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Profº PB. Junio - Congregação Boa Vista II. |
TEXTO ÁUREO
"Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas." (JO 10.11)
VERDADE PRÁTICA
As Escrituras revelam Deus como o pastor do seu povo, mas isso se aplica também aos líderes eclesiásticos. Deus dá bons pastores ao seu povo, e também remove os maus.
LEITURA BÍBLICA: 34.1-12 .
INTRODUÇÃO
Ao identificar a estrutura do texto, deve-se coordenar os aspectos formulaicos com mudanças no tom e no conteúdo. Consequentemente, depois do preâmbulo (v. 1), o oráculo propriamente
dito se divide em três partes aproximadamente iguais na extensão:
(a) o anúncio de livramento (vv. 2-10); (b) a natureza do livramento
(vv. 11 -22); (c) o objetivo do livramento (vv. 23-31). A maioria dos
eruditos reconhece no primeiro painel um oráculo de lamento mais
ou menos independente, dirigido contra os governadores de Israel.
Este segmento se divide naturalmente em duas partes, as quais representam, no estilo e no tom, uma acusação formal (vv. 2-6) e um
anúncio de julgamento (w . 7-10), respectivamente, elementos típicos de oráculos de lamento. Entretanto, sua posição força o leitor a
interpretar este segmento dentro de sua presente estrutura literária.
O segundo painel se concentra inteiramente sobre Yahweh e sua
atividade salvadora em favor de seu rebanho. As declarações de
livramento, empregando os verbos h is s ,l (v. 12) e /rôá’a ‘ (v. 22),
formam um inclusio ao redor desta seção. Dentro dessa estrutura,
duas dimensões de livramento são descritas: livramento dos inimigos externos (vv. 11-16) e livramento dos exploradores internos
(vv. 17-22). O último painel (vv. 23-31) é estruturado por alusões
ao concerto de Yahweh com seu povo (vv. 24, 30,31). Agora que
ele os libertou de todas as formas de opressão, o foco muda para
positivamente reconstruir a shalom que Yahweh pretendia desde o
começo. Mas esse painel também se divide em três subseções. A
primeira, consistindo somente dos vv. 23,24, concentra-se em Davi, reinstalado como um pastor auxiliar sobre o rebanho; a segunda
(vv. 25-29), diferente da primeira em estilo e tom, desenvolve um
novo tema, o concerto da paz que Yahweh estabelece com seu povo.
Os vv. 30,31 dão à inteira subunidade (vv. 11-31) a característica de
um oráculo de comprovação.
Embora esse capítulo seja literariamente complexo, as ligações entre as partes são fortes. A sentença pronunciada sobre os
maus governantes nos vv. 7-10 amarrada à acusação precedente com
o duplo lãkên, “Portanto”, é a resposta divina às injustiças internas
nos vv. 20-22. Ainda que a fórmula de citação no v. 11 introduza a
segunda maior divisão do capítulo, as duas partes são ligadas pelo
conectivo k \ “por”. O v. 16, conscientemente, ecoa os vv. 4-6, embora ao contrário (mas na ordem lógica). A última linha desse verso,
com seu bèmiSpãt, supérfluo de outra maneira, funciona como um
elo entre a precedente descrição do cuidado divino e a administração
bem-sucedida da justiça divina. O verso conclusivo se liga com as
afirmações do concerto nos vv. 24 e 30, e a expressão s õ n ’, “meu
rebanho”, dirige a atenção para o mote da passagem inteira.
I. SOBRE O REBANHO
1. Ovelhas - Seis palavras hebraicas e uma palavra grega estio envolvidas na compreensão deste verbete, a saber:
Kebes, cordeiro. Palavra hebraica que figura por cento e quatro vezes. Por exemplo, Êxo. 29:38-41″ Lev. 4:32; 9:3; 12:6; Núm. 6:12,14; 7:15,17,88; 15:5; 28:3,4,7,9,11,13,14,19,21,27,29; II Cr 29:21; Esd. 8:35; Pro. 27:25; Isa. 1:11; ler. 11:19; Eze. 46:4-7,11,13,15; Osé. 4:16.
