Lição 10 – nossa segurança vem de deus
TEXTO
ÁUREO
“E
disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer
não consiste na abundância do que possui.”
VERDADE
PRÁTICA
Não
podemos colocar a nossa esperança nas riquezas deste mundo, mas sim em Deus.
Leitura
bíblica em Classe: MT
6.19-27 (comentário
leitura bíblica).
V. 19 - O amor pela riqueza é o grande mal
(lTm 6.10) que pede advertência constante. Para os herdeiros do reino, acumular
riquezas nos últimos dias (Tg 5.2,3) é particularmente falta de visão. Todavia,
como acontece com muitas das proibições de Jesus nesse sermão, seria temerário
também absolutizar essa afirmação de que a riqueza em si mesma se torna um mal
(cf. Lc 14.12; Jo 4.21; IPe 3.3,4; pois outras declarações não podem ser
absolutizadas de forma apropriada). Outras passagens das Escrituras exigem que
o homem provenha para seus parentes (lTm 5.8), recomendam trabalho e provisão
para o futuro (Pv 6.6-8) e encorajam-nos a usufruir das coisas boas que o
Criador nos concedeu (lTm 4.3,4; 6.17). Jesus está preocupado com o egoísmo
observado nos valores errôneos. Seus discípulos não devem acumular tesouros
para si mesmos, eles devem se perguntar honestamente onde está seu coração (w.
20,21). Esse versículo não proíbe “ser previdente (fazer provisão sensata para
o futuro), mas ser ganancioso (como avarentos que acumulam bens, e
materialistas que sempre querem mais)” (Stott, p. 155). Mas é insensato pôr
alguém na primeira categoria enquanto age e pensa como os membros da segunda
(cf. France, “God and Mammon” [Deus e o Mamom”]). Os “tesouros na terra” podem
ser roupas que podem ser atacadas por traças. A moda mudava pouco, e os trajes
podiam ser passados adiante. Eles também podiam deteriorar. “Ferrugem” (brôsis)
não se refere apenas à corrosão dos metais, mas à destruição causada por
ratazanas, fungos e coisas semelhantes. Comentaristas mais antigos, com
frequência, pintavam uma fazenda sendo destruída por ratos e outros animais e
insetos daninhos. Os tesouros menos Corruptíveis podiam ser roubados: ladrões
podiam entrar (dioryssousin, “arrombar”, referindo-se às paredes de barro da
maioria das casas palestinas do século I) e roubar.
Vv. 20-21
- Por contraste, os tesouros do céu estão para sempre isentos da
deterioração e dos roubos (v. 20; cf. Lc 12.33). As palavras “tesouros nos
céus” remontam à literatura judaica (M Peah 1.1; T Levi 13.5; SI Sal 9.9).
Aqui, o termo “tesouros” refere-se a tudo que é bom e de relevância eterna que
vem do que é feito na terra. Fazer obras justas, sofrer por causa de Cristo,
perdoar uns aos outros — tudo isso tem promessa de “recompensa” (veja
comentário sobre 5.12; cf. 5.30,46; 6.6,15; 2Co 4.17). Outras obras de bondade
também acumulam tesouros nos céus (Mt 10.42; 25.40), incluindo disposição para
compartilhar (lTm 6.13-19). Nos melhores MSS, o aforismo final (v. 21) reverte
para a segunda pessoa do singular (cf. w . 2,6,17; veja comentário sobre 5-23).
O ponto é que as coisas mais altamente entesouradas ocupam o “coração”, o
centro da personalidade, abraçando mente, emoções e vontade (cf. DNTT
2:180-84); e, assim, o tesouro mais acalentado de forma sutil, mas infalível,
controla toda a direção e valores da pessoa. “Se a honra é considerada o mais
alto bem, então a ambição assume o controle total do homem; se for o dinheiro,
então, logo em seguida, a cobiça toma o comando do reino; se for o prazer,
então os homens, com certeza, degeneram em alegre satisfação dos desejos”
(Calvino). De modo oposto, os que estabelecem sua mente nas coisas do alto (Cl
3.1,2), determinando levar a vida sob as normas do reino, descobrem, por fim,
que suas obras os seguem (Ap 14.13).
