Pb. Junio - Congregação Boa Vista II |
TEXTO ÁUREO
"O Senhor galardoe o teu feito, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar." (Rt 2.12)
VERDADE PRÁTICA
O verdadeiro e puro modelo de bondade é servir uns aos outros de coração, confiando na fidelidade e justiça de Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: RUTE 2.1-4;
INTRODUÇÃO
Noemi chega a Belém, depois de dez anos longe da sua herança, no princípio da colheita da cevada. Podemos imaginar sua chegada ao vilarejo, acompanhada por sua nora Rute, ambas famintas e exaustas pela viagem. Noemi teve que contemplar como estavam lindos os campos, as árvores cheias de frutos, pessoas trabalhando na colheita, pessoas essas que, diferente da família de Noemi, decidiram ficar e acreditaram na herança que Deus tinha dado. Enquanto a família de Noemi partiu, outras ficaram orando e confessando seus pecados. O arrependimento foi a semente que resultou numa colheita inevitável! Quem desiste de sua herança nunca colherá nenhum fruto; pode até plantar, mas por não conseguir esperar, outro colherá em seu lugar. Quem desiste, infelizmente, vai ter que ver os campos de quem não desistiu floridos e suas árvores cheias de frutos, porque se, de fato, a herança é de Deus, saiba que Ele vela para que se cumpra sua palavra. Não desista!
“Os rabinos entendiam que Boaz era sobrinho de Elimeleque” (Every Clayton, p. 46). Matthew Henry (p. 200), acrescenta: “[Boaz] era neto de Naassom, príncipe da tribo de Judá no deserto, filho de Salomão [Salmom], que provavelmente era um dos filhos mais moços de Raabe, prostituta de Jericó”.
I. BOAZ, O REMIDOR
1. Um homem próspero - Boaz é caracterizado como um . Com frequência, essa expressão se refere a um guerreiro (“poderoso homem de força”), mas esse não parece ser o caso aqui. No caso de Boaz, a expressão carrega a nuance de “proeminente homem de bens” (cf. 1Sm 9.1) (Sasson, 1979, p. 39-40). Além de referir-se à força física, o substantivo pode referir-se à riqueza e propriedade (HALOT, p. 311; BDB, p. 298-299). As duas viúvas precisavam de alimento para sobreviver, de modo que Rute, a mais nova e mais capaz das duas, pediu permissão para ir ao campo com a esperança de que pudesse receber autorização para colher ali. O narrador refere-se a ela como “a moabita” (cf. 1.22), talvez para enfatizar sua vulnerabilidade e intensificar o drama (Hubbard, 1988b, p. 137; Nielsen, 1997, p. 54).[ 159 ] A Lei de Moisés legislava que o pobre, as viúvas e os estrangeiros residentes tinham permissão para colher nas bordas dos campos e recolher o que os segadores haviam deixado de pegar (Lv 19.9-10; 23.22; Dt 24.19).
2. "Goel" e "Levir" - Quando usada em referência a relacionamentos humanos, , “parente próximo”, cobre ampla gama de relacionamentos, incluindo aqueles que são originários da mesma tribo (2Sm 19.42 [hebr. v. 43]), membros da família estendida de alguém (Lv 25.25; Nm 27.11) e membros da família imediata (Lv 21.2-3). Em qualquer um dos casos, o contexto imediato deve determinar a natureza precisa do relacionamento. Conforme descrito na literatura legal, um , tradicionalmente “parente resgatador”, era, de modo geral, um guardião dos interesses da família estendida. Ele poderia recuperar propriedade que a família havia vendido (Lv 25.25-34), incluindo membros da família que tivessem sido vendidos como escravos para pagamento de uma dívida (Lv 25.48-49). Um guardião da família também poderia vingar um membro da família assassinado (Nm 35.19). À parte do livro de Rute, não há referência no Antigo Testamento a um que produza descendência para um membro da família falecido ao coabitar com a viúva.
