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sexta-feira, 5 de maio de 2023

LIÇÃO 07 - O RELACIONAMENTO ENTRE NORA E SOGRA.

Pb. Junio - Congregação Boa Vista II

 


                        TEXTO ÁUREO

"Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus."  ( Rt 1.16)


                    VERDADE PRÁTICA

A fé exalta o amor familiar e, mais especificamente, o respeito e a honra entre nora e sogra, bem como genro e sogro.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Rute 1. 1-5, 8, 12-14


                                            INTRODUÇÃO

O livro mostra como o Senhor sustentou duas viúvas necessitadas, Noemi e Rute. Noemi tinha perdido seu marido e ambos os filhos quando vivia em Moabe. Quando voltou a Belém, era uma mulher amargurada e empobrecida, com pouca esperança, se é que tinha alguma. Mas o Senhor mudou a situação dela e tirou-a da aflição.   Ele realizou essa obra por intermédio de duas pessoas, Rute e Boaz, que desejavam seguir os princípios divinos de fidelidade e bondade. Assim, ao nos mostrar a preocupação de Deus com os que necessitam de socorro, o livro também nos lembra de que, em muitos casos, Deus supre as necessidades dessas pessoas por meio daqueles que desejam fazer o que é justo e querem se sacrificar pelo bem de outros.  Um segundo tema importante do livro poderia ser expresso da seguinte maneira: Deus recompensa a fidelidade daqueles que se comprometeram em relacionamentos concedidos por ele. O salmo 18.25 diz: “Para com o benigno, benigno te (referindo-se ao Senhor) mostras; com o íntegro, também íntegro”.  O livro de Rute ilustra essa verdade. Por duas vezes, a palavra hebraica bondade, amor fiel, devoção, compromisso, fidelidade”, é usada no livro de Rute. Em Rute 1.8, Noemi diz às suas noras: “… o Senhor use convosco de benevolência, como vós usastes com os que morreram e comigo”. Rute já tinha se dedicado a Noemi e sua família quando estavam em Moabe, mesmo antes de fazer o voto solene que está registrado em 1.16-17. Mais tarde, Boaz diz a Rute em 3.10: “Bendita sejas tu do Senhor, minha filha; melhor fizeste a tua última benevolência que a primeira”. Amor é também uma palavra que caracteriza Rute. Em 4.15, as mulheres da cidade, comovidas com o nascimento de Obede, disseram a Noemi: “pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela é melhor do que sete filhos”. Deus mostrou a Rute o mesmo compromisso e devoção que ela tinha mostrado a outros. Ele lhe deu um marido, a capacidade de gerar um filho e um descendente notável.

Nesse drama se destaca a tenacidade de Rute, nora de Noemi, que foi capaz de superar as dificuldades com atitudes de fé, inteligência, lealdade, persistência e esperança. As atitudes de Rute são um exemplo para o relacionamento sadio e amoroso dentro da família. Sua história exemplifica a perseverança para o trabalho em busca do suprimento das necessidades básicas de subsistência física, mas, acima de tudo, uma mulher que aprendeu a confiar no Deus de sua sogra, Noemi, mesmo sendo uma estrangeira. É a história de uma nora cujo coração não só respeitava a sua sogra, mas que foi capaz de enfrentar a crise da escassez de alimentos com inteligência e disposição.

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            I.    A CRISE ECONÔMICA NA TERRA DA JUDÉIA

1.   A escassez que provocou fome na " casa de pão" (Rt 1.1)    -   Um tempo em que a fome castigou a cidade de Belém (1.1)

Belém, a terra que manava leite e mel, está desolada.    O livro de Rute fala da saga de uma família que vivia na cidade de Belém (Beth = casa, lehem = pão), a Casa do Pão, onde um dia faltou pão. A cidade deixou de ser um celeiro para ser um lugar de desespero e fome. A Casa do Pão estava com as prateleiras vazias, com os fornos frios e sem nenhuma provisão. Belém era uma mentira, um engano, uma negação de si mesma.   Quando a crise chega, ela atinge a todos, pobres e ricos, homens e mulheres. Elimeleque era um homem abastado, tinha terras e bens. Contudo, a crise o atingiu, a fome também chegou a sua casa.  A fome não era apenas uma casualidade, nem mesmo resultado de uma tragédia natural. A seca que devastou os campos, que fez mirrar a semente no ventre da terra, que cortou das despensas a provisão e levou para as mesas o espectro da fome, era um juízo de Deus à desobediência (Lv 26.19,20; Dt 28.23,24; 2Sm 24.13,14; Ez 5.16; Am 4.6,7).   O tempo dos juízes experimentou o juízo de Deus. Os inimigos que vinham e devastavam os campos e saqueavam seus bens e riquezas eram instrumentos do juízo de Deus ao Seu povo rebelde. A aliança de Deus encerrava bênçãos e maldições. A obediência produz vida, mas a rebeldia gera a morte. A fome era a vara da disciplina de Deus. A fome foi também a causa que levou Elimeleque a descer a Moabe, foi a causa que levou Abraão e Jacó ao Egito, foi a causa que levou Isaque a Gerar e o próprio Jesus a ser tentado no deserto.   Walter Baxendale diz que o pecado tirou os anjos do céu Adão do paraíso e privou milhares de israelitas da Terra Prometida. Agora, priva Israel de pão. Porque o povo apartou-se da Sua lei, Deus suspendeu a provisão. O juízo nacional enviado sobre a nação afetou a história individual dessa família.     Um tempo em que a fuga pareceu o único recurso para a crise (1.1)   A crise é uma encruzilhada, onde precisamos inevitavelmente tomar uma decisão. Uns colocam os pés na estrada na vitória, outros avançam pelos atalhos da fuga e do fracasso.  Elimeleque, Noemi, Malom e Quiliom escolheram fugir, em vez de enfrentar a crise. Eles apostaram que a crise era irremediável e que o caminho da fuga era a única rota de escape. Contudo, fugir nem sempre é a alternativa mais segura e sensata. Na hora da crise, devemos olhar para Deus, em vez de mirarmos apenas as circunstâncias.   Quando somos encurralados pelas circunstâncias adversas, precisamos acreditar que Deus está acima e no controle delas.  Em um tempo de fome, Abraão fugiu para o Egito e ali quase acabou com o seu casamento. Na mesma situação, Isaque foi tentado a descer ao Egito, mas Deus lhe ordenou: “Não desças ao Egito”. O enfrentamento da crise é melhor do que a fuga. Fugir não é uma escolha segura. Na crise, precisamos buscar o abrigo das asas do Onipotente, em vez de buscar falsos refúgios.

     2.    A crise de uma família (Rt 1. 1-3)   -   Um tempo em que as crises se agigantaram (1.3-5)

A fuga de Belém para Moabe foi marcada por muitos desastres na família de Elimeleque. Buscar refúgio fora da vontade de Deus é um consumado engano. Eles foram para Moabe em busca de sobrevivência e encontraram a morte. Eles foram buscar pão e encontraram a doença. Eles foram buscar vida e encontraram uma sepultura. A terra estrangeira não lhes deu segurança, mas um enterro.     Que tipo de crise aquela família enfrentou em Moabe?     Em primeiro lugar, a enfermidade. A doença é pior do que a escassez de pão. Eles saíram por causa da fome, mas não puderam fugir da doença. Elimeleque liderou sua família rumo a Moabe para fugir da fome, mas não conseguiu livrar sua família dos tentáculos da enfermidade.   Em segundo lugar, a morte. Elimeleque tombou em terra estrangeira. Ele morreu e deixou sua família órfã em terra estranha. A dor do luto é mais aguda do que a dor da pobreza. A escassez é menos dolorosa do que a morte. Dez anos se passaram. Malom e Quiliom casam-se em Moabe, e novamente uma luz de esperança volta a brilhar no caminho daquela família imigrante. A morte, porém, volta a rondar aquela família já marcada pelo sofrimento. De súbito, sem qualquer explicação, a vida jovem de Malom e Quiliom é ceifada em terra estrangeira. Noemi perdeu tudo: sua terra, seu marido, seus filhos, seus sonhos. Ela está velha, viúva, pobre, sem filhos, em terra estrangeira.   Ela não tem filhos nem descendentes. Sua semente vai ser cortada da terra. Sua memória vai se apagar, e ela, então, passa a alimentar-se de absinto. Ela introjeta uma amargura existencial assoladora na alma. Chega mesmo a mudar de nome. Não quer mais ser chamada de Noemi, mas de Mara, que significa amargura (1.20).   Em terceiro lugar, a viuvez. O livro de Rute é um drama que fala da história de três mulheres que ficaram viúvas, pobres, desamparadas e sem filhos. A matriarca Noemi perdeu não apenas o marido, mas também os filhos, e isso em terra estrangeira. Para ela, o futuro havia fechado as cortinas. A esperança fora enterrada na cova dos seus próprios mortos.   Em quarto lugar, a revolta contra Deus. Noemi, embora fosse uma mulher crente, cuja fé foi mantida intacta no Deus de Israel em terra paga, desenvolveu uma teologia errada acerca da providência divina. Ela passou a olhar para a vida com os óculos do pessimismo. Ela não acreditava no acaso nem no determinismo cego. Sua teologia, porém, estava errada, pois pensou que Deus estava descarregando sobre ela o Seu juízo. Ela deixou de ver um plano mais elevado e um propósito mais sublime no meio da tragédia (1.20,21).