Vv.22-23
- “Os olhos são a candeia do corpo” (v. 22) no sentido de que
através dos olhos, o corpo encontra seu caminho. O olho deixa entrar a luz, e,
assim, o corpo todo é iluminado. Mas olhos maus não deixam entrar a luz, e o
corpo fica nas trevas (v. 23). A “luz que está dentro de você” parece ironia;
os que têm olhos maus e que caminham nas trevas pensam que têm luz, mas, na
verdade, essa luz é trevas. As trevas são ainda mais terríveis, pois não se
reconhecem pelo que sao (cf. Jo 9.41). Essa descrição totalmente honesta tem
implicações metafóricas. O “olho” pode equivaler ao “coração”. O coração
voltado para Deus para guardar seus mandamentos (SI 119.10) equivale ao olho
fixo na lei de Deus (SI 119.18,149; cf. 119.36,37). De forma semelhante, Jesus
move do “coração” (v. 21) para os “olhos” (w. 22,23). Além disso, o texto
move-se entre a descrição física e a metáfora por meio das palavras escolhidas
para “bons” e “maus”. Haplous (“bom”; v. 22) e seus cognatos podem ter o
sentido de “único” {vs. diplous, “duplo”; lTm 5.17) no sentido de “lealdade
única, indivisa” (cf. lC r 29.17) ou nas formas cognatas “generoso”, “liberal”
(cf. Rm 12.8; Tg 1.5). Da mesma forma, ponêros (“mau”, v. 23) pode ter o
sentido de “maligno” (e.g., Rm 12.9) ou na expressão idiomática judaica “o olho
mau” pode ter sentido de avareza e egoísmo (cf. Pv 28.22). Portanto, Jesus está
dizendo: (1) ou que o homem que “divide seu interesse e tenta focar tanto Deus
como as posses [...] não tem visão clara e viverá sem orientação nem direção
claras” (Filson) — interpretação satisfatoriamente compatível com o versículo
24; (2) ou que o homem que é mesquinho e egoísta não pode realmente ver para
onde está indo; ele é moral e espiritualmente cego — interpretação compatível
com os versículos 19-21. Dos dois jeitos, a primeira interseção da metáfora
pode explicar a linguagem difícil do versículo 22. Na esfera física, “todo o
seu corpo” é exatamente isso, um corpo do qual o olho é a parte que provê “luz”
(cf. R. Gundry, Soma [Cambridge: University Press, 1976], p. 24-25). Na esfera
metafórica, o corpo representa a pessoa inteira que está mergulhada na treva
moral. Assim, “a luz que está dentro de você” é a visão que o olho com
lealdades divididas fornece ou a atitude caracterizada pelo egoísmo; nos dois
casos, na verdade, são realmente trevas. Essa abordagem que depende do Antigo
Testamento e do uso judaico é muito preferida à que vai à literatura helenista
e interpreta “a luz que está dentro de você” no sentido neoplatônico (e.g., H.
D. Betz, “Matthew vi.22f and ancient Greek theories of vision” [“Mateus 6.22s.
e antigas teorias gregas sobre visão”], em Best e Wisdow, p. 43-56).
V.24 - “Agora,
Jesus explica que por trás da escolha entre dois tesouros (que acumulamos) e
duas visões (em que fixamos nossos olhos) está a ainda mais básica escolha
entre dois mestres (a quem serviremos)” (Stott, p. 158). “Dinheiro” é a
tradução da palavra grega m am õna (“Mamom”), ela mesma uma transliteração da
palavra aramaica m ã m ôn ã’ (em declaração enfática; “riqueza”,
“propriedade”). A raiz (mn), tanto no hebraico quanto no aramaico, indica
aquilo em que a pessoa confia; e a conexão com dinheiro e riqueza, bem atestada
na literatura judaica (e.g., Peah 1.1; b Berakoth 61b; IsAAboth 2.7; nem sempre
em um sentido negativo) é dolorosamente óbvia. Aqui, ela está personificada.
Deus e Dinheiro não são retratados como empregadores, mas como senhores de escravos.
O homem pode trabalhar para dois empregadores, mas uma vez que “a posse única e
o trabalho em tempo integral são a essência da escravidão” (Tasker), ele não
pode servir a dois senhores de escravos. Ou Deus é servido com devoção total ou
não é servido de maneira alguma. As tentativas de dividir a lealdade denunciam
profundo compromisso com a idolatria, e não compromisso parcial com o
discipulado.
V.25 - “Portanto”, à luz das alternativas demonstradas (w. 19-24) e assumindo que seus
discípulos farão as escolhas certas, Jesus continua preocupado em proibir. A
expressão “Não Jesus mesmo exige que pensemos até mesmo sobre aves e flores (w.
26-30). “Não se preocupem” pode ser falsamente absolutizado, negligenciando as
limitações impostas pelo contexto e as maldições lançadas sobre o descuido, a
apatia, a indiferença, a preguiça e a autoindulgência expressas em outras
passagens (cf. Carson, Sermon on the M ount [Sermão do monte], p. 82-86; Stott,
p. 165-68). O ponto aqui é não se preocupar com as necessidades físicas, muito
menos com os luxos implícitos nos versículos precedentes porque essa
preocupação sugere que toda nossa existência foca essas coisas e está limitada
a elas. O argumento é a fortio ri (“quanto mais”), mas não (contra Hill, M
atthew [Mateus]) a m inori a d maius (“do menor para o maior”) e, sim, o
reverso: se Deus concedeu-nos a vida e o corpo, ambos reconhecidamente mais
importantes que alimento e vestimenta, ele também não nos daria esses dois
últimos? Por isso, preocupar-se com essas coisas trai a perda de fé e a
perversão de compromissos mais valiosos (cf. Lc 10.41, 42; Hb 13.5,6).
V.26 - O
ponto não é que os discípulos não precisam trabalhar — as aves não esperam
apenas que Deus jogue alimento em seu bico — mas que eles não precisam se preocupar.
Os discípulos podem fortalecer ainda mais sua fé quando lembram que Deus, em um
sentido especial, é Pai deles (não o Pai das aves) e que eles valem muito mais
que as aves (o termo “vocês” é enfático). Aqui, o argumento é do menor para o
maior. Esse argumento pressupõe uma cosmologia bíblica sem a qual a fé não faz
sentido. Deus tem tanta soberania sobre o universo que até mesmo a alimentação
de um rouxinol está no âmbito de sua preocupação. Como ele normalmente faz
coisas de forma regular, há “leis científicas” a serem descobertas, mas o
cristão com olhos para ver descobre simultaneamente coisas sobre Deus e sua
atividade (cf. Carson, Sermon on the M ount [Sermão do m onte], p. 87-90).
