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Profº PB. Junio - Congregação Boa Vista II |
TEXTO ÁUREO
" Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!" (1CO 9.16)
VERDADE PRÁTICA
Além de guardar e cuidar, a missão do atalaia é anunciar tanto o julgamento divino como as Boas-novas.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: EZ 3. 16-21, 27 ( EXPLICAÇÃO DO COMENTÁRIO AT RUSSEL N. CHAMPLIN - EDITORA HAGNOS)
V.16 - Outra Etapa da Missão. O profeta teve sete dias de descanso e meditação.
Então, o poder de Yahweh o pegou novamente. Agora chegara o tempo de agir,
pois a mensagem tinha de ser entregue aos exilados. A comissão do profeta foi
renovada e ele sentiu grande responsabilidade de agir como um herói. O Targum
nos informa aqui que “a palavra de profecia” foi dada a Ezequiel, nesta experiência; assim, ele ficou qualificado para agir como profeta de Yahweh.
V.17 - Filho do hom em . Yahweh freqüentemente utilizou este título para referirse ao profeta. Ver as notas expositivas em Eze. 2.1. Aquele fraco filho de
homem seria feito o poderoso atalaia de Israel. Cf. lsa. 56.10; Jer. 6.17 e Osé.
9.8, onde o mesmo título é empregado. Os atalaias se posicionavam sobre os
muros da cidade, sobre topos de colinas, às vezes sobre torres de água ou
instalações militares, pois precisavam de visão panorâmica. O trabalho deles
consistia em avisar o povo sobre a aproximação de qualquer perigo. Eles
serviam como protetores do povo e trabalhavam em favor do seu bem-estar.
Ezequiel tornou-se o atalaia espiritual do pequeno remanescente de judeus
no cativeiro babilónico. Um Novo Israel estava sendo preparado por seus sforços. Seu trabalho era “pequeno”, mas tinha grandes implicações. O atalaia avisou o povo da chegada do julgamento, por causa de sua idolatriaadultério-apostasia. Ele deu instruções morais e espirituais. A figura do atalaia será repetida em Eze. 33.2-6. Ver também I Sam. 14.16; II Sam. 18.24-
27; II Reis 9.17-20 e lsa. 21.6.
V.18 - As advertências espirituais dos vss. 18-21 não se referem à alma e à
condenação eterna em uma vida além do sepulcro, embora, comumente, intérpretes utilizem este trecho oom tal aplicação. Podemos fazer essa aplicação,
porque as palavras são aptas a esse fim, mas o que está em pauta é a destruição pelas mãos dos babilônios. As palavras podem incluir a idéia de desastres,
pragas e revoltas da natureza, que massacram a vida humana. A vida prometida aos obedientes e convertidos seria tranqüila e longa na Terra Prometida,
onde os habitantes teriam o privilégio de promover o culto a Yahweh, fonte de
todas as bênçãos. Em outras palavras, o texto se refere à salvação temporal,
não espiritual.
Casos Específicos:
1. O primeiro caso estipulado é o do homem pecaminoso, rebelde, apóstata
(coletivamente, Judá-Jerusalém); este ímpio recebe a advertência de Yahweh.
Os babilônios trariam a morte, que chegaria na forma de um imenso massacre. Presumivelmente, o próprio profeta pereceria com o povo. Além dos
ataques dos babilônios, haveria doenças, desastres naturais e uma variedade
espantosa de calamidades. Mas nada, no trecho presente, fala sobre a alma
e o julgamento do outro mundo.
É óbvio que este texto não menciona nada sobre o problema da segurança
do crente, embora alguns intérpretes o utilizem desta maneira. “A referência aqui
é obviamente à morte física” (Charles H. Dyer, in toe).
V.20 - 3. O terceiro caso é o do homem justo (segundo os padrões do Antigo Testamento, o homem que obedece à lei mosaica e participa do culto a Yahweh).
Este homem cumpre seus deveres, mas finalmente abandona sua fé (como
Judá fez quando correu atrás da idolatria de seus vizinhos). Este homem,
ontem justo, agora é um ímpio como o resto da Judá apóstata; contra ele
Yahweh agirá; sua bondade anterior não o ajudará nem um pouco. Com a
iniqüidade, ele anula sua condição anterior, cai e morre. Todavia, o ministro
que o advertiu fica livre de sua culpa. O texto não se refere a um homem que
ontem estava salvo, mas hoje está perdido, e, se morrer nesta condição,
sofrerá julgamento eterno; esta é a interpretação de alguns ansiosos que
querem um texto de prova para sua doutrina arminiana. O texto fala especificamente do golpe de morte do exército babilónico, que executou uma nação
inteira e obviamente dos indivíduos daquela nação. A segunda morte não
está em pauta.
