da Bíblia ilustra tão poderosamente a providência de DEUS ao preservar o povo judeu a despeito do ódio demoníaco dos seus inimigos.
2. Características literárias - A respeito da historicidade, Joyce G. Baldwin (1986, p. 20) faz uma considerável análise das evidências, e conclui: Um exame das principais alusões históricas no livro de Ester tem confirmado a exatidão de muitos detalhes. Os acontecimentos desse livro podem ser harmonizados com o que se conhece de outras fontes a respeito do reinado de Assuero e, sobretudo, o seu caráter é reconhecidamente o mesmo. A extensão do seu império, a sua capital, e as minúcias dos costumes observados na corte — tais como o uso de correios em cavalos de posta (3:13; 8:10), a proibição de lamentações (4:2) e do enforcamento como pena de morte (5:14) — são exemplos do mundo genuinamente persa em que a ação tem lugar. A descoberta da palavra puru em um dado confirmou a dependência do mundo antigo da ideia de destino, e transformou o que anteriormente parecia “historicamente improvável” como explicação da origem de Purim, em um incidente que precisa ser levado a sério.
Ester registra fatos ocorridos ao longo de 10 anos (483–473 a.C.), durante o reinado de Assuero (Xerxes), filho de Dario, que governou a Pérsia por 21 anos (de 486 a 465 a.C.). A história de Ester está situada cronologicamente entre os capítulos 6 e 7 de Esdras. O livro foi escrito primariamente para encorajar os remanescentes judeus no exílio, mostrandolhes a fidelidade e o cuidado de Deus com o seu povo, mesmo com os que não obedeceram à ordem de voltar para Jerusalém. O local da sua escrita é indeterminado. Para determiná-lo, seria preciso seguir uma das linhas que estabelecem a data da sua produção, podendo ser a própria Pérsia, onde Ester viveu, ou Jerusalém, no caso de uma data posterior aos tempos veterotestamentários.
3. Autoria e data - Data
Todas as evidências apontam para a metade do século V a.C. A passagem em Ester 10.2 indica que ele foi escrito após a compilação dos anais de Assuero (Xerxes, 486-465 a.C.). O autor tinha uma íntima familiaridade com o palácio de Susã; este palácio foi queimado em uma ocasião durante um período de 30 anos após a morte de Assuero (q.v.). Assim, uma data entre 465 e o final do reinado de seu sucessor, Artaxerxes I (464-424 a.C.), parece provável.
Autor
A descrição de Mardoqueu em 10.3 o impede de ser o autor. O escritor foi provavelmente um judeu desconhecido, com conhecimento pessoal de Susã, dos locais e edificações do palácio, e dos costumes persas (veja C. H, Gordon, The World of the Old Testament, Garden City. Doubleday, 1958, pp. 283ss., para a prática iraniana de kitman ou dissimulação em Et 2.10; 8.17). Ele tinha acesso aos escritos de Mardoqueu, anais de governo e decretos reais. Esdras ou Neemias têm sido sugeridos como os possíveis autores, e o estilo hebraico é bastante comparável ao de Esdras, Neemias e Crônicas.
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II. O CONTEXTO HISTÓRICO
1. O povo hebreu no exílio - Eugene H. Merrill (2001, p. 497, 498) enfatiza o terrível significado espiritual do exílio: Os longos anos em que a elite política, militar e religiosa de Judá esteve longe de sua terra são popularmente conhecidos como o exílio na literatura moderna, um termo singularmente apropriado, uma vez que não apenas sugere a remoção forçada da população de judeus da Babilônia, como também comunica a ausência de Yahweh durante o processo. A tragédia do exílio não pode ser interpretada como apenas a deportação de um povo para outra terra, ou a destruição de uma cidade e seu santuário central. Na verdade, Deus havia se retirado do meio de seu povo, uma ausência simbolizada por uma das visões de Ezequiel, na qual a Shekinah movia-se do templo para o monte das Oliveiras (Ez 11.23).