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                        II.   SUPERANDO AS CRISES EXISTENCIAIS

1.   Noemi decide voltar à sua terra (Rt 1. 6-8)   -    Espalharam-se as notícias de que a fome terminara em Belém de Judá. E assim, nada tendo em Moabe, não havia razão para Noemi não retornar à sua terra natal. Suas raízes a estavam chamando. São necessárias razões muito poderosas para ‘uma pessoa não dar ouvidos a esse tipo de chamado. Noemi estava ouvindo e obedeceu. Outrossim, ela não gostava muito de Moabe e de sua crassa idolatria. Acresça-se que Moabe se tinha tornado para ela um lugar de retrocesso e tragédia, ao passo que Belém representava memórias muito agradáveis e gratas.   Então. A introdução havia terminado. E agora a narrativa propriamente dita começava. E isso com outra viagem de Noemi, de volta a Belém de Judá. Voltar para casa estava em seu coração, e logo ela passaria a agir nesse sentido. Deus tinha “visitado” Belém com um período de fome, que os antigos geralmente tomavam como prova de que havia em andamento um juízo divino; mas agora Ele também havia “visitado” o Seu povo com abundância de víveres, um ato benévolo da Providência divina. Ver em Êxo. 20.5 e Amós 3.2 a fome como uma expressão de julgamento divino; e ver em Êxo. 4.31; Jer. 29.10 e Sal. 84 a abundância de alimentos como uma expressão de bênção divina.   Diante de nós temos uma narrativa. De fato, trata-se de uma das mais belas histórias breves de todos os tempos. Cinquenta e nove dos oitenta e quatro versículos do livro contêm diálogos, a começar pelo oitavo versículo. A narrativa na terceira pessoa muda para conversação. As chuvas tinham preparado o caminho para a abundância, e Noemi agora se encaminhava para a abundância, em todos os sentidos da palavra.   De volta para a terra de Judá. “Retornar” é a ideia-chave aqui. Deus sempre abre diante de nós boas reversões, por meio das quais podemos prosperar. Falamos em reversões da sorte. Na realidade, porém, a vontade divina manifesta- se nas boas reversões. Nada acontece por mero acaso. Ver no Dicionário os artigos chamados Providência de Deus e Teísmo.   Parecia que o retorno aplicar-se-ia somente a Noemi, mas a vontade de Deus promoveu um plano mais amplo. Na verdade, o que estava prestes a ocorrer era a viagem de Rute para Belém, que teria repercussões históricas e proféticas. Algumas vezes, o arrependimento é um retorno; mas nesse caso o retorno consistiu em seguir ativamente a vontade de Deus. Vamos e voltamos, sempre de acordo com a vontade de Deus. Parece que tanto Orfa quanto Rute acompanharam Noemi por alguma distância. Mas parecia que a acompanhariam somente por uma parle do caminho. Rute, entretanto, continuou a acompanhá-la, o que constituiu uma surpresa para Noemi, uma reversão da decisão inicial. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! Orfa só foi até a fronteira que separava os territórios de Moabe e Judá. Mas o destino de Rute ficava para além daquela fronteira.   Noemi, uma boa sogra, tinha obtido o afeto leal de suas duas noras. Como é óbvio (ver o décimo versiculo), até mesmo Orfa tencionava ir para Judá; mas Noemi convenceu-a a ficar em Moabe, juntamente com seu povo. Por sua parte, Rute não conseguiu ser convencida a voltar para seu povo. Seu coração já lhe estava falando sobre um Novo Dia, que esperava por ela na estrangeira terra de Judá.   Voltai cada uma à casa de sua mãe. Seria apenas natural pensar que uma “mãe” estava esperando por Orfa, e outra “mãe” estava esperando por Rute. Ambas, sem dúvida, seriam bem acolhidas na casa de seus pais. Ali teriam um suprimento natural de tudo o que poderiam precisar, e não sofreriam necessidade alguma. O Senhor (Yahweh) sem dúvida abençoaria a ambas, cada qual na casa de seu pai; e Noemi seria abençoada em Belém. As localizações geográficas não podem impedir as Bênçãos de Deus, embora, algumas vezes, possam facilitá-las. Noemi estava pensando “racionalmente”. No caso de Orfa, Noemi estava certa. No caso de Rute, porém, a vontade de Deus tinha algo diferente em vista, que as racionalizações de Noemi não poderiam perscrutar. O trecho de Rute 2.11 mos-tra-nos que pelo menos ainda vivia o pai de Rute. Sem dúvida ele gostaria muito de acolher em sua casa a filha viúva. Por outro lado, Deus é o Pai Supremo, que cuida das pessoas melhor do que os mortais. Rute, pois, dirigiu-se com passos firmes ao seu destino.    “O amor de Noemi não era egoísta. A companhia de Rute e de Orfa, sem dúvida alguma, teria sido um grande consolo para ela. Contudo, não queria que elas se sacrificassem por sua causa. Ambas tinham Mãe e um lar. Talvez Noemi não conseguisse garantir um lar para elas em Belém” (Ellicott, in loc.). Noemi estava pensando em termos de um novo casamento para as duas mulheres moabitas; e, naturalmente, as duas mulheres moabitas teriam melhores chances de casarem-se de novo em Moabe, e não em Israel, onde esse casamento misto seria desencorajado, se não mesmo abertamente condenado.   O Senhor use convosco de benevolência. A vontade de Deus, segundo se esperava, era benévola (no hebraico, hesed), porquanto “Deus amou o mundo de tal maneira” (João 3.16). As duas noras de Noemi sem dúvida eram merecedoras da benevolência divina. E, assim sendo, Noemi garantiu que ELAS deveriam procurar essa benevolência entre a sua própria gente. A bondade de Deus não se limita a fronteiras nacionais. O Pacto Abraâmico envolve todos os povos, especialmente depois que foi universalizado em Cristo. Quanto ao Pacto Abraâmico, ver as notas expositivas em Gên. 15.18.

2.   Rute conhece o Deus de sua sogra (Rt 1.16)    -    A devoção e a lealdade de Rute para com Noemi foram juradas em nome do Deus de Israel: cuidar da sogra e ter total lealdade com ela, reconhecendo, por esse modo, que o Deus de Noemi seria também o seu Deus. E Rute declarou a Noemi: “o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16). Rute recusa-se a deixá-la e reafirma sua determinação de ir aonde Noemi for e de permanecer onde Noemi permanecer. No mesmo texto, ela diz a Noemi: “onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu”.   Essa declaração de Rute para sua sogra era mais que um gesto de amor; era a sua alma apegada com a alma de Noemi. Sua convivência com Noemi a levou a conhecer o Deus de Noemi. A despeito de todos os sofrimentos e necessidades vividos dentro daquela família, Rute descobriu que o Deus de sua sogra era o Deus que é Espírito e Verdade e que supre as necessidades dos seus servos.   Rute se apegou à sua sogra Noemi não só pelos laços familiares, mas também pela fé que Noemi ainda tinha para com o seu Deus. Noemi dava o exemplo de uma mulher temente a Deus que confiava no seu poder de providência.