Tropeço. Cf. lsa. 8.14; I Cor. 1.23; Rom. 8.32-33; I Ped. 2.8. A bondade
que o homem praticou no passado não pode agir como um tipo de crédito,
para evitar conseqüências desastrosas de uma vida pecaminosa presente.
Ele não pode tirar algum dinheiro de seu banco espiritual e pagar os débitos
de uma vida atual de apostasia. A Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura (ver a respeito no Dicionário) garantirá que esse homem pague o que deve:
ele morrerá.
V.21 - 4. O quarto caso é o do homem bom que se tornou melhor ainda. Os
ensinamentos do profeta fiel o ajudaram; ele obedeceu aos mandamentos e
agiu com justiça. Esse homem será poupado das calamidades que trazidas
pelos babilônios. Ele também escapará aos castigos da natureza, não ficará
doente, terá uma vida longa, saudável e próspera. É bom negócio ser bom,
Cf. o sentimento do Novo Testamento:
Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles;
pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas,
para que façam isto com alegria e não gemendo
V.27 - Quando eu falar contigo, darei que fale a tua boca. Ezequiei não seria
para sempre um profeta silencioso. Com o tempo, sua boca foi aberta para falar.
O Espírito estava controlando a situação e operando segundo Sua vontade. Todos os elementos se harmonizavam perfeitamente. Não houve lapsos na execução do plano divino.
Assim diz o Senhor Deus. Adonai-Yahweh, isto é, Soberano Eterno, o título
divino comum deste livro, aparecendo 217 vezes. Aparece somente 103 vezes no
restante do Antigo Testamento. A missão do profeta seria realizada de acordo
com a Soberania de Deus (ver a respeito no Dicionário). Quando o profeta ficava
em silêncio, era porque Yahweh não tinha falado; quando abria a boca, era
inspirado por Yahweh. O ministério do profeta mesclaria períodos de silêncio com
períodos de pregação. Como o atalaia de Israel (Eze. 3.16 ss.), ele se harmonizou
perfeitamente com a mente divina. Sua mudez seria intermitente. Sua palavra
encontraria receptividades radicalmente diversas. Alguns o escutariam; amém!
Outros não o fariam; assim seja! A grande maioria dos rebeldes não se converteria, e sofreria o devido castigo. Yahweh não esperava “sucesso de números” da
parte do profeta. Cf. as palavras de Jesus em Mat. 11.15; ver também Mat. 13.9;
Mar. 4.9,23; Luc. 8.8.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
(Lucas 14.35)
A pregação era seu próprio sucesso. O dever do atalaia seria realizado a
despeito da rebeldia dos ouvintes
INTRODUÇÃO
A mensagem do livro tem uma consistência interna que se encaixa com o equilíbrio estrutural. O ponto central é a queda de Jerusalém
e a destruição do Templo. Esta é anunciada em 24:21ss. e é relatada em
33:21. Desde o capítulo 1 até 24, a mensagem de Ezequiel é de destruição e denúncia: é um atalaia colocado para advertir o povo de que esta
é a conseqüência inevitável dos pecados da nação. Mas desde o capítulo
33 até 48, embora ainda se considere um atalaia com uma mensagem de retribuição e responsabilidade individuais, seu tom é de encorajamento e de
restauração. Antes de 587 a.C., seu tema era que a deportação de 597 a.C.,
da qual ele mesmo foi uma das vítimas, certamente não era o fim do castigo
de Deus aplicado ao Seu povo: coisa pior estava para vir, e os exilados
deviam estar prontos para enfrentá-la. Depois de vir esta coisa, e o pior
ter acontecido, Deus agiria para reedificar e restaurar Seu povo Israel,
uma vez disciplinado.
Ezequiel registra treze datas, ano, mês e dia, de quando lhe foram entregues os oráculos divinos, e essas informações são importantes, pois ajudam na compreensão do livro.
1. “No trigésimo ano, no quinto dia do quarto mês, estando
eu no meio dos exilados, junto ao rio Quebar, os céus se abriram e eu tive visões de Deus. No quinto dia do referido mês, no
quinto ano de cativeiro do rei Joaquim, a palavra do Senhor veio
expressamente a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos
caldeus, junto ao rio Quebar. Ali a mão do Senhor esteve sobre
ele” (1.1, 2). – 5 de Tamuz: 31de julho de 593 a.C.
