Pb. Junio - Congregação Boa Vista II |
TEXTO ÁUREO
"Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo quanto quer o inclina." (Pv 21.1)
VERDADE PRÁTICA
Devemos reconhecer as autoridades humanas, mas não podemos atribuir-lhes um poder acima do que elas têm. Há um Deus no céu.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Ester 7. 1-10
INTRODUÇÃO
Inicie esta lição falando sobre a importância de se aproveitar a oportunidade, na hora certa. Ester já havia deixado o rei curioso, pois desafiara as leis dos medos e persas, alcançou o favor do rei e ainda não apresentara seu pedido. Mas, no momento exato, ela surpreendeu tanto o rei como Hamã, que era convidado para o banquete, onde seu próprio ardil seria desmascarado. Na oportunidade, Ester revelou sua etnia e pediu por sua vida e pela vida do seu povo, pois estavam condenados ao extermínio, pela sanha maligna do mau Hamã. Ela soube aproveitar o momento exato para fazer sua petição.
I. O BANQUETE E ADENÚNCIA
1. A instabilidade de Hamã - O envolvimento de Zeres na situação afetiva do seu marido sugere que este casamento ia muito além do que o de Ester com o rei jamais poderia ir, e intensifica a tragédia do que deve seguir-se. Agora que tudo está dando errado para Hamã, os seus conselheiros pessoais dão a aparência de não terem nada a ver com o método de ação que Hama havia seguido. Se Mardoqueu ou Mordecai é da descendência dos judeus dá a entender que eles não conheciam este detalhe, enquanto que Hamã havia chamado de “judeu Mardoqueu ou Mordecai (5:13). Este é apenas o primeiro passo para isolar Hamã, agora que ele está em dificuldades. Já começaste a cair não prevalecerás contra ele certamente cairás diante dele. Por trás deste frio consolo parece estar uma sabedoria folclórica comumente aceita, talvez proverbial.
A maneira pela qual o povo judeu havia sobrevivido a deportações e preservado a sua identidade não passara despercebida, e este fato por si mesmo testificava acerca do poder de seu DEUS (cf. Êx 38.23). A libertação do indivíduo, Mardoqueu ou Mordecai, da maneira como acontecia, precisava ser vista como parte desse propósito mais amplo de DEUS de dar glória ao Seu próprio nome e estabelecer o Seu reino.A continua sobrevivência dos judeus até aos dias de hoje também é um testemunho contínuo para o mundo de que o Senhor é grande, “além das fronteiras de Israel”
2. O banquete do vinho - O tema do vinho costuma causar muita discussão e polêmica, fomentadas especialmente pelos que querem justificar o uso da bebida. O exame das Escrituras garante uma posição de equilíbrio. Não se pode negar que o Antigo Testamento tenha muitos casos de uso do vinho embriagante, inclusive no contexto judaico. No texto em apreço, o contexto é o reino da Pérsia, em que, assim como nos demais reinos pagãos de toda a história, o uso do vinho era comum, principalmente nas festas e banquetes. Não somente as uvas, mas também romãs, maçãs, tâmaras, cevada e trigo eram usados para fazer bebidas alcoólicas em todo o mundo bíblico (Yamauchi e Wilson, 2020, p. 313).