Talvez a comunidade israelita tenha expandido o papel do de modo a incluir outras responsabilidades além daquelas esboçadas na literatura legal, como produzir descendência para um parente falecido. Outra opção é que o verbo , tradicionalmente “redimir”, seja usado em Rute num sentido mais geral, em vez de no sentido legal. Bush, que propõe essa interpretação, define o termo, quando usado nesse sentido mais geral, como se segue: “Libertar um membro do grupo de proximidade de alguém (família, clã, tribo ou povo) de qualquer tipo de mal” (1996a, p. 137). De acordo com Bush, esse sentido mais geral aplica-se quando Deus é o sujeito do verbo e em Rute 4.14, em que é dito que o filho de Rute é o de Noemi, no sentido de que ele cuidaria dela quando ela fosse velha e vulnerável (v. 15). Seguindo a orientação de Bush, traduzimos a declaração de Noemi em 2.20 como “ele é um dos nossos benfeitores”.
3. Temor e respeito - Boaz não chegou perguntando como estava o serviço ou cobrando resultados. Ele também não foi seletivo ou altivo, dirigindo-se somente ao chefe dos trabalhadores. Falou com todos eles: “E eis que Boaz veio de Belém e disse aos segadores […]” (2.4). Somente depois Boaz dirige uma pergunta específica ao chefe dos trabalhadores, relacionada a Rute: “De quem é esta moça?” (2.5). Essa sequência de fatos revela que Boaz considerava as pessoas mais importantes que o trabalho que prestavam. Embora seja razoável que todo o patrão espere um trabalho produtivo dos seus empregados, o correto é considerar que as pessoas têm mais valor que o trabalho que fazem. Assim, buscar falar ao coração de cada uma delas é mais importante que lhes impor obrigações em nome de uma mera troca de dinheiro versus tempo e produção.
Quando chegou ao campo, Boaz percebeu Rute e perguntou sobre a identidade dela. O capataz explicou que ela era a jovem moabita que acompanhara Noemi de volta de Moabe. Ele também informou Boaz sobre o pedido de Rute para colher atrás dos segadores. Nossa tradução (veja anteriormente) presume que o capataz dera permissão a Rute para colher e que ela estava fazendo uma breve pausa do seu trabalho no momento em que Boaz chegou.
Aparentemente, o procedimento de colher grãos era o seguinte: (1) os segadores ( ) cortavam os talos de grão com uma foice e os deixavam caídos no chão. (2) Outro grupo de trabalhadores juntava os talos que eram então amarrados em feixes (Borowski, 1987, p. 59-61). Ao que parece, entre os empregados de Boaz, as servas ( ) faziam esse ajuntamento e atavam os feixes, pelo menos em parte. Ao permitir que Rute ficasse perto delas, Boaz estava dando a ela uma oportunidade de colher mais grãos do que o coletor típico que vinha ao campo. Boaz também informou a Rute que ordenaria aos servos ( ) que não a incomodassem. Nesse contexto, o verbo , “tocar”, provavelmente tem a conotação de “retirar” (do campo). Talvez os servos costumassem ser rudes com qualquer pessoa que tentasse se misturar aos que preparavam os feixes sem que lhes fosse dada permissão para fazer isso. Aparentemente, os servos de Boaz serviam como uma força de segurança, garantindo que apenas pessoal autorizado estivesse no campo (cf. também v. 15-16), e como equipe de apoio, garantindo que a água estivesse disponível aos segadores.
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II. O CARINHO DE BOAZ PARA COM RUTE
1. A pureza não exclui a ternura - Quando observo esse encarregado tecendo comentários positivos acerca de Rute, me impressiono! Boaz tinha feito apenas uma pergunta: “Quem é ela?”. E prontamente escuta da boca de seu empregado sua história e seu esforço no trabalho. Minha opinião é que disfarçadamente o rapaz estava “dando um toque” ao seu patrão. Ah, se ele pudesse ler seu pensamento: Olha, seu Boaz, a moça é bonita, viúva e muito esforçada” Parece-me que o encarregado estava sugerindo algo mais em seu pensamento: Essa é a mulher certa para o senhor, vale a pena investir nesse relacionamento! Rute pôde contar com o testemunho de alguém muito próximo a Boaz e que desfrutava de sua inteira confiança. Como é bom encontrar pessoas assim em nosso caminho que nos recomendem. A Bíblia nos tranquiliza. A respeito disso, ela nos diz que temos alguém que tem livre acesso ao Pai e que intercede por nós, sua intercessão a nosso favor é tão intensa que Ele até geme! E o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos orar segundo a vontade de Deus, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos que não podem ser expressos em palavras. (Rm 8.26, NVT)
• Ela está trabalhando desde cedo Se ela chegou bem cedo na plantação de Boaz e antes disso já havia respigado um pouco em outras lavouras, é certo que levantou de sua cama antes do dia raiar. Essa atitude não soa muito confortável, mas normalmente quem acorda cedo tem vantagem sobre quem ainda está dormindo. Rute não permitiu que o Sol despertasse e a surpreendesse ainda na cama. Sabia que precisava trazer provisão para sua casa. Ela tinha consciência de que precisava arregaçar as mangas!