V.27 - A
palavra hêlikia (“vida”) também pode ser traduzida por “estatura” (cf. Lc
19.3); e pêchys (“hora”) tem o sentido de “cúbito” (cerca de cinquenta
centímetros) ou “idade” (Hb 11.11). Nenhuma combinação se encaixa com
facilidade; ninguém poderia ficar tentado a achar que a preocupação
acrescentaria cinquenta centímetros a sua estatura (KJV) nem que uma medida
linear (cinquenta centímetros) se encaixa facilmente com “vida”. Essa
disparidade explica a diversidade de traduções. O mais provável é que a medida
linear esteja sendo usada no sentido metafórico (cf. “pode acrescentar um
côvado ao curso da sua vida?” [ARA]), semelhante a “atravessar um marco” no
aniversário. E mais provável que a preocupação abrevie a vida do que a
prolongue, e, em última instância, esses assuntos estão nas mãos de Deus (cf.
Lc 12.13-21). Basta confiar nele.
INTRODUÇÃO
Os seres humanos são naturalmente orientada a coisa. Estamos
fortemente inclinado a ser embrulhado em buscar, adquirindo, desfrutando, e
proteger os bens materiais. Em culturas prósperas, como aqueles em que a
maioria dos ocidentais viver, a propensão para construir nossas vidas em torno
de coisas é especialmente grande. Os líderes religiosos do tempo de Jesus
estavam preocupados com as coisas. Eles eram materialistas, ganancioso,
avarento, cobiçoso, agarrando, e manipuladora. Que "os fariseus ... eram
amantes do dinheiro" (Lucas 16:14) não foi incidental para os outros
pecados para os quais Jesus os repreendeu. Porque eles não têm uma visão
correta de si mesmos (ver Mat. 5: 3-12), de sua relação com o mundo (5: 13-16),
da Palavra de Deus 17-20), da moralidade (5: 21-48), e dos deveres religiosos
(6: 1-18), era inevitável que eles não têm uma visão correta das coisas
materiais. Jesus primeiro mostra como a sua visão das coisas materiais não
essenciais foi pervertido (vv. 4-24) e, em seguida, como a sua visão das coisas
materiais essenciais também foi pervertido (vv. 25-34). Seus pontos de vista
tanto de luxos e necessidades foram deformado. A falsa doutrina leva a falsos
padrões, comportamento falso, e falsos valores e religião hipócrita parece
sempre ser acompanhado pela cobiça e imoralidade (cf. 2 Ped. 2: 1-3, 14-15).
Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli, o sumo sacerdote, não teve em conta
para as coisas de Deus, mas eles ansiosamente aproveitou escritório exaltado de
seu pai, bem como as suas próprias posições sacerdotais. Eles "eram homens
inúteis, pois eles não conhecem o Senhor" (1 Sam 2:12.). Eles levaram mais
do que sua parte prescrito da carne de sacrifício para si mesmos, e eles
cometeram adultério "com as mulheres que serviam à porta da tenda da
congregação" (13-17 vv., 22). Os problemas econômicos como inflação, as
recessões e depressões envolvem muitos fatores-monetárias complexas, políticos,
militares, sociais, climáticas, e assim por diante. Mas, com exceção do climática,
sobre os quais os homens têm pouco controle, a causa por trás da maioria
dificuldade econômica é a ganância. Os problemas são causados, em primeiro
lugar por causa da ganância, e muitas vezes são aparentemente impossível de
resolver, pelo mesmo motivo. Como João Stott observa, "ambição mundana tem
um fascínio forte para nós. O feitiço do materialismo é muito difícil de
quebrar" ( Cristão Counter-Culture [Downers Grove, Ill .: InterVarsity de
1978], p. 154).
I.
RIQUEZA DO
CÉU E RIQUEZA DA TERRA
1.
Uma conciliação impossível - palavra kosmos foi
empregada em um sentido ético, para indicar uma sociedade corrupta, ou o
princípio do mal que opera sobre os homens. O mundo aqui é a sociedade humana
com seus valores, princípios e filosofia vivendo à parte de Deus. Esse sistema
que rege o mundo é anti-Deus. Se o mundo valoriza a riqueza, começamos a
valorizar a riqueza também. Se o mundo valoriza o prestígio, começamos a
valorizar o prestígio. Temos a tendência de assimilar esses valores do mundo.
Um
crente pode tornar-se amigo do mundo gradativamente: primeiro, sendo amigo do
mundo (4.4). Segundo, sendo contaminado pelo mundo (1.27). Terceiro, amando o
mundo (IJo 2.15-17). Quarto, conformando-se com o mundo (Rm 12.2). O resultado
é ser condenado com o mundo (iCo 11.32). Assim, seremos salvos como que por
meio do fogo (iCo 3.11-15). Amizade com o mundo é uma espécie de adultério
espiritual. O crente está casado com Cristo (Rm 7.4) e deve ser fiel a Ele (Is
54.5; Jr 3.1-5; Ez 23; Os 1-2; ICo 11.2). O mundo é inimigo de Deus e ser amigo
do mundo é constituir-se em inimigo de Deus.
Não
dá para ser amigo do mundo e de Deus ao mesmo tempo. Temos que tomar cuidado
com as pequenas coisas.
O
mundo envolve as pessoas pouco a pouco. Ninguém se torna um viciado em álcool
do dia para a noite. Ninguém se lança de cabeça nas aventuras loucas das drogas
no primeiro trago ou na primeira picada. Ninguém começa uma vida licenciosa num
primeiro flerte. A sedução do mundo é como uma fenda numa barragem, começa
pequena, mas pode conduzir a um grande desastre. Luis Palau comenta:
Quando
a imensa represa Teton Dam, no sudeste de Idalio, desmoronou, em 05 de junho de
1976, todos ficaram aturdidos. Sem aviso prévio, sob céu claro, a imensa
estrutura subitamente desmoronou, lançando milhões de litros de água para
dentro da bacia do rio Snake. Uma catástrofe súbita? Um desastre instantâneo?