Keseb, cordeiro. Palavra hebraica que aparece por doze vezes. Para exemplificar: Gên. 30:32,33,35; Lev. 1:10; 7:23; Núm. 18:17; Deu. 14:4.
Tson, ovelha. Palavra hebraica usada por cento e dez vezes, com esse sentido. Por exemplo: Gên. 4:2; 12:16; 20:14; Exo. 9:3; 20:24; Lev. 22:21; Núm. 22:40; 27:17; 32:36; Deu. 7:13; 14:26; los. 7:24; I Sam. 8:17; 14:32; 27:9; 11 Sam. 7:8; I Reis 1:9,19,25; II Reis 5:26; I Cr, 5:21; II Cr. 5:6; 7:5; Nee. 3:1,32; Jó 1:3; Sal. 4:11,22; 49:14; 74:1; Isa. 7:21; 13:14; Jer. 12:3; Eze. 34:6,11,12; Joell:18; Miq. 2:12; Zac. 13:7.
Tsoneh, ovelha. Palavra hebraica usada por duas vezes: Núm. 32:24 e Sal. 8:7.
Rachei, ovelha. Palavra hebraica usada por quatro vezes: Cano 6:6; Isa. 53:7; Gên. 31:38, 32:14.
Seh, «ovelhinha», Palavra hebraica que ocorre por quarenta e quatro vezes, com diversas traduções correlatas. Por exemplo: Êxo, 22:1,4,9,10; Lev, 27:26; Deu. 17:1; 18:3; los. 6:21; I Sam. 14:34; Sal. 119:176; ler. 50:17.
Prôbaton, «ovelhas, «carneiro». Vocábulo grego empregado por trinta e nove vezes no Novo Testamento: Mat. 7:15; 9:36; 10:6; 10:16; 12:11,12; 15:24; 18:12; 25:32,33; 26:31 (citando Zac. 13:7); Mar. 6:34; 14:27; Luc. 15:4,6; João 2:14,15; 10:1-4; 10:7,8,11-13,15,16,26,27; 21:16,17; Atos 8:32 (citando Isa. 53:7); Rom. 8:36 (citando Sal. 44:23); Heb. 13:20; I Ped. 2:25 e Apo, 18:13.
Características da Ovelha Domesticada. A maior parte das espécies atualmente difere largamente de seus antepassados selvagens, e essas diferenças começaram a aparecer quase desde o princípio.
Quatro são as diferenças principais: a. A lã. Essa se faz presente nas espécies selvagens, embora tome-se mais patente durante o inverno, quando pode cobrir os pelos mais duros. As propriedades da li, como o acetinado e a capacidade de produzir fios, foram reconhecidas na antiguidade desde bem cedo, tendo sido criadas espécies que produziam boa li em grande quantidade. Porém, ovelhas dotadas de pelos duros até hoje podem ser encontradas, especialmente nos trópicos. b. A cauda. Algumas espécies domesticadas têm caudas com duas ou três vezes mais vértebras que as formas selvagens. Em outras espécies domesticadas, a cauda tomou-se um órgão onde é armazenada grande quantidade de gordura, o que tem sido encontrado entre múmias tão antigas quanto as da XII dinastia egípcia (cerca de 2000 A.C.). c. A cor. O homem ocidental está tio acostumado a ver ovelhas brancas que qualquer outra coloração lhe parece estranha.
As primeiras ovelhas, mui provavelmente, eram marrons; mas, no Egito havia ovelhas brancas, marrons e negras, antes de 2000 A.C. e talvez até muito antes disso. Tomou-se tradição pensar que as ovelhas referidas na Bíblia sempre fossem brancas; isso é correto quase em todos os casos, mas não é inteiramente o sentido do texto que diz: “…se tomarão como a lã. (lsa. 1:18). Na verdade, as palavras «lã de Zaar» (com base no texto hebraico que fala em tsachar, «brancura»; Eu. 27:18), encontram-se em um contexto que dá ideia de riquezas. Mas é óbvio, com base no trecho de Gênesis 30:32 ss, que tanto as ovelhas quanto os bodes eram de várias colorações, presumivelmente incluindo a cor «branca», embora a palavra ali traduzida como «malhados» indique manchas claras em animais escuros. Por igual modo, devido aos trechos de Núm. 28:3,9 e 29:17,26, onde se lê que as ovelhas oferecidas em sacrifício tinham de ser «sem defeito», que isso indicaria que esses animais teriam de ser imaculadamente brancos.