No final do dia, Rute conseguiu recolher 25kg de cevada. Fazendo uma conta rápida, 25kg por cinco dias resulta em 125kg por semana e 500kg por mês! Se a colheita demorasse uns dois meses, ela poderia ter recolhido aproximadamente 1.000kg de cevada. Boaz é para nós um grande exemplo de que é possível “ser próspero e generoso”.
As pequenas sementes da vida e as pequenas conquistas nunca se tratam de sorte, mas da generosidade do nosso Senhor! Sim, a Bíblia diz que Ele dá ordens aos seus anjos a nosso respeito (Sl 91.11). Usou de palavras encorajadoras, elogiando a sua atitude bondosa ao decidir abandonar seu povo para cuidar da sua sogra.
2. Deus estava agindo - À luz da bondade de Boaz, a resposta de Rute não é nenhuma surpresa. Ela se inclina diante dele e pergunta por que ele está sendo tão bondoso para com ela (v. 10). Afinal, sendo estrangeira, ela não esperava ser tratada dessa maneira. “Encontrar favor aos olhos de” (cf. ) significa “ser beneficiária ou objeto da bondade de alguém”. A bondade demonstrada é oferecida gratuitamente e sem obrigação (Rt 2.2; cf. Gn 19.19; 47.25), mas pode ser induzida pelo caráter ou pelas ações do beneficiado (Gn 6.8 [cf. v. 9]; 39.4 [cf. v. 3]; 1Sm 16.22 [cf. v. 21]). Isso era certamente verdadeiro no caso de Rute, como Boaz explicou. Ele recebera um relatório completo da dedicação de Rute a Noemi. Ela deixara a segurança de sua terra natal e assumira um risco significativo ao mudar-se para uma nova terra. Quando cruzou a fronteira e entrou em Israel, ela colocou-se sob o cuidado protetor do Deus de Israel (cf. Rt 1.17), a quem Boaz comparou a uma ave que cuida de seus filhotes (cf. Sl 91.4). Boaz pronunciou uma bênção sobre ela, pedindo ao Senhor que lhe retribuísse por sua bondade para com Noemi.
3. Sensível e espiritual - Os atos de Boaz não eram como uma ficção ou fruto de uma manipulação psicológica, como não são quaisquer dos atos humanos, dado o livre-arbítrio assegurado por Deus. Como enfatiza Silas Daniel (2017, p. 402), as escolhas humanas são reais, genuínas. Boaz estava agindo dentro de um cenário real. O Deus da providência estava abençoando Rute em recompensa pelo seu devotado amor a Noemi e por toda a reputação que ela havia construído com o seu cuidadoso comportamento. O próprio Boaz sabia dessa verdade, ao proferir a declaração que se tornou um dos versículos-chave do livro (cf. Rt 2.11). Boaz tinha uma profunda compreensão espiritual. Ele reconhecia que o Deus dos hebreus não estava limitado a fronteiras territoriais ou barreiras étnicas. Como servo de Yahweh, estava sendo usado para abençoar uma piedosa moabita, uma “mulher convertida” (Gilberto, 2021, p. 397).
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III. A COLHEITA DE RUTE E A SUA SOBREVIVÊNCIA
1. A lei da semeadura - A colocação do verbo , “abandonar”, com o verbo , “retornar”, foi um poderoso movimento retórico da parte de Rute. Sua inclusão reflete a perspectiva de Rute. No que se referia a ela, retornar para Moabe significava abandonar Noemi e deixá-la ainda mais vulnerável do que já estava. Rute declarou de maneira inequívoca que pretendia ficar com Noemi. Ela anunciou que seguiria Noemi e viveria com ela.