Certamente
parecia ser, pelo menos superficialmente. Mas, abaixo da linha da água, numa
profundidade em que os engenheiros não podiam ver, ocorria a propagação de uma
rachadura oculta que, de forma lenta, porém gradual, enfraquecia toda a
estrutura da represa.
Aquilo
começou de forma bastante insignificante. Apenas um pequeno ponto frágil, uma
pequena ponta de erosão. Ninguém vira e ninguém cuidara do problema. Quando a
fenda foi detectada, já era muito tarde. Os empregados da represa tiveram
apenas de correr para salvar suas vidas e de escapar de serem levados pelas
águas. Ninguém vira a pequena rachadura, mas todos viram o grande
desmoronamento.
2. Tesouros
da terra e tesouros do céu - Em primeiro lugar, uma ordem negativa (6.19). Não acumuleis para vós outros tesouros
sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e
roubam. E claro que Jesus não está aqui condenando a riqueza, pois, quando esta
vem como fruto do trabalho e da bênção de Deus, ela não traz desgosto. Também
Jesus não está aqui proibindo a previdência, pois a Escritura nos exorta a
considerar a ação das formigas que trabalham no verão para ficarem abastecídas
no inverno. Jesus tampouco está condenando você por usufruir dos benefícios do
seu trabalho. O que ele condena no texto é o acúmulo para si, a ganância
desmedida e a avareza mesquinha. Os tesouros nos são dados para serem
repartidos, e não para serem egoisticamente acumulados. Nada trouxemos e nada
levaremos deste mundo. Entramos no mundo nus e sairemos dele nus. Não há gaveta
em caixão. Aqui nossos tesouros são carcomidos por ferrugem, destruídos por
traças e subtraídos por ladrões. O problema não é possuirmos dinheiro, mas o
dinheiro nos possuir. O problema não é guardar dinheiro no bolso, mas
entronizá-lo no coração. O problema não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro.
Em segundo lugar, uma ordem positiva (6.20). Mas ajuntai para vós outros
tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam,
nem roubam. Ajuntar tesouros no céu não é criar uma linha de crédito celestial.
Isso não é acumular méritos pessoais diante de Deus nem manter um saldo robusto
no banco do céu em virtude das boas obras praticadas nesta vida. Quando usamos,
porém, nossos tesouros para promover a causa do evangelho e socorrer os
necessitados, isso é investir para a eternidade. Nesse sentido, ganhamos o que
damos e perdemos o que retemos. Em terceiro lugar, uma explicação
necessária (6.21). Porque, onde está 0 teu tesouro, a í estará também 0 teu
coração. O nosso tesouro arrasta nosso coração. Nosso coração estará na terra
ou no céu, depende de onde o colocamos, se na terra ou no céu.
3. O que
o cristão precisa saber sobre os bens materiais? - Os líderes religiosos do tempo de
Jesus estavam preocupados com as coisas. Eles eram materialistas, ganancioso,
avarento, cobiçoso, agarrando, e manipuladora. Que "os fariseus ... eram
amantes do dinheiro" (Lucas 16:14) não foi incidental para os outros
pecados para os quais Jesus os repreendeu. Porque eles não têm uma visão correta
de si mesmos (ver Mat. 5: 3-12), de sua relação com o mundo (5: 13-16), da
Palavra de Deus 17-20), da moralidade (5: 21-48), e dos deveres religiosos (6:
1-18), era inevitável que eles não têm uma visão correta das coisas materiais.
Em momento algum Jesus exagera a pobreza ou critica o enriquecimento legítimo.
Deus fez todas as coisas, inclusive a comda, roupas e metais preciosos, e
declarou que todas as coisas que fez são boas (Gn 1:31). Deus sabe que
precisamos de certas coisas para viver (Mt 6:32). De fato, é Deus quem
"tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento" (1 Tm 6:17).
Não é errado possuir coisas, mas é errado permitir que as coisas nos possuam. O
pecado da idolatria é tão perigoso quanto o da hipocrisia! Encontramos várias
advertências contra a cobiça ao longo Bíblia (Êx 20:1 7; Sl 119:36; Mc 7:22; Lc
12:15ss; Ef 5:5; Cl 3:5). Jesus adverte sobre o pecado de viver em função dos
bens materiais e chama a atenção para as tristes conseqüências da cobiça e da
idolatria. Não creio que Jesus esteja condenando todo tipo de riqueza, assim
como não está condenando todo tipo de roupa. Ele não está proibindo coisas,
mas, sim, o amor às coisas. Não o dinheiro, mas o amor ao dinheiro é a raiz de
todos os males (1Tm 6.10). Jesus nos proíbe de fazer de simples bens materiais
nosso tesouro, de acumular coisas como se tivessem importância suprema.
II.
A IDOLATRIA AO DINHEIRO
1.