3.   Unidas contra a crise   -    Dedicação Total: Rute não conseguia separar-se de Noemi. Esse impulso vinha de dentro dela, de sua própria alma, visto que o destino dela estava em jogo, e esse destino dependia de sua ida para Belém de Judá. Ela estava destinada a tornar-se a bisavó do rei Davi, e uma das antepassadas de Jesus, o Cristo. Isso não poderia tornar-se uma realidade se ela voltasse, juntamente com Orfa, para a terra dos moabitas.    Elementos da Dedicação:   Insistências contrárias ao destino que começava a descortinar-se tinham de parar imediatamente, antes que impedissem Rute de cumprir o propósito que a estava chamando desde o fundo do coração. Algumas vezes é melhor confiar no coração do que na mente.   Rute tinha de seguir Noemi, a qual estava avançando na direção em que o destino dela a guiava. Continuamos a avançar quando não parece haver outra saída senão continuar avançando.    Similaridade de localização geográfica precisava ser conseguida, para que o propósito tivesse cumprimento. Havia um “lugar certo” para que o drama futuro começasse a acontecer.    O povo de Noemi teria de ser o povo de Rute. Como Rute poderia vir a ser a bisavó de Davi, o rei, se não fosse viver em Belém? Somente ali ela poderia participar da comunidade que haveria de produzir, finalmente, o rei, e então, o Rei Messias.   Embora a morte haveria de separar as duas, chegado o tempo de Noemi morrer, o propósito já teria operado na vida de Rute, quando isso acontecesse. Não fica claro se Rute já tinha recebido ou não a noção da imortalidade. Esse conceito, de modo geral, só começou a ser aceito em Israel quando do período intermediário entre o Antigo e o Novo Testamento. Mas figura com clareza nos Salmos e nos Profetas, pois foi então que o conceito passou a crescer em Israel. O trecho de Ezequiel 32.21-30 dá a entender que cada nação tem o seu próprio lugar no sheol, e, nesse caso, mesmo naquele lugar espiritual continuaria a identificação de Rute com Israel. Porém, é duvidoso que a declaração feita aqui por Rute queira dar a entender qualquer coisa dessa natureza.   Invocação de alguma espécie de juízo se o intuito divino não se cumprisse. “A decisão de Rute era tão definitiva que incluía referência à morte e ao sepultamento. Ela ficaria com Noemi até a morte e mais além. A fim de selar a qualidade de sua decisão, Rute invocou o julgamento, da parte do Deus de Israel, se ela viesse a trair seu compromisso de lealdade para com a sua sogra” (John W. Reed, in loc).   Uma nova fé religiosa, com o consequente abandono dos antigos caminhos e sua idolatria, tornaria possível o cumprimento de todas as provisões do compromisso assumido.   “Nunca antes se fizera uma tão perfeita rendição de sentimentos amigáveis para com um amigo” (Adam Clarke, in loc). Rute não abandonou Noemi; antes, continuou a segui-la; alegremente abandonou seu próprio país e seu próprio povo, e com idêntico júbilo adotou um novo povo. A resolução dela foi mais forte do que a própria morte.   Uma Lição Inesquecível. Um elemento conspícuo desses dois versículos não deveria jamais ser negligenciado. Rute sabia, lá em sua própria alma, o que o seu destino requeria dela. Essa convicção interior e esse conhecimento foram capazes de derrotar os argumentos de sua sogra, que insistia em que ela seguisse um curso “lógico”, o qual, contudo, lhe era prejudicial.



                    III.  FÉ E TRABALHO NUMA NOVA PERSPECTIVA

1.   A chegada à terra do pão (Rt 1.19)    -   Não é esta Noemi? Todos se surpreenderam ao ver Noemi de volta a Israel. A chegada dela fez a cidade inteira comentar, como se fossem um enxame de abelhas, o que é sugerido pela palavra onomatopéica que aparece no texto hebraico. Cf. I Sam. 4.5; I Reis 1.45; Miq. 2.12 quanto a outros usos dessa mesma palavra. O som da palavra hebraica é hoom, muito parecida com o vocábulo inglês hum, “zumbido”. Essa palavra veio a ser empregada para indicar qualquer tipo de ruído, clamor ou agitação.   A viagem era de apenas oitenta quilômetros; mas era necessário vadear ou de outro modo atravessar os rios Amom e Jordão. Os judaítas não tinham certeza se a mulher que viam era mesmo Noemi. Os anos e a viagem a tinham abatido, em suas forças e em sua aparência. As mulheres judias é que fizeram as observações registradas neste versículo, visto que, no original hebraico, o verbo é feminino, uma característica bastante rara nas linguagens.   Sem dúvida, Belém era uma minúscula aldeia, pelo que todos conheciam Noemi. Aben Ezra observou que tanto Elimeleque quanto Noemi tinham sido cidadãos destacados de Belém; mas o próprio texto sagrado não diz isso, e o ponto é impossível de determinar.

2.   Recuperando a autoestima (Rt 1. 15-18)   -   A devoção de R ute, 1.15-18

Noemi pediu mais uma vez para que Rute voltasse, mas a jovem permaneceu firme.

Sua resposta é uma das mais memoráveis promessas de devoção e amor encontradas em toda a literatura: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça assim o Senhor e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti (16,17).    Esta terna amizade humana é similar à de Davi e Jônatas (1 Sm 20.17,41) e à de Cristo e os apóstolos (Jo 15.9,15). Além disso, é o reflexo de uma firme decisão religiosa. Rute estava determinada a abandonar os deuses de Moabe e tornar-se seguidora do Deus de Israel juntamente com Noemi. Ela viu alguma coisa nas vidas e na fé daqueles israelitas que fez com que ela se aproximasse não apenas deles, mas também do Senhor Jeová.   O fato de Rute ser recebida na situação em que estava pode indicar que as restrições divinas contra os descendentes de Moabe haviam sido removidas (Dt 23.3) ou que tais restrições se aplicavam apenas aos moabitas do sexo masculino.   “A grande escolha de Rute” é resumida nos versículos 14 a 18 num retrato preciso da opção que uma pessoa faz quando se torna um cristão. Ela foi (1) uma escolha de convicção, e não de emoção, conforme se vê no contraste com Orfa (v. 14); (2) uma escolha feita apesar de todas as dificuldades (veja w. 11-13); (3) a escolha em favor de um povo (v. 16); (4) a escolha de um objeto supremo de devoção (v. 16); (5) uma escolha sem opção de voltar atrás (w. 17,18).

3.    A honra do trabalho no campo de Boaz (Rt 2. 8-17)    -    Boaz conversa com Rute, 2.8-13

Boaz conversou com Rute e a instruiu para que ficasse perto das moças cujo trabalho era juntar o feixe de espigas depois de os segadores terem tirado os grãos. A expressão: não ouves, filha minha? (8) sugere que Boaz era mais velho que Rute. Ele ordenara aos rapazes que não a molestassem. Ela recebeu permissão para beber água dos vasos trazidos pelos próprios servos de Boaz.    Quando Rute expressou sua surpresa por ser tratada tão generosamente, apesar de sua condição de estrangeira, Boaz respondeu que ele já fora informado da bondade com que Rute tratara sua sogra Noemi desde a morte de seu marido e que, naquele momento, ela deixara seus pais e sua terra natal para habitar entre estrangeiros. Lealdade e fé religiosa sincera são companheiras de toda pessoa de bom raciocínio. O Senhor galardoe o teu feito, disse Boaz, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar (12) – outra indicação do caráter religioso da grande escolha de Rute (cf. comentário de 1.16,17). Ela se tornou uma prosélita judaica.    Rute come com Boaz, 2.14-16     Na hora da refeição do meio do dia, Rute foi convidada por Boaz para comer com ele e seus segadores. A refeição consistiu de trigo tostado e pão molhado no vinagre (14), que pode ter sido vinho amargo ou vinagre de vinho. Levantando-se ela a colher (15) indica que Rute deixou o grupo e voltou à sua tarefa antes de os trabalhadores retornarem ao trabalho. Então Boaz instruiu seus servos para que favorecessem Rute e não fizessem algo que a embaraçasse.