Porém, essa palavra aponta para imperfeições em geral, e não, necessariamente, à coloração. Dos animais. d. Habitat. Começando como um animal que vivia naturalmente em regiões montanhosas, as ovelhas se desenvolveram em espécies dispersas por toda a espécie de terreno, desde terras altas até pantanais, ou mesmo até às fimbrias dos desertos. A ovelha é mais seletiva do que o bode, em sua alimentação, requerendo uma melhor quantidade de forragem, geralmente uma melhor qualidade de relva, conforme podemos observar em I Crônícas 4:39,40: «Chegaram até à entrada de Gedor, ao oriente do vale, à procura de pasto para os seus rebanhos. Acharam pasto farto e bom». As erráticas chuvas de inverno que caem na Palestina faziam a relva crescer em tufos, e os pastores, sabendo onde encontrar pastagem, levavam as suas ovelhas até aqueles lugares. Davi, com base nesse tipo de experiência, escreveu: «Ele me faz repousar em pastos verdejantes….. (Sal. 23:2).
2. Natureza - 11 curiosidades sobre as ovelhas
1º) – Todos os animais foram criados com uma defesa especial. A cobra, o cachorro, o leão, todos têm defesas, mas a ovelha é o único animal terreno que não possui defesa alguma, ela é totalmente vulnerável, ela fica no fim da cadeia alimentar, não se defende, não tem habilidades de luta.
2º) – A ovelha produz lã o tempo todo. Desde que nasce, ela produz lã, quanto mais tosquiada mais ela produz.
3º) – A ovelha é um animal bastante ingênuo. Ela não sabe discernir a erva boa para comer da erva venenosa, por isso o pastor tem que ir na frente preparar a pastagem com cuidado, retirando aquelas que podem envenená-la.
A alimentação das ovelhas é fundamentalmente a erva, que encontram nos pastos por onde pastam. Não necessita de muitos suplementos alimentares e tem a característica de não estragar esse mesmo pasto. Quando ela vai se alimentar no aprisco, ela só come na sua manjedoura.
Se a manjedoura de outra ovelha estiver cheia, e a sua vazia, ela não irá à manjedoura alheia e comerá a comida de outra ovelha. Esta atitude poderá até levar a ovelha à morte, mas o princípio de obediência é respeitado. A ovelha espera até que o pastor coloque o alimento na sua manjedoura.
4º) – As ovelhas conhecem a voz do seu pastor. Pesquisando a respeito disso, li uma história bem interessante:
“Um certo homem esteve na África. E estando ali viu um grande lago onde muitos animais iam beber água. De repente, chegou um pastor com umas duzentas ovelhas e elas começaram a beber, depois chegou outro pastor com suas ovelhas. Então o homem se questionou “Como ele vai saber quais são as ovelhas dele se estão todas misturadas?” Depois chegou mais um pastor, com mais uma quantidade de ovelhas. Os pastores ficaram conversando enquanto as ovelhas bebiam. Daqui a pouco foi saindo um por um, e as ovelhas escutaram a voz de cada pastor chamando-as e cada rebanho seguiu ao seu pastor, sem se misturar.”
5º) – Só dorme no mesmo lugar. Aqui o paralelo é um pouco diferente. A ovelha sabe qual é o seu lugar no aprisco! De maneira nenhuma ela vai querer o lugar de outra ovelha.
6º) – No dia que vai morrer, a ovelha não come, fica quieta num canto. Ela não demonstra nenhuma reação. Mesmo que alguém queira interagir com ela, ela não foge, não dá coices. Ela espera pacientemente pela hora do seu sacrifício. Assim foi com o nosso Senhor Jesus Cristo. Mesmo sabendo a hora da morte, triunfantemente enfrento-a a fim de nos garantir a vida eterna.