2. “No sexto ano, no sexto mês, aos cinco dias do mês, quando
eu estava sentado em minha casa e os anciãos de Judá estavam
sentados diante de mim, aconteceu que ali a mão do Senhor Deus
caiu sobre mim” (8.1). – 5 de Elul: 18 de setembro de 591 a.C.
3. “No sétimo ano, no quinto mês, aos dez dias do mês, alguns dos anciãos de Israel vieram consultar o Senhor e se assentaram diante de mim” (20.1). – 10 de Ave: 14 de agosto de 591 a.C.
4. “A palavra do Senhor veio a mim, no nono ano, no décimo
mês, aos dez dias do mês” (24.1). – 10 de Tevete: 5 de janeiro de
587 a.C. [589/588 a.C.].
5. “No décimo primeiro ano, no primeiro dia do mês, a palavra do Senhor veio a mim” (26.1). – 10 de Tevete: 8 de janeiro
de 586 a.C. [586 a.C].
6. “No décimo ano, no décimo mês, aos doze dias do mês, a
palavra do Senhor veio a mim” (29.1). – 12 de Tevete: 7 de janeiro
de 587 a.C. [588/587 a.C.].
7. “No vigésimo sétimo ano, no primeiro mês, no primeiro
dia do mês, a palavra do Senhor veio a mim” (29.17). – 1 de Nisã:
26 de abril de 587 a.C., ano novo judaico [571/570 a.C.]
8. “No décimo primeiro ano, no primeiro mês, aos sete dias
do mês, a palavra do Senhor veio a mim” (30.20). – 7 de Nisã: 29
de abril de [587/586 a.C].
9. “No décimo primeiro ano, no terceiro mês, no primeiro
dia do mês, a palavra do Senhor veio a mim” (31.1). – 1 de Sivã:
21 de junho de 587 a.C., dois meses depois de 30.20.
10. “No décimo segundo ano, no décimo segundo mês, no
primeiro dia do mês, a palavra do Senhor veio a mim” (32.1). – 1
de Adar: 3 de março de 585 a.C.
11. “No décimo segundo ano, aos quinze dias do primeiro
mês, a palavra do Senhor veio a mim” (32.17). – 15 de Adar: 18 de
março de 584 a.C. [585].
12. “No décimo segundo ano do nosso exílio, aos cinco dias
do décimo mês, veio a mim um sobrevivente de Jerusalém”
(33.21). 5 de Sivã: 8 de janeiro de 585 a.C.
13. “No vigésimo quinto ano do nosso exílio, no princípio do
ano, no décimo dia do mês, catorze anos após a queda da cidade
de Jerusalém, nesse mesmo dia, veio sobre mim a mão do Senhor, e ele me levou para lá” (40.1). 10 de Nisã: 28 de abril de 573
a.C. [573/572 a.C.].
I. SOBRE O LIVRO DE EZEQUIEL
1. Primeira parte - Os primeiros 24 capítulos são os oráculos entregues ao profeta antes
da destruição da cidade de Jerusalém e do templo. Nessa primeira parte,
está a visão inaugural do ministério profético de Ezequiel (1.1-3), quando ele
recebeu a visão da glória de Deus (1.26-28). Os discursos são predominantemente de ameaças e juízos de forma simbólica, como, por exemplo, a representação do cerco de Jerusalém com modelos de argila e uma panela de
ferro (4.1-3) e os quarenta dias (4.4-6). As visões dos capítulos 8–11 revelam as práticas abomináveis, o livramento dos justos e a morte dos profanos. A
mensagem traz também uma série de advertências aos falsos profetas, aos
reis de Judá e aos sacerdotes (13.2-4). Além disso, o Profeta relata a história
de Israel no capítulo 20 e, de forma metafórica bem elaborada com elementos alegóricos, nos capítulos 16 e 23. Os oráculos dessa seção se encerram
com o anúncio do cerco de Jerusalém já iniciado, pois foram entregues ao
Profeta no “no nono ano, no décimo mês, aos dez dias do mês” (24.1). Foi no
nono ano do reinado de Zedequias que os caldeus iniciaram o cerco de Jerusalém (1Rs 25.10). O Profeta ficará mudo até o dia em que recebe a notícia
da queda da cidade (24.25-27).
Desta primeira parte, então, os estudos do livro analisam a função de
Ezequiel como atalaia (3.16-27); os oráculos sobre o juízo (7.1-13) e contra os
falsos profetas (13.1-23); a saída da glória de Deus do templo (8.1–11.25); a
justiça divina (14.12-23) e a responsabilidade individual (18.1-4, 19-32).