                        IV.    RUTE ENCONTRA O REMIDOR DA FAMÍLIA

1.    Rute descobre o remidor de Noemi (Rt 4. 1-9)   -   O Parente Mais Chegado Nega-se (4.1-8)

O ousado plano de Noemi (terceiro capítulo) que levou Rute a deitar-se ao lado de Boaz, na eira, perto de um monte de grãos já padejados, produziu esplêndidos resultados Rute propôs casamento a Boaz, o qual aceitou de imediato a proposta, pensando que o dever era ser o goel ou parente-remidor.    Além disso, já havia grande amor no coração de Rute e de Boaz, e isso explica por qual motivo, até de maneira ansiosa, Boaz procurou providenciar tudo quanto era mister. Em primeiro lugar, ele precisava entrevistar o parente ainda mais chegado do que ele. Se aquele homem declinasse da oportunidade de redimir Rute e as terras da família (sobre as quais ele se tomaria o proprietário e administrador), então a oportunidade caberia a Boaz.   Por esse exato motivo, Boaz foi até a “porta” da cidade, na esperança de resolver toda a questão diante das autoridades constituídas.   “Essa conclusão (capítulo quarto) da narrativa contrasta lindamente com a triste introdução do livro (ver Rute 1.1-5). Uma profunda tristeza transformava-se rapidamente em uma alegria radiante; o vazio deu margem à fartura” (John W. Reed, in loc.).

2.   Boaz redime Rute, a moabita (Rt 4. 11-13)   -   Todo o povo que estava na porta, e os anciãos, disseram. Todos testificaram acerca da validade daquela transação verbal. Ao que tudo indica, não houve a escrituração de nenhum documento. Mas eles proferiram o que parece ter sido uma bênção padronizada e muito usada, no caso de algum casamento. Eles fizeram Boaz lembrar que as duas matriarcas, Raquel e Lia, tinham edificado a casa de Israel; e então exortaram-no a agir de modo digno em seu próprio lugar, em Belém. A cidade não era a nação inteira de Israel, mas a representava; e era ali que Boaz haveria de constituir família. Ele seguiria a fé de Israel, criaria seus filhos nos caminhos da lei do Senhor, e de outras maneiras diversas haveria de honrar a Deus e à nação de Israel.    A exortação e a bênção enfatizavam o papel desempenhado por Boaz na comunidade e na nação. O que ele fizesse ali seria importante para a nação como um todo. Ninguém é uma ilha, nem vive realmente isolado de seus semelhantes. Se Boaz agisse corretamente, ele se tornaria famoso em Belém e em outros lugares, mesmo distantes, que ouviriam falar de seu nome e aprovariam os seus atos. Na verdade, o nome dele chegou até nós, sendo honrado no Antigo Testamento. Entrementes, o parente mais próximo, que teve a oportunidade de redimir Rute mas a negligenciou, passou para o anonimato, tendo apenas cuidado de seus pequenos e limitados negócios locais.   Os Edificadores de Família. “Eu também observaria que vós, homens, sois similares a casas; vós, pais, sois os construtores das crianças, e elas são os alicerces do edifício” (Plauto, Mostell. Ato 1, sec. 2, vs. 37).

Efrata. Era um nome alternativo para Belém. Ver Gên. 35.19 e Miq, 5.2.

Como a casa de Perez. Ver sobre esse homem em Gên. 38.27-30. Os outros nomes próprios que figuram neste versículo aparecem como verbetes no Dicionário. O texto refere-se à história de Perez e seu irmão gêmeo. Tamar deu à luz a gêmeos para Judá. O irmão gêmeo de Perez pôs a mão para fora primeiro, e recebeu um fio vermelho no pulso; mas de súbito, nasceu Perez, tendo sido assim, na realidade, o primeiro a “romper” a madre, se quisermos falar sobre o corpo inteiro. Embora não tivesse recebido o fio vermelho, foi o primeiro a nascer; e sempre se destacou, obtendo maior sucesso que seu irmão gêmeo. Foi por meio dele que a linhagem de Judá continuou. Portanto, as testemunhas diziam agora a Boaz: “S” um vencedor, como Perez; sobressai-te em todas as coisas; honra a linhagem de Judá”.    Naturalmente, conforme veremos logo adiante, o filho de Boaz deu continuidade à linhagem de Perez; e dessa linhagem foi que vieram tanto Davi quanto Jesus.   O texto está falando aqui de uma das cinco principais famílias de Judá, uma família muito numerosa. As testemunhas, pois, desejaram para Boaz e Rute uma família numerosa, que aumentaria a glória da tribo de Judá. A atitude dos hebreus sempre foi que os filhos são um presente e uma herança da parte do Senhor (ver Salmo 127.3).

Conclusão: A Felicidade de Noemi (4.13-17)    E teve um filho. O herdeiro não demorou a aparecer. A união de Rute e Boaz foi abençoada por Deus. Rute entrou assim na linhagem de Davi e do próprio Messias, embora ela não dispusesse de meios, na ocasião, de prever as tremendas consequências de seu casamento com Boaz.   Do Mal Pode Vir o Bem. Sem ter consciência disso, Judá cumpriu a obrigação do casamento levirato no tocante a seu filho mais velho; e daquela união incestuosa veio Perez, que se tornou o cabeça da casa de Judá. Em adição, uma mulher moabita foi ascendente tanto de Davi quanto do Rei Messias!   Josefo declarou que o nascimento do filho de Boaz e Rute ocorreu no fim daquele tempo, calculando desde o tempo do casamento deles (Antiq. 1.5, cap. 9, sec. 4).

3.   Noras e sogras   -   O AMOR É PACIENTE

[…] Você já deve ter ouvido este clichê: “Roma não foi feita em um dia”. Isso também vale para os relacionamentos. A paciência tem de se tornar um estilo de vida. Não podemos esperar que todas as nossas diferenças sejam resolvidas da noite para o dia ou com um simples bate-papo.   É preciso tempo e perseverança para entender o ponto de vista dos outros e negociar alternativas para as diferenças. Trata-se não só de um processo contínuo, mas é também a essência, o ponto crucial de nossos relacionamentos. Não podemos desenvolver relacionamentos positivos se negligenciarmos o processo de comunicação de ideias e sentimentos, buscando o entendimento, a reanimação uns dos outros e soluções plausíveis.  Não espere perfeição de ninguém — nem de você. Em contrapartida, não se acomode com nada aquém de um relacionamento baseado em amor. Podemos até entender recaídas momentâneas. Nenhum de nós muda de repente, e é comum repetir antigos padrões de comportamento.   As falhas pressupõem pedidos de desculpas, e pedidos de desculpas pressupõem perdão. Quando estamos dispostos a admitir nossas falhas e pedir desculpas, é provável que recebamos o perdão, e assim nossos relacionamentos podem seguir adiante de maneira positiva. O amor é a maior força do mundo para o bem. A bondade e a paciência são dois dos mais importantes aspectos do amor. Aprenda a desenvolver esses traços e saberá como construir a amizade com os parentes de seu cônjuge.






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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca

Pr. Local – Ev. Antônio Sousa

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         BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21

Bíblia de estudo Pentecostal

Livro de Apoio, Relacionamentos em Família, Elienai Cabral - Editora CPAD.

Comentário Bíblico N. T Interpretado versículo por versículo Russell N. Champlin- Editora Hagnos.

Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II, Warren W. Wiersbe   - Editora Central Gospel. 

Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, Russell N. Champlin - Editora Hagnos. 

Comentário bíblico Rute, Hernandes D. Lopes - Editora Hagnos. 

Comentário Bíblico Beacon Rute, Clyde Ridall - Editora CPAD.

Livro Interpretação dos livros históricos, Robert Chrisholm Jr - Editora Cultura Cristã. 

Livro Como lidar com a Sogra, e sogro, cunhados, genros e noras, Gary Chapman - Editora Mundo Cristão.

https://professordaebd.com.br/7-licao-2-tri-23-o-relacionamento-entre-nora-e-sogra/

sexta-feira, 28 de abril de 2023

LIÇÃO 06 - PAIS ZELOSOS E FILHOS REBELDES.

Pb. Junio - Congregação Boa Vista II.