7º) – A ovelha é um animal muito medroso. Basta que ela não sinta o cheiro do pastor para que fique tremula de medo. E no auge do medo pode sair correndo do aprisco e se torna presa fácil dos predadores.
8º) – A ovelha é muito sensível a perturbação das moscas que ficam rodeando a sua cabeça. Se isso acontece com frequência, ela acaba ficando desnorteada, vai balançar a cabeça de um lado para o outro tentando fugir do assédio dos insetos, acaba ficando sem comer, emagrecendo. Vendo que não consegue se livrar dos insetos, sai correndo sem direção. Quando uma ovelha corre a outra fica apavorada e vai atrás. É preciso que o pastor molhe a cabeça dela com óleo para afastar os mosquitos.
9º) – A ovelha come o dia inteiro e de noite esta com o estômago muito cheio. O maior órgão que a ovelha possui é o estômago, que toma conta da maior parte da caixa torácica.
10º) – Durante a noite elas gostam de brincar de dar cabeçadas umas nas outras e normalmente caem no chão com as patas para cima e depois não conseguem se levantar sozinhas pois a lã dificulta que ela se levante. Se a ovelha não for erguida dentro de uma hora, ela morrerá asfixiada, pois o estômago comprimirá e apertará o seu pulmão, por isso o pastor precisa durante a noite andar no meio das ovelhas levantando as ovelhas caídas.
11º) – Para corrigir e acudir a ovelha o pastor dispõe de dois instrumentos: Tanto a "vara" como o "cajado" eram instrumentos usados pelo pastor para proteção das ovelhas. O pastor tinha que ser hábil para manejar tanto um quanto o outro. Com sua arma de trabalho nas mãos, o pastor é o único protetor das ovelhas contra os inimigos naturais (lobos, leões, ursos, chacais, e principalmente, ladrões) do rebanho. O cajado e a vara são instrumentos de bênção para as ovelhas, mas de juízo para os predadores.
1.A vara é um pedaço de pau curto, era uma arma de defesa ou disciplina, que simboliza a força, o poder e autoridade de Deus.
2.O cajado é uma vara longa, tendo um gancho numa das extremidades que serve para trazer a ovelha para perto do pastor, para guiá-la no caminho certo, ou para removê-la de uma situação de perigo.
3.O cajado era o emblema significativo de um povo peregrino numa atitude de apoio em qualquer coisa que estava fora de si mesmos. Que característica preciosa! Prouvera a Deus que fossem vistos em cada membro da família dos Seus remidos, o patriarca apoiado em seu cajado.Pela fé Jacó, próximo da morte, abençoou cada um dos filhos de José, e adorou encostado à ponta do seu bordão [Hb11:21].
Texto Anônimo.
3. O Rebanho - Há seis palavras hebraicas e duas palavras gregas envolvidas neste verbete, a saber:
Eder, «rebanho». Termo hebraico que é usado por trinta e oito vezes; segundo se vê, por exemplo, em Gên. 29:2,3,8; 30:4; Jui. 5:16; I Sam. 17:34; II Crô. 32:28; Jó 24:2; Sal. 78:52; Can. 1:7; 4:1,2; Isa. 17:2; 32:14; Jer. 6:3; 13:17,20; 31:10,24; 51:23; Eze. 34:12; Joel 1:8; Miq. 2:12; 4:8; 5:8; Sof. 2:14; Zac. 10:3; Mal. 1:14.
Tson, «ovelha», «rebanho». Essa palavra ocorre por mais de duzentas e sessenta vezes, principalmente com o sentido de «ovelha». Mas, com o sentido de «rebanho» aparece por cento e trinta e sete vezes, conforme se vê, para exemplificar, em Gên. 4:4; Êxo. 2:16,17; Lev. 1:2,10; Núm. 11:22; Deu. 8:13; I Sam. 3:20; II Sam. 12:2,4; I Crô. 4:39,41; II Crô. 17:11; Esd. 10:19; Nee. 10:36; Jó 21:11; Sal. 65:13; Can. 1:8; Isa. 60:7; Jer. 3:24; Eze. 24:5; Amós 6:4; Jon.3:7; Miq. 7:14; Hab. 3:17; Sof. 2:6; Zac. 9:16; 10:2; 11:4,7,11,17.