O Vinho entre os Judeus Embora não houvesse proibição rigorosa para o uso do vinho pelos judeus (Ne 5.18), o Antigo Testamento é enfático quanto aos terríveis males da bebida, como acentua o Comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal (p. 242): Em vários lugares o AT condena o uso de yayin e shekar como bebidas fermentadas. (1) A Bíblia descreve os maus efeitos do vinho embriagante na história de Noé (Gn 9.20-27). Ele plantou uma vinha, fez a vindima, fez vinho embriagante de uva e bebeu. Isso o levou à embriaguez, à imodéstia, à indiscrição e à tragédia familiar em forma de uma maldição imposta sobre Canaã. Nos tempos de Abraão, o vinho embriagante contribuiu para o incesto que resultou em gravidez nas filhas de Ló (Gn 19.31-38). (2) Devido ao potencial das bebidas alcoólicas para corromper, Deus ordenou que todos os sacerdotes de Israel se abstivessem de vinho e doutras bebidas fermentadas, durante sua vida ministerial. Deus considerava a violação desse mandamento suficientemente grave para motivar a pena de morte para o sacerdote que a cometesse (Lv 10.9-11). (3) Deus também revelou a sua vontade a respeito do vinho e das bebidas fermentadas ao fazer da abstinência uma exigência para todos que fizessem voto de nazireado […]. (4) Salomão, na sabedoria que Deus lhe deu, escreveu: “O vinho é escarnecedor e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio”.
No caso dos sacerdotes, as Escrituras demonstram que a total abstinência do vinho visava estabelecer uma clara distinção entre o santo e o profano e servir de ensino aos israelitas (Lv 10.8,9). A alusão ao vinho como algo impuro ou profano é uma mensagem absolutamente contundente sobre a incompatibilidade da bebida alcoólica para quem deseja agradar a Deus e servi-lo com fidelidade.
3. "Qual é a tua petição?" - Hamã ainda estava se recuperando da humilhação sofrida quando chegaram os mensageiros do rei chamando-o para o banquete com Assuero e Ester Os persas eram conhecidos por seus banquetes fabulosos, frívolos e desregrados. E Hamã presumia que aquele teria um desfecho inusitado. Desde que se apresentou ao rei e alcançou o seu favor, Ester estava protelando o pedido que lhe faria, na intenção de só fazê-lo quando o momento fosse extremamente favorável.
A força moral de Ester certamente vinha do fato de ela ter sido criada em obediência e temor. Em tempos nos quais tanto se critica o obedecer a regras, é preciso considerar que não há crescimento moral sem disciplina; não se forja o caráter sem ela, muito menos se constrói uma estrutura emocional forte, e isso se aplica a todos. A mulher virtuosa de Provérbios 31 tinha todo um rol de qualificativos, sendo a maioria deles voltado para o cumprimento dos seus deveres (Pv 31.12-24), o que fez dela uma mulher forte, que sabia “[abrir] a boca com sabedoria” sem perder a compostura (Pv 31.26). Ester foi essa mulher, que não titubeou no momento de denunciar ao mau Hamã.
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II. A FÚRIA DO REI CONTRA A INJUSTIÇA
1. A revelação do plano - “Porque fomos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e aniquilarem de vez; se ainda como servos e como servas nos tivessem vendido, calar-me-ia, porque o inimigo não merece que eu moleste o rei.”
Após a introdução comum para o ambiente palaciano, o pedido de Ester é dramático e sucinto, talvez refletindo o seu nervosismo e aflição. Ester não somente desmascara Hama, mas também revela a sua própria etnia, identificando-se com o seu povo. “Fomos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, mata rem e aniquilarem de vez; se ainda como servos e como servas nos ti vessem vendido, calar-me-ia, por que o inimigo não merece que eu moleste o rei” (Et 7.4). Essas palavras se referem à oferta de Hamã de dar ao rei dez mil talentos de prata para pagar as despesas de execução da comunidade judaica, persuadindo-o, assim, a dar sua permissão para o inominável ato que seria praticado.Se a comunidade judaica tivesse sido vendida à escravidão, o rei teria perdido seus serviços, ou seja, sofreriam considerável perda. Tal perda seria maior que a perda que os judeus sofreriam por tornarem-se escravos, todavia tendo uma vida preservada, o que já seria muito mal. Mas quando estava em jogo a morte de uma comunidade inteira, ela precisou fazer o que estava ao seu alcance para intervir.
2. Quem fez isso? - (Et 7.6) “Respondeu Ester: O adversário e inimigo é este mau Hamã. Então, Hamã se perturbou perante o rei e a rainha.”