2. Segunda parte - Embora muitos detalhes adicionais sejam oferecidos, Ezequiel pinta
um quadro de Israel no qual todos os erros do passado são reparados
e a nação finalmente vive à altura do potencial prometido no pacto
original de Yahweh. Como anteriormente observado, no processo os
mesmos pilares nos quais o povo havia falsamente baseado sua segurança anterior (mas que Ezequiel havia sistematicamente demolido
nos oráculos de julgamento) são agora restaurados. As promessas de
Yahweh são eternas: (1) Israel é o povo de sua aliança para sempre;
(2) a terra de Canaã foi dada a Israel como sua terra natal para
sempre', (3) Yahweh habitará no meio de seu povo para sempre',
(4) o compromisso de Yahweh ao seu servo Davi permanece para
sempre. Yahweh não retomará atrás em sua palavra. Afinal, como ele
mesmo declara, “Eu sou Yahweh; eu disse; assim farei”.
As características principais da atividade futura de Yahweh a
favor de Israel são claramente reconhecidas: (1) Em um novo êxodo,
Yahweh reunirá o povo espalhado pelos países afora (11.16-17a;
20.41; 34.11-13a, 16; 36.24a; 37.21a); (2) Yahweh o trará de volta à
sua terra de herança, que tem sido purificada de suas manchas
(11.17 b - l8; 20.42; 34.13 b - l5; 36.24b; 37.21b); (3) Yahweh
revitalizará seu povo espiritualmente, renovando seu pacto com ele,
dando-lhe um novo coração, e derramando-lhe o seu Espírito, para
que ande em seus caminhos (11.19-20; 16.62; 34.30-31; 36.25-28;
37.23-24; (4) Yahweh restaurará a dinastia de seu servo Davi como
um agente de bem-estar e um símbolo de unidade para a nação
(34.23-24; 37.22-25); (5) Yahweh abençoará Israel com uma prosperidade sem precedentes e garantirá a segurança da nação em sua
própria terra (34.25-29; 36.29-30; 37.26; 38.1-39.29); (6) Yahweh
estabelecerá sua residência permanente no meio do povo e reorganizará a adoração da nação (37.26b-28; 40.1^18.35).
3. Terceira parte - A visão que eu considero neste comentário é que, enquanto o
Novo Testamento reconhece os significados atuais em sua leitura de
textos do Antigo Testamento (a igreja é herdeira das promessas espirituais de Deus a Israel), o entendimento do próprio Ezequiel de seus
oráculos deve ser determinante em nossa interpretação.24 Se pudéssemos perguntar a Ezequiel se ele esperava um reagrupamento literal
de seu povo, o seu retomo à terra de Israel, seu rejuvenescimento
espiritual e a restauração de um trono davídico, poderíamos esperar
uma resposta sem dúvida afirmativa. Afinal, Yahweh deu sua palavra;
ele não negará suas promessas eternas a Abraão, Moisés e Davi.
No entanto, embora os oráculos de restauração de Ezequiel profetizassem eventos literais, nem todas as suas descrições apresentam os
eventos literalmente.25 De fato, desde o capítulo 34 até o capítulo 48
as suas profecias de esperança tomam-se muito abstratas e conceituais.
Não é difícil visualizar o reagrupamento, a revitalização da nação como
é descrita no capítulo 34 e 36.16-38, e os elementos deveriam ser
tomados seriamente (assim como 37.15-28). No entanto, 37.1-14 é
lançado como uma visão, com os ossos secos funcionando simbolicamente para Israel; o oráculo de Magogue e Gogue (caps. 38-39) é
lido como revista em quadrinhos, com muitas características bizarras e
irreais; a visão final do templo é completamente ideológica, com muitos
elementos idealísticos e fantásticos que são difíceis de reconciliar com
as realidades geográficas e culturais. Enquanto Ezequiel sem dúvida
alguma vê um retomo real de Israel à terra da promessa, a terra da
Palestina, a indicação de um Messias davídico, e um período prolongado de paz e prosperidade para a nação, sua visão permanece estritamente nacionalista. Com exceção da garantia de proteção de Yahweh,
mesmo de conspirações universais contra Israel (caps. 38-39), Ezequiel
tem pouco a dizer sobre as implicações cósmicas da nova ordem.