Miqneh, «gado», «aquisição». Palavra hebraica que ocorre por setenta e cinco vezes, conforme se vê, por exemplo, em Gên. 4:20; Êxo 9:3; Núm. 20:19; Deu. 3:19; Jos. 1:14; Jui. 6:5; I Sam. 23:5; II Reis 3:17; I CrÔ. 5:9,21; II Crô. 14:15; Isa. 30:23.
Marith, «gado no pasto». Palavra hebraica que aparece por apenas uma vez com esse sentido, em Jer. 10:21, embora apareça outras dez vezes com o sentido de «pasto».
Chasiph, «rebanho ao relento». Palavra hebraica utilizada por apenas uma vez: I Reis 20:27.
Ashtaroth, «multiplicações». Palavra hebraica empregada por quatro vezes, com o sentido de «rebanhos»: Deu. 7:13; 28:4, 18,51.
Poímne, «rebanho». Palavra grega usada por cinco vezes: Mat. 26:31 (citando Zac. 13:7); Luc. 2:8; João 10:16; I Cor. 9:7.
Poimnion, «pequeno rebanho». Termo grego usado também por cinco vezes: Luc. 12:32; Atos 20:28,29; I Ped. 5:2,3.
Esse vocábulo português, quando usado na Bíblia, indica um grupo de ovelhas, ou de cabras, ou de ambas essas espécies (Gên. 4:4; 29:2; Can. 4:1; Joel 1:18). Em Números 32:36, porém, está em pauta o gado vacum. Ver os artigos separados sobre Ovelhas, Cabras e Gado.
Usos Figurados:
Exércitos, nações e grandes grupos de pessoas são assim denominados (Jer. 49:20; 51:23). Isso acontece porque tais grupos estão unificados em torno de alguma causa comum, ou porque representam alguma herança cultural comum.
Os «donos dos rebanhos» (Jer. 25:34,35) são os líderes e governantes do povo, homens poderosos e ricos.
Israel aparece como o rebanho do Senhor (Jer. 13:17,20), alvo de seu amor e de seus cuidados. Eles formam um rebanho santo (Eze. 37:38), em distinção às multidões dos povos pagãos.
O trecho de Zacarias 11:4 fala nas «ovelhas destinadas para a matança», que são aquele grupo de pessoas que Deus determinou destruir mediante o seu juízo, dentre do povo de Israel. Nações pagãs serão usadas para produzir essa matança.
A Igreja é o rebanho do Senhor Jesus e ele é o seu Pastor (Isa. 40:11; Atos 20:28; João 10). Nessa conexão, examinar também Luc. 12:32 e I Ped. 5:2,3.
II. SOBRE OS PASTORES INFIÉIS
1. O pastor de ovelhas - Em Israel, a designação de governantes como pastores também tinha uma tradição antiga. De acordo com Nm 27.17, Moisés
orou para que Yahweh nomeasse um homem para liderar a congregação, de maneira que eles não fossem como ovelhas sem um
pastor. Esta afirmação se compara com a observação profética de
Micaías, filho de Inlá: “Vi todo o Israel disperso pelas montanhas,
como ovelhas sem um pastor” (lR s 22.17). Nosso texto não identifica, especificamente, as pessoas a quem Ezequiel se refere como
“pastores”. À luz de sua dependência de Jr 23.1-6, em particular,
e do uso jeremíaco da expressão em geral, tem-se a tendência de
interpretar “pastores”, neste caso, como uma referência geral aos
nobres que estavam ao redor de Zedequias, incluindo os anciãos em
Jerusalém, os quais ele havia observado seguindo seus caminhos
idólatras, na visão do capítulo 8, e os oficiais de 22.27, que dilaceram suas vítimas como lobos; e, ainda, talvez, os falsos profetas do
capítulo 13, que anunciam “paz, paz!”, quando não há paz; e os líderes da comunidade exílica.