O coração no lugar certo - Portanto, nem as propriedades, nem a provisão
para o futuro, nem o desfrutar dos dons de um Criador bondoso estão incluídos
na proibição dos tesouros acumulados na terra. O que está, então? O que Jesus
proíbe a seus discípulos é a acumulação egoísta de bens (“Não acumuleis para
vós outros tesouros sobre a terra”); uma vida extravagante e luxuosa, a dureza
de coração que não deixa perceber as necessidades colossais das pessoas menos
privilegiadas neste mundo; a fantasia tola de que a vida de uma pessoa consiste
na abundância de suas propriedades; e o materialismo que acorrenta nossos
corações à terra. O Sermão do Monte repetidas vezes refere-se ao “coração” e,
aqui, Jesus declara que o nosso coração sempre segue o nosso tesouro, quer para
baixo para a terra, quer parao alto para o céu (v. 21). Resumindo, “acumular
tesouros sobre a terra” não significa ser previdente (fazer ajuizadas provisões
para o futuro), mas ganancioso (como o sovina que acumula e os materialistas
que sempre querem mais).
Esta
é a armadilha contra a qual Jesus nos adverte aqui. “Sempre que o Evangelho é
ensinado”, escreveu Lutero, “e as pessoas procuram viver de acordo com ele,
surgem duas terríveis pragas: os falsos pregadores, que corrompem o ensino, e,
então, a Sra. Ganância, que impede um viver justo.” O “tesouro na terra”, por
nós cobiçado, Jesus nos lembra: “A traça e a ferrugem destroem, e … os ladrões
o arrombam e roubam” (BLH). A palavra grega para “ferrugem” (brasis) significa
“comer”; pode referir-se à corrosão causada pela ferrugem, mas também a
qualquer peste ou parasita devoradora. Naquele tempo, as traças entravam
facilmente nas roupas das pessoas, os ratos comiam os cereais armazenados,
pestes atacavam o que estivesse debaixo da terra, e os ladrões entravam nos
lares e levavam o que fosse possível. Não havia a menor segurança no mundo
antigo. E para nós, gente moderna, que procuramos proteger os nossos tesouros
com inseticidas, venenos contra ratos, ratoeiras, tintas à prova de ferrugem e
arames contra ladrões, mesmo assim eles se desintegram na inflação ou na
desvalorização ou nos colapsos econômicos.
Mesmo
que uma parte permaneça através desta vida, nada podemos levar conosco para a
outra. Jó estava certo: “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei.” Mas o
“tesouro no céu” é incorruptível. Que tesouro é esse? Jesus não explica. Mas
podemos dizer com toda certeza que “ajuntar tesouros no céu” é fazer na terra
alguma coisa cujos efeitos durem pela eternidade. Jesus não estava, certamente,
ensinando uma doutrina de méritos ou um “tesouro de méritos” (como a Igreja
Católica medieval ensinava), como se pudéssemos acumular no céu, através de
boas obras praticadas na terra, uma espécie de crédito bancário do qual nós e
outros pudéssemos sacar, pois tal noção grotesca contradiz o Evangelho da graça
que Jesus e seus apóstolos ensinaram coerentemente. E, de qualquer modo, Jesus
estava falando a discípulos que já tinham recebido a salvação de Deus. Parece,
antes, referir-se a coisas tais como: o desenvolvimento de um caráter
semelhante ao de Cristo (uma vez que todos nós podemos levá-lo conosco para o
céu); o aumento da fé, da esperança e da caridade, pois todas elas, segundo
Paulo, “permanecem”; o crescimento no conhecimento de Cristo, o qual um dia
veremos face a face; a tarefa ativa, por meio da oração e do testemunho, de
apresentar outros a Cristo, para que também possam herdar a vida eterna; e o
uso de nosso dinheiro nas causas cristãs, que é o único investimento financeiro
cujos dividendos são eternos. Todas estas atividades são temporais com
consequências eternas.
Este
seria, então, “o tesouro no céu”. Nenhum ladrão pode roubá-lo, e nenhuma praga
pode destruí-lo, pois não há traças, nem ratos, nem assaltantes no céu.
Portanto, o tesouro no céu é seguro. Medidas de precaução para protegê-lo são
desnecessárias. Não precisa de apólices de seguro. É indestrutível. Portanto,
parece que Jesus está nos dizendo: “É um investimento seguro para vocês; nada
poderia ser mais seguro do que isto. E a única apólice de seguro que jamais
perde o seu valor.”
2. Idolatrando a Mamom - Jesus explica, agora, que
além da escolha entre dois tesouros (onde vamos ajuntá-los) e entre duas visões
(onde vamos fixar os nossos olhos) jaz uma escolha ainda mais básica: entre
dois senhores (a quem vamos servir). É uma escolha entre Deus e Mamom: “Não
podeis servir a Deus e a Mamom” (ERC); isto é, entre o próprio Criador vivo e
qualquer objeto de nossa própria criação que chamamos de “dinheiro” (“Mamom” é
uma transliteração da palavra aramaica para riqueza). Não podemos servir aos
dois.
Algumas
pessoas discordam destas palavras de Jesus. Recusam-se a ser confrontadas com
uma escolha tão rígida e direta, e não veem a necessidade dela. Asseguram-nos
que é perfeitamente possível servir a dois senhores simultaneamente, por conseguirem
fazer isso muito bem. Diversos arranjos e ajustes possíveis parecem-lhes
atraentes. Ou eles servem a Deus aos domingos e a Mamom nos dias úteis, ou a
Deus com os lábios e a Mamom com o coração, ou a Deus na aparência e a Mamom na
realidade, ou a Deus com metade de suas vidas e a Mamom com a outra.
Pois
é esta solução popular de comprometimento que Jesus declara ser impossível:
Ninguém pode servir a dois senhores… Não podeis servir a Deus e às riquezas
(observe o “pode” e o “não podeis”). Os pretensos conciliadores interpretam mal
este ensinamento, pois se esquecem da figura de escravo e dono de escravo que
se encontra por trás destas palavras. Como McNeile disse: “Pode-se trabalhar
para dois empregadores, mas nenhum escravo pode ser propriedade de dois
senhores”, pois “ter um só dono e prestar serviço de tempo integral são da
essência da escravidão”. Portanto, qualquer pessoa que divide sua devoção entre
Deus e Mamom já a concedeu a Mamom, uma vez que Deus só pode ser servido com
devoção total e exclusiva.