 



                        TEXTO ÁUREO

"Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor." (CL 3. 20)


                    VERDADE PRÁTICA

O modo de criar e educar tem impacto no comportamento de nossos filhos no mundo, mas não anula a responsabilidade individual das escolhas deles.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Juízes 13. 1-7; 14. 1-3


                                INTRODUÇÃO

Sansão foi uma personagem ao mesmo tempo forte e fraca, que tem arrebatado a imaginação de muitos autores e criadores de filmes. A sua vida envolveu todos os elementos de intriga, suspense, vitória e tragédia que compõem as boas histórias. O autor sagrado do livro de Juízes dedicou cem versículos a Gideão, e noventa e seis a Sansão, o que significa que eles foram campeões de audiência. De acordo com as divisões modernas e artificiais do Antigo Testamento, o relato sobre Gideão ocupa três capítulos; e a história sobre Sansão, quatro.    Sansão era homem que gostava de namoriscar com o pecado e amava a violência. No fim, essas duas coisas o reduziram a nada. Mas mesmo no fim, ele foi glorificado, porquanto conseguiu matar um maior número de inimigos constantes, em sua morte, do que tinha sido capaz de fazê-lo em vida (ver Juí. 16.30).    Apesar de sua grande capacidade como matador, tanto na vida como na morte, Sansão não conseguiu livrar Israel da servidão que fora imposta pelos filisteus. Sua carreira foi seguida por um período histórico de confusão, guerra civil e violência. Foi Davi quem, afinal, pôs cobro à ameaça dos filisteus, o que só aconteceu cerca de cem anos depois de Sansão.   “Os filisteus invadiram as terras costeiras da Palestina pouco depois dos encontros armados entre Ramsés III (do Egito) e os chamados povos do mar, em algum tempo entre 1220 A. C. e 1180 A. C. Por meio de assaltos armados, negócios pacíficos e, provavelmente, casamentos mistos, eles fizeram sentir a sua presença nos vales que levavam às terras altas da Palestina, conforme fica demonstrado pela influência crescente de sua cerâmica, após os meados do século XII A. C.   As fontes informativas bíblicas e os remanescentes arqueológicos concordam que houve um período de relações mútuas entre os israelitas e os filisteus, por volta de 1150 e 1050 A. C. E foi quando esta última data já se aproximava que os filisteus começaram a pressionar os judaítas e os efraimitas com maior empenho. Os episódios que envolveram Sansão refletem uma situação longe de estar resolvida, mas quando ainda não havia guerra franca entre os dois povos” (Jacob M. Myers, in loc.).



                    I. OS PAIS DE SANSÃO

1.   Uma situação espiritualmente deplorável   -   O livro de Juizes registra sete apostasias; sete períodos de servidão e sete livramentos.     Ele tinha diante de si uma nação a proteger (v.1). A frase inicial desse versículo aparece no Livro de Juízes com uma regularidade monótona (3:7, 12; 4:1, 2; 6:1; 10:6, 7) e pode ser vista aqui pela última vez. Apresenta o período mais longo de opressão que Deus permitiu que seu povo sofresse: quarenta anos sob o domínio dos filisteus.    Os filisteus1 faziam parte dos “povos do mar” que, no século doze a.C., migraram de uma região da Grécia para a planície costeira de Canaã. Durante a conquista, os israelitas não conseguiram tomar essa região (Js 13:1, 2). Ao estudar o mapa da Terra Prometida, vê-se que a existência dessa nação concentrava-se em torno de cinco cidades principais: Asdode, Gaza, Asquelom, Gate e Ecrom (1 Sm 6:1 7). A terra entre a região montanhosa de Israel e a planície costeira era chamada de “Sefelá”, que significa “terras baixas” e que separava a Filístia de Israel.   Sansão nasceu em Zorá, cidade na tribo de Dã próxima à fronteira com a Filístia, e, em várias ocasiões, atravessou essa fronteira para servir a Deus ou para satisfazer os próprios apetites.   Sansão julgou Israel “nos dias dos filisteus” (Jz 15:20), o que significa que seus vinte anos como juiz transcorreram durante os quarenta anos de domínio filisteu. De acordo com o Dr. Leon Wood, o começo da opressão filistéia pode ser datado de ca. 1095 a.C ., estendendo-se até 1055 a.C ., quando Israel conquistou sua vitória em Mispa (1 Sm 7).   Mais ou menos no meio desse período ocorreu a batalha de Afeca, na qual Israel foi vergonhosamente derrotado pelos filisteus, perdeu a arca da aliança e três sacerdotes (1 Sm 4). A sugestão de Wood é que o mandato de Sansão como juiz teve início por volta da mesma época da tragédia de Afeca e que sua principal função foi perturbar os filisteus e impedir que conseguissem invadir a terra e ameaçar o povo.   É interessante observar que o texto não apresenta qualquer evidência de que Israel tenha clamado a Deus pedindo libertação em algum momento do domínio filisteu.   Uma vez que haviam desarmado os israelitas (1 Sm 13:19-23), os filisteus não se preocupavam com a possibilidade de uma rebelião.   Juízes 15:9-13 indica que os israelitas pareciam estar acomodados a sua situação e não queriam que Sansão causasse qualquer tumulto. E assustador como nos acostumamos rapidamente à servidão e aprendemos a aceitar essa condição. Se os filisteus tivessem sido mais severos com os israelitas, talvez o povo tivesse clamado a Jeová pedindo socorro.  Ao contrário da maioria dos juízes anteriores, Sansão não livrou seu povo da dominação estrangeira, mas começou um processo de libertação que seria concluído por outros (13:5). Uma vez que era um herói poderoso e imprevisível, Sansão causou medo e perturbação nos filisteus (16:24), impedindo que destruíssem Israel como as outras nações invasoras haviam feito. Seriam necessárias as orações de Samuel (1Sm 7) e as conquistas de Davi (2 Sm 5:1 7-25) para concluir o trabalho que Sansão havia começado dando a Israel a vitória absoluta sobre os filisteus.

2.    A mulher agraciada    Um homem de Zorá, da linhagem de Dã.

Era um lugarejo na fronteira entre os territórios originalmente doados a Dã e a Judá, do outro lado do vale de Bete-Semes, pouco mais de vinte e dois quilômetros a oeste de Jerusalém. No começo, Zorá pertencia à tribo de Judá (ver Jos. 15.20), mas posteriormente acabou ficando com os danitas.   Chamado Manoá. Esse homem, sem dúvida, era dotado de espiritualidade, visto ter sido visitado por um anjo, e foi destacado pelo Senhor para ser pai de um dos juizes, por meio de quem houve uma das grandes intervenções divinas em Israel. Era homem dedicado à oração, e de grande devoção pessoal.   Cuja mulher era estéril. A maior calamidade que poderia atingir uma mulher israelita, e que com frequência é mencionada nas páginas do Antigo Testamento, era a esterilidade. Mediante uma intervenção divina, a esterilidade da esposa de Manoá chegou ao fim. Cf. Gên. 16-17; I Sam. 1.2 e Luc. 1.7 ss. Ela é identificada com a Hazelelponi de I Crônicas 4.3. O nome dessa mulher significa “a sombra caiu sobre mim”. Esse nome também assume a forma de Zelelponi.   A maior parte da tribo de Dã já se tinha mudado para o vale do Hulé (ver o capítulo 18 de Juízes), ao norte do lago ou mar da Galileia, perto do lago assim chamado. E nunca tiveste filhos. A calamidade de não ter filhos era o maior temor das mulheres israelitas. Em algumas poucas ocasiões registradas, para propósitos especiais, essa maldição foi anulada mediante a intervenção pessoal do Anjo de Yahweh. As promessas relativas à suspensão da esterilidade algumas vezes eram adiadas, mas nenhuma delas jamais falhou, E filhos especiais, nascidos daí, cuja carreira seria importante para o povo de Israel, sempre foram a causa dessas divinas intervenções.   De acordo com o teísmo, Deus criou e continua presente, recompensando, punindo e guiando. O deísmo, em contraste, ensina que, apesar de talvez haver uma força criativa divina (pessoal ou impessoal), essa força abandonou o seu universo, deixando-o entregue ao governo das chamadas leis naturais, que operam bem, embora com muitas falhas. E essas falhas é que explicariam o problema do mal.