Parece que uma das chaves para interpretar o significado de
nãsi’ nos caps. 40-48 é reconhecer a mudança em gênero entre os
oráculos de restauração anteriores32 e a visão idealista final. Enquanto a visão anterior é ligada à História, antecipando uma reversão total
dos eventos que circundam a queda de Jerusalém em 586 a.C., a
última visão é planejada, conceituai, simbólica, e muitas de suas características são inimagináveis.33 Contrário à opinião popular comum, a descrição do templo não é apresentada como uma planta para um
prédio ser construído no futuro com mãos humanas. Essa visão pega
o tema da presença divina, anunciado em 37.26-27, e descreve a realidade espiritual em termos concretos, empregando expressões idiomáticas culturais familiares do templo, do altar, dos sacrifícios, nãsi’, e
da terra. Ao apresentar essa constituição teológica para o novo Israel,
Yahweh anuncia o acerto de todos os antigos erros e o estabelecimento do saudável relacionamento entre deidade-nação-terra. A visão
final de Ezequiel apresenta um ideal supremo: onde Deus está, lá está
Sião. Onde Deus está, há também ordem e o cumprimento de todas
as suas promessas.
Além do mais, a preocupação principal nesta visão não é política, mas cúltica. A questão central não é o retomo de Davi, mas a
presença de Yahweh. Por conseguinte, o papel do nãsi’ é facilitador,
não soberanamente simbólico. Diferente dos antigos reis, que perverteram a adoração de Yahweh por razões egoístas e apoiaram a
adoração de outros deuses, esse dever de nãsi’ é para promover a
adoração de Yahweh em espírito e em verdade. Nessa visão (e somente aqui), com sua imagem radicalmente teocêntrica do futuro de
Israel, o nãsi’ emerge como um funcionário religioso, servindo à
santa comunhão da fé, que em si mesma é focalizada na adoração
de Deus que vive no meio deles. O nãsi’ não é responsável pela
administração do culto. Ele não somente deixa de participar ativamente no ritual: ele não constrói o templo, não planeja a adoração,
ou indica os sacerdotes; estas prerrogativas pertencem a Yahweh.
Isto concorda com a imagem de nãsi’ em 34.23-24, aquele que é
instalado como pastor por Yahweh somente após ter resgatado Israel
pessoalmente.34 Nessa apresentação ideológica, o nãsi’ funciona como
um benfeitor leigo indicado por Yahweh e patrocinador do culto, cuja
atividade assegura a continuidade de shalom entre a deidade e os
sujeitos. O Deus de Israel tem cumprido as promessas de sua aliança,
reunindo o povo e os restaurando à sua terra. Mais importante ainda,
ele tem chamado o povo novamente a si mesmo e estabelecido sua
residência no meio deles. Agora que celebrem, e que nãsi’ mostre
o caminho!
II. SOBRE O PROFETA
1. Identidade - O nome hebraico Yehezke'l significa "Deus Fortalece" ou "Fortalecido por Deus". Ezequiel foi realmente fortalecido por Deus para o ministério profético para o qual foi chamado (3.8-9). Se temos razão para pensar que o “trigésimo ano” referido em 1:1 era o seu trigésimo ano de idade, segue-se que Ezequiel era um homem jovem, com vinte e tantos anos, quando começou o exílio, e isto deixaria espaço para o período considerável de tempo durante o qual se estendeu seu ministério. O Sacerdote e profeta Ezequiel ministrou durante os mais terríveis dias da história de Judá: os setenta anos de cativeiro na babilônia, foi levado para a babilõnia antes do ataque final a Jerusalém.
2. Procedência - Ezequiel era o filho de Buzi; era um sacerdote, e provavelmente filho de um sacerdote.35 Foi levado para o cativeiro em 597 a.C., quando
os exércitos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, tomaram Jerusalém depois de um breve cerco. Com o jovem rei Joaquim e “todos os príncipes,
todos os homens valentes, todos os artífices e ferreiros” (2 Rs 24:14),
foi removido do Templo, que haveria de ser sua vida, e estabelecido nas
planícies poeirentas da Babilônia. No quinto ano do seu exílio, i.é, 593 a.C., veio a ele a chamada de Deus para exercer um ministério profético
dirigido à casa de Israel. A data mais avançada que é atribuída a um dos seus oráculos é o vigésimo-sétimo ano do exílio (29:17), e isto o levaria até à idade de 52 anos. Nada se sabe da sua vida à parte daquilo que é contido no livro que leva seu nome, nem existe tradição alguma
que nos diga onde ou como morreu. Sabemos que era casado, e que sua
esposa morreu na ocasião da queda de Jerusalém (24: 18). Era um homem
de influência, sendo consultado pelos anciãos entre os exilados (8:1;
20:1); e embora isto talvez se deva ao seu ministério profético e à reputação que rapidamente adquiriu, é igualmente provável que seja atribuível
à sua posição social herdada do seu pai, Buzi.