2. O fim do exílio - Na profecia feita por Isaías Deus o chamou de “o meu pastor”. Por que Deus o chamou de o “meu pastor”? A Ciro cabia realizar uma grande obra, libertar o povo de Israel, que estava cativo em Babilônia e permitir que o local de adoração do verdadeiro Deus em Jerusalém fosse restaurado. Ciro estava conquistando o mundo tendo junto dele os exércitos da Média e da Pérsia. A história nos relata o seguinte: “No ano 539 a.C. Ciro II, capturou Babilônia. Ele entrou na cidade quando a população inteira, dependendo das muralhas inexpugnáveis que a cercavam, entregava-se à festividade e ao deboche, durante um período de festejos. Heródoto informa-nos que Ciro havia anteriormente feito secar o Palacopas, um canal que atravessava a cidade de Babilônia, levando as águas supérfluas do Eufrates para o lago de Nitocris, a fim de desviar o rio para ali. Assim o rio baixou de nível, e os soldados puderam penetrar na cidade através do leito quase seco” (Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia vol.1 pg.424).
Numa noite Belsazar, o líder dos caldeus, estava dando uma festa e depois de beber muito vinho, ordenou que os vasos sagrados que seu avô havia trazido de Jerusalém para Babilônia fossem levados a sua presença, porque ele queria beber vinho nestes vasos. Enquanto praticava este ato profano, uma mão começou a escrever algo misterioso na parede do palácio. O riso acabou, todos pararam de beber. A mão continuava a escrever. Daniel foi chamado e a sentença foi dada. Acabara-se o reino babilônico.
Foi bem aí que os soldados invadiram o palácio e Belsazar foi morto. Ciro começou a reinar em Babilônia. Daniel foi convidado a permanecer no palácio. Eu creio que num momento qualquer Daniel levou os escritos sagrados de Isaías e leu para o novo rei. Ali estava profetizada a sua ascendência ao poder, 150 anos atrás.
Daniel deve ter destacado que além de na profecia mencionar o nome do rei, também indicava o que deveria fazer em favor do povo de Deus que estava preso em Babilônia e pela cidade de Jerusalém.
Ciro iria proporcionar o retorno dos Judeus a Jerusalém e que criaria meios para que a cidade e o Templo fossem reconstruídos. Os judeus receberam, então, uma primeira autorização para retornarem a Palestina, mas infelizmente nessa ocasião poucos desejaram retornar.
3. O pós-exílio - Os livros de Esdras e Neemias são importantes para compreendermos essa situação. Em primeiro lugar, eles constituem fontes de informações preciosas sobre parte do processo de restauração da comunidade judaica depois do Exílio. Essas duas obras, embora não perfeitamente confiáveis em seus detalhes sobre a história, podem nos transmitir informações sobre o tempo que se seguiu ao retorno dos exilados. Em segundo lugar, o leitor moderno não deve perder de vista que os dois livros retratam os esforços e as limitações da comunidade que lutava para reconstruir a vida numa nação devastada.
É preciso reconhecer ainda que nenhuma reconstrução se faz da noite para o dia. Devemos estar atentos para perceber a presença de uma comunidade viva, decidida a retomar um projeto complexo de reconstrução nacional. Nenhum projeto verdadeiro está isento de riscos de retrocesso. A restauração é lenta e feita em etapas. Os resultados serão alcançados com dificuldades. Os desafios são muitos, exigem-se medidas corajosas sustentadas na fidelidade ao projeto Deus.
O que fica claro no projeto de reconstrução de Esdras-Neemias é que sua proposta não se restringia à preocupação meramente política ou nacional. O sucesso de seus trabalhos se deve também aos compromissos religiosos assumidos, simbolizados na restauração do culto no Templo, e no estudo da Escritura. Essa última assumiria uma função singular entre os judeus. Em Ne 8,1-11 somos informados sobre essa tarefa, a cargo do escriba Esdras: Esdras leu o livro da Lei de Deus, traduzindo (em aramaico) e explicando o seu sentido: assim podia-se compreender a leitura. Nascia então a atividade principal e mais antiga ligado ao estudo da Escritura: "explicar", "interpretar" e "atualizar". Esdras era um escriba, ou doutor da Lei, dedicado ao estudo e ao ensino da Palavra de Deus ao seu povo: "Tinha aplicado seu coração a perscrutar a Lei do Senhor, a praticar e a ensinar, em Israel, os estatutos e as normas" (Esd 7,10).
Esses dois homens influenciaram o comportamento dos judeus no campo religioso. Mas também estavam empenhados na tarefa de reorganizar as estruturas sociais e políticas para que o retorno se concretizasse. Era o sonho que se transformava em realidade!
Uma das marcas mais impressionantes de Esdras e Neemias foi a visão realista que tiveram sobre a situação vivida pelo povo. Dependiam, é claro, da ajuda divina, mas sabiam que sem seus esforços o sonho do retorno jamais seria concretizado.