Rute coroa sua promessa com uma autoimprecação (v. 17) na qual ela usou o nome de Yahweh, para mostrar que ela estava firme em sua disposição de se identificar com o Deus de Noemi (Prinsloo, 1977-1978, p. 115; Bush, 1996a, p. 87, e Ziegler, 2007, p. 78-80). O juramento de Rute transformou sua fala exortativo-preditiva numa declaração performativa. Isso silenciou Noemi, pois ela entendia as implicações de uma promessa tão radical.[ 97 ] No capítulo 1, há uma ação recíproca interessante entre fala e ação. A bênção de Noemi (v. 8-9) aparentemente libertou Rute e a assegurou da bênção de Deus, mas a maldição autoimposta de Rute (v. 17) contrabalançou e sobrepujou a bênção. Ironicamente, o juramento de Rute validou a bênção de Noemi, pois forneceu a prova de seu amor leal e o mérito do favor divino. A estrutura do juramento de Rute requer um exame mais apurado para que se aprecie seu significado. A primeira parte do juramento consiste em duas orações, cada uma delas introduzida por , “assim”, e descreve a punição pela quebra da promessa. A segunda parte do juramento, introduzida por , “de fato, certamente”, apresenta a condição do juramento.
2. Os "acasos" de Deus - Ela reconhece que Boaz agiu dentro do contexto da família mais ampla e forneceu alimento “além do comum” (p. 48). Ela observa: “Não há dúvida de que sua ação até esse ponto é limitada, mas ele já havia feito mais do que era esperado dele” (p. 48). Ela então ressalta que Boaz é o instrumento por meio do qual Deus estendeu sua bondade a Noemi e a Rute, e conclui: “A lealdade divina toma forma na comunidade e nas vidas individuais por meio das ações humanas” (p. 48). Contestamos o ponto de vista segundo o qual a sintaxe do versículo 20 é ambígua e defendemos a visão de que Boaz é o único referente gramatical. No nível sintático do texto, Noemi se refere especificamente à lealdade de Boaz, não à de Deus. Contudo, o argumento de Sakenfeld sobre a lealdade de Boaz ser uma expressão da lealdade de Deus é válido quando as ações de Boaz são colocadas no contexto literário mais amplo. A bondade de Boaz para com Rute pode ser vista como um trabalho adicional e como cumprimento inicial das orações feitas anteriormente tanto por Noemi (1.8) quanto pelo próprio Boaz (2.12). Por meio da bondade de Boaz a Rute, a resposta positiva de Deus àquelas orações pedindo por bênçãos estava começando a se materializar.
3. O resultado da colheita - Rute de fato permaneceu perto das servas de Boaz. Quando terminou a colheita de cevada — que ocorria do final de março até o final de abril —, Rute ainda continuou trabalhando durante a colheita de trigo, que acontecia do final de abril até o final de maio (Borowski, 1987, p. 88, 91). O significado da declaração final no versículo 23 é incerto. O texto hebraico diz literalmente “e ela morou com sua sogra”. Isso pode significar que ela morou com sua sogra enquanto trabalhou durante a colheita. Em outras palavras, ela trabalhava durante o dia e, então, voltava para a casa de Noemi todas as noites, tal como o capítulo 2 descreve no seu primeiro dia de colheita. Outros entendem que a declaração significa que, assim que a colheita terminou, ela permaneceu em casa todos os dias com Noemi e não saiu mais à procura de trabalho (veja, p. ex., Bush, 1996a, p. 140). Seja como for, está claro que Rute permaneceu dedicada a Noemi.
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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2.
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BIBLIOGRAFIA
Bíblia Almeida Século 21
Bíblia de estudo das Profecias
Livro de Apoio, O Deus que governa o mundo e cuida da família - Pr. Silas Queiroz, Editora CPAD.
Livro A Vida de Rute, Suzane S. J. Moreira - Ed. CPAD
Livro A História de Rute, Robert B. Chisholm Jr - Ed. Cultura Cristã
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