Da maneira como Ester colocou a situação, Hamã é um traidor do rei tanto quanto inimigo dos judeus. Enquanto aponta para este mau Hamã, ela sente o seu triunfo e nota a perturbação de Hamã. O adversário, inimigo dos judeus e do rei, era aquele “ímpio Hamã, senta do ali”, segundo Ester, apontando o dedo para o traidor. Hamã caiu em terror, trêmulo e apavorado.As palavras de Ester ao rei tinham aberto os olhos dele também, porque ele não conhecia a nacionalidade de Ester. A com preensão de que, inadvertidamente, ele ameaçara a vida da rainha era um golpe mortal sobre a sua humilhação anterior. Ela, por sua parte, revelou que era judia, mas ainda não sabia como o rei receberia esta informação. Só que, no momento a revelação de Ester caiu como uma bomba e, furioso, o rei abandonou a cena do banquete e saiu para o jardim do palácio. Provavelmente, chamaria guardas para aprisionar Hamã, pois a justiça era rápida naqueles dias. Talvez o rei tivesse saído envergonha do lugar, pois ele havia sido enga nado pelo primeiro-ministro. Hamã sentiu que não sobreviveria àquela noite. “Então Hamã se perturbou perante o rei e a rainha” (Et 7.6b).
3. A terrível reação do rei - O livro de Ester nos mostra como um grande monarca mudou totalmente de atitude sob a ação do Deus que controla o Universo. O que aconteceu com Assuero para que mudasse completamente, reprovando a atitude que ele próprio havia tomado? “Deus pode mover o coração de um rei e de toda uma nação. Tem poder para derrubar a antes impenetrável Cortina de Ferro” (Swindoll, p. 157). Como escreveu Salomão: “O coração do rei é como canais de águas controladas pelo SENHOR; ele os conduz para onde quer” (Pv 21.1, NVT).
Às vezes, nós mesmos nos desconhecemos em certos momentos. (Já vivi algumas experiências assim, nas quais recebi autoridade para confrontar pessoas hostis, que pretendiam grotescamente intimidar-me. Depois, eu mesmo não entendi como pude ter reagido com tanta autoridade, a ponto de calar o agressor. O que não podemos fazer é agir por nós mesmos. Seguir a direção de Deus sempre: é isso que precisamos fazer. Em certas horas, é o Espírito que nos capacita para falar. Em muitas outras, simplesmente nos faz calar. Nessas ocasiões, a vitória está no silêncio, e não no timbre da voz).
É claro da circunstância que essa não era a intenção de Hamã, mas Assuero permitiu-se fazer essa inferência diante da cena. Houve uma grave quebra de protocolo.
Walton, Matthews e Chavalas (2018, p. 636) explicam:
Os persas costumavam reclinar-se em divãs enquanto tomavam as refeições. Hamã, desesperado, violou um rígido protocolo que estabelecia regras para qualquer pessoa que se aproximasse da rainha. Se alguém fosse encontrado no mesmo divã em que um membro do harém estivesse reclinado, as consequências seriam terríveis. Na Assíria do século 11, o protocolo estabelecia que as pessoas deveriam manter a distância mínima de sete passos de um membro do harém.
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III. O GRANDE LIVRAMENTO
1. A história da forca chegou ao palácio - “Então, disse Harbona, um dos eunucos que serviam o rei: Eis que existe junto à casa de Hamã a forca de cinquenta côvados de altura que ele preparou para Mardoqueu ou Mordecai, que falara em defesa do rei. Então, disse o rei: Enforcai-o nela.”