3.   Recebendo orientações divinas    -    O anjo apareceu à mulher e disse-lhe que ela teria um filho. Ela deveria se abster de vinho (feito de uvas), de bebida forte (feita de outros frutos ou grãos) e de comer qualquer coisa que fosse cerimonialmente imunda (4).   O filho seria nazireu de Deus (5) desde seu nascimento. Em sinal disso, não seria passada navalha em sua cabeça. Os nazireus (“consagrado”, “dedicado”) eram pessoas de ambos os sexos que faziam um voto de separar-se para Deus, tanto para toda a vida como por apenas um período específico. Eles não eram eremitas e não necessariamente ascetas.   Observavam três proibições: não deveriam tomar vinho ou bebida forte, nem comer qualquer fruto da vide; não deveriam aparar ou cortar o cabelo; e não poderiam ficar cerimonialmente imundos por meio de contato com um corpo morto (Nm 6.1-21). Uma vez que o cabelo do nazireu não era cortado, a palavra foi transferida para uma vinha que não era podada no sétimo e também no qüinquagésimo ano (Lv 25.4,5,11), e passou a significar também “vinha não podada”. Ele começará a livrar a Israel, uma obra continuada por Samuel, Saul e Davi.


                II.    O NASCIMENTO DE SANSÃO E SUA FORMAÇÃO

1.  O nascimento e desenvolvimento de Sansão   -  No tempo devido ela deu à luz seu filho e o chamou Sansão (24), um nome que significa “como o sol”, embora Adam Clarke baseie-se num termo caldeu com as mesmas consoantes para chegar ao significado de “servir”. O menino cresceu, e o Senhor o abençoou (24). A expressão é similar àquilo que foi dito sobre Samuel em 1 Samuel 3.19.   O Espírito do Senhor começou a impeli-lo de quando em quando (25). O termo traduzido aqui como impelir também significa “pedir”, “empurrar”, “levar a fazer”. A referência ao campo de Dã também é feita em 18.12, em relação a um acampamento a oeste de Quiriate-Jearim em Judá. A localização exata é desconhecida, a não ser pelo fato de que ficava entre Zorá (veja o comentário do v.2) e Estaol, talvez a moderna Eshu’a.   Os “fundamentos para uma família piedosa” são mostrados nos versículos 15-25. (1) Manoá e sua esposa receberam um anjo “sem saber” (w. 15,16); (2) os dois apresentaram um sacrifício ao Senhor (w. 17-19); (3) eles reconheceram o elemento divino na vida (w. 20,21); (4) eles receberam a palavra de Deus com fé (w. 22,23); (5) a bênção de Deus repousou sobre sua família (w. 24,25).

2.    A família de Sansão   -   Deus ouviu a voz de Manoá. Elohim estava próximo e ouviu a oração de Manoá. Afinal, ele orou sinceramente em favor de seu filho, e não meramente por si mesmo. E o anjo do Senhor voltou e apareceu novamente à mulher, quando Manoá, uma vez mais, não estava presente.   Contudo, a mulher queria que seu marido estivesse presente, para ser testemunha daquele acontecimento estonteante; e assim correu a chamá-lo e, felizmente, o anjo esperou a chegada de Manoá. Isso indica que o Espírito de Deus estava controlando todos os acontecimentos, e estes sucediam conforme era mister que ocorressem.   A mesma mensagem que tinha sido dada à mulher foi dada também ao homem. O palco estava sendo armado para o drama especial. Houve momentos de esplêndida comunhão, e podemos estar certos de que Manoá e sua esposa nunca mais foram as mesmas pessoas. Viveram todos os seus dias com os olhos do espírito contemplando o anjo, ouvindo a sua voz.  Podemos dizer que eles ficaram desapontados pelo fato de Sansão ter sido um homem poderoso e débil, que dava dois passos para trás cada vez que dava um passo para frente. Pois Sansão não guardou fielmente o seu voto.   Ele acabou caindo no descrédito. Não obstante, de modo geral (embora em meio a muitas falhas), ele realizou a missão para a qual viera a este mundo. Assim é a história da maioria dos homens. O positivo mistura-se com o negativo.  No Que Se Transformou Sansão? Acompanhar a vida e o desenvolvimento espiritual deste juiz é algo muito instrutivo. Há estudos que mostram que, espiritualmente falando, os pais deveriam receber menos crédito pelos filhos que se saem bem, e menos culpa pelos filhos que não se saem bem.   Existe o que poderíamos chamar de carga genética, tanto física quanto espiritual, que tem uma maneira de prevalecer no fim. Essa carga genética pode pender para o bem ou para o mal. Isso, contudo, não exime os pais de seus deveres para com os filhos; mas fatos dessa natureza ajudam-nos a obter uma perspectiva melhor sobre o que significa ser pai ou mãe.   As crianças são indivíduos e agem como tais desde o começo de sua vida. É conforme disse Baha Ullah: “A pior coisa que pode acontecer a um pai é saber os ensinamentos certos, mas não transmiti-los a seu filho”.   Portanto, que Deus nos livre desse grave erro! Cumpre-nos fazer o melhor que está ao nosso alcance, e deixar o resultado nas mãos de Deus, pois, afinal, Ele é o grande Agente Ativo em todos os casos que estabelecem a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma vida humana.  Josefo informou-nos de que a mulher “rogou” que o anjo ficasse até que seu marido voltasse. Porquanto era muito importante que ambos ouvissem a mesma mensagem e estivessem unidos no mesmo interesse e nos mesmos esforços (ver Antiq. 1.5, cap. 8, sec. 3).

3.    A formação de Sansão    O cuidado dos pais de Sansão não foi suficiente para que o filho não se desviasse dos propósitos divinos para a sua vida Todos nascemos com a natureza pecaminosa entranhada em nosso ser. Se a educação e a disciplina ajudam na formação de caráter de uma pessoa, nem todas as pessoas conseguem evitar os ímpetos de sua natureza pecaminosa. A criação de Sansão não foi muito diferente.  Embora seus pais lhe tenham transmitido ensinamentos baseados na Lei de Deus, ele abriu mão desses princípios para fazer a sua própria vontade. Um exemplo disso foi na ocasião em que Sansão declarou aos seus pais o desejo de casarse com uma mulher das filhas dos filisteus. Apesar de os pais não aprovarem essa decisão, Sansão insistiu nesse casamento misto, como vemos em Juízes 14.3:   A atitude diária dos pais para com os filhos gera amor, comunhão e responsabilidade.   A forma mais correta da palavra é «nazireado», «nazireu», embora alguns grafem, em outras línguas, nazarita». A palavra portuguesa vem do hebraico nazir, derivada de nazar, «separar», «consagrar», «abster-se». Além disso, há a considerar o termo nezer, «diadema», «coroa de Deus», termo algumas vezes aplicado à cabeleira não-tosquiada dos nazi- reus, cabeleira essa considerada sua coroa e adorno. E dessa outra palavra hebraica que alguns pensam que se deriva a forma «nazarita».   

Comparar isso com I Cor. 11:15. O voto do nazireado envolve a consagração especial de pessoas ou coisas a Deus (ver Gên. 49:26; Deu. 33:16). Está especificamente em pauta o caso dos nazireus, cujos cabelos compridos serviram de emblema de sua separação ao serviço do Senhor, cabelos esses que eram reputados a coroa de glória deles. Ver Núm. 6:7. Comparar com II Sam. 14:25,26.   

Caracterização Geral

Os nazireus formavam grupos ascéticos no judaísmo. Eles tomavam vários votos, como abster-se de vinho, não entrar em contato com qualquer coisa imunda, ou não aparar os cabelos. Entre os antigos hebreus, esses votos eram vitalícios (ver a história de Sansão).   E o trecho de Amós 2:12 sugere que os nazireus eram muito prestigiados em Israel. A legislação posterior, entretanto, permitia que tais votos fossem limitados quanto ao tempo (ver Josefo, Guerras 2:15,1). Mas, um elemento que nunca foi abandonado foi o de um severo ascetismo (vide).   O voto do nazireado aparece em Núm. 6:1-20. Ninguém podia fazer tais votos por um período inferior ao de trinta dias. Sansão, Samuel e João Batista (de acordo com muitos eruditos), foram nazireus vitalícios. A instituição do nazireado tinha por intuito tipificar a separação e um modo de viver santificado e restrito.   A cabeleira crescida simbolizava a virilidade e virtudes heróicas. As madeixas de cabelos simbolizavam uma simplicidade infantil, poder, beleza e liberdade. Maimônides, um sábio judeu sefardi (falecido em 1204), referiu-se à dignidade dos nazireus como equivalente à de um sumo sacerdote.   E antes dele, Eusébio, o grande historiador eclesiástico da Igreja antiga, asseverou, em termos enfáticos, que os nazireus tinham acesso ao Santo dos Santos, em Israel (História Eclesiástica 2,23). Os pais podiam dedicar seus filhos homens a esse grupo religioso separatista. Entretanto, os nazireus não viviam em comunidades separadas, e nem lhes era vedada a associação com outras pessoas, ou de se ocuparem em atividades comuns. Viviam na comunidade de Israel como símbolos de dedicação especial a Yahweh. Essa era a principal função dos nazireus. E eles mostravam-se ativos no serviço religioso e nas práticas ritualistas.