Isto
simplesmente porque ele é Deus: “Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha
glória, pois, não a darei a outrem.” Tentar dividir a nossa lealdade é optar
pela idolatria. E quando percebemos a profundidade da escolha entre o Criador e
a criatura, entre o Deus pessoal glorioso e essa coisinha miserável chamada
dinheiro, entre a adoração e a idolatria, parece inconcebível que alguém faça a
escolha errada, pois agora ê uma questão não apenas de durabilidade e benefício
comparativos, mas sim de valor comparativo: o valor intrínseco de um e a
intrínseca falta de valor do outro.
3. A
riqueza condenada por Cristo - O homem que se considerava tão prudente e protegido em armazenar
toda a sua colheita para o seu desfrute por longos anos é confrontado com uma
voz que ecoa desde o céu, a própria voz de Deus: Louco, esta noite te pedirão a
tua alma; e o que tens preparado, para quem será? (Lc 12.20). Jesus mostra a
tragédia irremediável da avareza, e isso por quatro razões.
Em primeiro lugar, o homem que põe sua confiança nas coisas materiais pensando
que nelas terá segurança é louco. O dinheiro pode nos dar conforto por um
tempo, mas não paz permanente. Pode nos dar alimento farto para o corpo, mas
não descanso para a alma. Pode nos dar alguma proteção terrena, mas não escape
da morte. Pode nos dar prazeres na terra, mas não a bem-aventurança eterna.
Em segundo lugar, o homem que pensa que é o capitão da sua alma é louco. O
homem, por mais rico que seja, não determina os dias de sua vida nem tem
controle
Em terceiro lugar sobre
a hora de sua morte. O homem, por mais abastado que seja, não tem nas mãos o
destino de sua alma. Na hora da morte, sua alma é requerida. O espírito volta
para Deus e nesse momento o homem terá de prestar contas ao reto juiz.
, o homem que pensa que é o dono dos bens que acumula é louco. O
homem plantou, colheu, derrubou, construiu, armazenou e falou à sua alma para
desfrutar de tudo por longos anos. Mas, de tudo o que ajuntou, não desfrutou
nada e não levou nada. Tudo foi passado para outras mãos.
Em quarto lugar, o homem que entesoura para si mesmo e não é
rico para com Deus é louco (Lc 12.21). O que significa ser rico para com Deus?
Significa reconhecer com gratidão que tudo o que temos vem de
Deus e nos esforçar para usar o que ele nos dá para o bem de outros e para a
sua glória.
Ser rico para com Deus é deixar de confiar na provisão para
confiar no provedor.
E depositar sua fé em Deus, e não nas bênçãos de Deus. A
prosperidade tem seus perigos (Pv 30.7-9). A riqueza é capaz de sufocar a
palavra de Deus (Mt 13.22), de criar armadilhas e tentações (1Tm 6.6-10) e de
dar uma falsa sensação de segurança (1Tm 6.17). Portanto, os que se contentam
com as coisas que o dinheiro pode comprar correm o risco de perder aquilo que o
dinheiro não pode comprar.
Concluo com as palavras de John Charles Ryle:
Quando podemos afirmar que um homem é rico para com Deus? Nunca,
até que ele seja rico em graça, fé e boas obras, até que se dirija ao Senhor
Jesus suplicando que lhe dê o ouro refinado pelo fogo (Ap 3.18). Nunca,
enquanto não tiver uma casa feita não por mãos humanas, eterna, nos céus.
Nunca, até que seu nome esteja escrito no livro da vida e que ele seja herdeiro
de Deus e coerdeiro juntamente com Cristo. Este é o homem verdadeiramente rico!
Seu tesouro é incorruptível. Seu banco nunca há de falir.
Sua herança não fenece. Os homens não podem impedir que ele a
desfrute. A morte não pode arrebatá-la de suas mãos. Todas essas coisas já
pertencem àquele que é rico para com Deus – as coisas do presente e as do
porvir. E o melhor de tudo, o que ele possui agora não significa nada em
comparação ao que possuirá no futuro.
III.
VIVENDO A QUIETUDE ESPIRITUAL EM DEUS
1. Os
males advindos das preocupações - Os tipos de preocupação mais traiçoeiros talvez sejam
os que combinam inquietação legítima com preocupação egocêntrica. Por exemplo,
o pregador pode estar legitimamente inquieto por causa de um sermão que terá de
pregar, pois quer que ele seja verdadeiro, útil, ungido pelo Espírito de Deus e
transmitido com amor. No entanto, ele também pode estar preocupado com sua
reputação. Nós, seres humanos, temos uma capacidade muito grande de criar
motivos e preocupações conflitantes. Que Deus nos ajude a reforçar o que é bom
e a abominar o que é mau. A que tipo de preocupação nosso Senhor se refere em
Mateus 6.25-34? É claro que ele não está defendendo a irresponsabilidade
despreocupada. Ele está ensinando que mesmo as necessidades materiais não são
causa legítima de preocupação para os herdeiros do reino. Portanto, nossas
necessidades físicas, por mais procedentes que sejam, jamais devem suplantar
nosso compromisso com o reino de Deus e a sua justiça. Além disso, ele ensina
que essas mesmas necessidades se tornam oportunidades de viver de um jeito
diferente do modo de viver dos pagãos à nossa volta, que não aprenderam a
confiar em Deus nem para o suprimento de suas necessidades básicas. O princípio
geral (6.25) “Portanto eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria vida,
quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir.
Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a
roupa?” A tradução da NIV, “Não se preocupem”, é melhor que a da KJV, “Não
pensem”, já que a ordem não tem o objetivo de defender o descuido, a falta de
reflexão, mas, sim, a ausência de preocupação. A passagem tem implícito um
argumento a fortiori. O argumento a fortiori tem a seguinte formulação: “Se
isto acontece, então aquilo não acontecerá com muito mais razão?”. O Novo
Testamento tem alguns exemplos bem conhecidos desse tipo de raciocínio. Talvez
o mais notável seja a passagem de Romanos 8.32: “Aquele que não poupou o
próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com
ele, de graça, todas as coisas?”. Deus já nos deu sua melhor dádiva; com muito
mais razão, então, ele nos dará coisas menores! Outro excelente exemplo de
argumento a fortiori encontra-se no capítulo que estamos estudando: “Se Deus
veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não
vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé?” (Mt 6.30). E, novamente, em
Mateus 7.11, encontramos: “Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas
coisas a seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está no céu, dará boas
coisas aos que lhe pedirem!”. Em Mateus 6.25, o argumento a fortiori só está
implícito porque a formulação não está presente. Contudo, o raciocínio parece
ser mais ou menos este: ele, que nos provê de vida, de um corpo (que, do nosso
ponto de vista, é o mais importante), quanto mais também nos proverá de coisas
menos importantes, como alimentação e vestuário! Portanto, o seguidor de Jesus
não deve se preocupar com essas necessidades, por mais essenciais que elas
sejam. Dois exemplos permitem entender essa questão.
2. Vivendo
sem inquietação - Jesus
não quer dar ênfase ao fato de que as aves não trabalham; tem-se dito que
provavelmente o pardal seja um dos seres viventes que mais trabalha para comer;
no que insiste é em que estão desprovidos de afã. Não se poderia encontrar nos
animais esse afã do homem por vigiar um futuro que não pode ver; nem tampouco é
característico deles acumular bens a fim de desfrutar de uma certa segurança
para o futuro.
(1) No versículo 27 Jesus prossegue
demonstrando que, de todos os modos, a preocupação é inútil. Este versículo
pode interpretar-se de duas maneiras distintas. Pode significar que ninguém,
por mais que se preocupe, pode aumentar de estatura. Mas a medida que Jesus usa
como exemplo equivale a uns quarenta centímetros, e nenhum homem, por mais
baixo que seja, quereria acrescentar quarenta centímetros à sua estatura.
Também pode significar, por outro lado, que por mais que nos preocupemos não
podemos acrescentar nem um dia à nossa vida, e este significado é mais
provável. De todos os modos, o que Jesus quer dizer é que a preocupação é
inútil.
(2) Jesus
prossegue referindo-se às flores (vs. 28-30). Fala delas do modo como o faria
alguém capaz das amar. Os lírios do campo a que faz referência são
provavelmente as papoulas e as anêmonas. Floresciam silvestres, durante um só
dia, nas serranias da Palestina. E entretanto, durante tão breve vida estavam
vestidas de uma beleza que ultrapassava a dos mantos reais. Quando morriam, não
serviam para outra coisa que para ser queimadas. O forno que se usava nos lares
palestinenses era feito de barro. Era uma espécie de cubo de barro que se
colocava sobre o fogo. Quando se desejava elevar a temperatura desses fornos de
modo rápido, adicionavam-se ao fogo molhos de ervas e flores silvestres secas e
uma vez acesos eram postos dentro do forno. As flores do campo viviam um só
dia, e depois somente serviam para ser queimadas e ajudar à mulher que queria
assar algo e tinha pressa. E entretanto, Jesus as vestia de uma beleza que o
homem, em seus melhores intentos, nem sequer pode imitar. Se Deus outorgar
tanta beleza a uma flor, que somente viverá umas poucas horas, quanto mais fará
a favor do homem? Certamente uma generosidade que é tão pródiga com uma flor de
um dia, não deve esquecer do homem, que é a coroa de toda a criação.
(3) Jesus segue propondo um argumento
fundamental contra a ansiedade. A ansiedade, diz Ele, é característica dos
pagãos e não de quem conhece a Deus tal qual Ele é (v. 32). A ansiedade é
essencialmente desconfiança com respeito a Deus. Tal desconfiança é
compreensível em um pagão, que acredita em deuses egoístas, caprichosos e
imprevisíveis, porém não se pode aceitar nos que aprenderam a chamar a Deus com
o nome de Pai. O cristão não pode trabalhar em excesso porque aprendeu a
acreditar no amor de Deus.