Harbona revela a sincera opinião a respeito de Hamã, corrente entre os eunucos do rei, quando chama a atenção para a forca preparada para a execução do homem responsável por ter salvado a vida do rei. O rei aproveitou-se da sugestão implícita. Há uma certa ironia na exata elaboração de justiça, pois Hamã viu “o feitiço voltar-se contra o feiticeiro”. Como o rei foi rápido em sua decisão, o período de vida de Hamã definitivamente tinha terminado.Harbona sugeriu não somente um meio de execução imediata de Hamã, mas confirmou a justiça dessa decisão ao ressaltar que Hamã tivera a intenção de enforcar Mardoqueu ou Mordecai, o homem que salvara a vida do rei. Tal sugestão pareceu ao rei como justiça ideal, e o destino de Hama estava definido.
3. Enforcamento (Et 7.10)
“Enforcaram, pois, Hama na forca que ele tinha preparado para Mardoqueu ou Mordecai. Então, o furor do rei se aplacou.”
Além de conspirar contra o povo da rainha e abordá-la de modo inapropriado, Hamã também planejou matar Mardoqueu ou Mordecai um servo fiel que havia frustrado uma conspiração para assassinar o rel. Assim, o rei considerou Hamã um traidor. A execução de Hamã na forca preparada por ele para Mardoqueu ou Mordecai é, sem dúvida. mais uma das impressionantes histórias do livro de Ester.
2. Os ventos mudaram - Ora, até aquele dia, à exceção de Mardoqueu, todos os servos de Assuero inclinavam-se e prostravam-se diante de Hamã. Mais do que isso: na hora de denunciarem a Mardoqueu ao agagita, mostraram-se contra o judeu, já que esperavam ver a reação de Hamã em seu desfavor. A radical mudança, com os servos do rei agora engajados na rápida execução do então primeiro-ministro, revela mais uma das muitas patologias do poder: a falsa estabilidade dos grandes. Não é incomum homens de altas posições perderem tudo de um dia para o outro e passarem a ser ignorados ou até hostilizados por quem antes os bajulava.
Essa é uma doença de caráter. Os subordinados devem respeitar os seus líderes, agindo com obediência, sem, contudo, tornarem-se subservientes. O líder precisa ter serenidade e equilíbrio para construir uma liderança saudável, com pessoas leais, servas, porém não servis ou condescendentes em demasia. Há um exemplo bíblico, de Davi, que uma vez desejou beber água do poço de Belém (1 Cr 11.17-19). O problema era que, para chegar àquela fonte, era preciso arriscar a vida, passando pelo arraial dos filisteus. Três dos seus valentes, ao ouvir o rei expressar o seu desejo, decidiram arriscar-se. Quando Davi viu-os chegar, não quis beber a água. Derramou-a “como oferta a Deus”, e disse: “Ó Deus, eu não poderia beber desta água! Isso seria o mesmo que beber o sangue destes homens que arriscaram a sua vida para trazê-la!” (1 Cr. 11.19, NTLH). Há certas atitudes que são justas e válidas para agradar ao líder. Outras, contudo, são extravagantes e desnecessárias, devendo ser repelidas, para não criar uma horda de subservientes.
Provavelmente, ele havia construído relacionamentos com base no medo, com ameaças e abuso de poder. Atitudes tirânicas subsistem enquanto a autoridade está na posição de comando, com uma base de sustentação que lhe permite equilibrar-se. Se essa base ruir, ninguém estende a mão para segurá-lo; pelo contrário! Bastou uma oportunidade para um dos oficiais do rei ter a iniciativa de sugerir a execução de Hamã, informando Assuero da forca preparada para Mardoqueu. Em ambientes de poder, às vezes impera certo sistema de conveniência.
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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2.
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BIBLIOGRAFIA
Bíblia Almeida Século 21
Bíblia de estudo das Profecias
Livro de Apoio, O Deus que governa o mundo e cuida da família - Pr. Silas Queiroz, Editora CPAD.
Livro: Ester: Introdução e comentário. (Baidwin, Joyce G. Serie Cultura Cristã. SP Vida Nova
Livro: Ester: introdução e comentário. Série Cultura Bíblica. (Beitwin, Joyce G. São Paulo: Vila Nova, 2011, 82).
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