Origem do Nazireado

O sexto capítulo do livro de Números fornece-nos as regras acerca da questão, embora alguns estudiosos suponham que temos ali uma confirmação e regularização da prática, e não um começo absoluto da mesma. É possível que, a certa altura dos acontecimentos, a prática tenha penetrado no corpo da legislação mosaica. E os argumentos que dizem que a prática do nazireado foi tomada por empréstimo de povos pagãos, como os egípcios, não convencem e nem têm sido acolhidos pela maioria dos eruditos.



                III.     A FRAQUEZA DE CARÁTER DE SANSÃO

1.    Sansão subestimou o poder do inimigo   -   […] a identidade do adversário. …o diabo, vosso adversário… (5.8b). O diabo não é uma lenda, um mito, um espantalho para intimidar os místicos. E um anjo caído, um ser maligno, assassino, ladrão, destruidor. E a antiga serpente, o dragão vermelho, o leão que ruge. É assassino e pai da mentira. Veio roubar, matar e destruir. Temos um adversário real, invisível e medonho. Não podemos subestimar seu poder nem suas artimanhas.  [… as estratégias do adversário…. anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar (5.8c). Três coisas aqui nos chamam a atenção.  O diabo espreita. Ele anda em derredor. Busca uma brecha em nossa vida. Vive rodeando a terra e passeando por ela (Jó 1.7; 2.2). O diabo não dorme nem tira férias. E incansável em sua tentativa de nos apanhar em suas armadilhas.   O apóstolo Paulo diz que precisamos ficar firmes contra as ciladas do diabo (Ef 6.11). A palavra “ciladas” vem do grego metodeia, que significa “métodos, estratagemas, armadilhas”. O diabo tem um grande arsenal de armadilhas. Pesquisa meticulosamente nossos pontos vulneráveis. Não hesita em buscar brechas em nossa armadura. Precisamos acautelar-nos!   O diabo intimida. O leão ruge não quando ataca a presa, mas para espantá-la. Seu rugido é para fazer a presa dispersar-se do bando. Quando uma presa se desprende do bando, o leão a ataca implacavelmente. E muito difícil uma presa escapar da investida de um leão quando esta se isola. O ataque é súbito, violento, fatal.   O diabo devora. O diabo não veio para brincar, mas para devorar. Ele mata. E homicida e assassino. Há muitas pessoas arruinadas, feridas e destruídas por esse devorador implacável. Ele é o Abadom e o Apoliom (Ap 9.11), conhecido como o destruidor.   […] as armas de vitória contra o adversário. Sede sóbrios e vigilantes… resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo (5.8a,9). Pedro nos oferece quatro armas importantes para o enfrentamento dessa luta espiritual.  A sobriedade. A palavra grega nepsate, traduzida por “sede sóbrios”, significa “domínio próprio”, especialmente na área da bebida alcoólica. Um indivíduo que perde o equilíbrio, o siso e a lucidez é uma vítima indefesa na batalha espiritual. Quando o diabo consegue dominar a mente de uma pessoa, consegue destruir-lhe a vida. Há dois extremos perigosos nessa batalha espiritual.    O primeiro é subestimar o diabo. Há indivíduos que escarnecem do diabo como se ele fosse uma formiguinha indefesa. A Bíblia diz que nem o arcanjo Miguel se atreveu a proferir juízo infamatório contra o diabo (Jd 9). O segundo extremo é superestimar o diabo. Há igrejas que falam mais no diabo que em Jesus. Há redutos em que o diabo tem até acesso ao microfone. Há pregadores que entabulam longas conversas com o diabo. Há escritores que recebem até mesmo revelações do diabo. Há aqueles que atribuem ao diabo qualquer dor de cabeça que uma aspirina resolveria. Essas atitudes não têm amparo nas Escrituras. Precisamos ter sobriedade nesse combate cristão.    A vigilância. A palavra “vigilantes” indica a atitude de esperar de olhos abertos, acompanhando o que se passa e sempre perscrutando o horizonte na expectativa da chegada do Senhor. O diabo vive rodeando a terra e bisbilhotando a vida das pessoas. Não hesita em atacar uma pessoa sempre que encontra uma brecha. Precisamos manter os olhos abertos e os ouvidos atentos. O diabo é a antiga serpente. E astuto, sutil. Sua estratégia é falsificar tudo o que Deus faz.   De acordo com a parábola do joio e do trigo, em todo lugar em que Deus planta um cristão, o diabo planta um impostor (Mt 13.24-30,36-43). Precisamos agir como o governador Neemias, que, em tempo de ameaças, colocou metade de seus homens empunhando as armas e a outra metade trabalhando (Ne 4.16). Oliver Cromwell dava o seguinte conselho às suas tropas: “Confiai em Deus e mantende a pólvora seca”. Sintetizando essas duas primeiras armas (sobriedade e vigilância), Kistemaker escreve:   A sobriedade é a capacidade de olhar para aquilo que é real com a mente clara, e a vigilância é um estado de observação e prontidão. A primeira característica descreve uma pessoa que luta contra sua própria disposição, enquanto a segunda mostra a prontidão para se responder às influências externas. Um cristão deve sempre manter-se alerta tanto contra forças internas como externas que desejam destruído. Essas forças vêm do maior adversário do ser humano, Satanás.   A fé. Precisamos resistir ao diabo firmes na fé. A fé é um escudo contra os dardos inflamados do maligno (Ef 6.16). Não podemos acreditar nas mentiras do diabo nem dar crédito às suas falsas promessas. Warren Wiersbe diz que tanto Pedro como Tiago dão a mesma fórmula para o sucesso nessa batalha espiritual: Sujeitai-vos a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós (Tg 4.7). Antes de se manter firme diante de Satanás, é preciso curvar-se diante de Deus.   Kistemaker é oportuno quando diz que a palavra fé pode ser compreendida tanto no sentido subjetivo da fé pessoal e confiança em Deus, como no sentido objetivo, ou seja, referindo-se ao conjunto das doutrinas cristãs. Aqui, o contexto favorece o sentido objetivo.   O sofrimento. Em tempos de prova, tendemos a pensar que estamos sozinhos nessa refrega e que ninguém está sofrendo como nós. Uma das armas do diabo para nos atingir é superdimensionar nossa dor e apequenar nosso consolo. Precisamos abrir os olhos e entender que existem outros irmãos passando pelas mesmas provações e enfrentando as mesmas batalhas. E errado imaginar que somos os únicos a travarmos esse tipo de batalha, pois nossa “irmandade espalhada pelo mundo” enfrenta as mesmas dificuldades.