2. O que os governantes faziam (vv. 2,3) - Comeis a gordura. Quando um animal era sacrificado, as “delicadezas” (segundo a mente hebraica), o sangue e a gordura, pertenciam a Yahweh, sendo queimados
no Seu altar. Ver as leis sobre o sangue e a gordura em Lev. 3.17. Então, oito porções
(os melhores cortes da carne) pertenciam aos sacerdotes. O restante era dividido entre
os adoradores que haviam trazido os sacrifícios. Uma refeição comunal terminava o
rito, cada um comendo sua porção apropriada.
- Aqueles perversos e presunçosos falsos pastores tomavam para si mesmos o melhor,
que pertencia exclusivamente a Yahweh! Na mente hebraica, tal ação configurava um ato de
traição que anulava a lei mosaica e merecia execução legal. Os pewersos, então, se apossavam das outras partes dos animais, para comer e fazer roupas. Fartavam-se e engordavam,
deixando o povo sem nenhuma provisão de comida ou de roupa. Aqueles homens eram
tiranos gananciosos, explorando o povo. “Os pastores (isto é, reis, oficiais etc.) abusaram do
povo (Jer. 23.13-17) e o espalharam (Jer. 10.21; 23.1-4). Este oráculo reforça a doutrina da
responsabilidade pessoal (Eze. 18.5-22). Os líderes, supostamente, eram sujeitos às leis de
Deus (II Sam. 12.1-15), mas, de fato, eram rebeldes e perversos” (Oxford Annotated Bible,
introdução à seção).
Em vez de alimentar as “ovelhas", usaram-nas para alimentar a si mesmos! Eles
as abatiam, roubavam, praticavam crimes de sangue, pewertiam a lei de Moisés, promoviam injustiças sociais, utilizando as primícias para seu próprio benefício, impondo
pesados impostos sobre os menos afortunados, enquanto o dinheiro se acumulava em
suas tesourarias pessoais. O Targum diz, simplesmente, em um sumário sucinto: “Vós
comeis o que é bom”, implicando que somente o ruim ficou para as ovelhas.
“Foram
como cachorros famintos que nunca se satisfazem, como Isa. 56.11 diz” (Fausset, In
loc.).
Tais cães são gulosos, nunca se fartam; são pastores que nada
compreendem.
(Isaías 56.11)
“Egoísmo é a característica principal dos pastores infiéis. Cf.
João 10.1-17”
(Ellicott, in loc.
3. O que os governantes não faziam (vv. 4,8) - A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes,
a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes. Entre o povo
comum, sempre existem os fracos e os doentes, os indefesos e os totalmente
dependentes, que podem ser facilmente explorados. Tais pobres almas, aqueles
violentos desprezaram e exploraram, lucrando com cada ato perverso. Governaram com força excessiva, castigando com impostos absurdamente altos, intimidando, extorquindo, perseguindo, fazendo leis injustas que só serviam às classes
mais altas, à custa do povo. Não tinham coração nem consciência, agiam como
lobos. Aqueles ímpios não eram passivos; agiam com vigor, sempre machucando
os fracos, espiritual e fisicamente. Cf. Êxo. 23.4. O líder verdadeiro leva seriamente os deveres para ajudar seu povo:
Nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes,
tornando-vos modelos do rebanho.
Ora, logo que o Supremo
Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.
(I Pedro 5.3-4)
Os líderes não apenas exploravam as
ovelhas como também abusavam delas ao
negligenciar suas necessidades. Ovelhas precisam de cuidado constante, mas os líderes
não administravam os assuntos nacionais
visando o bem do povo e sim o benefício
próprio. Na verdade, não davam qualquer
atenção ao rebanho. Se os pecados de comissão dos líderes eram terríveis, seus pecados de omissão eram ainda piores. Não
ministravam às ovelhas enfermas e feridas
nem buscavam as perdidas e dispersas. G overnavam apenas pela força e pela crueldade. Ezequiel os acusou três vezes de permitir
que as ovelhas se dispersassem, sendo que
um rebanho espalhado e sem pastor torna-se vulnerável e pode ser facilmente atacado
por animais selvagens (Jr 50:6). Por causa
das decisões egoístas e imprudentes dos líderes, a nação se desintegrou e o rebanho
foi disperso.