Diferente de outros livros bíblicos mais populares, o leitor percebe nesses dois livros que as intervenções miraculosas e espetaculares de Deus são inexpressivas. Deus não deixou de ser misericordioso, muda-se apenas a forma humana de compreendê-la. Sua presença agora traz um novo modelo de viver a religião! A piedade nesse tempo, por exemplo, dá amostras da necessidade de novas exigências. A dedicação e o esforço humanos tornam-se condições imprescindíveis para firmar a relação com Deus.
Ficamos impressionados com o grau de realismo com que Esdras e Neemias tratam as situações de seu tempo. Promoveram reformas sem colocar em risco sua fidelidade à herança e cultura de seu povo. As situações exigiam novos modelos de lideranças. Era preciso ter um apurado senso de criatividade e imaginação, mostrar-se comprometido com a causa do povo, zelando pelo patrimônio religioso e social de Israel.
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III. PROPÓSITO E MENSAGEM
1. A providência divina - Assim, como DEUS salvou o Seu povo do poder de Faraó, Ele salvou Israel da mão do malvado Hamã. No primeiro caso o salvamento foi efetuado por uma manifestação de Seu poder e uma revelação de Si mesmo; mas no último caso, DEUS permaneceu invisível ao Seu povo e a Seus inimigos, efetuando a salvação por intermédio de instrumentos humanos e meios naturais. “É esta ausência do nome de DEUS que constitui sua beleza principal e não deve considerar-se como uma mancha sobre o mesmo”. Matthew Henry disse : “Se o nome de DEUS não está aqui, está o Seu dedo”. Este livro é, como o chama o Dr. Pierson, “O Romance da Providência”.
Por providência queremos dizer que em todos os assuntos e acontecimentos da vida humana, individuais e nacionais, DEUS tem uma parte e uma porção. Mas essa influência é secreta e oculta. Assim, nesta admirável história, que ensina a realidade da divina providência, o nome de DEUS não aparece e só o olho de fé vê o fator Divino na história humana. Para o observador atento toda a história é uma sarça ardente, casa pela presença divina. A tradição judaica cita Deuteronômio 31:18 como outra razão por que não se menciona o nome de DEUS. “Por causa de seu pecado, DEUS tinha escondido Seu rosto a Israel. No entanto, embora tenha escondido Seu rosto, não se esquecia de Seu povo nem deixava de interessar-Se por ele apesar de que o fazia sob um véu” — Lee. A mensagem do livro pode resumir-se da maneira seguinte: A Realidade da Providência Divina.
3. A Festa de Purim - “Chamaram a estes dias Purim, nome derivado de “Pur” (9:26). Pur na língua persa significa sorte; e a festa de Purim, ou sortes, tem referência ao tempo que tinha marcado Hamã pela decisão da sorte (3:7). Como consequência da célebre libertação nacional obtida pela providência divina contra as maquinações infames de Hamã, Mardoqueu ordenou aos judeus que comemorassem o acontecimento com um aniversário festivo que duraria dois dias, de acordo com os dois dias de guerra de defesa que tiveram que sustentar. Havia uma pequena diferença no tempo deste festival; os judeus nas províncias, tendo-se defendido no dia 13, dedicaram o dia quatorze ao festival, ao passo que seus irmãos em Susã tendo prolongado a obra por dois dias, observaram a sua festa da ação de graças apenas no dia quinze. Mas isto foi corrigido pela autoridade que marcou o dia décimo- quarto e o décimo-quinto do mês de Adar. Chegou a ser um tempo de lembranças alegres para os judeus; e pelas cartas de Mardoqueu, distribuídas por todas as partes do império persa, foi estabelecida essa data como uma festa anual, cuja celebração até hoje se guarda. Nestes dois dias de festa, os judeus modernos lêem o livro de Ester em suas sinagogas.
Os dados citados abaixo são extraídos do comentário de Jamiesson, Fausset e Brown.
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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2.
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BIBLIOGRAFIA
Bíblia Almeida Século 21
Bíblia de estudo das Profecias
Livro de Apoio, O Deus que governa o mundo e cuida da família - Pr. Silas Queiroz, Editora CPAD.
Livro A História de Rute, Robert B. Chisholm Jr - Ed. Cultura Cristã
Dicionário Bíblico Wycliffe
https://www.wgospel.com/a-profecia-do-retorno/
Através Da Bíblia Livro Por Livro - Myer Pearlman
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