III. SOBRE O ATALAIA
1. Atalaia - Atalaia significa “sentinela”, “guarda” ou “vigia”. A Bíblia fala sobre atalaias tanto no sentido literal quanto simbólico. Isso indica que esse termo é aplicado não só para se referir aos guardas da época. Alguns textos bíblicos usam a figura de um atalaia para se referir no sentido espiritual à atividade de alguns homens levantados por Deus.
A palavra atalaia traduz na Bíblia principalmente o termo hebraico tsaphah, que significa “tomar cuidado”, “espiar”, “olhar ao redor”, “vigiar”, “guardar” ou “prestar atenção”. Nos tempos bíblicos, os atalaias tinham a função de guardar uma cidade, uma aldeia, um acampamento ou mesmo um povo itinerante. Eles andavam pelas ruas da cidade como policiais, ou ficavam sobre os muros e torres das cidades fortificadas (2 Samuel 18:24; 2 Reis 9:17-20; Isaías 62:6; Cantares 3:3; 5:7). Nos acampamentos móveis, os sentinelas eram os responsáveis por vigiar e guardar o assentamento especialmente durante a noite.
Os sentinelas também podiam ficar em torres de vigia espalhadas pelo deserto, ou tomar posto sobre um monte elevado. A ideia principal era que o atalaia ficasse num lugar de boa visibilidade para que pudesse avisar sobre qualquer perigo iminente com certa antecedência. Numa época em que havia muitas batalhas entre povos distintos que disputavam territórios, bons atalaias cumpriam um importante papel na estratégia militar de suas cidades.
Se um atalaia se distraísse ou dormisse em seu posto, um grande prejuízo poderia ser causado. A Bíblia destaca alguns casos de sentinelas que dormiram. Um dos casos mais conhecidos é o de Abner e seus homens. Eles estavam protegendo o rei Saul, mas acabaram dormindo. Davi então aproveitou a oportunidade e tomou a lança e a bilha de água que estavam na cabeceira de Saul. Naquela ocasião Davi teve oportunidade até de matar Saul, mas não o fez por temor ao Senhor (1 Samuel 26:7-16).
2. "Fim dos sete dias" - O Lugar Certo. É uma grande bênção estar no lugar certo da missão concedida por Deus. O profeta começou bem e já estava instruindo os exilados na região
de Quebar. Esdras nos informa que alguns exilados moravam em Tel-Melá e TelHarsa (Esd. 1.59). A palavra babilónica til abubi significa montículo. Embaixo
desses montículos, cidades inteiras foram enterradas, e os judeus passaram a
construir suas habitações sobre diversos daqueles montículos. A palavra babilónica
abubu significa dilúvio, e pode ser que essas cidades perdidas pré-dataram o
dilúvio de Noé.
Por sete dias, assentei-m e ali, atônito. Cf. Dan. 4.19 e Esd. 9.3-4. O
silêncio dos lamentadores tem paralelo em Lam. 3.28. A posição usada para a
lamentação era a sentada (lsa. 3.26; Lam. 1.1). Sete dias era o tempo típico para
lamentações profundas (Jó 2.13). Cf. os 40 anos da experiência de Moisés (Atos
7.23), e os 40 dias de Elias (I Reis 19.3-8). Ver também Gál. 1.17. Devemos
lembrar, ainda, a história da tentação de Jesus (40 dias), narrada em Mateus
capítulo 4. Períodos específicos de tempo eram dedicados às situações consideradas importantes e decisivas.
Outra Etapa da Missão. O profeta teve sete dias de descanso e meditação.
Então, o poder de Yahweh o pegou novamente. Agora chegara o tempo de agir,
pois a mensagem tinha de ser entregue aos exilados. A comissão do profeta foi
renovada e ele sentiu grande responsabilidade de agir como um herói. O Targum
nos informa aqui que “a palavra de profecia” foi dada a Ezequiel, nesta experiência; assim, ele ficou qualificado para agir como profeta de Yahweh.
3. A expressão "Filho do homem" - Yahweh freqüentemente utilizou este título para referirse ao profeta. Ver as notas expositivas em Eze. 2.1. Aquele fraco filho de
homem seria feito o poderoso atalaia de Israel. Cf. lsa. 56.10; Jer. 6.17 e Osé.
9.8, onde o mesmo título é empregado. Os atalaias se posicionavam sobre os
muros da cidade, sobre topos de colinas, às vezes sobre torres de água ou
instalações militares, pois precisavam de visão panorâmica. O trabalho deles
consistia em avisar o povo sobre a aproximação de qualquer perigo. Eles
serviam como protetores do povo e trabalhavam em favor do seu bem-estar.