2.    A presunção de Sansão   -   Sansão revela seu segredo (16.15-17). Dalila resmungou: “Como você pode dizer que me ama se o seu coração não está perto de mim? Por três vezes você me enganou e recusou-se a me contar seu segredo”. Ao pedir-lhe e perturbá-lo todos os dias, a sua alma se angustiou até à morte (16), i.e., ele estava finalmente desgastado por sua persistência.   Descobriu-lhe todo o seu coração (17), ou seja, “ele lhe confidenciou”. O segredo de sua força estava no cumprimento de seu nazireado desde seu nascimento. Tal condição era expressa pela regra de que nenhuma navalha poderia tocar sua cabeça. Se seus cabelos fossem cortados, ele seria como um homem qualquer. É difícil determinar o que era maior: a força sobre-humana de Sansão ou sua estupidez asinina.   Sansão é traído (16.18-22). Jubilosa por ter conseguido finalmente descobrir o segredo desejado, Dalila envia uma mensagem aos príncipes dos filisteus, os quais, sem dúvida, já haviam se afastado desanimados depois dos repetidos fracassos. “Venham apenas mais esta vez”, implorou ela, “porque ele me contou tudo”. Assim, eles trouxeram o dinheiro na sua mão (18) para o “pagamento”. Tão logo Sansão dormiu com a cabeça no colo da moça, Dalila chamou um homem, e rapou-lhe as sete tranças do cabelo de sua cabeça; e começou a afligi-lo (19), ou “enfraquecê-lo, subjugá-lo” ou “humilhá-lo”.   Quando Dalila o despertou com as palavras familiares “os filisteus vêm atrás de você, Sansão!”, ele abriu os olhos e se vangloriou: “Vou sair como de costume e me livrar dos laços” ou, como pode ser traduzido a partir do hebraico, “eu sairei, rugirei e rosnarei”. Ele não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele (20). Sansão já tinha brincado demais com o pecado. Sua força já se fora.   Os filisteus o pegaram, arrancaram-lhe os olhos e o prenderam com correntes de bronze. Levaram-no para Gaza e, ali – como John Milton o descreve, “um cego em Gaza” – aquele que um dia fora um campeão poderoso foi colocado para moer grãos num moinho manual na prisão.   A história de Sansão alcança seu clímax nos versículos 15 a 21, onde vemos o resultado da “fascinação fatal do pecado”. (1) Foi um homem de grande força física (w. 14.6; 14.19; 15.14-16; 16.3; etc); (2) Teve uma mente fértil (w. 14.12-14); (3) Era moralmente fraco (v. 16.15); (4) Era espiritualmente infiel (w. 17,18); (5) o Senhor se tinha retirado dele (20).

3.     Manipulando o poder de Deus e brincando com o pecado    -    Importunando-o ela todos os dias. Por muitos dias, Dalila não alterou seu método de ataque. Ela só pensava no grande prêmio em dinheiro que poderia ganhar dos príncipes filisteus. A cobiça a impelia. E não havia amor para aplicar os freios. A alma de Sansão, por sua vez, “se encurtava” (conforme diz, literalmente, o original hebraico, diante de toda aquela conversa, conversa e mais conversa, lágrimas, lágrimas e mais lágrimas. Ela o estava desgastando. “A debilidade da alma dele, na totalidade da narrativa, ainda parece mais espantosa do que a força imensa de seu corpo” (Adam Clarke, in loc.).   Os dias de vida de Sansão (tal como acontecia à sua alma) estavam sendo encurtados. Ele estava à beira de um ataque de nervos. Dalila apressava a morte do amante através de mais de uma maneira. Abarbinel pensava que Sansão tinha consciência de sua morte, que já se aproximava.    Há estudos que demonstram que qualquer pessoa tem consciência, pelo menos um ano antes de sua morte, da iminência desta, mesmo que essa morte ocorra por acidente e a pessoa esteja perfeitamente saudável. E muita gente percebe a aproximação da morte bem antes de um ano. Os sonhos que todos nós temos nos avisam continuamente; mas esses avisos geralmente não são ouvidos ou são mal interpretados.   “… loucamente, ele ficou brincando com a chave de seu segredo. Chegou mesmo a arriscar-se, ao envolver a cabeleira em suas tolas brincadeiras. Depois disso, faltava apenas mais um passo para a catástrofe final” (Ewald, in loc.).   Descobriu lhe todo o seu coração. Finalmente, Sansão desvendou o terrível segredo. Seu coração apertado não conseguiu mais reter a verdade. É como dizemos: “Ele abriu seu coração” para Dalila. Ele revelou o seu voto de nazireado.   No meio de tanta matança, com frequência ele se contaminava cerimonialmente, quebrando aquela parte do voto que não permitia nenhum toque em cadáveres. Todavia, pelo menos ele nunca havia cortado os seus cabelos, outro requisito do voto de nazireu. E era ali que residia o segredo de sua tremenda força física. Na qualidade de homem especialmente dedicado a Yahweh, ele recebia do Senhor força especial para cumprimento da missão que o Senhor lhe havia dado. Mas, se ele violasse esse requisito do voto, então perderia, de súbito, a força divinamente concedida.    A força física de Sansão era miraculosa, nada tendo que ver com a genética. Deus haveria de abandoná-lo (ver o vs. 20 deste capítulo) se ele ousasse cortar sua cabeleira. No entanto, apesar de tão poderoso diante do inimigo, Sansão estava destinado a cair vitima fácil de uma mulher. Essa é, realmente, uma história muito antiga. Josefo opinava que Sansão deveria estar tonto de vinho enquanto brincava daquele jeito com o pecado. E isso ele dizia porque, verdadeiramente, o álcool solta a língua. Sem embargo, o próprio texto sagrado nem ao menos vislumbra essa possibilidade. Pois o voto do nazireado também não permitia que o indivíduo usasse de bebidas alcoólicas; e parece que Sansão, até ali, também estava obedecendo a esse requisito do voto, além de não tocar em seus cabelos.   A força física de Sansão não residia em seus cabelos, e, sim, no voto do nazireado, enquanto ele fosse obediente, pois era Yahweh quem lhe conferia aquela força. A desobediência, porém, arrebataria dele a presença divina, tornando Sansão uma pessoa comum. É sempre o elemento divino que faz um homem tornar-se fora do comum.   Vendo, pois, Dalila que já ele lhe descobrira todo o coração. O som da verdade é diferente do som da mentira. Todos nós somos enganados pela mentira; mas, quando a verdade nos é dita, “percebemos a diferença”. Trata-se de algo parecido com a temível aranha viúva-negra. Se você vir uma dessas aranhas, então poderá dizer: “Acho que esta é uma aranha viúva-negra”. Mas se você enxergar uma real aranha dessa espécie, terá certeza absoluta de que viu uma delas. Essa aranha é tão distintiva que ninguém poderá deparar-se com uma delas e duvidar de tê-la visto.    Vários intérpretes hebreus indicam que Dalila forçou Sansão a confirmar as suas palavras mediante juramentos que envolviam algum nome divino; mas o próprio texto sagrado não indica coisa alguma dessa natureza. A aparência de sua fisionomia, o tom de sua voz — isso era tudo quanto se fazia mister para Dalila perceber que Sansão, final e estupidamente, havia revelado o seu segredo.   E trouxeram com eles o dinheiro. Dalila estava tão certa de que Sansão, finalmente, revelara o seu segredo que ela exigiu e recebeu o seu prêmio, aqueles mil e cem siclos de prata (ver a respeito no quinto versículo deste capitulo). Para ela, a astúcia rendera ricos dividendos. O sucesso levou-a a exigir que lhe fosse dado o prêmio na hora.    Paulo relembrou a Timóteo qual o objetivo da missão divina que tinha recebido, bem como o inspirador dessa missão, o Senhor Jesus Cristo (ver II Tim. 2.8). Por meio da insistência cansativa de Dalila, Sansão esqueceu seu voto e perdeu a vida antes do tempo. Paulo corria a carreira cristã de olhos fixos no prêmio, a vida eterna, em Cristo Jesus (ver Fil. 3.14). Mas Sansão permitiu que a traição e um jogo tolo com o pecado desviassem o seu olhar da linha de chegada e do prêmio que estava diante dele. Ele tropeçou e caiu. Agora, estava tudo terminado. Ele deixou sua missão por acabar, embora não se possa dizer que tenha sido um fracasso completo.






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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. 

Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.

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         BIBLIOGRAFIA


Bíblia Almeida Século 21

Bíblia de estudo Pentecostal

Livro de Apoio, Relacionamentos em Família, Elienai Cabral - Editora CPAD.

Comentário Bíblico N. T Interpretado versículo por versículo Russell N. Champlin- Editora Hagnos.

Dicionário Bíblico Wycliffe, Charles F. Pferffer - Editora CPAD.

Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II, Warren W. Wiersbe   - Editora Central Gospel. 

Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, Russell N. Champlin - Editora Hagnos. 

Comentário bíblico 1 Pedro, Hernandes D. Lopes - Editora Hagnos. 

Comentário Bíblico Beacon. Juizes, Clyde Ridall - Editora CPAD.

https://professordaebd.com.br/6-licao-2-tri-23-pai-zelosos-e-filhos-rebeldes/