4. As ovelhas dispersas (vv 5,6) - Assim se espalharam, por não haver pastor. Os lideres não foram pastores,
mas tiranos. Não protegeram o rebanho, mas o exploraram. Seus atos violentos espalharam as ovelhas, deixando-as desprotegidas e sem nenhum verdadeiro pastor. Perdidas nos campos, elas se tornaram alimento para as feras que vigiavam aqueles lugares, sempre famintas, sempre matando, sempre esperando para devorar mais uma
vítima.
Os vss. 5-6 mencionam três vezes a dispersão das ovelhas, ressaltando que
aquela ação figurava entre suas ofensas principais. O dever do pastor era o de não
permitir justamente aquilo. Mas os falsos pastores tinham uma regra só: servir a si
mesmos.
“Eles não mereciam o nome pastor; era um ultraje aplicar esse título augusto a
eles (I Reis 22.17; Mat. 9.36). Cf. Mat. 26.31, onde também vemos a dispersão das
ovelhas, porque o verdadeiro Pastor fora morto” (Fausset, in loc.). O povo se envolveu
em pecados pesados como idolatria, adultério, explorações dos fracos, atos anti-sociais,
opressões, porque não tinha líderes para instruir e guiar em caminhos retos. O Targum
explica que a maior dispersão era justamente o cativeiro babilónico, que o povo sofreu
por causa da infinidade de suas transgressões. Provavelmente, o vs. 6 inclua esta idéia.
As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes. O
povo pecador tornou-se iníquo seguindo os maus exemplos dos líderes. Logo,
os lobos atacarão para devorar líderes e liderados, que compartilharão o
mesmo destino catastrófico. Os lobos internacionais eram os soldados
babilónicos, sempre famintos, à procura de vítimas. Algumas poucas ovelhas
que sobreviveram aos ataques dos lobos esconderam-se nas ravinas das colinas, em cavernas, em câmaras secretas. Algumas fugiram para países vizinhos e sofreram exílio permanente. A maioria dos sobreviventes foi levada
cativa para a Babilônia, onde a miséria continuou.
“Lá fora” não houve ninguém que cuidasse das ovelhas perdidas e doentes.
Nenhum homem se preocupava com as suas almas. Chaucer falou de ovelhas
perdidas “orientadas” por pastores perdidos:
Ele mesmo sendo um vagabundo, deixando
O caminho estreito,
Não era nenhuma maravilha, e suas ovelhas tolas
Também erraram o caminho.
As minhas ovelhas. Note-se que Yahweh as chama de “minhas ovelhas”, a despeito de seus pecados. Ele era o Pastor, mas aqueles designados
subpastores foram negligentes e abusaram de seus deveres, descumprindo
sua missão. Nunca a missão de alguém deve servir a si mesmo.
Foram espalhadas sobre toda a face da terra. Ninguém se
preocupou em procurá-las.
(NCV)
Por contraste, o Verdadeiro Pastor veio para procurar e salvar o que foi
perdido (Luc. 19.10).
III. SOBRE O BOM PASTOR
1. A reação divina contra os maus pastores (vv. 10-12) - Assim diz o Senhor Deus: Eu mesmo procurarei as minhas ovelhas. AdonaiYahweh (o Soberano Eterno Deus), exercendo Seu poder divino e soberano, assumirá o ofício do Pastor e providenciará para suprir as necessidades do rebanho.
Este título divino é usado 217 vezes neste livro, mas somente 103 no restante do
Antigo Testamento. Exalta a soberania de Yahweh, cuja vontade deve ser realizada
entre os homens. Ver no Dicionário os artigos chamados Soberania de Deus e
Providência de Deus. As provisões de Yahweh reverterão os danos cometidos pelos
pastores infiéis. O rebanho dispersado será recolhido; a diáspora (ver a respeito no
Dicionário) terminará. O próprio Adonai-Yahweh procurará Suas ovelhas e as salvará dos lobos.
Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.
(Lucas 19.10)
O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.
(João 10.11)
O vs. 11 é mais do que histórico (o reverso do cativeiro babilónico); é também
escatológico, uma promessa de reversão da diáspora, para que o Reino dos Céus
se realize neste mundo. A restauração de Judá, depois do cativeiro babilónico,
seria uma pequena amostra da verdadeira, que ainda jaz no futuro:
Todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o
Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades.
(Romanos 11.26)
“O próprio Deus é o Bom Pastor (Isa. 40.11; Jer. 31.10) que recolherá o
rebanho disperso e machucado. Esta passagem sugere a volta da teocracia (Osé:
8.4; i Sam. 8.7)” (Oxford Annotated Bible, comentando o vs. 11).
Buscarei as minhas ovelhas. Tanto o cativeiro babilónico quanto a diáspora
serão revertidos. Yahweh, o Bom Pastor, salvará o rebanho dos lobos-nações e
de todos os lugares de trevas, do dia do temor, do dia de nuvens e tempestades.
Na hora de sua maior necessidade, Yahweh encontrará Seu povo e resolverá
todos os problemas, aliviando suas angústias.
Salvador, como um Pastor nos guia,
Tanto precisamos de Seus cuidados,
Nos Seus pastos agradáveis nos alimenta,
Para o nosso uso Seu aprisco prepara.
(William B. Bradbury)
No dia de nuvens e de escuridão. Cf. Sal. 97.2; Joel 2.2 e Sof. 1.15."... em
tempos de desespero e perseguição, o Pastor está especialmente vigilante” (Adam
Clarke, in loc.). O texto fala de “uma gloriosa libertação do futuro” (Ellicott, in loc.).
2. Jesus, o bom Pastor - O bom Pastor. Um rebanho de ovelhas deve ser cuidado
por alguém, e aqui Deus Se apresenta como quem assume o papel de Pastor do Seu povo. Seu trabalho será encontrar as dispersas, livrar as perdidas, apascentar todo o rebanho e cuidar dele, dedicando atenções especiais aos membros fracos e doentes. O retrato do pastor buscando a desgarrada (12), é um prenúncio notável da parábola da ovelha perdida (Lc
15: 4ss.), que nosso Senhor, sem dúvida, baseou nesta passagem em Ezequiel. Ilustra, claramente, mais do que qualquer coisa, as qualidades ternas e amorosas do Deus do Antigo Testamento, e golpeia mortalmente
aqueles que procuram forçar uma cunha entre Javé, Deus de Israel, e o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Além disto, esta não é a única
passagem que fala do terno pastor (cf. SI 78: 52-53; 79:13; 80: 81; Is 40:
11; 49:9-10; Jr 31:10). A referência a um dia de nuvens e de escuridão
(12) tem implicações escatológicas (cf. SI 97: 2; J1 2:2; Sf 1:15) e sugere
que esta libertação será o dia do Senhor para Israel, ou seja, o dia em que
o Senhor agir com salvação e com julgamento para introduzir uma nova era
do Seu reino justo na terra.
AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2.
Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.
Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca
Pr. Local – Ev. Antônio Sousa
INSTAGRAN: @PBJUNIOOFICIAL
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BIBLIOGRAFIA
Bíblia de Estudo viva
Bíblia almeida século 21
Comentário bíblico Antigo Testamento, Warren Wiersbe - editora Geográfica
Comentário bíblico AT Vol.5, Russel N. Champlin - editora Hagnos
Comentário Expositivo Warren Wiersbe - editora Geográfica
Comentário bíblico Ezequiel Vol.1, Daniel Block - editora cultura cristã
Comentário bíblico Antigo Testamento Moody
Comentário bíblico Ezequiel, John B. Taylor - editora Mundo Cristão
Enciclopédia de bíblia e filosofia, Russell N. Champlin - editora Hagnos
https://professordaebd.com.br/8-licao-4-tri-22-o-bom-pastor-e-os-pastores-infieis/
https://www.webartigos.com/artigos/a-tua-vara-e-o-teu-cajado-me-consolam/19107