Ezequiel tornou-se o atalaia espiritual do pequeno remanescente de judeus
no cativeiro babilónico. Um Novo Israel estava sendo preparado por seus
esforços. Seu trabalho era “pequeno”, mas tinha grandes implicações. O atalaia avisou o povo da chegada do julgamento, por causa de sua idolatriaadultério-apostasia. Ele deu instruções morais e espirituais. A figura do atalaia será repetida em Eze. 33.2-6. Ver também I Sam. 14.16; II Sam. 18.24-
27; II Reis 9.17-20 e lsa. 21.6.
4. O "Atalaia sobre a casa de Israel" - O s atalaias nos muros eram importantes para a segurança da
cidade, e essa figura aparece com freqüência nas Escrituras (Is 21:11, 12; 56:10; 62:6;
Jr 6:1 7; Sl 127:1; 130:6; Hb 13:1 7). A ênfase
aqui é sobre o juízo, enquanto em Ezequiel
33 é sobre a esperança, mas a mensagem é
a mesma: o profeta deve ser fiel em advertir
o povo sobre o juízo, e o povo deve dar ouvidos às advertências e deixar seu pecado.
Em termos espirituais, o "muro" que protegia Israel era seu relacionamento de aliança
com o Senhor. Se eles obedecessem às estipulações da aliança declaradas por Moisés,
Deus cuidaria de seu povo, os protegeria e
os abençoaria, mas se desobedecessem ,
Deus os disciplinaria. Contudo, quer estivesse disciplinando quer abençoando, Deus
sempre seria fiel a sua aliança. (Ver Lv 26 e
Dt 28.)
Ezequiel é o profeta da responsabilidade humana. Alguns dos cativos estavam culpando a Deus por sua triste sina, enquanto
outros culpavam seus antepassados. Ezequiel
deixou claro que, diante de Deus, todo indivíduo é responsável e deve prestar contas
(ver Ez 18). Ele apresentou quatro situações.
A primeira é a do povo morrendo porque o
atalaia foi infiel e não os alertou (Ez 3:18).
Suas mãos estariam manchadas de sangue
e ele seria responsabilizado (ver v. 20; 1 8:1 3;
33:4-8). A figura de sangue nas mãos (ou
sobre a cabeça) remonta a Gênesis 9:5 e
aparece na lei de Moisés (Lv 20; ver também Js 2:19; 2 Sm 1:16 e 3:29; e Is 1:15 e
59:3). Jesus usou essa figura em Mateus
23:35 e Lucas 11:50-51 (ver também At 5:28;
18:6 e 20:26). A segunda situação é óbvia.
A segunda situação retrata o atalaia sendo fiel em advertir os perversos, mas estes
se recusam a ouvi-lo (Ez 3:19). Esse foi o
problema que Ezequiel enfrentou ao pregar para os judeus cativos e de coração
endurecido na Babilônia. Jesus chorou por
Jerusalém, pois o povo não se achegou a
ele (Mt 23:37-39). A terceira situação descreve os justos morrendo porque deixaram
de obedecer à aliança e não foram advertidos pelo atalaia (Ez 3:20). O profeta-atalaia
não deveria apenas advertir os pecadores
a deixar seu pecado, mas também advertir
os que estavam obedecendo à aliança (os
"justos") a que não deixassem de fazê-lo e
desobedecessem a Deus. Toda sua obediência anterior de nada valeria, se eles se
rebelassem deliberadamente contra Deus.
Porém, seu sangue estaria nas mãos do atalaia, se ele não os advertisse. Ao colocar uma
barreira no caminho, o Senhor procura evitar que o justo peque; contudo, isso não
serve de desculpa para o atalaia deixar de
vigiar e de advertir.
A última situação é aquela em que os
justos ouvem as advertências do atalaia e não
são julgados (v. 21). Era algo muito sério o
povo judeu tratar com descaso a aliança
selada no Sinai (Êx 19 - 20). Se o profeta atalaia visse fiéis prestes a quebrar a aliança, deveria alertá-los de que seriam julgados.
Algumas vezes, pessoas piedosas pensam
que sua obediência lhes dá o direito de fazer o que bem entendem, mas essa idéia
não passa de uma grande mentira. Deus dá
muitos privilégios a seu povo, mas jamais
lhes concede o privilégio de pecar.