3. Vivendo sossegados em Deus - Vejamos, agora, se podemos
sistematizar os argumentos de Jesus contra a ansiedade. (1) A ansiedade é
desnecessária, inútil e até nociva. Não pode afetar o passado, porque ninguém
pode modificar o que ficou para trás. Omar Khayám tinha razão quando escreveu:
"O dedo que se move escreve e, tendo escrito, continua escrevendo; nem
toda a sua piedade e imaginação seriam incapazes de convencê-lo a apagar sequer
uma linha. Nem todas as suas lágrimas serão capazes de apagar sequer uma
palavra." O passado passou. Isto não quer dizer que alguém deva
desentender-se de seu passado, mas sim que deveria usá-lo como incentivo e guia
para agir melhor no futuro, e não como objeto de uma ansiedade em que se atrasa
até ficar totalmente imóvel e incapaz de agir. Do mesmo modo, é inútil
trabalhar em excesso pelo futuro. Alistair MacLean, em um de seus sermões,
conta uma história que tinha lido. O herói era um médico londrino. "Tinha
ficado paralítico, e não podia levantar-se da cama, mas todo o tempo o via
alegre, e sua alegria era quase ofensiva. Seu sorriso era tão valente e
radiante que todos esqueciam de compadecer-se dele. Seus filhos o adoravam, e
quando um deles estava por abandonar o ninho e lançar-se à aventura da vida, o
doutor Greatheart ("coração grande") deu-lhe a seguinte recomendação:
"Johnny", disse-lhe, "o que deve fazer é manter-se a si mesmo
firme em suas obrigações e objetivos, e fazê-lo como um cavalheiro. E lembre,
por favor, que a maioria dos problemas que terá que enfrentar são os que jamais
se apresentam." Trabalhar em excesso pelo futuro é um esforço inútil, e o
futuro real nunca é tão desastroso como o futuro de nossos temores. Mas a
ansiedade é pior que inútil; muito freqüentemente é direta e ativamente
daninha. As duas enfermidades típicas da vida moderna são a úlcera no estômago
e a trombose coronária, e em muitos casos ambas procedem da excessiva
preocupação. É um fato comprovado pela medicina que aqueles que riem mais,
vivem mais. A ansiedade, que desgasta a mente, também desgasta o corpo, junto
com ela. Afeta a capacidade de julgamento do homem, diminui seu poder de
decisão e o torna progressivamente cada dia mais incapaz de enfrentar a vida.
Que cada qual enfrente o melhor que possa cada situação – não pode fazer mais
que isso – e deixe o resto a Deus. (2) A ansiedade é cega. Nega-se a aprender a
lição que lhe oferece a natureza. Jesus nos pede que olhemos às aves, toda a
maravilhosa abundância e riqueza que respalda a natureza, e que confiemos no
amor que nos fala através dessa riqueza. A ansiedade se nega a aprender a lição
que a História lhe oferece. Um salmista se alegrava recordando os
acontecimentos da história de seu povo. "Deus meu", exclama, “Sinto
abatida dentro de mim a minha alma”, e prossegue dizendo: “Lembro-me, portanto,
de ti, nas terras do Jordão, e no monte Hermom, e no outeiro de Mizar.” (Salmo
42:5, 6, cf. com Deuteronômio 3:9). Quando tudo se fazia insuportável ele
recebia conforto com a memória do que Deus tinha feito. O homem que alimenta
seu coração com a história do que Deus tem feito no passado, nunca temerá pelo
futuro. A ansiedade se nega a aprender a lição que a vida lhe ensina. Seguimos
vivendo, e ainda não temos a soga ao pescoço; e entretanto, se alguém nos
dissesse alguma vez que teríamos que passar os maus momentos que passamos, e
superado, nós lhe diríamos que seria impossível. A lição da vida é que, de
algum jeito, fomos capacitados para suportar o insuportável, e para ir mais à
frente do ponto de fratura, sem nos fraturar. A lição da vida é que a ansiedade
é desnecessária. Alistair MacLean cita uma história de Tolero, o místico
alemão. Um dia Tolero se encontrou com um mendigo. "Deus lhe dê um bom dia,
amigo", disse-lhe. "Dou graças a Deus porque todos os meus dias foram
bons", respondeu-lhe o mendigo; "nunca fui infeliz." Surpreso,
Tolero lhe perguntou: "O que você quer dizer?" "Quando faz bom
tempo", disse o pobre homem, "dou graças a Deus; quando chove, dou
graças a Deus; quando tenho abundância, dou graças a Deus. E dou graças a Deus
quando passo fome. E desde que a vontade de Deus é minha vontade, e tudo o que
agrada a Deus, agrada a mim também, por que teria que dizer que sou infeliz,
quando em realidade não o sou?" Surpreso, Tolero voltou a lhe perguntar:
"Quem é você?" E o mendigo lhe respondeu: "Sou um rei."
"Onde está seu reino?", perguntou Tolero. E o mendigo lhe respondeu,
muito tranqüilo: "Em meu coração." Isaías já o havia dito, muito tempo
antes: "Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é
firme; porque ele confia em ti" (Isaías 26:3). Como sustentava aquela
mulher nórdica da história: "Sempre sou feliz, e meu segredo é navegar
sempre pelos mares, mas deixar sempre meu coração no porto."
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AUTOR: PB. José Egberto S. Junio,
formato em teologia pelo IBAD, Superintendente e Profº da EBD. Casado com a Mª
Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja
Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2. Endereço
da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista Suzano SP.
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Setorial – Pr. Davi Fonseca
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Local – Ev. Antônio Sousa
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BIBLIOGRAFIA
Bíblia
Almeida século 21
Bíblia
de estudo King James Atualizada
Comentário
bíblico Mateus, John Macarthur
O
Sermão do Monte, D. A. Carson
Comentário
bíblico Mateus, William Barclay
Comentário
bíblico Mateus, D. A. Carson
O
Sermão do Monte, D. A. Carson
Comentário
bíblico expositivo Mateus, Warren W. Wiersbe
Comentário bíblico expositivo Hagnos Mateus, Hernandes Dias
Lopes
LOPES. Hernandes Dias. TIAGO Transformando provas em triunfo.
STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte.
STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte.
LOPES. Hernandes Dias. Lucas Jesus o Homem Perfeito.