IV. SOBRE A RESPONSABILIDADE
1. A responsabilidade do cristão (V. 18) - O primeiro caso envolve uma situação em que Yahweh manda
o profeta entregar ao ímpio a sentença legal de morte que já pronunciara: Certamente morrerás! A forma da sentença é típica dos
veredictos declarados por uma autoridade judicial em relação a um
criminoso culpado de um crime capital.37 Embora a oportunidade de
arrependimento do acusado seja colocada em outro ponto no livro
(14.6; 18.21,30-32; 33.11), este primeiro caso não oferece qualquer
indicação desta possibilidade. Isto é apropriado aqui, desde que a
sentença não seja primariamente o destino do ímpio, mas a resposta
do profeta ao comando divino. E você deixar de avisá-lo. Deixar
de passar a mensagem trará sobre Ezequiel a responsabilidade
pela morte, isto é, a culpa de assassino,38 que de acordo com Gênesis
9.5,6 pede a pena de morte.
2. A responsabilidade do ímpio (Vv 19, 27) - 0 segundo caso é idêntico ao primeiro, exceto que o profeta
entregou responsavelmente a sentença de morte, e seu aviso foi rejeitado. Enquanto o ímpio morre por sua maldade, a sentinela é absolvida
da responsabilidade de sua morte. Pode, portanto, manter a sua vida. As duas palavras hebraicas: hassõmèa yism a\ lit. “que o ouvinte ouça,” ou “o que ouve ouvirá” (27), são o protótipo para a fórmula predileta
do nosso Senhor: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” A mensagem falada visa confirmar os homens na sua atitude para com o Deus que a inspirou: ou a escutarão e obedecerão, ou a desconsiderarão e serão condenados. A resposta do ouvinte é ditada pelo íntimo do seu ser.
3. A extensão da nossa responsabilidade - Isto só pode significar que
as "tentações dos justos estão sob o controle providencial de Deus"
(Dummelow's Commentary). Os hebreus atribuíam as tentações a Deus
reconhecendo que o próprio Satanás está sujeito à vontade divina (cons.
Gn. 22:1; Êx. 4:21; Jr. 6:21 ; compare II Sm. 24:1 com I Cr. 21:1).
O terceiro caso envolve uma pessoa que costumava ser reta
(.saddíq) e que começou a praticar o mai {cãsâ cãwet). Esse indivíduo parece ter sido um membro bona fid e da comunidade, mas suas
ações demonstram que repudiou o pacto. Em resposta, Yahweh o leva
à morte ao colocar um obstáculo, uma pedra de tropeço (m iksôl),
em seu caminho. A palavra denota qualquer objeto que pode fazer
uma pessoa tropeçar.39 Oito das catorze ocorrências de m iksôl
(de kãsal, “tropeçar”) no Antigo Testamento são encontradas em
Ezequiel. Destas, seis envolvem a frase m iksôl cãwõn, “tropeço de
iniquidade”. Em tais formulações miksôl significa o que seja que constitua uma ocasião para atualizar a culpa potencial por intermédio de um
comportamento pecaminoso, como dinheiro (7.19), idolatria ( 14.3-4,7),
ou a influência de pessoas que praticam o mal (44.12).
Mas o que é esse tropeço? Obviamente, não pode ser uma
ocasião que faz do pecado algo inevitável, tomando Deus diretamente responsável pelo pecado humano. Os tradutores da LXX evitaram essa sugestão ao traduzir m iksôl não como CTKáySaXov, mas
como póKKXvov, “tormento, tortura”, isto é, “sofrimento no sentido
de punição”.41 Assim o tropeço é um equivalente concreto da sentença de morte.
AUTOR: PB. José Egberto S. Junio, formato em teologia pelo IBAD, Profº da EBD. Casado com a Mª Lauriane, onde temos um casal de filhos (Wesley e Rafaella). Membro da igreja Ass. De Deus, Min. Belém setor 13, congregação do Boa Vista 2.
Endereço da igreja Rua Formosa, 534 – Boa Vista - Suzano SP.
Pr. Setorial – Pr. Davi Fonseca
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BIBLIOGRAFIA
Bíblia de estudo das Profecias
Bíblia Almeida século 21
Comentário expositivo Antigo Testamento Warren Wiersbe - editora Geográfica
Comentário bíblico Antigo Testamento Moody
Comentário bíblico Antigo Testamento Vol.5, Russel N. Champlin - editora Hagnos
Comentário bíblico Ezequiel Vol.1, Daniel Block - editora Cultura Cristã
Comentário bíblico Ezequiel, John B. Taylor - editora Mundo Cristão
https://estiloadoracao.com/atalaia-significado/